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Aluno: Maristela do Carmo Eleutério. Orientador: Rafael Soares Gonçalves

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Academic year: 2021

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Grandes Eventos, Remoções e a atuação do Serviço Social na área Portuária do Rio de Janeiro.

Aluno: Maristela do Carmo Eleutério Orientador: Rafael Soares Gonçalves

Introdução

O presente trabalho está diretamente ligado ao projeto de pesquisa, que vem sendo desenvolvido pelo departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo como orientador o professor Rafael Soares Gonçalves. A principal questão é a atuação do Serviço Social nas Remoções, mais precisamente na área Portuária do Rio de Janeiro, onde moradorese comerciantes da favela da Providência lutam pelos seus direitos constitucionais de habitação. A Prefeitura,através da SMH (Secretaria Municipal de Habitação),demarca residências para removê-las. Em alguns casos, utilizando o risco para legitimar tais remoções, como acontece no caso da Pedra Lisa.Um dos principais objetivos do presente trabalho é poder verificar a atuação do assistente social diante das situações apresentadas.

O mundo estará com os olhos voltados para o Rio de Janeiro nos próximos anos, pois será palco de grandes eventos esportivos mundiais, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. Para poder sediar esses eventos, a cidade está sendo “revitalizada”,ou seja, está sendo preparada para receber esse grande contingente de pessoas. Podemos voltar ao passado e lembrar queo re A visibilidade que estes eventosproporcionam traz, por outro lado, consequências: a remoção de famílias, como por exemplo, o caso daquelas que moram no Morro da Providência e mais especificamente na localidade da Pedra Lisa.

Nesse contexto, oprojeto Porto Maravilha, quevem sendo implantado na área portuária do Rio de Janeiro, abrange os bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e parte do Centro, São Cristovão e Cidade Nova. Com o volume importante de intervenções urbanísticas, o projeto está trazendo grandes impactos na população dessa área.O principal debate tem sidosobre o número importante de remoções necessárias, sobretudo

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na favela da Providência e Pedra Lisa; as diversas intervenções públicas nessa favela trazem como consequência a expulsão de mais de um terço da população da área.

Além do levantamento bibliográfico, estamos levantando documentos oficiais da Secretaria Municipal de Habitação. Realizamos entrevistas com moradores e gestores públicos (ainda em curso) e procuramos acompanhar as reuniões locais do Fórum de Acompanhamento das Obras do Porto e das Assembleias Públicas organizadas pela Prefeitura, que nesse momento estão suspensas devido às mobilizações de protestos que estão acontecendo e mobilizando toda a cidade do Rio de Janeiro.

A questão do risco

O “Inventário de Riscos” elaborado pela GEORIO/CONCREMAT identifica dois setores distintos de risco geológico para a área da Pedra Lisa:

a) Setor de baixo risco: Área localizada ao pé da encostamais íngreme onde se situa outra parte da comunidade, apresentando cota entre 10m e 25m e declividade suave. Os riscos geológicos são pontuais e estão associados a cortes e aterros irregulares para construções.Essa área seria ocupada por aproximadamente 100 casas.

b) Setor de alto risco: Área delimitada por duas escarpas (taludes de corte verticais), resultantes de pedreira desativada que funcionava no local. Segundo o relatório, “esses taludes de aproximadamente 40m de altura encontram-se fraturados, sendo essas fraturas em várias direções formando grandes blocos rochosos que ameaçam as casas a jusante e a montante”.

O risco geológico da área a jusante dos taludes está associado a quedas de blocos rochosos, enquanto da área a montante está associado à instabilidade deste maciço. O relatório afirma que“existem casa de alvenaria que foram construídas beirando a encosta, aumentando assim o riscoinstalado” e, ainda, que “pequenos deslizamentos pontuais podem vir a ocorrer em dias dechuvas mais fortes”.

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O desenvolvimento urbano nessa região vem sendo discutido em diversas esferas da sociedade, já que as medidas que têm sido aplicadas respondem sobretudo, aos interesses do capital imobiliário, não se importando com o cotidiano da população que ali vive. O quadro de desrespeito e violência contra os moradores, onde suas casas são marcadas com tinta com a sigla SMH sem que os moradores sejam informados sobre o conteúdo das intervenções previstas, onde é nítida a violação ao Direito à moradia no Rio de Janeiro sob a justificativa dos eventos esportivos. Diante de tantos direitos sendo violados, os moradores do morro, cariocas criativos, deram outra versão para a sigla SMH, pintada nas portas, que virou: “Saia do Morro Hoje”“.

Casa demarcada para remoção com a sigla SMH

Uma das moradoras do Morro,trabalhadora autônoma que mora com a família de sete pessoas no Morro da Providência, está marcada com a sigla SMH(Secretaria Municipal de Habitação)Por causa da construção do teleférico, todas as casas e prédios vizinhos já foram demolidos e os moradores já estão recebendo o aluguel social no valor de400 reais oferecidos pela prefeitura.

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A moradora resiste, não quer sair de sua casa,pois foi lá quenasceu e se criou:

”Onde vamos encontrar uma casa para alugar por 400 reais? Quem vai querer me alugar? Estou desempregada,tenho minha mãe doente e nossa família é grande. Não permanecemos por teimosia, mas não vamos sair. para ficar nas ruas, como temos visto acontecer com pessoas que saíram daqui. Porque não conseguiram alugar nada. A cada dia que passa a situação fica pior.”

