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Greimas (1973) - Semantica Estrutural.pdf

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SEMÂNTICA ESTRUTURAL A. J. GREIMAS

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SEMÃNTICA ESTRUTURAL A. ]. Greímas lNinguém inora que o problema da signi-ficação constitui hoje uma das preocupações nu-cleares das ciências humanas, de vez que um fato só pode ser considerado "humano"’ na medidade em que signifique algo. E para abor- , dar o estudo da significação, nenhuma ciência ` está melhor qualificada do que a lingüística, ` em razão do rigor e formalização de seus me -todos. Todavia, a província da lingüística a quem incumbe tal estudo, a semântica, é para-doxalmente a menos desenvolvida das discipli-nas lingüísticas, Esse atrazo histórico se ex-, plicaex-, sobretudoex-, pela complexidade do seu ob-jeto de estudo, que só agora começa a ser de-i lde-imde-itado e abordado com espírde-ito verdadede-ira- verdadeira-mente científico. llustrativa desse espírito é esta obra que, em tradução dos Profs. Haquira Osakabe e Izi-doro Blikstein, a Cultrix ora entrega ao público universitário brasileiro numa edição que mereceu o apoio da Editora da Universidade de São Paulo. SEMÄNTICA ESTRUTURAL é notável ' I ' tanto pela atualidade do seu. empenho — a I aplicação de métodos estruturais ao estudo da significação — quanto pela clareza de suas for- . mulações, que procuram conciliar o rigor ter-minológico exigido pelos lógicos e lógicos ma- ` temáticos com o amplo sistema de referências culturais do estudioso de ciências humanas. Nes-= te livro, o Prof. A. ]. Greimas, docente da "Ecole pratique des hautes études", que se vem ' destacando por suas pesquisas na área da teoria semântica e da análise da narrativa, oferece ao leitorum panorama dos problemas e métodos da semântica estrutural, abordando questões essen-; ciais como condições de uma semântica cientí-' fica, estrutura elementar da significação, lin-guagem e discurso, organização do universo se-mântico, descrição da significação, modelos atua-cionais e de transformação, e outros tópicos de ` igual importância. J

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I î . Ï LIVRARIA UNIVERSITÁRIA Iávmria, - Distbxdorœ Y ’“’xîxScí«ŠÏx‘Ï.š"‘ž¿’SEš«xS‘°’*‘Š’Š’°“ Ï mœrrøum Idíoä ‘ ` À TRAVESSA PARÅ, 9Í Fcmœ: Lojs 255686 Esc. 26-3F { FJ,«!5'.,.?É'—"'±!'m ' _ ÍV — . Q SEMÃNTICA ESTRUTUBAL Y ÏÍ V ê

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> Ï FICHA CATALOGRÁFICA { -(Prepamda pelo Centro de Cata1OgaçaOna£Onte, l Câmara Brasileira do Livro, SP) I{ Greímas, Algirdas Julien. [ G838S Semântica estrutural; tradução de Haquíra Osa-! kape e Izidoro Blíkstein. São Paulo, Cultrix, Ed. · · da Uníversîdade de São Paulo, 1973. l . p 330p. 11uSt. 1. Semâutîca 2. Semântíca (Filosoíîa) I. Título. 7 73-0503 CDD·149.94 1 ] •412 , Iudíces para catálogo sistemático: ' 1. Semàuuca : Füosotia 149.84 ¿ 2. Semrxtica : Lmguxsu 412

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Ï ëx Obra publicada l com- a colaboração da · .` D Ï í -( t.; UNEVERSXDADE DE SAO PAULO E ` REITORZ Proñ Dr. Miguel Rea/e l o EOITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Comisso Editoríal: g Presidente — Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri ( (instituto de Biociências). Membros: Prof. Dr. ( A. Brito da Cunha (instituto de Biociências), ( Prof. Dr. Carlos da Silva Lacaz (instituto de Í Ciências Biomédicas), Prof. Dr. lrineu Strenger 1 (Faouldade de Direito) e Prof. Dr. Pérsio de Souza Santos (Escola Politécnîca). V

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{ A.-]. GBEIMAS Ï (diretor de estudos da "Eco1e pratique des hautes étudeS” de Paris) { SEMANTICA ESTRUTURAL I Pesquísa de Método i Tmdução de e Š HAQUIBA ÙSAKABE I (da Unîversidade Estadual de Campinas, SP) 6 , Izmono BLIKSTEIN (da Fundação Getúlio Vargas C Unîversîdade de São Paulo) SL A igg. L EDITGRA CULTRIX SÃO FAULO ‘ EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAUL0 .

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' Título do original: :1 SÉMANTIQUE STRUCTURALE —— RECHERCHE DE MÉTHODE í © 1966 — Librairîe Larousse, Paris. '

î!

MCMLXX111 Direitos de tradução para a língua portuguesa adquiridos com exclusividade pela EDITORA CULTRIX LTDA. Rua Conselheiro Furtado, 648, fone 278-4811, S. Paulo, que se reserva a propriedade literária desta tradução. ; Impresso no Brasil — ` [ ' Pižnted irz Bmzil

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Í N D I C E ~ CONDIÇÕES DE UMA SEMÀNTICA CIENTÍFICA 1.° Situação da semântica . _ 11 a) A significação e as ciências humanas , _ 11 b) Uma parente pobre: a semântica ` — ` 12 2.° A significação da percepção 15 11) Primeira escolha epistemológica , , — 15 · 5) Uma descrição qualitativa 16 C) Primeiros conceitos operacionais _ 17 3.° Conjuntos significantes e línguas naturais 17 :1) Classificação dos significantes A — A 17 C) Correlação entre significantes e significados 18 C) Significações "naturais" e significações artificiais 19 { d) Estatuto privilegiado das línguas naturais 19 È 4.° Niveis hierárquicos da linguagem · 21 [ a) Fechamento do conjunto lingüístico ' 21 } [7) Níveis lógicos da significação 22 C) Semântica enquanto linguagem ' 23 [ d) Nivel epistemológico 24 Š e) Notação simbólica ` 26 IÈ « ESTRUTURA ELEMENTAR DA SIGNIFICAÇÃO I1.° Continuidades e descontinuidades ' 27 2.° Primeira concepção da estrutura K 28 3.° Conjunção e disjunção 29 4.° Estruturas elementares 29 5.° EÍXOS semânticos ` ` d 30 6.° A relação 31 7.° Articulações Sêmicas ' ` ` 32 ’ 8.° Modos de articulação sêmica ¿ 9.** Forma e substância “ 36 Il ,

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10.° Semas e lexemas 38 Í 11.° Segunda definição da estrutura _ 39 ž 12.° Totalidade e partes 39 ÍJNGUAGEM E DISCURSO 1.° Significação e comunicação 42 2.° Sistemas sêmicos A 43 3.° Semas e lcxemas 48 4.° O plano do discurso 49 5.° Manifestação das relações 53 SIGNIFICAÇÃO MANIFESTADA 1.° O semema 57 J) Unidades de comunicação e unidade de significação 57 [7) O lexemas uma constelação estilística 58 C) Definição do semema 60 2.° A figura nuclear 62 a) Primeiro núcleo de "tête": extremidade 62 b) Segundo núcleo de "tête": esfericidade 65 C) Núcleo Sêmico comum 66 d ) Figuras simples e complexas 67 e) Em direção ao nível Semiológico do conteúdo 68 3.° OS classemas 68 z) Semas contextuais 68 b) Lexemas e Sememas 70 C) Definição dos classemas 71 d) Em direção ao nível semântico da linguagem 72 4.° Conceitos instrumentais 73 NÍVEL SEMIOLÓGICO ( 1.° Notas prévias e aproximações 75 a) Autonomia do semiológico 75 [7) Lexematismo antropocêntrico 77 ` . C) O lingüístico e o imaginário 79 2.° Estatuto do Semiológico 82 ø) O simbólico e O semiológico 82 b) O protosemantismo de P. Guiraud 83 C) O Semiológico e o bio-anagógico 86 3.° Possibilidades da descrição Semiológica 88

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E :1) Consttução das linguagens em lingüística aplicada 88 [7) Niveis de generalidade 90 C) Procedimento descritivo 92 . ISOTOPIA DO DISCURSO 1,° Heterogeneidade do discurso · 93 11) Isotopia da mensagem 93 \ lø) Variações das isotopias 94 ` 1:) Dimensões dos contextos isotópicos 96 2.° Funcionamento metalingüístico do discurso 97 11) Expansão e definição 97 [7) Condensação e denominação 100 C) Denominação tranlativa 103 d) Dupla função dos classemas 106 e) Análise das denominações figurativas 107 †) Análise das denominações translativas 109 g) Anälise definicional 110 la) Construção dos Sememas _ 114 i) Isomorfismo =das figuras 116 3.° Condições para o estabelecimento de isotopia 117 ` 11) Dcfinição oblíqua 117 b) Propósitos sobre o mundo 121 C) O fechamento do texto 122 d) Do texto individual ao corpus coletivo 125 e) Isotopia e variação 126 4.° O discurso plurívoco · 128 11) Manifcstação de uma isotopia complexa 128 b) A ambivalência simbólica em literatura 130 C) Isotopias e sua leitura 131 L ORGANIZAÇÃO DO UNIVERSO SEMÀNTICO 1.° Universo da significação 136 1) Dupla direção epistemológica ~ 136 A b) Indução e dedução 136 C) A consideração empírica do universo imanente 138 d) Sisternas e morfemas 139 2.° O universo manifestado da significação 141 ~ 11) Conteúdo 141 L IJ) A combinatória 143 C) Escolha estratégica 145 d) Abemira do corpus dos sememas 145

