DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
METODOLOGIAS E TENDÊNCIAS
INTRODUÇÃO
• Também no parque edificado “sustentabilidade” é um assunto complexo e multidisciplinar… mas a sua relevância tem vindo a motivar o desenvolvimento de ferramentas para suportar a definição de estratégias de intervenção e quantificar o mérito ambiental de um edifício:
– USGBC(“United States Green Building Council”):
LEED (“Leadership in Energy and Environmental Design”)
– BRE (“British Research Establishment”):
BREEAM(“British Research Establishment Environmental Assessment Method”)
– LiderA (“Lead for the Environment in Sustainable Building”)
– …
INTRODUÇÃO
• Tipicamente:
• são definidos requisitos para as diferentes áreas temáticas; • são definidos patamares de “mérito ambiental” que dependem da
percentagem de requisitos atingidos;
• o edifício é “certificado” (ou não…) em função da percentagem de requisitos atingidos.
INTRODUÇÃO
> 34 "Certified" > 35 "Pass " "Good "> 50 > 43 "Silver" "Gold "> 51 > 60 "Very Good " > 68 "Platiniun" > 70 "Excellent" 0% 25% 50% 75% 100% BRE EA M LE ED N C , V2 .2 , 2 00 5 R et ai l, 20 06• Independentemente da ferramenta, o peso da componente energia na quantificação do mérito ambiental (e não só…) de um edifício é sempre determinante…
• … até porque a componente “aquecimento global” está cada vez mais na “agenda”:
– Stern Review, 2006: “The scientific evidence points to increasing risks of
serious, irreversible impacts from climate change associated with business-as-usual paths for emissions”;
– …
• mas ATENÇÃO: a qualidade do ambiente interior também é fundamental (e isso é bem patente no peso que as metodologias de avaliação do mérito
ambiental de um edifício atribuem a esta vertente)…
• …e merece especial atenção num momento em que a pressão no sentido da redução de consumos é grande e tem tendência para crescer;
INTRODUÇÃO
• não se podem repetir erros do passado, procurando reduzir consumos à custa da qualidade dos serviços energéticos
(recorde-se o que aconteceu na década de 70, quando em virtude das primeiras crises do petróleo, a necessidade de reduzir
consumos energéticos conduziu a reduções nas taxas de ventilação dos edifícios que levaram ao aparecimento dos “primeiros” casos de “Síndroma do Edifício Doente”...); • DL 79/2006 (“Regulamento dos Sistemas Energéticos e de
Climatização em Edifícios”): energia e qualidade do ar interior…
Energy
INTRODUÇÃO
Perspectiva local (“energia final”) Perspectiva global
(“energia primária”)
• Os edifícios utilizam principalmente energia eléctrica…
Electricidade Comb. Fósseis Comb. Fósseis
FACTOS
FACTOS
• Portugal, 2004: Source: DGEG 5 28 31 37 0 25 50Edifícios Transportes Indústria Outros
En er gia P rimá ria (TPES) [% ] = 6 % = 9 % PORTUGAL, 2004
• A taxa de renovação do parque edificado é lenta ( 1% - 2%/ano) • Portanto É URGENTE:
– massificar e alargar a intervenção:
• edifícios novos;
• edifícios em fase de utilização (uma intervenção centrada nos edifícios novos só terá impactos no muito longo prazo);
– DL 79/2006 (“Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização em Edifícios”): edifícios novos e edifícios existentes…
– intervir com eficácia, seleccionando, sem preconceitos:
• as áreas de intervenção mais interessantes;
• em cada área, a estratégia de intervenção mais eficaz.
FACTOS
ESTRATÉGIA
• Estrutura típica das operações imobiliárias Investidor Promotor Equipas de projecto Construtor / Instalador Proprietário Regulamentos, mercado,...
ESTRATÉGIA
• A massificação só é possível se os decisores se tornarem nos primeiros interessados;
• Os decisores são os investidores e promotores…
• … actores que, por vezes, também serão utilizadores (ex.:
construção de habitação própria) mas que maioria dos casos são distintos.
• “Bussiness Models”:
– Especulativo (investidores / promotores utilizadores), em que eventuais economias de energia decorrentes de um maior investimento inicial não revertem a favor de quem investe;
– Não especulativo (investidores / promotores = utilizadores) em que eventuais economias de energia decorrentes de um maior investimento inicial revertem a favor de quem investe MAS:
• investimentos são hoje e são reais;
• economias serão amanhã e são eventuais (principalmente quando os promotores são “amadores” e têm de confiar na opinião de consultores externos).