Já foram demolidas a quadra do morro onde eram feitos campeonatos de futebol e os ensaios da escola de samba para dar lugar à estação do teleférico. A intervenção proposta para toda essa região é bastante drástica, não só por prever a demolição deum número expressivo de casas, como também pelo fato que tais demolições representam a completa descaracterização do núcleo histórico da primeira favela do Rio de Janeiro. Nesse contexto de mudanças urbanísticas, cabe ao Serviço Social garantir os direitos dos moradores da Providência, que nem sequer foram escutados sobre os impactos desse projeto em suas vidas.

Violação dos Direitos Humanos – Impactos dos MegaEventos no Rio de Janeiro. As violaçõesaosdireitos humanos à moradia, que estão sendo acometidas pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro através das remoções, não são casos isolados, mas se constituem numa política de reorganização do lugar dos pobres na cidade do Rio de Janeiro, conforme os interesses imobiliários e as oportunidades de negócios em funções dos Mega-Eventos, que estão planejados para a cidade. Seguem informações prestadas pela Assistente social da SMH:

“ A SMH rechaçou as reclamações de que não há diálogo com os moradores. “Desde o início das obras do Morar Carioca no Morro da Providência, foram realizadas quatro assembleias públicas com a presença do secretário municipal de Habitação (à época, Jorge Bittar). “

“Além desses encontros, ocorreram cerca de 20 reuniões da equipe social do projeto com grupos menores para esclarecer as dúvidas dos moradores sobre a obra”..

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“Nós vamos tentar todas as formas de diálogo”. O morador vai poder escolher se quer ir para um condomínio, receber indenização ou comprar outro imóvel com assistência da prefeitura, mas as obras vão ser feitas. “Se o morador não quiser sair, vamos buscar as vias judiciais”.

Em a entrevista concedida pela assistente social da Coordenadoria de Inclusão Social da SMH-RJ,foi nos informado que há, nos últimos meses, uma nova forma de atuação com mudanças nas intervenções sociais e recadastramento do aluguel social. A SMH-RJ unificou o cadastramento das famílias com a integração dos bancos de dados das diversas secretarias estadual e municipal, possibilitando o conhecimento, por exemplo, do total daqueles que estão cadastrados, assim como daqueles que já recebem outros benefícios sociais ou já receberam um apartamento sem que tenha sido dado baixa no seu benefício de aluguel social. O objetivo é evitar a duplicidade de benefícios.

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro está dando total apoio aosmoradores e está enganjada em impedir a retirada dos mesmos.Através do Programa Minha Casa Minha Vida nas áreas periféricas, completa-se o quadro da política de reorganização do lugar dos pobres na cidade, ou seja, estão sendo expulsos das áreas centrais e direcionados para a periferia. As remoções seguem a todo vapor, sendo algumas intoleráveis tais como podemos constatar na visita ao Morro da Providência. Ouvimos moradores desesperados e assustados sem saber para onde irão ao acordar

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Destroços de demolição no morro da Providência: Foto de Leo lima .

Considerando a dimensão geográfica do país e a complexidade do problema habitacional que ronda os aglomerados urbanos, Fica o desafio da desburocratização e execução do que é planejado, ou seja, alcançar,através da das políticas públicas os beneficiários das mais diversas camadas sociais.

Considerações Finais

Uma questão central, que se coloca para os assistentes sociais, hoje, pode ser assim formulada: como reforçar e consolidar esse projeto político- profissional em um terreno profundamente adverso? Como atualizá-lo ante o novo contexto social sem abrir mão dos princípios ético-político que o norteiam?.É necessário vincular-se as intervenções no cotidiano a um processo de construção permanente de categorias que permitam a crítica e autocrítica do conhecimento de intervenção do assistente social

O Trabalho Técnico Social desenvolvido pelo Assistente Social, através de uma Política de Habitação do Estado, possibilita que uma parcela significativa da população brasileira tenha o acesso a uma moradia, que envolva condições ao exercício da cidadania, ainda que, os aspectos históricos da habitação sejam contraditórios, pois a moradia somente passou a integrar o rol dos direitos sociais a partir da Emenda Constitucional nº 26/2000. Dessa maneira, cabe ao assistente socialo grande papel dedesempenhar ações transformadoras, de justiça social, igualdade, liberdade e de encorajamento para as conquistas de direitos.

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Diante do que foi apresentado, é validodestacar que o presente estudo encontra-se em andamento, sendo, portanto, os resultados mostrados aqui os primeiros produtos da pesquisa a ser mais aprofundada em etapas posteriores do projeto.

“(...) Não é a solução do problema da habitação que resolve ao mesmo tempo a questão social , mas é a questão social que tornará possível a solução do problema da habitação”

Friedrich Engels . Contribuição ao problema da habitação.

Referências Bibliograficas:

VARGAS, Maria A. R. Construção social da moradia de risco:trajetórias de possessão e resistência – a experiência de Juiz de Fora/MG. Rio de Janeiro: Planejamento urbano,Sistema de Documentação da UFRJ, 2006. Disponível em: <http://teses.ufrj.br/IPPUR_M/MariaAuxiliadora RamosVargas.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2008

Dossiê do Comitê Popular da Copaa e Olimpíadas do Rio de Janeiro ,Mega Eventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, 2012.

Referências

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