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e) Sememas abstratos e concretos V 146 Q ]) AS incompatibilidades . 148 [ 3.° O discurso 149 z) Lexicalização e gramaticalizaço 149 b) AS separações da expressão e as identidades do conteúdo 150 C) A comunicação 152 d) Organização das mensagens 154 DESCRIÇÃO DA SIGNIFICAÇÃO 1.° Manifestação e discurso 157 z) Dicotomia do universo manifestado 157 la) Isotopias fundamentais 159 C) A combinatória sintática ` 159 ž) A afabulação e o "radotage" 162 2.° A Manifestação discursiva ` 163 7 4) AS bases pragmáticas da organização 163 b) Modos de presença da manifestação discursiva 164 ' C) OS 1nicro—univerSos semânticos " ' 165 ` d) Tipologia dos microuniversos 167 .. . el Predicatos e amantes 168 f) Cateaorias atuacionais 170 g) Sintaxe lógica e sintaxe semântica 172 ÍJ) O caráter modal das categorias atuacionais 173 ‘ Ž) Uma epistemologia lingüística 174 3~.° Manifestação figurativa e manifestação não figurativa 176 . z) Um exemplo: a comunicação poética 176 b) O implícito e o explicito 179 C) O não figurativo 180 d) Em direção a uma metalinauaeem científica 182 e) A verificação dos modelos de descrição 183 PROCEDIMENTOS DE DESCRIÇÃO ‘1.° Constituicão do corpus 185 ' Az) Obietivos e procedimentos 185 b) O corpus 187 ' C) O texto 190 d) Eliminação ou extração 191 E) Os inventários 192 , A Í) Inventários individuais e coletivos ‘ 193 1 I _ g) Estratos e Durações 195 ·2.° A normalização 200 1 ' z) Homogeneidade da descrição · 200 { __________

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b) Objetivação do texto 200 C) Sintaxc elementar da descrição 202 d) A Iexemática da descrição 205 3.° A construção 207 a) Construção do modelo: redução e estruturação 207 b) Reduções simples 208 C) Reduções complexas · 211 d) O semântico e o estilístico 217 C) A estruturação 218 ' Í) Homologação e geração 220 g) Conteúdos instituídos e sua organização 222 REFLEXÕES SOBRE OS MODELOS ATUACIONAIS l.° Dois níveis de descrição 225 2.° Os atuantes em nnguistíca 226 3.° US atuantes do couro popular russo 228 4.° Os atuantes do teatro 229 5.° A categoria atuacronal "Sujeíto" vs "ObjetJo” 230 6.° A categoria atuacional “dSI1DãdOI” vs "c1eStinatáriO" 231 7.° A categoria atuaciOna1"‘Ad]uvante" vs "()ponente" ' . 233 8.° O modero atuacxonal mítico 235 9.° A investidura temática ` 236 7 10.° O investimento econômico 238 11.° Atuantes e atores 240 12.° O Energetismo dos amantes d 242 13.° O modelo aruacional e a critica psicanalítica 244 14.° Os modelos atuacionais psicanalíticos — 247 PESQUISA DOS MODELOS DE TRANSFORMAÇÃO 1.° Rcdução e estruturação- 251 z) Organização das funções . 251 Z7) Inventário das funções 252 ê' C) Acasalamento das funções 253 d) Contrato ` 254 e) Prova V » 256 · †) Ausência do herói ' 258 g) Alicnação e reintegração 260 IJ) Provas e suas conseqüências 263 Í) Resultados da redução 264 L 2.° Interpretações e definições 264 « a) Elementos acrônicos e diacrônicos da narrativa 264 17) O estatuto diacrônico da prova s 266

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C) A força dramática da narrativa 268 d) Duas interpretações da narrativa 269 e) A significação acrônica da narrativa 270 f) O modelo transformacional 273 g) A narrativa enquanto mediação 275 3.° O modelo transformacional e o Psicodrama 277 a) Do coletivo ao individual 277 [7) A estrutura compensadora inicial 278 C) O aparecimento da luta 279 d) O desenvolvimento da prova 280 X,3 E) Realização da prova 282 )‘) O problema do reconhecimento e da recompensa 284 g) Manífestação figurativa do modelo 286 /7) Alcance do modelo transformacional » 286 AMOSTRA DE DESCRIÇÃO 1.° Principios gerais 288 u) Exemplo escolhido: o universo de Bernanos 288 b) Constituição do texto por extração 289 C) Escolha da isotopia 291 2.° A existência enquanto meio 293 41) Formas da manifestação e tipos de análise 293 b) Vida e morte 295 C) O fogo 297 d) A água 299 E) O modelo constitucional 302 È 3.° Existência enquanto empenho 303 î a) As doenças 303 Q 17) O bestiário 304 E C) AS mentiras 305 d) AS mentiras transitivas 307 e) Reduções econômicas 308 ]‘) AS mentiras intransitivas 310 1 g) AS verdades 311 i . Š 7 4.° Comparação e escolha dos modelos 313 ; a) Ausência de homogeneidade 313 17) Comparação dos resultados 315 C) Os modelos e os conteúdos 317 ` . d) O caráter modal do modelo funcional 318 5.° Concepção dialética da existência 321 i a) AS modalidades 321 b) A denegação bernanosiana 323 C) A asserção bernanosiana 323 ’ d) O algoritmo dialético 325 þ e) História e permanência 327 Í ,m

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CONDIÇÕES DE UMA SEMÅNTICA CIENTIFICA 1.° SITUAÇÃO DA SEMÀNTICA cz) A significação e czs ciências humcmcrs. 0 problema da significação está bem no centro das preocupa-ções atuais. Para transformar o inventário dos comportamentos . • • • • • ~ ?' em antropologia e as séries de acontecimentos em história, nao = temos outro meio senão interrogar-nos acerca do sentido das ati ‘ vidades humanas e 0 da história. P“’°"‘“°$ que 0 m“ 9.n§§.—LŽ9Íî!iÉ iiç, ,esS<—>n.c.î.alm.ente C0m . Sé pode ser chamado "hu.mano" na_rne_i__a em que significa alguma coisa. "`*‘`*~r b‘oãã s ` ' Dessarte, é na pesquisa a respeito da significação que as ciências humanas podem encontrar seu denominadorcornum. Com efeito, se as ciências da natureza se indagam para saber como são o homem e O mundo, as ciências do homem, de maneira mais ou menos explicita, se interrogam sobre o que significam um e outro. Nesse desejo comum de discernir o problema da significação, a lingp;Stica,_\teve a possibilidade de aparecer como a disciplina , mais bem situada: pois, mais aprimorada, mais formaliza-da, ela podia oferecer às demais seus métodos e experiências. Assim, na década de cinqüenta, recebeu ela o mvejável título de ciência-piloto em meio às outras ciências do homem. ' A condição privilegiada que lhe foi atribuída só poderia criar uma situação paradoxal: houve uma dupla propagação a partir de um terreno em que praticamente nada acontecia. '¿ A primeira é o preço inevitável da glória: a sociologia, a " psicanálise a conheceram antes da lingüística. Com o nome de d 1,1

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"banalizaçãO", caracterizase pela distorção das estruturas meto-dológicas de uma disciplina e pela neutralização das oposições o fundamentais entre seus conceitos. Uma terminologia lingüística ` empobrecida e distorcida eStendeuse por certas revistas de van~ guarda: o lingüista mal poderia reconhecer aí sua própria descen-dência. Paralelamente, a lingüística conhece uma propagação meto-dológica inegável. Não se tratava de empréstimos de métodos propriamente ditos, mas de atitudes epistemológicas, de certas = transposições de modelos e procedimentos de descoberta que fe-cundaram a reflexão de um Merleau—Ponty, de um Lévi-Strauss, de um Lacan, de um Barthes. A distância que separava esses modelos epistemológicos dos domínios em que podiam encontrar sua aplicação só pôde agir no sentido de sua particularização. Se , a importância dos trabalhos daí oriundos permite às pessoas mais avisadas falar atualmente da "escola francesa de antropologia", é de lamentar, por isso mesmo, a ausência de um catalisador meto-dológico. Esse papel de catalisador era, naturalmente, 0 da lingüística. É curioso verificar que, cercada assim de solicitações diversas, moStrouSe ela, de maneira geral, mais que reticente, até mesmo hostil a toda pesquisa semântica. E as razões são múltiplas. fb) Semêuücc. ctlþcxrenie pobre. È preciso reconhecer que a semântica foi sempre a parente pobre da lingüística. Mais nova das disciplinas lingüísticas — sua própria denominação só se forjou em fins do século XIX foi a precedida, no quadro do desenvolvimento da lingüística histórica, inicialmente pela fonética, mais aprimorada, e depois pela gra-mática. Embora denominada e instaurada, a semântica procurou d apenas tomar emprestados seus métodos quer da retórica clássica, quer da psicologia de introspecção. . A lingüística estrutural seguiu, no seu desenvolvimento, a { mesma ordem de prioridade. A Escola de Praga fundamentou È solidamente a fonologia; a Escola de Copenhagem, que a seguiu imediatamente, preocupouse com a elaboração da teoria lingüística 'l ` que procurava aplicar à renovação dos estudos gramaticais. 0 12 I

