• Nenhum resultado encontrado

Marcelo José Dias Nascimento. Marcelo Nascimento / UFSCar

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Marcelo José Dias Nascimento. Marcelo Nascimento / UFSCar"

Copied!
54
0
0

Texto

(1)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

alculo 1

(2)

Marcelo

Nascimento

(3)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Sum´

ario

1 Integrais 5 1.1 Primitivas . . . 5 1.2 Integral de Riemann . . . 7 1.3 C´alculo de ´Areas . . . 14

1.4 Substitui¸c˜ao de Vari´aveis . . . 19

1.5 Integra¸c˜ao por partes . . . 23

1.6 Integrais Trigonom´etricas . . . 28

1.7 Primitivas de Fun¸c˜oes Racionais; Fra¸c˜oes Parciais . . . 30

1.7.1 Denominadores Redut´ıveis do 2◦ Grau . . . 31

1.7.2 Denominadores Redut´ıveis do 3◦ Grau . . . 33

1.7.3 Denominadores Irredut´ıveis do 2◦ Grau . . . 34

1.8 Substitui¸c˜oes Trigonom´etricas . . . 35

1.9 Aplica¸c˜oes da Integral . . . 43

1.9.1 Volume . . . 43

1.9.2 Comprimento de Curva . . . 46

1.10 Integrais Impr´oprias . . . 49

1.10.1 Testes de Convergˆencia . . . 51

1.10.2 Integrandos Descont´ınuos . . . 52

(4)

Marcelo

Nascimento

(5)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Cap´ıtulo 1

Integrais

1.1

Primitivas

Sabemos que a derivada de uma fun¸c˜ao constante ´e zero. Al´em disso, uma fun¸c˜ao pode ter derivada zero em todos os pontos do seu dom´ınio e n˜ao ser constante. Veja o exemplo abaixo.

Exemplo 1.1. Considere a fun¸c˜ao f (x) = x

|x|. Observe que f

0(x) = 0 em todo ponto

de seu dom´ınio, mas f n˜ao ´e constante.

x y

Proposi¸c˜ao 1.2. Seja f cont´ınua em [a, b] e diferenci´avel em (a, b) e f0(x) = 0, para todo x ∈ (a, b), ent˜ao f ´e constante em [a, b].

Demonstra¸c˜ao. Seja x0 ∈ [a, b] fixado. Para todo x ∈ [a, b], x 6= x0, segue do Teorema

do Valor M´edio, que existe c no intervalo aberto de extremos x e x0 tal que

f (x) − f (x0) = f0(c)(x − x0).

Como f0(x) = 0, para todo x ∈ (a, b), temos que f0(c) = 0 e portanto f (x) − f (x0) = 0 =⇒ f (x) = f (x0), ∀x ∈ [a, b].

Portanto, f ´e constante em [a, b].

Pergunta: Porquˆe o Exemplo 1.1 n˜ao contradiz a Proposi¸c˜ao anterior?

Corol´ario 1.3. Se duas fun¸c˜oes definidas em um intervalo aberto I tiverem a mesma derivada em todo ponto de x ∈ I, ent˜ao elas v˜ao diferir por uma constante.

(6)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Demonstra¸c˜ao. Ideia da prova: Defina a fun¸c˜ao h(x) = f (x) − g(x). Disto segue que, h0(x) = f0(x) − g0(x), ou seja, h0(x) = 0, para todo x ∈ I e da Proposi¸c˜ao anterior h(x) = k. Segue que f (x) = g(x) + k.

Defini¸c˜ao 1.4 (Primitiva). Seja f : [a, b] → R. Uma primitiva (ou antiderivada) de f em [a, b] ´e uma fun¸c˜ao deriv´avel F : [a, b] → R tal que

F0(x) = f (x) para todo x ∈ [a, b].

Observa¸c˜ao 1.5. Se F for uma primitiva de f , ent˜ao F ser´a cont´ınua, pois ´e dife-renci´avel.

Exemplo 1.6. A fun¸c˜ao F (x) = 13x3 ´e uma primitiva de f (x) = x2 em R, pois F0(x) = x2, para todo x ∈ R.

Se F (x) ´e uma primitiva de f (x) ent˜ao F (x) + k tamb´em ser´a uma primitiva de f (x). Por outro lado, se houver uma outra fun¸c˜ao G(x) que ´e primitiva de f , pelo visto anteriormente, F e G diferem, neste intervalo, por uma constante. Segue que as primitivas de f s˜ao da forma

F (x) + k, k = constante.

Denotamos por

Z

f (x)dx = F (x) + k

a fam´ılia de primitivas de f e chamamos R f (x)dx de integral indefinida de f . Na nota¸c˜aoR f (x)dx, a fun¸c˜ao f denomina-se integrando.

Observa¸c˜ao 1.7. Quando estamos tratando integrais indefinidas, nunca podemos esque-cer a constante k, pois existem infinitas primitivas para uma fun¸c˜ao f e se suprimirmos a constante, teremos encontrado apenas uma das infinitas possibilidades.

Exemplo 1.8.

Z

x2dx = x

3

3 + k.

Das f´ormulas de deriva¸c˜ao j´a vistas, seguem as seguintes primitivas imediatas:

(a)R cdx = cx + k (b)R exdxex+ k (c)R xαdx = xα+1

α+1 + k, α 6= −1 (d)R cos xdx = sin x + k

(e)R sin xdx = − cos x + k (f )R 1

xdx = ln x + k, x > 0

(g)R x1dx = ln(−x) + k, x < 0 (h)R sec2xdx = tan x + k (i)R √ 1

(7)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.2. INTEGRAL DE RIEMANN 7

1.2

Integral de Riemann

Defini¸c˜ao 1.9. Seja [a, b] ⊂ R um intervalo limitado e fechado. Dizemos que

P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn= bn, n ∈ N,

´

e uma parti¸c˜ao de [a, b]. Neste caso, escrevemos P = {x0, x1, . . . , xn}.

Uma parti¸c˜ao P de [a, b] divide o intervalo em n intervalos.

x a = x0 x1 x2 . . . xi−1 xi . . . xn−1 xn = b

Observe que os intervalos [xi−1, xi] da parti¸c˜ao P n˜ao precisam ter a mesma amplitude.

Para cada i = 1, . . . , n, definimos

∆xi = xi− xi−1

a amplitude do intervalo [xi−1, xi]. Definimos, tamb´em

∆P = max 16i6n∆xi,

a amplitude m´axima que um intervalo [xi−1, xi] pode ter.

