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PIBID DE HISTÓRIA (ENSINO MÉDIO) E O PAPEL DA MULHER PIONEIRA EM LONDRINA A PARTIR DA PERSONAGEM DA DOUTORA SEVERINA ALHO

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Academic year: 2021

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PIBID DE HISTÓRIA (ENSINO MÉDIO) E O PAPEL DA MULHER PIONEIRA EM LONDRINA A PARTIR DA PERSONAGEM DA

DOUTORA SEVERINA ALHO

Larissa Chicarelli - larypr@hotmail.com Nara Peretti – np_kisser@hotmail.com Kauana Romeiro - kauanacandido@yahoo.com.br. Universidade Estadual de Londrina/CCH Márcia Elisa Teté Ramos – mtete@uel.br Universidade Estadual de Londrina/CCH

Resumo: Pretendemos relatar as atividades do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência (PIBID) - História, da Universidade Estadual de Londrina, em especial a articulação entre pesquisa e ensino. Nossa pesquisa voltou-se para a chamada “pioneira” Drª. Severina Alho, primeira mulher a exercer a profissão de cirurgiã dentista em Londrina em meados da década de 1930. Também utilizamos o instrumento de pesquisa de conhecimento prévio, aplicando questionários em duas turmas do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Hugo Simas, localizado na cidade de Londrina, procurando apreender o conhecimento prévio dos alunos quanto ao papel da mulher na História. Fundamentados em Michelle Perrot quanto à história das mulheres, em Isabel Barca sobre aula-oficina e em Peter Lee sobre literacia histórica, tomamos nossa pesquisa sobre esta personagem, bem como os resultados do questionário de conhecimento prévio, procurando ressignificar a noção de “herói”, questionando em sala de aula tal significação.

Palavras-chave: História Local. História das mulheres. Herói. Literacia

histórica.

Essa pesquisa se propõe a analisar a figura de uma “pioneira” londrinense, a Drª Severina Alho, que foi a primeira mulher a exercer a profissão de cirurgiã dentista em Londrina em meados da década de 1930. . A escolha poderia ter sido por qualquer outra mulher, inclusive trabalhadora da “roça”, porém, recorreu-se a uma personagem que pode ser considerada “da elite”, tratando-a não como heroína, mas como sujeito histórico que se destacou na formação da cidade de Londrina. Também, porque entende-se que, independente da classe social a que pertencem, todas as mulheres tem e fazem história. Não obstante, a presença feminina em Londrina, cidade em questão deste trabalho, não era muito diferente do restante do Brasil, as mulheres que residiam durante a colonização deste espaço, como coloca Rosimeire Castro, eram esposas, filhas, trabalhadoras, mães, moças solteiras;

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mulheres da elite, damas de caridade a praticar a filantropia; amantes, prostitutas e meretrizes; "moças de família" e "moças mal faladas" (CASTRO, 1994, p.10), entre outras que não tiveram destaque, pelo menos na memória local. No entanto, muitas mulheres viveram e de uma forma ou de outra marcaram a identidade londrinense, seja ajudando e apoiando o marido, como dona de casa, trabalhando, estudando, ou até nas zonas de prostituição. Logo, ocorreu um ofuscamento da sua participação e da sua construção na história local. Desta forma, o resgate da presença feminina se faz importante e a desconstrução do herói como um ser somente masculino é marcado por uma nova historiografia que destaca a mulher, retirando-a do âmbito privado para a participação na esfera pública.

Os estudos científicos, as produções historiográficas, muitas vezes “silenciaram” ou estereotiparam essas mulheres, deixando de lado suas experiências, ideias e papel social. Nesse sentido, a historiadora Michelle Perrot argumenta que escrever uma história das mulheres significa inferir que as mulheres são, de fato, agentes históricos e “possuem uma historicidade relativa às ações cotidianas, uma historicidade das relações entre os sexos.” (PERROT, 1995, p. 09). A partir disso, nos propomos perceber a visão que os alunos têm sobre a mulher, o pioneirismo, por meio dos questionários prévios, aplicados em duas turmas do Ensino Médio do Colégio Estadual Hugo Simas, localizado na cidade de Londrina.