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esquecimento da semântica é patente e voluntário: é normal, nos ¿ meios lingüísticos, perguntar-se ainda hoje se a semântica possui um objeto homogêneo, se esse objeto se presta a uma análise estrutural, em outras palavras, se se tem 0 direito de considerar a semântica como uma disciplina lingüísticap A dificuldade de determinar os métodos próprios à semântica e definir as unidades constitutivas de seu objeto é um fato. O inventário restrito de fonemas, seu caráter discreto, descoberto g implicitamente no momento da primeirarevolução científica da humanidade, que se configurou com a elaboração dos primeiros e alfabetos, favoreciam o progresso da fonética e, mais tarde, da fonologia. Nada aconteceu de semelhante com a semântica. A definição tradicional de seu objeto, considerado pudicamente como "subStância psíquica", impede sua nítida delimitação em relação à psicologia e, mais tarde, em relação à sociologia. Quanto às ' suas xmidades constitutivas, a ebulição terminológica — seme-“ mas, semiemas, semantemas, etc. — revela somente embaraço e d . confusão. O lingüista mais bem intencionado só podia, nessas ocasiões, considerar a semântica como uma ciência que se procura , a si mesma. 0 golpe de misericórdia lhe foi dado finalmente pelo triunfo de uma certa concepção da lingüística que se apoiava sobre a , psicologia do comportamento. È conhecida a famosa definição d do signo lingüístico dada por Blgomfield (Lmguzgø): "uma 1* l forma fonética que tem sentido" (p. 138), "um sentido do qual nada se pode saber" (p. 162). Levando-se em consideração tais atitudes behavioristas, tornou—se comum considerar-se a semântica como não possuidora de sentido algum. Entretanto, como o observa corretamente jakobs falando dos que dizem "que as questões de sentido não Ãißffenhum sentido para eles”, quando ` , _¿ dizem "Sem sentido", das duas uma: ou sabem O que querem ‘ ` dizer, e por isso mesmo a questão de sentido ganha sentido, ou 5 não o sabem, e então sua fórmula já não tem absolutamente sen-. tido algum" (Essais — ppsen-. 38-9)sen-. Esses três motivos: o retardamento histórico dos estudos semânticos, as dificuldades próprias à definição de seu objeto e a onda do formalismo — foram determinantes e explicam as re-1 ticências dos lingüistas em relação às pesquisas sobre a signi-ficação. » I3

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iTudo isso mostra bem a posição desconfortável daquele que, consciente da urgência dos problemas semânticos, deseja refletir acerca das condições pelas quais seria possível um estudo cien- = tífico da significação. Tem ele de enfrentar duas espécies de dificuldades: umas teóricas, outras práticas. As primeiras provêm das dimensões consideráveis de seu a empreendimento: se é verdade que a semântica deve encontrar « seu lugar na economia geral da lingüística e aí integrarse com seus postulados e o corpo de seus conceitos instrumentais, cum- jî pre-lhe ao mesmo tempo visar a um caráter de generalidades Su-ficientes para que seus métodos, que estão para ser elaborados, sejam compatíveis com qualquer outra pesquisa que vise à Sig-nificação. Em outros termos, se a semântica tem por objeto de . estudo as línguas naturais, a descrição destas faz parte dessa V ciência mais vasta da significação que é a Semiologia, no sentido Saussuriano do termo. _ As segundas são relativas ao destinatário eventual de suas reflexões. A necessidade de formalização, a insistência na unívo-cidade dos conceitos utilizados só podem ser expressas, nesse estágio das pesquisas, por uma neología das denominações e por redundância das definições que se pretendem umas mais rigorosas que as outras; esse tateamento pré·científico só pode parecer igual-mente pedante e supérfluo ao destinatário cujo sistema de refe-rências culturais é literário ou histórico. Mas parecerá, com jus-tiça, insuficiente e excessivamente "qualitativo" aos lógicos e aos matemáticos, que constituem um grupo de sustentação e de pressão que a lingüística não pode deixar de considerar. Assim, mergu-lhado entre exigências práticas contraditórias, o autor só pode escolher, com o risco de descontentar a todos, o caminho mediador, m., - a fim de se fazer compreender por ambos os lados: se lhe parece evidente que sem o auxílio da lógica matemática, e da lógica sim- ., . plesmente, a semântica só pode permanecer na contemplação dos ` seus próprios conceitos gerais, do mesmo modo, ele tem consciên-cia de que uma iniconsciên-ciação semântica que não vise às ciênconsciên-cias huma-nas e, em plena reviravolta, as ultrapasse, permanecerá, por muito tempo, como prática de igrejinha. Z 14

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2.° SIGNIFICAÇÃO E PERCEPÇÃO ` Cr) A primeira escolhe: epîstemolóqíccr. A primeira observação referente à significação só pode tocar ao seu caráter onipresente e multiforme ao mesmo tempo. Fica-mos ingenuamente espantados quando nos poFica-mos a refletir acerca da situação do homem que, -de manhã à noite e da idade pré—natal à morte, é atormentado por significações que o solicitam por toda V “ parte, por mensagens que o atingem a todo momento e sob todas as formas. Ingênuas desta vez no sentido não científico da palavra — parecem as pretensões de certos movimentos literários que desejam fundar uma estética de nãosignificaçãO: se, numa peça, a presença de duas cadeiras, situadas uma ao lado da outra, parece perigosa a Alain Bobbe—Grillet, já que mitificante por seu poder de evocação, esquecemos que a presença de uma só cadeira funciona como um paradigma lingüístico e no caso— de ausência, esta pode ser também bastante significante. Mas uma semântica que parte desta verificação da onipre-Senca da significação só pode ser confundida com a teoria do _¿;, conhecimento e procurar ou suplantá—la ou Submeter—se a uma certa epistemologia. Esta situação desconfortável foi bem obser-vada por Hjehnslev que, após tê-la assinalado como destino de qualquer ciência, e não somente da lingüística, aconselhava a acei-tarmo-lo resignadamente, mas limitando seus eventuais prejuízos. OS pressupostos epistemológicos, devemos, ser,, cgnseqiientemente, tão poucïnneosos e tão gerais quantoïpossivel. ""È com conhecimento de causa que nos propomos a considerar a percepção como o lugar não lingüístico onde se situa a apreen-são da significação. Assim procedendo, ganhamos a vantagem e 1 o inconveniente de não poder estabelecer, no seu estatuto * parti-cular, uma classe autônoma de significações lingüísticas, suspen-dendo dessarte a distinção entre a semântica lingüística e a semic-logia saussuriana. Embora reconhecendõf nossas preferências sub-‘ jetivas pela teoria da percepção tal como foi anteriormente desen-(*) Optamos por traduzir Stztut por "estatutO", embora a palavra não tenha, V em nossa língua, a mesma amplagama deacepções que hoje possuí em francês, —' notadamente em textos de lmguístxca e Semrótica (Barthes, Mounm, Grcimas etc.). (N. dos T.) 15

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volvida na França por Merleau-Ponty, observaremos, entretanto, que esta atitude epistemológica parece ser também aquela das ciências humanas do século XX em geral: assistimos assim, para citar apenas o que é particularmente evidentêÏ'i"substituiçãxouda psicologiaä da fpr1_n__a_e__do com_po,1ttarrre;1,tq,pela das "fa culdadeS" ïîda introspeçãïa Ve Ž;pliço;;_ÈŠ Mègç se almente sobretudo no_,_nível_r tpe¿cep _ e ção da obra, e não mais no da eXplor ênio ou ___ßaf jrna-' gT1ïšÏçãoÏ”jrna-'ÍÏžf “c N1Ï`erÍàeÏdϱ=S,“’ainda`qïÏe`provisória, “p"ã“ëe vantajosa na época histórica atual: é difícil imaginar outros critérios de pertinência aceitáveis por todos. b) Umc: descrição qualitativa. No entanto, a afirmação de que as significações do mundo l humano se situam no nível da percepção consiste em definir a exploração no mundo do senso comum, ou, como se diz, no cê; mundo sensível. A semântica é reconhecida assim abertamente como uma tentativa da descrição do mundo das qualidades sen-ã síveis. É . - , . Tal tomada de posiçao surpreendera apenas os que, aceitando a atual ascendência dos métodos qualitativos sobre os diferentes domínios da lingüística, não se deram conta da estreiteza dos re-sultados obtidos cujo erro se atribui não aos procedimentos quan-titativos empregados, mas às falhas da conceituação qualificativa que tornam inoperantes os procedimentos. Por outro lado, uma análise qualitativa cada vez mais rigorosa só contribuirá para pre-encher 0 hiato existente atualmente entre as ciências da natureza, consideradas como quantitativas, e as ciências do homem, que apesar das aparências sempre enganosas, permanecem qualitativas. Isto porque um movimento paralelo e inverso parece—nos Confi-, gurar-se entre as ciências -da natureza. Como observa Lévi—StrauSs no seu Penséø Sauuagø (p. 20): "A química moderna reduz a variedade dos sabores e perfumes a cinco elementos combinados I de maneira diferente: oxigênio, carbono, hidrogênio. enxofre e azoto. Traçando tabelas de presença e ausência, avaliando doses e limiares, ela chega a dar conta das diferenças e semelhan-ças entre as qualidades que teria outrora eliminado de seu domí-nio por serem secundárias? Uma descrição qualitativa promete pois estabelecer a ponte sobre a região brumosa do mundo do a e 16 { , h________,__,_.