Sejam f : [a, b] → R e P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b uma parti¸c˜ao de [a, b].

Para cada ´ındice i, seja ci um n´umero em [xi−1, xi] escolhido arbitrariamente.

x a = x0 x1 x2 . . . xi−1 xi . . . xn−1 xn = b c1 c2 ci cn Defini¸c˜ao 1.10. O n´umero n X i=1 f (ci)∆xi = f (c1)∆x1+ f (c2)∆x2+ . . . + f (cn)∆xn

denomina-se soma de Riemann de f , relativa `a parti¸c˜ao P e aos n´umeros ci.

Geometricamente, podemos interpretar a soma de Riemann

n

X

i=1

f (ci)∆xi

(8)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

a soma das ´areas que est˜ao abaixo do eixo x.

x y c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 f (c1) f (c2) f (c3) f (c4) f (c5) f (c6) f (c7)

Defini¸c˜ao 1.11. Diremos que uma fun¸c˜ao f : [a, b] → R ´e Riemann integr´avel ou simplesmente integr´avel, se existir um n´umero L ∈ R tal que

lim ∆P→0 n X i=1 f (ci)∆xi = L

onde P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn= b ´e uma parti¸c˜ao de [a, b] e ci ∈ [xi−1, xi].

Traduzindo a defini¸c˜ao acima para a defini¸c˜ao de limite, temos:

Defini¸c˜ao 1.12. Uma fun¸c˜ao f : [a, b] → R ´e dita integr´avel, se existe um n´umero L ∈ R tal que dado  > 0 existe δ > 0 de modo que

n X i=1 f (ci)∆xi− L < 

para toda parti¸c˜ao P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b de [a, b] com ∆P < δ, qualquer

que seja a escolha de ci ∈ [xi−1, xi]. Neste caso, escrevemos

L = Z b

a

f (x)dx

que ´e chamada integral definida ou simplesmente integral de f em rela¸c˜ao `a x no inter-valo [a, b].

Proposi¸c˜ao 1.13. Se f for cont´ınua em [a, b] ent˜ao f ´e integr´avel em [a, b]. Observa¸c˜ao 1.14. Por defini¸c˜ao:

Z a a f (x)dx = 0 e Z b a f (x)dx = − Z a b f (x)dx(a < b).

A seguir, vamos ilustrar a defini¸c˜ao de integral, calculando uma integral pela de-fini¸c˜ao.

(9)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.2. INTEGRAL DE RIEMANN 9

Exemplo 1.15. Considere a fun¸c˜ao f (x) = k definida no intervalo [a, b]. Mostre que Z b

a

f (x)dx = k(b − a).

Demonstra¸c˜ao. Seja P = {x0, x1, x2, ..., xn} uma parti¸c˜ao qualquer do intervalo [a, b].

Al´em disso, para qualquer escolha de ci ∈ [xi−1, xi], temos que f (ci) = k para todo

i = 1, ..., n. Agora, observe que            ∆x1 = x1− x0 ∆x2 = x2− x1 .. . ∆xn = xn−1− xn, Segue que n X i=1 f (ci)∆xi = k n X i=1 ∆xi = k(b − a),

tomando o limite na express˜ao acima quando ∆P → 0, obtemos que

lim ∆P→0 n X i=1 f (ci)∆xi = lim ∆P→0 k(b − a) = k(b − a).

Segue da defini¸c˜ao de integral de Riemann que Z b

a

f (x)dx = k(b − a).

Proposi¸c˜ao 1.16. Sejam f, g duas fun¸c˜oes integr´aveis em [a, b] e k uma constante qualquer. Ent˜ao:

(a) f ± g ´e integr´avel em [a, b] e Z b a (f ± g)(x)dx = Z b a f (x)dx ± Z b a g(x)dx.

(b) kf ´e integr´avel em [a, b] e Z b a kf (x)dx = k Z b a f (xdx). (c) Se f (x) > 0 em [a, b] ent˜ao Z b a f (x)dx > 0.

(d) Sejam a, b, c ∈ R e suponha que f ´e integr´avel em (a, b) em (a, c) e em (c, b) ent˜ao Z b a f (x)dx = Z c a f (x)dx + Z b c f (x)dx.

(10)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Demonstra¸c˜ao. (a) Para toda parti¸c˜ao P de [a, b] e qualquer que seja a escolha dos c0is em [xi−1, xi], temos n X i=1 [f (ci) + g(ci)]∆xi − " Z b a f (x)dx + Z b a g(x)dx # 6 6 n X i=1 f (ci)∆xi− Z b a f (x)dx + n X i=1 g(ci)∆xi − Z b a g(x)dx .

Da integrabilidade de f e g, segue que dado  > 0 existe δ > 0 tal que n X i=1 f (ci)∆xi− Z b a f (x)dx <  2 e n X i=1 g(ci)∆xi− Z b a g(x)dx <  2, para toda parti¸c˜ao P de [a, b] com ∆P < δ. Logo

n X i=1 [f (ci) + g(ci)]∆xi− " Z b a f (x)dx + Z b a g(x)dx # < 

para toda parti¸c˜ao P de [a, b] com ∆P < δ. Assim

lim ∆P→0 n X i=1 [f (ci) + g(ci)]∆xi = Z b a f (x)dx + Z b a g(x)dx

Ou seja, f + g ´e integr´avel e vale Z b a [f (x) + g(x)]dx = Z b a f (x)dx + Z b a g(x)dx. (b) Exerc´ıcio.

(c) Como f (x) > 0 em [a, b], para toda parti¸c˜ao P de [a, b] e qualquer que seja a escolha dos c0is,

n

X

i=1

f (ci)∆xi > 0.

Suponha por absurdo que

Z b

a

f (x)dx < 0.

Nesse caso, tomando-se  > 0 tal que Z b

a

f (x)dx +  < 0, existiria um δ > 0 tal que

Z b a f (x)dx −  < n X i=1 f (ci)∆xi < Z b a f (x)dx + ,

(11)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.2. INTEGRAL DE RIEMANN 11

para toda parti¸c˜ao P de [a, b] com ∆P < δ. Assim, para alguma parti¸c˜ao P ter´ıamos n X i=1 f (ci)∆xi < 0, absurdo. Portanto, Z b a f (x)dx > 0.