Papéis como o da Dra. Severina Colabelli Alho são de grande relevância. Além de ter sido a primeira dentista mulher da cidade de Londrina, participou de concurso de beleza, colocando a prova todo o lado feminino, mas que também não exclui sua participação na construção da cidade. Tomando como enfoque a Dra. Severina, a intenção é ampliação dos olhares sobre a presença feminina e a tentativa de desconstruir essa historiografia mais tradicional, que destaca apenas o masculino como pioneiro, gênero forte, que desbrava a “mata” entre outras representações atribuídas. Em vista de tal desconstrução e destes pressupostos teóricos tenciona-se perceber os posicionamentos, as visões que os estudantes têm sobre as mulheres, a partir dos questionários. Ali se encontra respostas demonstrando que muitos veem a importância do papel da mulher dentro de casa, na educação dos filhos e na agricultura, assim como dão muitos exemplos da participação das mulheres na História.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, utilizou-se como base uma entrevista transcrita, concedida à pesquisa para dissertação de mestrado do Prof. Dr. José Miguel Arias Neto, pela Dra. Severina Alho, em 1990, além de algumas reportagens de jornais e revistas da época. Tais fontes se encontram no Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH) da Universidade Estadual de Londrina. Outras fontes para articularmos a história das mulheres, a história local e a sala de aula são os questionários de conhecimento prévio, aplicados aos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Hugo Simas. Estes questionários voltaram-se para indagações sobre o universo cultural do aluno, bem como sobre a temática da presente pesquisa, que articula História da Cidade e História das Mulheres.

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Como os alunos pensam a história de Londrina? Como eles veem a mulher dentro da história e que importância eles atribuem a elas? Os 66 questionários aplicados em sala de aula contavam com 12 questões diferentes, entre elas as que mais interessam para este trabalho são as seguintes: “Como você acha que foi o papel das mulheres aqui em Londrina na década de 1930? Você acredita que possam ter assumido algum papel importante? Quais?” Como resultado a maioria das respostas obtidas diziam que as mulheres (1) eram excluídas da sociedade, não tendo os direitos ou espaço que temos hoje; (2) desempenhavam um papel como dona de casa; (3) eram submissas aos homens e (4) vêm conquistando mais espaço e reconhecimento com o passar dos anos.

O instrumento de pesquisa de conhecimento prévio foi elaborado em acordo com os pressupostos do campo da Educação Histórica. Segundo Isabel Barca, esta linha de investigação busca uma “observação sistemática do real”, não se centrando nos “formalismos e recursos da aula”, embora estes sejam também importantes, mas nas “ideias históricas de quem aprende e ensina”. (Barca, 2008, p. 24). Os pesquisadores deste campo investigam como alunos e/ou professores pensam, como agem, como vivenciam seu cotidiano escolar, destacando o ensino/aprendizagem de história. Como Márcia Elisa Teté Ramos considera: “Se os conhecimentos prévios dos alunos são apreendidos, possibilita-se uma “potencialização” da aprendizagem histórica, pois estes conhecimentos prévios são marcos a partir do qual os alunos darão significado aos conteúdos históricos escolares.” (RAMOS, 2013, p. 9).

No gráfico a seguir pode-se perceber o posicionamento dos alunos frente à questão que envolve a participação social e histórica das mulheres na própria cidade em que vivem, na década de 1930: 40% dos alunos colocaram que elas não assumiram um papel importante. O que seria papel importante para estes estudantes? Podemos inferir que estes alunos veem importância no trabalha fora do lar, na atuação em diversos setores da economia e em todas as profissões; Outros estudantes, 22%, colocaram que as mulheres no século passado eram importantes, e serão apresentadas várias respostas apontando a importância mesmo do trabalho doméstico, e outras apontando as “exceções”, aquelas que mesmo com a mentalidade e os ditames da época, se sobressaíram, indo para o espaço público, percebendo que as mulheres fizeram e fazem história. Muitos argumentam que atualmente as mulheres ocupam muitos espaços que antes pareciam impensáveis, além disso, são muito mais valorizadas. Um número equivalente a 22% responderam não saber se as mulheres desempenharam um papel importante na década de 1930 e 16% não responderam, o que faz com que hipóteses sejam levantadas para explicar o porquê de alguns alunos optarem por não responder as questões.