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sentido e dos “efeitos do sentid0", conciliando talvez um dia quantidade e qualidade, homem e natureza. Observcrçoz Notamos que, no exemplo citado por Lévi St1'auSs, aos elementos últimos do sistema Semiológico Cor-respondem os sintagmas dos processos químicos e não os sistemas químicos. C) Primeiros conceitos operacionais. ..«·~‘\ Para a constituição dos primeiros elementos de uma termino- å logia operacional, designaremos com o nome de Sígyqifccptø os 8l6H¥6ÈQ§aQ!1 9ëaãT!1PO§, sšíèrêlîàëšššlêa£¿L1šž«l2«O~$§ílï¿Š—Šï;€Ï,H¿,a,,.3l,Qä£È9ãO aoà_ru\;el“da,_,percepção, e que são reconhecidos, rfšse exato momento, como exteriores ao homem. Designaremos wm 0 Mme de wgødv 3 Sîsuifígszãg 9;.1-is signifiçßcöøõaque S° r¢¢°b¢±†==iS peleèigífiqantgxzèxièõèšía,graçe.,,à,.sua exis-rêéiiw ii““ii ` iiii iiii de *‘ Só é possível reconhecer como significante alguma coisa e atribuir-lhe tal nome quando essa coisa significa realmente. A , existência do significante pressupõe pois a existência do signi-ficado. Por outro lado, 0 significo só é significado porque existe um significante que o significa. Em outras palavras, a existência do significado pressupõe a do significante. _ _ Essa pressuposição recíproca é o único conceito lógico não definido que nos permite definir reciprocamente, a exemplo de Hjelrnslev, o significante e 0 significado. · Podëmœ dêša Pï0VÏ$03m8ï?Ïã», QPOWG .,.l. $;££?,;?l?±.†lÉQra§—i,§?JíÍî' GWØ îJíãé,ÍŠöÏ`šîñïîë¿i>’¢<€áS do .$îaníí<aS1<2, Qbærvndo . Ètanto a)palavra,,COniunto,,contidanesta definição e que xexxîètèi a , conceito de pp totalidadp:permanece,__po1† s , enquanto, não 1, definida. `JNMÜÈL >l' N N 3.° CONTUNTOS SIGNII-'ICATIVOS E’ LÍNGUAS NATUBAIS U) Clcxssiíiccxço dos sîgnificczntes. Pelo fato de serem os significantes, segundo essa primeira s, definição, detectáveis, no momento da percepção, em seu estatuto de nãOdependência do mundo humano, são eles automaticamente ` 17

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remetidos ao universo natural manifestado ao nível das qualidades sensíveis. Pode—Se assim pensar numa primeira,V_Qassšifj¿;açãoý dos 1 $Ïgï1ÃÍlQël1ÍQ§,_§gF}_1§lQ__1F.Q1l£Í8IH——S6I;S,O;îiäl.-'plt qual se evidenciam. ‘ Assim os significantes — e os conjuntos significantes — podem ser: — de ordem visual (mímica, gesticulação, escrita, natureza ro-mântica, artes plásticas, sinais de trânsito, etc.); — de ordem auditiva (línguas naturais, música, etc.); — de ordem táctíl (linguagem dos cegos, carícias, etc.); — etc. ( Tal classificação, utilizada constantemente, é em geral consi-( derada não-lingüística. Entretanto, a partir daí, podemos notar ( que as qualidadessignificantes, que situamos fora do homem, não devem ser confundidas com as qualidadessignifiCados: de ( fato, os elementos constitutivos das diferentes ordens sensoriais ( podem, por sua vez, ser captados como significados e instituir o mundo sensível enquanto significação. b) A correlação entre significantes e significados. Não temos o direito de admitir que a essa forma de classi-ficação de significantes corresponda uma divisão paralela de Sig-nificados. Podemos vislumbrar aqui vários tipos de correlação: 1. Os significantes pertencentes a uma mesma ordem sen-sorial podem servir para a constituição de conjuntos significantes autônomos, como as línguas naturais e a música. È necessário observar que as pesquisas sobre a patologia da linguagem permi-tiram estabelecer que a distinção entre os ruídos (que constituem s um conjunto significante de ruídos), os sons musicais e os sons da linguagem é anterior àsua investidura pelos significados. Sub I ordens sensoriais comportariam assim significações globais: "ruí— dos", "música", "linguagem". ' 2. Os significantes de natureza sensorial diferente podem recobrir um significado idêntico, ou pelo menos, equivalente: é lo caso da língua oral e a língua escrita. 3. Vários significantes podem interferir num só processo global de significação, como a fala e o gesto. Nenhuma classificação de significados é possível a partir dos -§ = significantes, qualquer que seja o estatuto desses últimos. A sig-18 Í

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—————...—————-nificação, conseqüentemente, independe da natureza do signifi-cante pelo qual se manifesta. Afîrmar, por exemplo, como ocorre s freqüentemente, que a pintura comporta uma significação pictórica ou que a música possui uma significação musical não tem sentido algum. A definição de pintura ou música é de ordem do signifi-cante e não do significado. As significações que estão eventual-mente aí contidas são simpleseventual-mente humanas. Poderíamos dizer no máximo que o significante, 'tomado em seu todo, comporta um sentido global "pintura" ou "múSiCa". c)f Sîgnifîccrções "ucurcîs" e significações 'cu'ti.fîcîuîS". Uma outra distinção consiste em separar os conjuntos signi-ficantes naturais, que são nossas línguas articuladas, dos conjuntos significantes artificiais. O critério desta divisão não aparece, entretanto, de maneira — evidente. Parece que é na natureza discreta dos elementos cons-titutivos do significante que deveríamos procurá—lo: no caso dos conjuntos significantes `artificiais, os elementos discretos seriam colocados a priori, enquanto os conjuntos significantes naturais só extrairiam suas unidades discretas constitutivas a posteriori. Esse critério não é, entretanto, pertinente ao nosso ponto de vista, ,o da percepção: a questão de saber se os elementos dos significantes são discretos ou não, antecedendo à percepção, pro-vém das condições da significação, x cuja análise não podemos nos permitir. Do nosso estrito ponto de vista, o problema, se existe, deve ser resolvido ao nível da percepção, no quadro de uma disciplina que se preocuparia com a tipologia dos signifi-cantes. Será suficiente servirmo-nos dos únicos critérios que digam ` respeito ou aos significados, ou as suas relações com os significantes. d) O estatuto privilegiado das Iíngucrs ntíturcis. Em comparação com os outros conjuntos significantes, as línguas naturais parecem possuir um estatuto privilegiado, pelas transposições e traduções possíveis. Ï As transposições são de duas espécies: I 19

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1. Uma língua natural, considerada somente como signifi-cado, pode manifestanse através de dois ou mais significantes o pertencentes a ordens sensoriais distintas. O francês, por exemplo, 1 pode realizarse sob a forma fônica e gráfica, ao mesmo tempo. Admitese geralmente considerar, em tais casos, um dos Sig-nificantes como o primeiro, e O outro como derivado ou transposto; d deste ponto de vista, que é o de jakobson, não compartilham Hjelmslev nem Russell. 2. Uma linguagem natural, tomada como conjunto sígní- a fiocmtø, pode ser transposta e realizada numa ordem sensorial dife-i rente. Assdife-im a ldife-inguagem onírdife-ica é sdife-implesmente a transposdife-ição da língua natural numa ordem visual particular (divisível, por sua vez, em duas subordens: em cores, ou em branco e preto) [encon-tramos exemplos comprovadores em Freud]. 0 mesmo ocorre com a linguagem cinematográfica. No entanto, parece razoável admitir que essas transposições podem possuir — ou adquirir progressivamente — uma autonomia relativa ou total. Os esforços da arte cinematográfica da década de vinte, tendendo à criação de sua própria linguagem, são carac-terísticos, se pensamos sobretudo na regressão que se produziu mais tarde após a invenção do cinema falado. g As traduções se distinguem desse último tipo de transposição somente pela direção que tomam: assim, todo conjunto signifi-cante de natureza diferente daquela da língua natural pode ser traduzido com maior ou menor exatidão, numa língua natural qualquer: o mesmo ocorre com a pintura e sua tradução pela I crítica pictórica. O desnível que se produz entre o conjunto significante inicial I e sua tradução interessa não apenas à semântica, mas a toda 1 disciplina de significação: a distância que os separa pode ser in terpretada como criadora de alienações e valorizações. Vemos que as línguas naturais ocupam uma situação privile-‘ giada por servirem de ponto de partida a transposições e de ponto de chegada de traduções. Tal fato seria suficiente para dar a medida da complexidade I desse conjunto significante, que é a língua natural. 20 { .m,____,_____