(d) Para toda parti¸c˜ao P de [a, b], com c ∈ P ,

| | | | | | | | x0= a x1 x2 xm−1 c = xm xm+1 xn−1 xn= b c1 c2 cm cm+1 cn temos que n X i=1 f (ci)∆xi− " Z c a f (x)dx + Z b c f (x)dx # 6 6 n X i=1 f (ci)∆xi− Z c a f (x)dx + n X i=1 f (ci)∆xi− Z b c f (x)dx

Como, por hip´otese, f ´e integr´avel em [a, c] e em [c, d], dado  > 0, existe δ > 0 tal que para todo parti¸c˜ao P em [a, b], com c ∈ P e ∆P < δ

n X i=1 f (ci)∆xi− Z c a f (x)dx <  2 e n X i=1 f (ci)∆xi− Z b c f (x)dx <  2, e, portanto n X i=1 f (ci)∆xi− " Z c a f (x)dx + Z b c f (x)dx # < .

Isso conclui a prova.

Exemplo 1.17. Suponha que f, g : [a, b] → R sejam fun¸c˜oes integr´aveis. Se f (x) > g(x) em [a, b] ent˜ao Z b a f (x)dx > Z b a g(x)dx.

Demonstra¸c˜ao. Basta usar o item (c) do teorema anterior. De fato, como f (x) > g(x) em [a, b], ent˜ao f (x) > g(x) =⇒ f (x) − g(x) > 0, ent˜ao Z b a [f (x) − g(x)]dx > 0,

(12)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

use o item (a) para concluir que Z b a f (x)dx − Z b a g(x)dxdx > 0,

disto concluimos o resultado. ´

E claro que n˜ao queremos calcular integrais usando sempre a defini¸c˜ao, ent˜ao pre-cisamos de uma maneira de calcular integrais sem usar a defini¸c˜ao. Isso ser´a poss´ıvel gra¸cas ao Teorema Fundamental do C´alculo, que surpreendentemente relaciona integrais e derivadas. O pr´oximo teorema ´e usado para demonstrar o que chamaremos de Primeiro Teorema Fundamental do C´alculo.

Teorema 1.18. Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] e defina a fun¸c˜ao

g(x) = Z x

a

f (t)dt, x ∈ [a, b].

Ent˜ao g ´e diferenci´avel em (a, b) e g0(x) = f (x). Demonstra¸c˜ao. Se x e x + h est˜ao em (a, b), ent˜ao

g(x + h) − g(x) = Z x+h a f (t)dt − Z x a f (t)dt = Z x a f (t)dt + Z x+h x f (t)dt − Z x a f (t)dt = Z x+h x f (t)dt.

Para h 6= 0, temos que

g(x + h) − g(x) h = 1 h Z x+h x f (t)dt.

Suponha que h > 0. Como f ´e cont´ınua em [x, x + h], segue do Teorema de Weierstrass que existem x1, x2 ∈ [x, x + h] tais que

f (x1) 6 f (t) 6 f (x2), ∀t ∈ [x + x + h]. Logo f (x1)h 6 Z x+h x f (t)dt 6 f (x2)h, ou seja, f (x1) 6 1 h Z x+h x f (t)dt 6 f (x2), ou o que ´e equivalente f (x1) 6 g(x + h) − g(x) h 6 f (x2).

A desigualdade anterior, pode ser provada de forma similar para h < 0. Agora, se h → 0, x1 → x e x2 → x, logo

lim

h→0f (x1) = limx1→x

(13)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.2. INTEGRAL DE RIEMANN 13 e lim h→0f (x2) = limx2→x f (x2) = f (x),

pois f ´e cont´ınua e do Teorema do Confronto, obtemos que

g0(x) = lim

h→0

g(x + h) − g(x)

h = f (x).

Teorema 1.19. Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] e suponha que F seja uma primitiva de f , ent˜ao

Z b

a

f (x)dx = F (b) − F (a) = F (x)|ba.

Teorema Fundamental do C´alculo

Demonstra¸c˜ao. Seja

g(x) = Z x

a

f (t)dt.

Do Teorema anterior, g0(x) = f (x), ou seja, g ´e uma primitiva de f . Sabemos que duas primitivas s´o podem diferir por uma constante e como F tamb´em ´e primitiva de f , segue que

F (x) − g(x) = k, k ∈ R.

Fazendo x = a na igualdade acima, obtemos que F (a) = k (lembre que g(a) = 0) e fazendo x = b obtemos F (b) − g(b) = k = F (a). Logo, F (b) − F (a) = g(b) = Z b a f (t)dt.

Observa¸c˜ao 1.20. A diferen¸ca F (b) − F (a) ser´a denotada por F (x) b a , assim Z b a f (x)dx = F (x) b a = F (b) − F (a).

Quando estivermos nas condi¸c˜oes do 1◦ T.F.C. Exemplo 1.21. Calcule

Z 2

1

x2dx.

Demonstra¸c˜ao. Note que f (x) = x2 ´e cont´ınua em [1, 2] e F (x) = 13x3 ´e uma primitiva de f , ent˜ao do T.F.C., obtemos que

Z 2 1 x2dx = 1 3x 3 2 1 = 8 3− 1 3 = 7 3.

(14)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Portanto, Z 2 1 x2dx = 7 3. Exemplo 1.22. Calcule Z 2 1 1 x2dx.

Demonstra¸c˜ao. Temos do T.F.C. que Z 2 1 1 x2dx = Z 2 1 x−2dx = −1 x 2 1 = −1 2 + 1 = 1 2. Exemplo 1.23. Calcule Z π8 0 sin(2x)dx.

Demonstra¸c˜ao. Temos do T.F.C. que Z π8 0 sin(2x)dx = −cos(2x) 2 π 8 0 = − 1 2cos( π 4) + 1 2cos(0) = 2 −√2 4 .

1.3

alculo de ´

Areas

Nesta se¸c˜ao queremos determinar a ´area de diferentes regi˜oes planas. Essa ´e uma das muitas aplica¸c˜oes de integrais.

Vejamos como fica:

Caso 1: Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b], com f (x) > 0 em [a, b]. Queremos definir a ´area do conjunto A do plano limitado pelas retas x = a, x = b e pelo gr´afico de y = f (x). y = f (x) x y A a b

Seja P uma parti¸c˜ao de [a, b] e sejam ¯ci e ¯c¯i em [xi−1, xi] tais que

f ( ¯ci) = min c∈[xi−1,xi] {f (x)} f ( ¯c¯i) = max c∈[xi−1,xi] {f (x)}.