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Não 40% Sim 22% Não respondeu 16% Não sabe 22%

As mulheres assumiram papel importante

em Londrina na déc. de 30?

Peter Lee (2006) nos assevera da importância de vermos a relação que os alunos fazem com passado, sua orientação, e que tipo de passado eles recorrem. Temos na fala desses alunos a percepção das mudanças na história das mulheres, o papel de destemidas e submissas, na qual foram colocadas pela historiografia, além da importância do papel delas frente ao mundo a ser desbravado, colonizado ou da vida do lar, com suas dificuldades. Muitos destes alunos apresentaram uma visão negativa e inferior o papel das mulheres, porém os alunos apresentam o que a sociedade daquele período, do século passado esperava ou designava para essas mulheres. Somente no início dos anos 60, como demonstra Christopher Lasch, a mulher começa a criar uma autonomia, “numa dolorosa saída da idade média sexual” (LASH, 1999 p.133). A partir deste momento as mulheres passam a ser contadas como mão de obra, tendo controle sobre seu corpo e desafiando a supremacia masculina de todas as formas.

Apesar de muitas respostas demonstrarem que os alunos vêm o trabalho doméstico como algo importante e reconhecem que a mulher exerceu um papel relevante enquanto educadora de seus filhos e administradoras do lar, poucos pensam na mulher para além dessas categorias. Nosso trabalho se insere na perspectiva de retomar a história de uma mulher que as narrativas históricas circulantes não destacaram como “pioneira”, na medida em que os resultados do questionário do conhecimento prévio mostram que os alunos tem dificuldade de pensar a colonização/formação da cidade para além da visão do “pioneiro” apenas como homem. Por isso, pelas narrativas históricas que “silenciam” a história da mulher, bem como pelas respostas dos alunos, procuramos construir a literacia histórica em sala de aula, com as mesmas fontes utilizadas na pesquisa (entrevista, reportagens de jornais), no sentido de modificar essa perspectiva unilateral e normativa que se tem a respeito do gênero feminino, demonstrando a importância do papel da mulher na História, mais precisamente, na História Local.

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BIBLIOGRAFIA

ARIAS NETO, José Miguel. O Eldorado: Londrina e o Norte do Paraná – 1930/1975. São Paulo, 1993. Dissertação (Mestrado). USP. FFLCH. Departamento de História, 1993.

BARCA, Isabel. Concepções de adolescentes sobre múltiplas explicações

em história. In: BARCA, Isabel (org.). Perspectivas em Educação Histórica.

Centro de educação e Psicologia, Universidade do Minho: 2001. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/569/1/IsabelBarca.pdf.

Acesso em: 26 fev. 2013.

CASTRO, Rosemeire Aparecida Angelini. O cotidiano e a cidade: prática, papéis e representações femininas em Londrina (1930-1960). Dissertação (Mestrado em História)-Departamento de História, Universidade Federal do Paraná-UFPR, Curitiba, 1994.

LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewArticle/5543>. Acesso 26 jun. 2013.

PERROT, M. Escrever uma história das mulheres: relato de uma experiência. Cadernos Pagu, n. 4, p. 9-28, 1995.

RAMOS, Márcia Elisa Teté. O PIBID de História (Ensino Médio)

Universidade Estadual de Londrina: por uma literacia histórica. A ser

publicado em anais XXVII Simpósio Nacional de História, 22 a 26 de julho de 2013. UFRN, em Natal - RN.

Referências

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