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4.° NÍVEIS HIERÅBQUICOS DA LINGUAGEM ct) Límîtcço do coniunto Iinqüístîco. 0 fim a que se propõe a semântica consiste em reunir os meios conceituais necessários e suficientes visando à descrição de uma língua natural qualquer — do francês, por exemplo , consi-derada como um conjunto significante. A dificuldade principal de uma descrição desse tipo provém, como já vimos, do caráter privilegiado das línguas naturais. Uma descrição da pintura pode ser concebida, de maneira mais geral, e como a tradução da linguagem pictórica em língua francesa. Mas a descrição da língua francesa, nessa mesma perspectiva, é apenas a tradução do francês para o francês. O objeto de estudo se con-funde assim com os instrumentos desse estudo: o acusado é a_o mesmo tempo seu próprio juiz. — Um exemplo, talvez inadequado, mas bem característico, desse estado de coisas é fornecido pela lexicografiac Lun dicionário uni-língüe qualquer é um conjunto fechado, dentro do qual as deno-minações perseguem indefinidamente as definições. È necessária uma tomada de posição: qualquer pesquisa que se refira a uma língua natural permanece fechada nesse quadro lingüístico e só pode atingir a expressões, formulações ou defini-ções apresentadas numa língua natural. 0 reconhecimento da limitação do universo semântico implica, por sua vez, a rejeição dos conceitos lingüísticos que definem a significação como a relação entre signos e coisas, e notadamente a recusa em aceitar a dimensão suplementar do referente, intro-. duzido como compromisso, pelos Semanticistas "realistas" (Ullmann) ‘ na teoria saussuriana do signo, ela própria, aliás sujeita a caução, pois representa apenas uma das interpretações possíveis do estru-turalismo de Saussure. isto porque referir;e a coisas para explicar signos, não é mais que uma tentativa de transposição, vel, das significações contidas nas línguas naturais a conjuntos significantes não-lingüísticos: empreendimento de caráter onírico, como se vê. ·721

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Observctço: Uma dificuldade, secundária, decorre do fato de existirem contextos não lingüísticos de comunicação. Diria- ¿ “ mos que se trata simplesmente de interferências, no próprio momento da comunicação, de muitos conjuntos significantes: o fato de a comunicação ser heterogênea às vezes em nada prejudica o estatuto autônomo dos conjuntos significantes que dela participam. b) Níveîs lógicos do significação. l A ló ica moderna ermitiu a su ra ão em arte da dificul-9 P 7 [ dade causada pela impossibilidade de sair do universo linguistico fechado, elaborando a teoria da hierarquia das linguagens. O conceito de hierarquia assim introduzido, deve ser enten-dido como a relação da pressuposição lógica e não pode ser defi-È nido, como já observamos, com os recursos de que dispomos. } A relação da pressuposição se estabelece entre dois conteúdos de que nada sabemos, e que podem ser dois conjuntos significantes (conjunto "crítica pictórica" pressupõe o conjunto de "pintura") ou dois segmentos significantes quaisquer. Assim, podemos dizer que os três segmentos, que dispomos hierarquicamente: Percebo que digo que faz frio são interligados por relações de pressuposições. Observuçõo: Não queremos, com este exemplo introduzir e os problemas, não lingüísticos, dos níveis de realidade ou · · . . . . • I k níveis de consciência, mas simplesmente ilustrar a existência · de tais níveis. I O reconhecimento dos níveis de significação que podem exis-tir dentro de um só conjunto significante permite—n0s situar a pesquisa semântica na distinção de dois níveis diferentes: o que constitui o objeto de nosso estudo e podemos continuar designan-do de acordesignan-do com a terminologia estabelecida, como a língua- ‘ -OZ7iet0, e aquele onde serão dispostos os instrumentos lingüísticos à I e 22 ¿ a-——..—..±——

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' da pesquisa semântica, e que deve ser considerado como meta-língüístíco em relação ao primeiro. Observctção: 0 termo linguagem, que empregamos com freqüência arriscadamente, é vago e corresponde quer a um conjunto, quer a tun subconjunto significante. Tentaremos re-servar o termo língua para a designação unicamente dos conjuntos ou subconjuntos "naturais", qualquer que seja o ní-. vel em que se situemní-. C) A semântica como linguagem. Esse novo conceito nos permite agora precisar o conceito de tradução. Quando um crítico fala da pintura ou da música, pelo próprio fato de que fala, pressupõe ele a existência de um conjunto significante "pintura", "música". Sua fala constitui pois, em rela-ção ao que vê ou ouve, uma metalíngua. Assim, qualquer que ' seja a natureza do significante ou O estatuto hierárquico do con-junto significante considerado, o estudo de sua significação se encontra situado num nível metalingüístico em relação ao conjunto estudado. Essa diferença de nível é ainda mais visível quando se trata do estudo de línguas naturais: assim, o alemão ou 0 inglês podem ser estudados numa metalíngua lingüística que utiliza o francês, e vice-versa. Isso nos permite a formulação de um princípio de dimensão mais geral: diremos que esta metalíngua transcritiva ou descritiva não apenas serve ao estudo de qualquer conjunto significante, mas também que ela própria é indiferente à escolha da língua natural utilizada. · ‘ Podemos ir um pouco além e perguntar se a interpretação 6 metalingüística da significação está ligada à utilização das línguas naturais particulares, e ainda, se sua descrição não pode se satis-fazer com uma metalinguagem mais ou menos distanciada das a línguas naturais. Aqui devemos fazer uma distinção, segundo Hjelmslev, entre metalinguagens científicas e metalinguagens não científicas. A me-, talinguagem não científica éme-, como a línguaobjeto que ela expli-° cita, "natural": obra coletiva de várias gerações de críticos de

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arte, a língua da crítica pictórica, por exemplo, se apresenta como um subconjunto já existente, integrado no conjunto significante francês. A metalinguagem científica e construída: o que quer dizer que todos os termos que a compõem constituem um corpo . coerente de definições. Mas a existência de um corpo de definições só pode significar uma coisa: que a própria metalinguagem foi previamente colocada como língua-objeto e estudada num nível hierárquico superior. Assim, para que a metalinguagem semântica, a única que nos in-teressa, possa ser considerada como "científica”, é necessário que os termos que a constituem sejam previamente definidos e con-frontados. A definição de uma metalíngua científica coloca como condição, e pressupõe, conseqüentemente, a existência de uma møtùmetalínguagøm, ou linguagem terciária;. mas percebemos ra-pidamente que esta somente terá razão de ser se for destinada a analisar a metalinguagem já dada. Vemos agora quais são as condições de uma semântica cien-ï tíficaz ela só pode ser concebida como a união, pela relação de pressuposição recíproca, de duas metalinguagens: uma linguagem descritiva ou translativa, onde as significações contidas na lin-guagem-objeto poderão ser formuladas, e Luna linguagem meto-dológica, que defina os conceitos descritivos e verifique sua coesão interna. d) O nível episiemolóqico. A existência de uma linguagem metodológica, mesmo que autorize o estudo semântico dentro de uma língua dada, não parece ser suficiente para situar a semântica acima das línguas naturais. Esse nível terciário que constitui a semântica numa meta-linguagem científica deve ser construído por dedução e não por s indução. — Podemos ilustrar esse postulado hjelmsleviano, com o qual estamos de acordo, aplicando-o à descrição gramatical. Assim, . um conceito morfológico, O imperfeito francês por exemplo, pode ser definido indutivamente, pela análise de suas distribuições. 0 próprio conceito "imperfeito"` será denominado ao nível da lin-guagem descritiva; quando for lançado na linlin-guagem metodoló-gica, sua validade poderá ser verificada dentro das categorias Í É ""

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temporais, aspectuais e modais do francês. NO entanto, ele não poderá ser utilizado, por razões evidentes, na análise de outras línguas naturais, por exemplo na análise do imperfeito alemão. È apenas na medida em que 0 corpo de conceitos gramaticais constitui um conjunto axiomático dedutivo que esses conceitos poderão servir de base a uma morfologia comparativa ou geral. 0 exame do valor metodológico da dedução ou da indução Situase já, como se vê, num nível hierarquicamente superior, o nível lingüístico quaternário. Isso porque o problema proposto dessa forma é o de duas concepções da verdade: a verdade consi-derada enquanto coerência interna e a verdade concebida como . uma adequação à realidade. Com efeito, se a descrição é a tradução de uma língua-objeto numa linguagem descritiva, essa tradução deve ser adequada, deve aderir à realidade, que é, para nós, o nível da línguaobjeto. Desse ponto de vista, os métodos indutivos parecem ser válidos. ‘ Mas pode-se igualmente afirmar que uma descrição indutiva não ultrapassará jamais __ os limites de um dado conjunto signifi-cante, não atingirá jamais os limites de uma metodologia geral. Não é por acaso que a lógica — linguagem cujos postulados se situam ao nível quaternário —— é decididamente dedutiva. Encontramos assim no domínio semântico, os mesmos pro-blemas que se colocarn a respeito da adequação entre esses modelos lingüísticos que chamamos "leiS da natureza" e a reali-A dade. O desnível teórico, e às vezes prático, entre modelo e manifestação, eXiste sempre. A ciência só pode se construir levando em consideração os dois aspectos metodológicos fundamentais, mas subordinando a indução à dedução. ' Vemos que só o fato de aceitar a discussão da existência e . a validade das duas premissas (indução e dedução) já nos situa no nível quaternário e coloca, ao mesmo tempo, as condições de uma semântica geral, capaz de descrever qualquer conjunto significante, · não importando a forma pela qual se apresente, e independente da língua natural que possa servir, por razões de comodidade, à descrição. Essas condições são inicialmente a própria existên-cia do nível quaternário, isto é, da linguagem epistemológica, e a g seguir a análise das condições de validade da descrição semântica que deve ser aí situada.