(15)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.3. C ´ALCULO DE ´AREAS 15

Ent˜ao, as somas de Riemann correspondentes, satisfazem

n X i=1 f ( ¯ci)∆xi 6 ´area de A 6 n X i=1 f ( ¯c¯i)∆xi.

Para efeito de ilustra¸c˜ao, veja a figura abaixo.

y = f (x) x y a b y = f (x) x y a b

Isso significa que a soma de Riemann Pn

i=1f ( ¯ci)∆xi se aproxima da ´area de A por

“falta”e a soma de Riemann Pn

i=1f ( ¯c¯i)∆xi se aproxima da ´area de A por “sobra”.

Assim, fazendo max16i6n∆xi → 0, temos

lim max16i6n∆xi→0 n X i=1 f ( ¯ci)∆xi 6 lim max16i6n∆xi→0 ´ area de A 6 lim max16i6n∆xi→0 n X i=1 f ( ¯c¯i)∆xi. ou seja, Z b a f (x)dx 6 ´area de A 6 Z b a f (x)dx. Portanto, ´ area de A = Z b a f (x)dx.

Exemplo 1.24. Calcule a ´area da regi˜ao A dada na figura abaixo. y

0 1

y = x2

x A

Demonstra¸c˜ao. Note que, por defini¸c˜ao de ´area, temos

´ area de A = Z 1 0 x2dx = x 3 3 1 0 = 1 3.

(16)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Caso 2: Se f ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] tal que f (x) 6 0, ent˜ao

Z b

a

f (x)dx 6 0.

Nesse caso, definimos a ´area da regi˜ao A, como

´ area de A = − Z b a f (x)dx. x y y = f (x) a b A x y y = −f (x) a b A

Exemplo 1.25. Calcule a ´area da regi˜ao limitada pelas retas x = −1, x = 0, y = 0 e pelo gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x3− 1.

Demonstra¸c˜ao. x y 0 −1 A A Sabemos que ´ area de A = − Z 0 −1 (x3− 1)dx = −x 4 4 + x 0 −1 = 5 4.

(17)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.3. C ´ALCULO DE ´AREAS 17

Caso 3: Seja f uma fun¸c˜ao definida em [a, b], cujo gr´afico ´e dado abaixo:

x y y = f (x) b a c d

Seja A conjunto hachurado. Ent˜ao,

´ area de A = Z c a f (x)dx − Z d c f (x)dx + Z b d f (x)dx = Z b a |f (x)|dx.

Exemplo 1.26. Calcule a ´area do conjunto limitado pelas retas x = −1, x = 1, y = 0 e pelo gr´afico de f (x) = x. Demonstra¸c˜ao. x y −1 1 Temos ´ area de A = Z 1 −1 |f (x)|dx = Z 0 −1 −xdx + Z 1 0 xdx = −x 2 2 0 −1+ x2 2 1 0 = 1 2 + 1 2 = 1.

(18)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Caso 4: Sejam f, g fun¸c˜oes definidas em [a, b], como abaixo:

x y y = f (x) y = g(x) b a

Ent˜ao A ´e o conjunto de pontos (x, y) ∈ R limitado pelas retas x = a, x = b e pelos gr´aficos das fun¸c˜oes f e g, onde f (x) > g(x), ∀x ∈ [a, b]. Segue que

´ area de A = Z b a [f (x) − g(x)]dx = Z b a f (x)dx − Z b a g(x)dx.

Observa¸c˜ao 1.27. Em geral, a ´area entre duas curvas y = f (x) e y = g(x), com x ∈ [a, b] ´e

Z b

a

|f (x) − g(x)|dx.

Exemplo 1.28. Calcule a ´area da regi˜ao formada por todos os pontos (x, y) tais que x2 6 y 6x.

Demonstra¸c˜ao. A regi˜ao ´e dada pela figura abaixo:

x y y = x2 y =√x 1 1 0 ´ area de A = Z 1 0 [√x − x2]dx = x 3 2 3 2 − x 3 3 1 0 = 1 3.

(19)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.4. SUBSTITUIC¸ ˜AO DE VARI ´AVEIS 19

1.4

Substitui¸

ao de Vari´

aveis

No c´alculo de integrais, seria ´otimo se quando olh´assemos para o integrando pud´essemos reconhecer uma primitiva imediata para o integrando. Infelizmente, em muitas situa¸c˜oes (quase todas!) as primitivas n˜ao s˜ao imediatas. Entretanto, fazendo uma mudan¸ca de vari´aveis, podemos simplificar uma integral a tal ponto que na nova vari´avel podemos reconhecer uma primitiva imediata e isso nos permite resolver a integral na nova vari´avel e portanto resolver a integral original.

Para ilustrar o que foi dito acima, veja se nesse passo vocˆe consegue reconhecer uma primitiva imediata para a fun¸c˜ao

f (x) = 2x√1 + x2.

Testando

Sejam f e g fun¸c˜oes tais que Im(g) ⊂ Df. Suponha que F ´e uma primitiva para f .

Ent˜ao F (g(x)) ´e uma primitiva para f (g(x))g0(x). De fato, pela regra da cadeia, [F (g(x))]0 = F0(g(x))g0(x) = f (g(x))g0(x).

Portanto,

Z

f (g(x))g0(x)dx = F (g(x)) + k, com k constante. Assim, se fizermos a mudan¸ca de vari´aveis

u = g(x) =⇒ du = g0(x)dx, segue que Z f (g(x))g0(x)dx = Z f (u)du = F (u) + k = F (g(x)) + k. Exemplo 1.30. Calcule R 2x√1 + x2dx.

Demonstra¸c˜ao. Fa¸camos a seguinte mudan¸ca de vari´aveis: u = 1 + x2 =⇒ du = 2xdx. Assim, Z 2x√1 + x2dx = Z √ 1 + x22xdx = Z udx = Z u12du = 2 3 √ u3+ k = 2 3 p (1 + x2)3+ k.

(20)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Exemplo 1.31. Calcule R x3cos(x4+ 2)dx. Demonstra¸c˜ao. Seja

u = x4+ 2 =⇒ du = 4x3dx. Logo Z x3cos(x4+ 2)dx = 1 4 Z cos udu = 1 4sin u + k = 1 4 ∈ (x 4+ 2) + k. Exemplo 1.32. Calcule Z tan xdx.