ESTRATÉGIA
• “Bussiness Models”:
– Portanto, o argumento “invista agora porque recupera em três anos” faz pouco sentido. O que é preciso é envolver os investidores / promotores e criar condições:
• para poder dizer “invista agora que vende mais depressa” ou “invista agora que vende mais caro”. Ou, por outras palavras, é preciso que o mercado valorize a eficiência energética;
• Valorização da eficiência energético pelo mercado:
– Ferramentas de comunicação com o mercado:
• Formas objectivas e simples de comunicar que permitam que o consumidor identifique o nível de eficiência energética (ambiental…) do edifício que vai alugar / adquirir (LEED, BREEAM, Certificação energética, …)
– “Marketing” da eficiência:
• Estratégia de comunicação adequada (dia após dia, semana após semana…).
ESTRATÉGIA
• Outras ferramentas:
– Legislação (orientada para os decisores…);
• DL 79: neste particular menos conseguido…
– Incentivos – financeiros mas principalmente ao nível do licenciamento – maior rapidez, maior densidade, etc. – espaço para a intervenção das Agências de Energia…
• Em síntese, para que os promotores / investidores decidam construir edifícios energeticamente eficientes e saudáveis terão de estar reunidas as seguintes condições:
• decisores têm de estar bem informados; • eficiência energética valorizada pelo mercado;
• forma quantificável, verificável e comunicável (ao mercado) de definir objectivos de desempenho (ex.: certificação energética, certificação ambiental por esquemas internacionalmente reconhecidos, etc).
• legislação (níveis mínimos) e por incentivos (para quem fizer mais do que o mínimo);
ESTRATÉGIA
• As equipas de projecto:
– deverão ter objectivos quantificáveis e verificáveis (definidos pelo dono-de-obra);
– “know-how”.
• É importante destacar a importância das equipas de projecto porque têm a responsabilidade de seleccionar as soluções que garantam a conformidade com os objectivos. E a lista de opções é (quase) interminável…
• arquitectura: implantação, dimensionamento dos vãos envidraçados, …; • construção: níveis de isolamento térmico, …
• utilização de equipamento de elevada eficiência: lâmpadas, ar-condicionado, …, • integração de energias renováveis: solar térmico ou fotovoltaico, biomassa, … • … mas os recursos (€) não são (ou quase nunca são);
• Portanto, é preciso uma estratégia (para evitar a tradicional “picada” em duas ou três medidas para depois hastear a bandeira da “sustentabilidade”).
ESTRATÉGIA
• A estratégia:
– definir, em cada caso particular, as soluções que conduzem ao respeito pelos requisitos legais;
– identificar oportunidades de intervenção que permitam “ir mais além”; – quantificar os custos e retornos associados a cada medida identificada
(ex.: kg CO2 evitado/ €investido) ;
– hierarquizar as medidas tendo em atenção o respectivo retorno; – implementar as medidas de acordo com a hierarquia definida, até ao
limite dos recursos financeiros disponibilizados pelo promotor.
• Tipicamente:
– as medidas com retornos ambientais mais interessantes ocorrem ao nível da arquitectura, construção e utilização de equipamentos de elevada eficiência;
– as medidas de excelência situam-se ao nível da integração de energias renováveis.
ESTRATÉGIA
“Strategic Energy Management Hierarchy:
Before considering the incorporation of renewable energy in a building, it is important to ensure that all reasonable cost-effective energy efficiency measures have been incorporated… Once energy efficiency measures have been exhausted, then renewable energy technologies
ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
• A ambição de construir edifícios energeticamente eficientes deve ser substituída (complementada) pela de construir edifícios que “almejem a sustentabilidade”…
CONCLUSÕES
• A eficiência energética é uma das vertentes incontornáveis no percurso para a sustentabilidade porque os edifícios são grandes consumidores de energia (sendo portanto peças chave nas estratégias de controlo do aquecimento global);
• Razão pela qual é expectável que a pressão para a redução dos consumos nos edifícios (e não só…) não cesse de aumentar (e esta não será certamente a única razão…)
• Em Portugal uma evidência dessa pressão é o Decreto-Lei 79/2006;
• Este Decreto-Lei tem aspectos muito positivos:
– integração da qualidade do ar e da energia no mesmo documento; – âmbito alargado até aos edifícios em funcionamento (os impactos na
matriz energética nacional de uma actuação centrada nos edifícios novos só se fazem sentir a muito longo prazo…);
• Embora os detalhes não acompanhem a qualidade do conceito...
CONCLUSÕES
• Numa perspectiva “individual”, o potencial de redução de
consumos nos edifícios é muito elevado mas os impactos desta actuação na matriz energética de um país ou região só se fazem sentir no muito longo prazo…
• portanto é urgente massificar uma intervenção eficaz...
• a massificação implica a criação de mecanismos que tornem os promotores / investidores e os utilizadores nos primeiros (muito) interessados, definindo objectivos concretos e assegurando a sua implementação.
• Estratégia para a utilização racional de energia:
– liderada pelo promotor / investidor; – inserida numa política ambiental coerente;
– para ser eficaz, é fundamental o apoio de equipas de projecto competentes, capazes de definir as soluções que garantem o
cumprimento dos objectivos definidos pelo promotor, seleccionando as que garantam a maior eficiência na utilização dos recursos financeiros disponíveis.