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A semântica científica e, com ela, a descrição semântica, que é somente a práxis que utiliza a estrutura hierárquica conceitual Constituida pela semântica, só são possíveis se levarem em consi-deração simultaneamente ( visando Et análise deuma língua-objeto) tres lmguagens, situadas em tres DIVCIS de eX1stenC1a logica dife-rentes: a linguagem descritiva, a linguagem metodológica e a linguagem epistemológica. e) A notação simbólico:. ReStanos uma última observação, de caráter técnico, na ver-dade, mas bastante importante por suas conseqüências práticas: trataSe da utilização da notação simbólica. O exemplo dos matemáticos, e também 0 da lógica simbólica e mais recentemente ainda, da lingüística, mostra 0 que se- pode ganhar em precisao no 1'ac1oc1n1o e em facilidade operatona, se, dispondo de um corpo de conceitos definido de maneira unívoca, abandonamos a língua "natural" para notar esses conceitos simbo-licamente, por meio de caracteres e cifras. Entretanto, para que tal notação possa ser introduzida num domínio, é necessário que o inventário dos conceitos a serem tra-duzidos nessa linguagem "simbó].ica" seja bastante restrito. So-mente mais tarde saberemos se tais inventários reduzidos são possíveis: em todo caso, é um dos objetivos a que a semântica deve propor-se. A notação não é pois um procedimento de descoberta em si mesma. Ela não impede que sua utilização num dado domínio traga a prova indireta de que o terreno de pesquisas escolhido [oi mal preparado. (Cf. Reichenbach, L’A0ènemønt de la phíl0 sophíø soíentífíque, pp. 187-195), 26

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ESTRUTURA ELEMENTAR DA SIGNIFICAÇAO 1.° Continuidcrdes e descontinuidades. A lingüística tradicional que aliás nisso se adaptava às tendências gerais de seu tempo — insistia prazerosamente no caráter contínuo dos fenômenos lingüísticos. Assim, a passagem do z latino de mar para o [S] francês de mer era considerada inconsciente, não captável, sem solução de continuidade. Da mesma forma, na área geográfica do galoromano, a passagem de um patoá, de um dialeto a outro, era feita, a pé ou de bicicleta, com o "sentimento lingüístico" de permanência. A tarefa do lingüista histórico consistia em conduzir diferenças a identidades, remontando ao nível mais alto possível. È nesse contexto que é preciso situar, salientando seu cará-ter revolucionário, a afirmação de Saussure de que a língua é feita de oposições. . Essa constatação, entretanto, não é clara, e podemos perguntar, conquanto permaneçamos no plano da "realidade", isto é, da substância fônica e da articulação individual e ocorrencial, se a é possível conceber, por exemplo, tun fenômeno de maneira diferente de um campo de dispersão comparável ao do tiro de ` artilharia; ou ainda, se é possível captar 0 caráter descontínuo dos fatos lingüísticos, ou fazer sobre a língua Luna afirmação diferente , dos famosos "tudO se liga" ou "tudo está contido em tudo". A única forma de focalizar, atualmente, o problema da signi-ficação, consiste em afirmar a existência de descontinuidades, no plano da percepção, e dos espaços diferenciais (como o fez Lévi-, Strauss)Lévi-, c1'iadores de significaçãoLévi-, sem se preocupar com a na-tureza das diferenças percebidas. d27·

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Observczçoz 0 conceito de descontinuidade, que não che-gamos a definir, não é próprio da semântica; ele preside também, por exemplo, ao fundamento da matemática. È portanto uma pressuposição que se deve colocar no inven l tário epistemológico dos postulados não analisados. 2.° Primeira concepção da estrutura. Percebemos diferenças e, graças a essa percepção, o mundo "toma forma" diante de nós, e para nós. Mas que significa verdadeiramente — no plano lingüístico —-a expressão "perceber diferenç—-as"? 1. Perceber diferenças quer dizer captar ao menos dois ter-mos-objetos, como simultaneamente presentes. 2. Perceber diferenças, quer dizer captar a relação entre os termos, ligá-los de mn ou de outro modo. d Daí, a primeira definição, aliás utilizada geralmente, do Con-. Ceito de estrutura: presença de dois termos e da relação entre eles. Decorrem daí imediatamente duas conseqüências: 1. Um só termo—objeto não comporta significação. 2. A Significaçãopressupõe a existência da relação: é o apa-recimento da relação entre os termos que é a condição necessária da significação. Qualquer aprofundamento da noção de estrumra exige a análise dos elementos de sua definição. Portanto, será necessário considerar sucessivamente a noção de relação e a de termo-ob-jeto. Quanto à expressão presença, não é analisável nesse nível; e e pois implica, com efeito, o modo de existência dos termos—objetos na percepção; levaria à investigação acerca da própria natureza da percepção. Sua análise, de acordo com o princípio do mínimo ê . epistemológico, não pertence mais à lingüística. 0 mesmo ocorre i com o conceito de simultaneidade, que, livre de seu caráter temporal, deixaria ainda um resíduo não analisável, próximo dos conceitos epistemológicos de continuidade e identidade. 28 ' É *""'*'

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3.° Coniuuçõo e dîsîunção. , blma dupla constatação se impõe de início a propósito da 1'elaçao. ' 1.. Para que dois termOSobjetos possam ser captados juntos, e preciso que tenham algo em comum (é o problema da seme-lhança em suas extepsõexg O da identidade). 2. Para que dois termos—objetos possam ser distinguidos, é preciso que sejam diferentes, qualquer que seja a forma (e o , problema da diferença e da não—identidade). O problema do continuo e do descontínuo, como se vê, reaparece, embora de maneira um pouco diferente. De fato, a relação manifesta agora sua dupla natureza: e ao mesmo tempo dásiuntiva e conjuntiva. e 4.° AS estrutures elementures. * I Esse duplo aspecto da relação pode manifestar-se em todos os níveis lingüísticos. —. Exemplos: e 4;) routø natíonølø (rodovia federal) vs routø départamantale (rodovia estadual), pato vs bato; {3) Q (b) "voisé" vs (p) "non voisé",* grande vs pequeno. OS dois primeiros exemplos não oferecem nenhuma dificul-dade: cada termo de relação possui, com efeito, dois elementos, dos quais O primeiro (routø, z) conjunta, ao passo que o segundo ¿ (natíonalø vs døpcrtzmentalø; p vs Z7) disjunta a estrutura. Os dois últimos exemplos parecem ser mais delicados por sua própria simplicidade. Se a existência da relação entre os · dois termos não pode ser colocada em dúvida, os dois aspectos (*) Mantivemos "voisé" / "non voiSé", oposição fonológica, cujo traço À pertinente se èseia na presença ou não de voz ou vibração de cordas vocálicas; corresponde, genericamente, à oposição sonora / surda. (N. dos T.)

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da relação — conjuntivo e disjuntivo - não são, no entanto, imediatamente visíveis. Designaremos com o nome de estrutura elementar tal tipo de relação. De fato, uma vez que se convencionou que os ter-mos—objetos sozinhos não comportam significação, é ao nível das estruturas que é necessário procurar as unidades significativas elementares, e não ao nível dos elementos. Estes, que se pode-riam chamar signos, unidades constitutivas ou monemas, são ape-_ nas secundários no quadro da pesquisa sobre a significação. A língua não é um sistema de signos, mas uma reunião — cu]a economia deve ser precisada — de estruturas de significação. 5.° , OS eixos semânticos. A estrutura elementar deve, portanto, ser procurada não ao nível da oposição pato vs bato mas ao nível daquela de p vs la, Admite—Se considerar que esta oposição consiste no caráter "voiSë" vs não "voiSé" f dos dois fonemas. Entretanto, se\estamos em condições de comparar — e por-tanto de distinguir em seguida — p e b, é porque esses dois fonemas são com aráveis, isto é, or ue sua o osi ão se situa , . A . P P sobre um So e identico 61XO, o do Uoisement. O termo Uoisement é talvez impróprio, já que evidencia apenas a propriedade "voiSé" de um dos termos, deixando de lado o outro. Mas isso pouco importa: sabemos que se trata de uma terminologia metalin-güística, descritiva, que poderia, em última instância ser subs-. tituída por uma notação em letras ou símbolossubs-. O importante é a existência de iun ponto de vista único, dentro de cuja dimen-são se manifesta a oposição, que se apresenta sob a forma de dois Ipólos extremosde um mesmo eixo. 0 mesmo irá acontecer no plano semântico, onde as oposições blano (branco) vs noír (preto) grand (grande) vs petit (pequeno) 30 ——...—e.e...——