Demonstra¸c˜ao. Seja u = cos x, logo du = − sin xdx, portanto Z tan xdx = Z sin x cos xdx = − Z 1 udu = − ln |u| + k = − ln | cos x| + k = ln | sec x| + k.

O que acontece se fizermos a mudan¸ca de vari´aveis u = sin x? Veja se ´e poss´ıvel calcular a integral com essa mudan¸ca de vari´aveis.

Exemplo 1.33. Calcule Z 1 −2 r 1 2x + 1dx. 0 f −2 1

Fazendo u = 12x + 1, segue que du = 12dx.

x = −2 =⇒ u = 0 x = 1 =⇒ u = 3 2 Logo, Z 1 −2 r 1 2x + 1dx = Z 32 0 2√udu = 22 3u 3 2 3 2 0 = 4 3 r 27 8 .

Existem duas maneiras para calcular uma integral definida por substitui¸c˜ao de vari´aveis. Uma consiste em calcular a integral indefinida e ent˜ao usar o T.F.C. Por exemplo: j´a vimos que Z 2 0 2x√1 + x2dx = 2 3(1 + x 2)32 + k.

(21)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.4. SUBSTITUIC¸ ˜AO DE VARI ´AVEIS 21

Ou seja, F (x) = 23(1 + x2)32 ´e uma primitiva para a fun¸c˜ao que est´a no integrando. Logo

do T.F.C. segue que Z 2 0 2x√1 + x2dx = 2 3(1 + x 2)32 2 0 = 2 35 3 2 − 2 31 3 2 = 2 3( √ 53− 1).

A outra maneira consiste em se mudar os limites de integra¸c˜ao ao fazer a mudan¸ca de vari´aveis. Vamos ilustrar esse procedimento abaixo.

Se g0 for cont´ınua em [a, b] e f for cont´ınua na varia¸c˜ao de u = g(x), ent˜ao Z b a f (g(x))g0(x)dx = Z g(b) g(a) f (u)du.

Demonstra¸c˜ao. Seja F uma primitiva de f . Ent˜ao F (g(x)) ´e uma primitiva de f (g(x))g0(x), logo do T.F.C., temos que

Z b a f (g(x))g0(x)dx = F (g(x)) b a = F (g(b)) − F (g(a)).

Por outro lado, ainda do T.F.C., temos que

Z g(b) g(a) f (u)du = F (u) g(b) g(a) = F (g(b)) − F (g(a)).

Isto conclui a prova. Exemplo 1.34. Calcule Z 1 1 2 √ 2x − 1dx.

Demonstra¸c˜ao. Vamos usar a seguinte mudan¸ca de vari´aveis:

u = 2x − 1 =⇒ du = 2dx.

Assim, por essa mudan¸ca de vari´aveis ( x = 12 =⇒ u = 0 x = 1 =⇒ u = 1. Logo, Z 1 1 2 √ 2x − 1dx = Z 1 0 1 2 √ udu = 1 2 2 3u 3 2 1 0 = 1 3. Exemplo 1.35. Calcule Z e 1 ln x x dx.

(22)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Demonstra¸c˜ao. Vamos usar a seguinte mudan¸ca de vari´aveis:

u = ln x =⇒ du = 1 xdx. Assim, por essa mudan¸ca de vari´aveis

( x = 1 =⇒ u = 0 x = e =⇒ u = 1. Assim Z e 1 ln x x dx = Z 1 0 udu = 1 2u 2 1 0 = 1 2.

Exerc´ıcios

Exerc´ıcio 1.36. Calcule (a) Z x3cos x4dx (b) Z sin5x cos xdx (c) Z tan x sec2xdx (d) Z sec2x 3 + 2 tan xdx (e) Z  5 x − 1 + 2 x  dx (f ) Z 1 a2+ x2dx (g) Z 1 x ln xdx (h) Z 1 xcos(ln x)dx. (Respostas: (a) 1 4sen x 4+ k (b) 1 6sen 6x + k (c) 1 2tg 2x + k (d) 1 2ln |3 + 2 tan x| + k (e) 5 ln |x − 1| + 2 ln |x| + k (f ) 1 a arctan x a + k (g) ln | ln x| + k (h) sen(ln x) + k.) Exerc´ıcio 1.37. Calcule (a) Z 2 −2 (3s2+ 2s − 1)ds (b) Z 2 1  x3+ 1 x+ 1 x3  dx (c) Z π2 −π 6 (cos 2x + sin 5x)dx (d) Z 2 0 4 1 + u2 du (e) Z 1 0 xex2dx (f ) Z 0 −1 x(2x + 1)50dx (g) Z 1 0 x (x2+ 1)5dx (h) Z 1 −1 x4(x5+ 3)3dx (i) Z π2 π 6 sin x (1 − cos2x)dx (j) Z π3 0 sin3xdx (Respostas: ( a) 12 (b) 338 + ln 2 (c) 3 √ 3 20 (d) 4 arctan 2 (e) 1 2e − 1 2 (f ) − 1 102 (g) 15 128 (h) 12 (i) 3 8 √ 3 (j) 5 24))

(23)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.5. INTEGRAC¸ ˜AO POR PARTES 23

(a) A = {(x, y) ∈ R2; x2− 1 6 y 6 0}.

(b) A = {(x, y) ∈ R2; 0 6 y 6 |sen x|, 0 6 x 6 2π}.

(c) A ´e a regi˜ao delimitada pelos gr´aficos de y + x2 = 6 e y + 2x − 3 = 0.

(d) A ´e a regi˜ao delimitada pelos gr´aficos de y − x = 6, y − x3 = 0 e 2y + x = 0. (Respostas: (a) 4

3 (b) 4 (c) 32

3 (d) 22)

Exerc´ıcio 1.39. Sabendo-se que a fun¸c˜ao

f (x) =    √ x −√7 √ x2+ 15 − 8, x 6= 7 a, x = 7. ´ e cont´ınua em x = 7 e que b = Z π/2 0

cos 2x sin 4x dx, o valor de a b ´e: (a) √ 7 7 (b) 2 √ 7 (c) 6 √ 7 49 (d) 4√7 49 (e) 7 √ 7 (Resposta: (c))

Exerc´ıcio 1.40. (a) A equa¸c˜ao da reta tangente ao gr´afico de y = f (x) no ponto (1, 3) ´e y = x + 2. Se em qualquer ponto (x, f (x)) do gr´afico de f temos f00(x) = 6x, encontre a express˜ao de f .

(b) Em qualquer ponto (x, f (x)) do gr´afico de y = f (x) temos f00(x) = 2. Encontre a express˜ao da fun¸c˜ao f , sabendo-se que o ponto (1, 3) ´e um ponto do gr´afico no qual o coeficiente angular da reta tangente ´e −2.

(Respostas: (a) f (x) = x3− 2x + 4 (b) f (x) = x2− 4x + 6)

Exerc´ıcio 1.41. Suponha f cont´ınua em [−1, 1]. Calcule Z 1 0 f (2x − 1)dx sabendo que Z 1 −1 f (u)du = 10. (Resposta: 5)

1.5

Integra¸

ao por partes

A Regra da Substitui¸c˜ao para integra¸c˜ao corresponde `a Regra da Cadeia para diferen-cia¸c˜ao. A Regra do Produto para diferencia¸c˜ao corresponde a uma regra chamada de integra¸c˜ao por partes.

Sejam f, g : [a, b] → R diferenci´aveis em (a, b). Ent˜ao, para cada x ∈ (a, b),

[f (x)g(x)]0 = f0(x)g(x) + f (x)g0(x), ou seja,

(24)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Como f (x)g(x) ´e uma primitiva de [f (x)g(x)]0, se existir uma primitiva de f0(x)g(x), ent˜ao tamb´em existir´a uma primitiva de f (x)g0(x) e temos a chamada f´ormula de integra¸c˜ao por partes:

Z

f (x)g0(x) dx = f (x)g(x) − Z

f0(x)g(x)dx

(1.5.1)

Nota¸c˜ao alternativa. Tomando u = f (x) e v = g(x) , temos du = f0(x) dx e dv = g0(x) dx e podemos reescrever (1.5.1) como

Z

u dv = uv − Z

vdu

Observa¸c˜ao 1.42. Existe alguma maneira de escolher u e dv? A resposta ´e mais ou menos. Em geral, escolhermos u como a fun¸c˜ao “mais f´acil”de derivar e como dv a fun¸c˜ao “mais f´acil”de integrar. Em algumas situa¸c˜oes a escolha ´e ´obvia. Em outras vocˆe deve utilizar a dica acima.

Exemplo 1.43. Calcule Z

x sen x dx.

Demonstra¸c˜ao. Suponha f (x) = x e g0(x) = sin(x). Ent˜ao, f0(x) = 1 e g(x) = − cos x. Assim

Z

x sen x dx = x(− cos x) − Z

1(− cos x) dx = −x cos x + sin(x) + k.

Exemplo 1.44. Calcule Z

arctan(x)dx.

Demonstra¸c˜ao. Usando a nota¸c˜ao alternativa, temos que Z arctan(x)1dx = uv − Z vdu Seja ( u = arctan(x) =⇒ du = 1+x1 2dx dv = 1dx =⇒ v = x. Portanto, Z arctan(x)dx = x arctan(x) − Z x 1 1 + x2dx = x arctan(x) − 1 2ln(1 + x 2) + k.

(25)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.5. INTEGRAC¸ ˜AO POR PARTES 25

Combinando a f´ormula de integra¸c˜ao por partes com o T.F.C., podemos avaliar integrais definidas por partes. Sejam f e g duas fun¸c˜oes com derivadas cont´ınuas em [a, b], ent˜ao Z b a f (x)g0(x) dx = f (x)g(x) b a − Z b a f0(x)g(x)dx. Exemplo 1.45. Calcule Z t 1 x ln xdx.

Demonstra¸c˜ao. Seja

         f (x) = ln(x) =⇒ f0(x) = 1 x g0(x) = x =⇒ g(x) = x 2 2 . Assim, Z t 1 x ln(x)dx = x 2 2 ln(x) t 1 − Z t 0 1 x x2 2 dx = t2 2 ln(t) − 1 2 Z t 1 xdx = t 2 2 ln t − 1 2 x2 2 t 1 = t 2 2 ln t − 1 4t 2 +1 4.

O pr´oximo exemplo n˜ao envolve integra¸c˜ao por partes, entretanto essa integral ´e usada para resolver uma integral muito importante como veremos a seguir.

Exemplo 1.46. Calcule

Z

sec(x)dx.

Demonstra¸c˜ao. Primeiro observe que

sec(x) = sec(x) tan(x) + sec

2(x)

sec(x) + tan(x) .

Seja u = sec(x) + tan(x) ent˜ao du = (sec(x) tan(x) + sec2(x))dx. Assim

Z

sec(x)dx =

Z sec(x) tan(x) + sec2(x)

sec(x) + tan(x) dx = Z 1

udu = ln |u| + k, ou seja,

Z

sec(x)dx = ln(| sec(x) + tan(x)|) + k.

Exemplo 1.47. Calcule

Z

(26)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Demonstra¸c˜ao. Vamos usar integra¸c˜ao por partes: note que Z

sec3(x)dx = Z

sec(x) sec2(x)dx. Vamos usar a seguinte integra¸c˜ao por partes;

(

u = sec(x) =⇒ du = sec(x) tan(x)dx dv = sec2(x) =⇒ v = tan(x).

Portanto,

Z

sec(x) sec2(x)dx = sec(x) tan(x) − Z

sec(x) tan(x) tan(x)dx

= sec(x) tan(x) − Z

sec(x) tan2(x)dx Agora, lembre-se que tan2(x) = sec2(x) − 1 e assim podemos escrever

Z

sec3(x)dx = sec(x) tan(x) − Z sec(x)[sec2(x) − 1]dx = sec(x) tan(x) − Z sec3(x)dx + Z sec2(x)dx e, portanto 2 Z

sec3(x)dx = sec(x) tan(x) + Z

sec2(x)dx Disto e do exemplo anterior, obtemos que

Z sec3(x)dx = 1 2sec(x) tan(x) + 1 2ln(| sec(x) + tan(x)|) + k. Exemplo 1.48. Calcule Z excos(x)dx. Demonstra¸c˜ao. Seja

(

u = cos(x) =⇒ du = − sin(x)dx dv = ex =⇒ v = ex.