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permitem postular um ponto de vista comum aos dois termos, o da ausência de cor num caso, e 0 da medida do contínuo no outro. Propomos que se chame de eixo semântico esse denominador comum dos dois termos, esse fundo sobre O qual se salienta a articulação da significação. Vemos que o eixo semântico tem por função englobar, totalizar as articulações que lhe são inerentes. B.° A relação. Com a condição de poder encontrar —— ou inventar — a cada vez a denominação conveniente do eixo semântico, podemos con-ceber uma descrição estrutural do tipo relacional, que consistiria em indicar, de um lado, os dois termos da relação, e de outro, o conteúdo semântico desta. Assim, designando por A e B os ter-mos-objetos, e por S o conteúdo semântico, poderíamos exprimir a estrutura por: — A / está em relação (S) com / B V A relação entre A=e B já decOmpõese em: 1. Uma seqüência "eStá em relação com", que é uma afir-mação "abStrata" da existência da relação (r) entre os dois termos. 2. O conteúdo semântico da relação (S), que designamos anteriormente como eixo semântico. A fórmula pode ser escrita mais simplesmente como: A/r(S)/B. Precisemos agora o estatuto lingüístico de cada um dos sím-. bolos da fórmulasím-. É claro que os termos-objetos A e B pertencem à língua-objeto, no próprio desenvolvimento do discurso, e que são captados no ato da percepção. O eixo semântico S é o resultado da descrição · , totalizante que reúne ao mesmo tempo as semelhanças e diferenças comuns aos termos A e B: S pertence, portanto, à metalinguagem . semântica descritiva. Quanto à relação (r), foi pressuposta desde o início desta interpretação; (r) pertence às linguagem metodo-logica e só pode ser analisada ao nível epistemológico. a e -31

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7.° AS articulações Sêmîcas. ` A partir do momento em que concordamos em considerar * metalingüístico o conteúdo da relação — que designamos com a letra S — podemos imaginar sem receio metodológico a eXpres são operacional do eixo semântico em tantos elementos de signifi ( ' cação quantos forem os termos-objetos diferentes implicados na ( relação, considerando tais elementos como propriedades desses ` termos. Para retomar o exemplo já utilizado, o eixo _do "voisement” ( S) 1 pode ser interpretado como a relação (r) entre o elemento "voisé" ($1) e o elemento não "voisé" (sg). Nesse caso, 0 termoobjeto A (fonema Z7) possuirá a propriedade sl (voisé) ao passo que 0 termo-objeto B (fonema p) terá como propriedade o elemento S2 (não voisé). b ("voiSé") 1' p ("não voiSé") o que é apenas um caso particular da fórmula mais geral: A (sl) r B ($2). ' Esta fórmula ode a artir de a ora ser a licada à análise P 7 _ P _ , _ _ de qualquer relaçao. Assim, a relaçao entre dois termos—ob]etos: mulher r (sexo) homem pode ser traduzida por mulher (feminilidade) r homem (masculinidade). l Os elementos de significação (S1, sg) assim extraídos são de-signados por B. jakobson como traços distintivos e São, para ele, ape-nas a tradução inglesa, retraduzida em francês, dos elementos diferenciais de Saussure.. Por uma questão de simplicidade termi-nológica, propomos chama-los Semas. , Vemos, conseqüentemente, que uma estrutura elementar pode I ser captada e descrita seja sob a forma de eixo semântico, seja ~ sob a da articulação sêmica. . È importante observar a partir de agora que a descrição ' sêmica é, quanto ao rendimento prático, muito superior ao in-ventário dos eixos semânticos e parece ter preferência sobre esse último, se undo O rincí io de sim licidade formulado or . P , . P Hjelmslev. Assim, tomando O proprio exemplo de R. jakobson, ( L 32 { ý '————··•••---«

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a descrição fonológica do árabe clássico, com seus 26 fonemas, daria, segundo os cálculos de Cantineau, um repertório de 325 = oposições (tratase aqui de relações opositivas não descritas, mo sob a forma de eixos). A descrição do árabe dialetal da ' Palestina setentrional, que possui 31 fonemas, revela a existência, ' em tudo e por tudo, de 9 oposições binárias. (Cf. R. ]al<obson, ‘ "Mufaxxama". The Emphrtžc Phonemes ín Ambio em Studíes * Presented to Joshucd Whatmough, La Haye, pp. 105-115.) , 8.° OS modos de articulação Sêmiccr. ’ 0 problema do modo de existência (ou do modo de descri-' ção) das articulações sêmicas é um dos mais controvertidos da * lingüística atual. Para os partidários do binarismo (lógico ou operacional), como jakobson e seus discípulos, um eixo semântico se articula em dois Semas, que se designam, de uma maneira ambígua, como ` ` marcado vs não marcado. , Mas, já nesse nível, as diferenças de articulação aparecem. Assim, no caso de . "voisé" vs não "voisé" -trataSe de um sema marcado (isto é, presente em um dos pólos)- que se encontra em relação com o sema não marcado (au-sente num outro pólo): S vs —S · mas esse esquema não se aplica mais à oposição binária homem (masc.) vs mulher (feminino). a pois basta constatar a ausência do sema "maSculinidade" no termo--ob]eto mulher; esse termo possui caracteristicamente o sema "feminilidade". A articulação pode então žer expressa por s vs não S. È a esses dois tipos de articulação sêmica que R. ]akobSon se atem. — Entretanto, no caso da oposição grande vs pequeno s 33

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constatamos facilmente a existência de um terceiro termo-objeto que é médio, Na axiomática das estruturas elementares elaborada por V. Byøndgl esse fenômeno pode ser interpretado da seguinte ma-neira: os dois somas polares S vs não S que Brøndal designa como a _ [ positivo vs negativo — podem aceitar um terceiro Sema, que será definido como não sendo nem S nem não S, e que ele chamaria neutro. A articula-s ção articula-será portanto do tipo positivo vs neutro vs negativo (grande) (médio) (pequeno) de Em outros casos, o sema intercalado pode aparecer como sendo S e não S; tomará então o nome de com lexo. Assim no 7 e exemplo abaixo, a articulaçao li li On vs Íl vs cela pode ser interpretada como ` positivo vs complexo vs negativo (pessoal) (C pessoal ~ (não pessoal) e impessoal) Brøndal considera em seguida dois outros tipos de articula-ções sêmicas possíveis, notadamente o complexo positivo e o com-plexo negativo, caracterizados pelo domínio de um ou de outro Sema dentro do complexo Sêmico. a Essas duas posições teóricas ~·—— a de lakobson e a de Brondal V : ' ——· parecem, à primeira vista, inconcilîáveis. Sua contradição en-tretanto é apenas aparente, pois, no fundo, só a articulação é complexa na axiomática de Brøndal ; O número de Semas impli— Cados nesta permanece constante. A estrutura brøndaliana é também binária, tanto quanto a de jakobson. Somos obrigados agora a introduzir aqui, por antecipação, a — i distinção entre dois tipos diferentes de captação e conceitua- i j 34 . í “`"""

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lização possíveis da significação: a significação imanente e a significação-manifestação, para dissipar a confusão inútil de ser mantida por mais tempo. A estrutura elementar, considerada e escrita Ï‘em si", isto é fora de todo contexto significante, só pode ser binária, e isso não tanto por razões teóricas não elucidadas, que é preciso remeter ao nível epistemológico da linguagem,—maS pelo consenso atual dos lingüistas. Ela é articulada em dois semas _ S vs não S s e nos propomos a fixar sua definição designando-a pela expressão categoria Sêmica, que tem duplo emprego, até 0 presente, com 0 eixo semântico, mas se revelará mais precisa logo adiante. Parece-nos evidente, de outro lado, que não se pode racional-mente introduzir nesse nível, nem postular a existência do termo neutro de Brondal ou do S de jakobsonz a não existência de um sema não é um sema e só pode ser assinalada ao nível da significação manifestada, onde a existência de dois contextos Sêmi-` cos idênticos e distintos pode ser interpretada pela presença, no primeiro contexto, do Sema S, e pela ausência, no segundo contexto, desse mesmo sema S, ausência que podemos designar conven-cionalmente por s. Trata—se aqui, conseqüentemente, não mais da existência de semas considerados como unidades de significa-ção construídas a partir de sua leitura relacional, mas da manifes-tação dos termos sêmicos, que não devem ser confundidos com os semas. Uma tabela de correspondências precisará melhor esta distinção. · Termos Sêmicos Seu conteúdo Sêmico positivo ` ( s (presença do sema S) ' negativo não S (presença do Sema não s) neutro ~— S (ausência de S e de não S) complexo S —{— não s (presençazla categoria sêmica S) ( Observcçõzc: No caso da manifestação do termo sêmico Complxo, os dois semas presentes podemdencontrar-se, se-gundo Brøndal seja em equilíbrio, seja um em relação de d'O7ãA.ínâncícz sobre 0 outro, Retornaremos a esse ponto mais tar e, e ` d 35