Logo, integrando por partes, segue que Z

excos(x)dx = excos(x) − Z

ex(− sin(x))dx. (1.5.2) Observe que R exsin(x)dx apresenta a mesma dificuldade que R excos(x)dx. Ent˜ao

pa-rece que n˜ao vale a pena usar integra¸c˜ao por partes. A dica ´e: n˜ao desista. Se integrarmos por partes novamente:

(

u = sin(x) =⇒ du = cos(x)dx dv = ex =⇒ v = ex,

(27)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.5. INTEGRAC¸ ˜AO POR PARTES 27

obtemos que

Z

exsin(x)dx = exsin(x) − Z

excos(x)dx, substituindo em (1.5.2), segue que

Z

excos(x)dx = excos(x) + Z

exsin(x)dx = excos(x) + exsin(x) − Z

excos(x)dx Disto, obtemos que

2 Z

excos(x)dx = excos(x) + exsin(x) Portanto, Z excos(x)dx = 1 2e x[cos(x) + sin(x)] + k. Exemplo 1.49. Calcule Z cos2(x)dx. Demonstra¸c˜ao. Temos que

Z

cos2(x)dx = Z

cos(x) cos(x)dx.

Uma maneira de resolver essa integral ´e usar integra¸c˜ao por partes: sejam ( u = cos(x) =⇒ du = − sin(x)dx dv = cos(x) =⇒ u = sin(x)dx. Logo, Z cos2(x)dx = Z

cos(x) cos(x)dx = sin(x) cos(x) + Z sin2(x)dx = sin(x) cos(x) + Z (1 − cos2(x))dx, ou seja, 2 Z

cos2(x)dx = sin(x) cos(x) + x =⇒ Z

cos2(x)dx = 1

2[sin(x) cos(x) + x] + k. Lembre que sin(x) cos(x) = 12sin(2x), logo

Z

cos2(x)dx = x 2 +

1

4sin(2x) + k.

Observa¸c˜ao 1.50. Para a integral anterior ´e mais interessante usar a identidade tri-gonom´etrica

cos2(x) = 1

(28)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Exerc´ıcio: Calcule as integrais

(a) Z arcsen x dx; (b) Z ln x dx; (c) Z x2sen x dx; (d) Z excos x dx; (e) Z 1 0 arctg x dx; (f ) Z 4 1 e √ x dx.

1.6

Integrais Trigonom´

etricas

Estamos interessados em calcular integrais cujos integrandos s˜ao fun¸c˜oes trigonom´etricas. Para isso usaremos identidades e rela¸c˜oes trigonom´etricas.

Recorde que:

sin(a + b) = sin a cos b + sin b cos a sin(a − b) = sin a cos b − sin b cos a cos(a + b) = cos a cos b − sin a sin b cos(a + b) = cos a cos b − sin a sin b.

Disto segue que

sin a sin b = 1 2[sin(a + b) + sin(a − b)] cos a cos b = 1 2[cos(a + b) + cos(a − b)] sin a sin b = 1 2[cos(a − b) − cos(a + b)] sin2a = 1 2[1 − cos(2a)] cos2a = 1 2[1 + cos(2a)]. Exemplo 1.51. Calcule Z cos3(x)dx. Demonstra¸c˜ao. Observe que

cos3(x) = cos2(x) cos(x) = (1 − sin2(x)) cos(x). Fazendo u = sin(x) obtemos que du = cos(x)dx e ent˜ao

Z cos3(x)dx = Z (1 − u2)du = u − u 3 3 + k u=sin(x) = sin(x) − sin(x) 3 + k. Exemplo 1.52. Calcule Z sin(3x) cos(2x)dx.

(29)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.6. INTEGRAIS TRIGONOM ´ETRICAS 29

Demonstra¸c˜ao. Observe que sin(3x) cos(2x) = 12[sin(5x) + sin(x)], logo Z sin(3x) cos(2x)dx = 1 2 Z [sin(5x) + sin(x)]dx = − 1 10cos(5x) − 1 2cos(x) + k. Exemplo 1.53. Calcule Z sin4(x)dx. Demonstra¸c˜ao. Temos que

sin2(x) = sin(x) sin(x) = 1

2[cos(0) − cos(2x)] = 1 − cos(2x) 2 , assim sin4(x) = 1 4(1 − cos(2x)) 2 = 1 4[1 − 2 cos(2x) + cos 2(2x)] = 1 4[1 − 2 cos(2x) + 1 2+ 1 2cos(4x)] pois cos2(x) = 1 2[1 + cos(2x)]. Logo, Z sin4(x)dx = 1 4 Z [1 − 2 cos(2x) + 1 2+ 1 2cos(4x)]dx = 3 8x − 1 4sin(2x) + 1 32sin(4x) + k. Exemplo 1.54. Calcule Z sin5(x) cos2(x)dx. Demonstra¸c˜ao. Observe que

sin5(x) cos2(x) = (sin2(x))2cos2(x) sin(x) = (1 − cos2(x))2cos2(x) sin(x). Fazendo u = cos(x), temos que du = − sin(x)dx e assim

Z

sin5(x) cos2(x)dx = Z

(1 − cos2(x))2cos2(x) sin(x)dx = − Z (1 − u2)u2du = − Z (1 − 2u2+ u4)u2du − Z (u2− 2u4+ u6)du = −[u 3 3 − 2u5 5 + u7 7 ] + k = −cos 3(x) 3 + 2 5cos 5(x) − 1 7cos 7(x) + k.

(30)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.7

Primitivas de Fun¸

oes Racionais; Fra¸

oes

Parci-ais

Nesta se¸c˜ao estamos interessados em calcular integrais de fun¸c˜oes racionais, ou seja, de quocientes de polinˆomios. Considere a seguinte fun¸c˜ao

f (x) = P (x) Q(x),

onde P e Q s˜ao polinˆomios. O m´etodo que ser´a empregado aqui, consiste em escrever a fun¸c˜ao racional como soma de fra¸c˜oes mais “simples”, este m´etodo ´e conhecido como fra¸c˜oes parciais. Fra¸c˜oes mais simples, significa fra¸c˜oes cujas primitivas s˜ao imediatas ou podem ser encontradas fazendo uma mudan¸ca de vari´aveis.

A an´alise ´e baseada no grau dos polinˆomios P e Q. Se o grau de P ´e menor que o grau de Q, ent˜ao podemos escrever a fun¸c˜ao racional como uma fun¸c˜ao mais simples. Logo adiante descrevemos como fazer isso.

Se o grau do polinˆomio P ´e maior ou igual ao grau do polinˆomio Q, ent˜ao primeiro fazemos a divis˜ao dos polinˆomios e em seguida usamos fra¸c˜oes parciais. Observe que, procedemos assim

P (x) Q(x) S(x) R(x)

onde S, P s˜ao polinˆomios e paramos o processo quando o grau de R for menor que o grau de Q. Segue que

P (x)

Q(x) = S(x) + R(x) Q(x).