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Pode-se. da mesma forma, tentar precisar a distinção entre categorias sêmicas e articulações sêmicas, não mais ao nível epis-temológico, mas ao nível de procedimentos de descrição: a des a crição de uma articulação sêmica é comparável à análise das distribuições que procuraria assinalar os termos sêmicos nos con-textos sêmicos comparáveis. Mas como no caso da análise dis-tribucional, essa pesquisa de termos Sêmicos pressupõe o que se procura: a não existência do sema (— S) só pode ser reco-nhecida Se se propôs inicialmente o sema S como existente; da mesma forma, o reconhecimento de run termo como complexo pressupõe o conhecimento da categoria sêmica já analisada em semas disjuntos, pois de outro modo o termo complexo não se distinguiria em nada de um sema simples qualquer. Isso quer dizer que a categoria sêmica é anterior à sua articulação e que, se a descrição parte da análise das articulações sêmicas, ela apenas confirma ou infirma a existência da categoria sêmica postulada a priori. A descrição semântica, como dizíamos, é a construção de uma metalinguagem. 9.° Formc: e substâmciu. s Esta análise da relação, considerada tanto como eixo semân-tico, quanto em sua articulação em semas, implica conseqüências que ultrapassam de longe o cuidado em definir a estrutura. s Para demonstra-lo, tomemos o exemplo de Hjelmslev (Pro-Ï lcgomøna, p. 33), que se tornou clássico: o do espectro de cores, 4 esse eixo semântico — pois se trata exatamente disso — possui ê uma grande generalidade: pode-se afirmar que se encontra em s todas as línguas naturais, já que é difícil imaginar uma civiliza-ção acromática. A comparaciviliza-ção das duas articulações sêmicas ’ desse eixo + inglesa se galesa — é representada pela seguinte e tabela: ' l,· gmm gwyrcld bluø glzs _î‘fï zzwy V ‘ brown d s ri 1Í à v —-——

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me T Estas articulações sêmicas diferentes — que caracterizam, é pÍS_ št raro, nao somente O espectro das cores, mas um grande número ieS_ J de eixos semanticos — sao apenas categorizaçoes diferentes do das Q mundo, que definem, em sua especificidade, culturas e civilizações. On_ Por isso mesmo, não é de espantar que Hjelmslev tenha reservado hS_ a essas articulações o nome de forma do conteúdo e tenha desig-[ue nado os eixos semânticos que as totalizam como substância do :0_ conteúdo. , da Essa última noção — a substância do conteúdo — exige maior Ø precisão. Entenderemos — como já insistimos ao falar do eixo semântico —— que a substância só pode ser proximizada e captada com a ajuda de uma lexicalização, a qual se situa necessariamente dentro do universo significante. A substância do conteúdo não deve, pois, ser considerada como uma realidade extralingüística, psíquica ou física, mas como a manifestação lingüística do -con teúdo, situada num nível diferente do da forma. A oposição da forma e da substância se acha, assim, inteira-mente situada dentro da análise do conteúdo; ela não é a oposi-ção do significante (forma) e do significado (conteúdo), como uma longa tradição do século XIX pretendia fazer-nos admitir. A forma é tão significante quanto a substância, e é de espantar que essa formulação de Hjelmslev não tenha encontrado até o momento receptividade merecida. Conseqüentemente, podemos dizer que as articulações sêmicas de uma língua constituem sua forma, ao passo que 0 conjunto de eixos semânticos traduzem sua substância. Por isso, ·a descrição de qualquer conjunto significante postulado dentro de uma análise pode ser conduzida em dois planos diferentes — 0 plano sêmico ou formal e 0 plano semântico ou substancial — e cbegar a a resultados diferentes. Não há necessidade de acrescentar que forma e substância são apenas dois conceitos operacionais que dependem do nível de análise escolhido: o que será denominado substância num ce1'to V nível poderá ser analisado como forma mun nível diferente. Observccçãoz È aqui que se justifica a introdução do termo "categoria sêmica", aplicado a um eixoçsemântico de um tipo particular, aquele que constitui a estrutura como uni-' 87

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dade mínima de significação. Contínuaremos a empregar o termo "eiXo semântico" no seu sentido operacional de uni-dade de substância do conteúdo articulada em estrutura. El 10.° OS Semcrs e os Iexemcxs. Após 0 exame da relação que se identifica em último caso com o próprio conceito de estrutura, devemos tentar agora a j determinação do papel que pode ser atribuído, na economia desse conceito, aos termos-objetos, cuja existência e relação já postula- !_ l mos ao nível da percepção. “ e ]'á vimos que uma relação pode ser analisada em semas, que propusemos fossem considerados como propriedades de termos--obtOs. 0 problema é, pois, saber qual o sentido que se deve atri uir a expressão S (é a propriedade de) A s (feminilidade) (mulher) ` B. Russell, analisando os nomes próprios, assinala com razão que "o senso comum considera uma coisa como possuidora de qualidades, mas não como definida por elas" (Signification et oérité, p. 113). Nessa concepção, a coisa é independente de suas proprie-dades; é a coisa em si, e incognoscível como tal: nenhuma análise ‘ de suas propriedades chegará a esgotar sua essência. A intenção de descrever as substâncias (no sentido não lin-güístico desse termo) só pode tornar impossível O conhecimento. Com efeito, como o observa B. Russell (ibid, p. 112). "se isto é vermelho é uma proposição que atribui mna qualidade a uma substância, e se uma substância não se define pela soma de seus predicados, é, portanto, possível que isto e aquilo tenham exata-mente os mesmos predicados, sem que sejam idênticoS". O prin-, Cípio de identidade seria dessa forma reoolocado em questão. l. Tudo isso a enas confirma nossa recusa em relação a uma semântica que ljenha a pretensão de descrever a "subStância · psíquioa". Somos assim forçados a permanecer no plano fenome-. nológico, isto é, lingüístico, e postular com Pxussell, que as quali-dades definem as coisas, isto é, que o sema s é um dos elementos constitutivos do termOobjeto A, e que este, ao final de uma ana- . lise exaustiva, se define como a coleção de semas $1, .92, sg etc. `.

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U - - . _ j Nao nos resta senao dar ao termo-ob]eto 0 nome de lexema. a Este pertence à língua·objetO e se realiza no discurso. È conse-qüentemente a unidade lingüística de outra ordem e não deve ser incluído na definição da estrutura elementar. 11.° Segundc: definição da estruturo. Essa delimitação dos termOSobjetoS (lexemas) da definição d da estrutura exige uma reformulação desta. Levando-se em con-sideração nossa discussão anterior, podemos dizer que a estrutura é o modo de existência da significação, caracterizada pela presença da relação articulada entre dois Semas. As categorias Sêmicas, como vimos, são imanentes à línguaobjeto, mas podem ser for-muladas fora dela. Esta definição pode surpreender à primeira vista; entretanto, embora não esteja longe de nosso modo de operar, ela se distancia muito de nosso modo de pensar. Quando dizemos, por exemplo, que o francês possui três modos: o imperativo, o indicativo e o subjuntivo, constatamos simplesmente que o eixo modal do fran-cês, expresso por dois semas S e não s, é articulado da seguinte forma: imperativo indicativo subjuntivo e ‘—** VS VS *-:*-2 S nao s nem nao S não s ' Tal categoria sêmica é imanente à língua francesa: cada sema é realizado dentro de numerosos lexemas. Observctçãoz È preciso observar que não temos nenhuma responsabilidade sobre essa interpretação da categoria do modo em francês. 12.° A totalidade e os portes. Tal concepção de estrutura não nos parece ainda inteiramente satisfatória. já tivemos oportunidade de insistir no fato de que o 89

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eixo semântico reúne, de certo modo, os elementos sêmicos que analiticamente daí extraímos. Isso quer dizer que em relação _ à totalidade, que é uma categoria sêmica, os Semas podem ser L considerados como suas partes. Parece, conseqüentemente, indis-pensável integrar essa relação, que vai da totalidade estrutural t às suas unidades constitutivas, na própria definição da estrutura. Uma atitude bastante paradoxal pode ser constatada, quanto . a esse tipo de relação, entre os lingüistas contemporâneos. Assim, t Hjelmslev, por exemplo, integra a relação do todo com as partes * na sua definição de estrutura (Prolegomena, pp. 20, 21), sem que , possamos ver no entanto O lugar que lhe é reservado na economia de sua teoria lingüística. Um gramático que tentasse, como P. { lmbs, introduzir o conceito de totalidade em sua análise correria o risco, errada ou corretamente, de suspeição de veleidades de organicismo: certas disciplinas humanistas, efetivamente, abusa-ram tanto do termo totalidade, considerado como conceito expli-cativo de valor universal, que seu caráter mitificante se tornou evidente. Para evitar essa espécie de malentendido e ao mesmo tempo economizar instrumentos conceituais, propomos que se restrinja, tanto quanto possível, essa definição e se considere a relação entre o Sema e a categoria sêmica, à qual pertence o sema, apenas do ponto de vista da pressuposição lógica. Diremos que ao lado da relação antonimioa (disjunção e conjunção) entre os Semas de uma mesma categoria de estrutura elementar, a significação se define, ainda, pela relação hiponimica entre cada um dos Semas tomados individualmente e a categoria sêmica inteira. Observczço: A utilização operacional desta relação pode exigir a introdução do conceito de orientação: assim, par- ¿ d tindo do sema, a relação pode ser designada como hipo- nîmica; partindo da categoria, poderá ser útil designa-la como hiperonîmica. Notaremos, a partir de agora, que é preciso reservar o termo hiponimia à relação situada dentro da estrutura ele- È mentar: a mesma relação, considerada em si, isto é, enquanto · * ligada a elementos sêmicos não pertencentes a uma só e ` 40 g ———.—._...._....

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mesma categoria, poderá ser chamada hipotátíca (e, even-tualmente, hípørotátíca) . Acreditamos que tal Conceitualização mínima permite economizar a notação de metonímia, difícil de ser reduzida à univocidade.

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