Agora, S ´e um polinˆomio, logo sabemos integrar e usamos fra¸c˜oes parciais para R(x)Q(x). O pr´oximo exemplo ilustra como se divide polinˆomios.

Exemplo 1.55. Considere os polinˆomios P (x) = x3− x2− 3x + 9 e Q(x) = x2+ x − 2.

Encontre P (x) Q(x).

Demonstra¸c˜ao. Temos que

P (x) Q(x) = x − 2 + x + 5 x2+ x − 2, pois x3− x2− 3x + 9 x2+ x − 2 −x3− x2+ 2x x − 2 −2x2− x + 9 2x2+ 2x − 4 x + 5

(31)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.7. PRIMITIVAS DE FUNC¸ ˜OES RACIONAIS; FRAC¸ ˜OES PARCIAIS 31

1.7.1

Denominadores Redut´ıveis do 2

Grau

Teorema 1.56. Sejam α, β, m, n ∈ R, com α 6= β. Ent˜ao existem constantes A, B ∈ R tais que 1. mx + n (x − α)(x − β) = A x − α + B x − β. 2. mx + n (x − α)2 = A x − α + B (x − α)2.

Demonstra¸c˜ao. (a) Observe que mx + n (x − α)(x − β) = A x − α + B x − β = (A + B)x − Aβ − αB (x − α)(x − β) .

Como os denominadores s˜ao iguais, para ocorrer a igualdade acima devemos ter que os numeradores sejam iguais. Ou seja, devemos ter

mx + n = (A + B)x − Aβ − αB.

Para que dois polinˆomios sejam iguais devemos ter que os coeficientes s˜ao iguais. Logo, (

A + B = m βA + αB = −n.

Que ´e um sistema de duas equa¸c˜oes e duas inc´ognitas (A e B). Esse sistema tem solu¸c˜ao ´

unica pois o determinante da matriz dos coeficientes ´e diferente de zero (= α − β). As solu¸c˜oes s˜ao:

A = mα + n

α − β B = −

mβ + n α − β . (b) Para esse item, note que

mx + n (x − α)2 = mx − mα (x − α)2 + mα + n (x − α)2 = m(x − α) (x − α)2 + mα + n (x − α)2.

Tomando-se A = m e B = mα + n, segue o resultado.

Procedimento para calcular Z

P (x)

(x − α)(x − β)dx, P polinˆomio com grau P < 2. Se α 6= β, do teorema anterior, existem A e B reais tais que

P (x) (x − α)(x − β) = A (x − α) + B (x − β). Logo, Z P (x) (x − α)(x − β)dx = Z A (x − α)dx + Z B (x − β)dx = A ln |x − α| + B ln |x − β| + k. Se α = β, do teorema anterior, existem A, B ∈ R tais que

P (x) (x − α)2 = A x − α + B (x − α)2. Logo, Z P (x) (x − α)2dx = Z A x − αdx + Z B (x − α)2dx = A ln |x − α| − B x − α + k.

(32)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Observa¸c˜ao 1.57. Para integrais do tipo

Z P (x)

(x − α)2dx ´e mais conveniente fazer a

mudan¸ca de vari´aveis u = x − α. Exemplo 1.58. Calcule

Z

x + 3 x2− 3x + 2dx.

Demonstra¸c˜ao. Observe que x2− 3x + 2 = (x − 1)(x − 2). O m´etodo das fra¸c˜oes parciais

no retorna x + 3 x2− 3x + 2 = A x − 1 + B x − 2 = A(x − 2) + B(x − 1) (x − 1)(x − 2) = (A + B)x − 2A − B (x − 1)(x − 2) . Portanto, devemos resolver o sistema:

(

A + B = 1 −2A − B = 3 cuja solu¸c˜ao ´e A = −4 e B = 5. Disto, obtemos que

x + 3 x2− 3x + 2 = − 4 x − 1+ 5 x − 2. Logo, Z x + 3 x2 − 3x + 2dx = − Z 4 x − 1dx + Z 5 x − 2dx = −4 ln |x − 1| + 5 ln |x − 2| + k. Exemplo 1.59. Calcule Z x3+ 2 (x − 1)2dx.

Demonstra¸c˜ao. N˜ao podemos aplicar fra¸c˜oes parciais diretamente. Primeiro divida o numerador pelo denominador para obter

x3+ 2

(x − 1)2 = x + 2 +

3x (x − 1)2.

Usando fra¸c˜oes parciais, existem A, B ∈ R tais que 3x (x − 1)2 = A x − 1+ B (x − 1)2,

donde obtemos que A = 3 e B = 3 ou seja, 3x (x − 1)2 = 3 x − 1+ 3 (x − 1)2. Logo, Z x3+ 2 (x − 1)2dx = Z (x + 2)dx Z 3x (x − 1)2dx = x2 2 + 2x + 3 ln |x − 1| − 3 x − 1 + k.

(33)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.7. PRIMITIVAS DE FUNC¸ ˜OES RACIONAIS; FRAC¸ ˜OES PARCIAIS 33

Exemplo 1.60. Calcule a integral Z

1 4 − 9x2dx.

Vamos reescrever 4 − 9x2 como (2 − 3x)(2 + 3x) e em seguida fa¸ca a mudan¸ca de

vari´aveis u = 2 − 3x. Da mudan¸ca de vari´aveis, segue que du = −3dx. Logo Z 1 4 − 9x2dx = Z 1 (2 − 3x)(2 + 3x)dx = 1 3 Z 1 u(u − 4)du Nesse passo, vamos usar fra¸c˜oes parciais:

1 u(u − 4) = A u + B u − 4 = A(u − 4) + Bu u(u − 4) Para que a igualdade fa¸ca sentido, devemos ter

(

A + B = 0 −4A = 1

De onde obtemos que A = −14 e portanto B = 14. Segue que 1 3 Z 1 u(u − 4)du = − 1 12 Z 1 udu + 1 12 Z 1 u − 4du = − 1 12ln |u| + 1 12ln |u − 4| + k Disto, como u = 2 − 3x, obtemos que

Z 1 4 − 9x2dx = − 1 12ln |2 − 3x| + 1 12ln |2 + 3x| + k = 1 12ln 2 + 3x 2 − 3x + k.

1.7.2

Denominadores Redut´ıveis do 3

Grau

Teorema 1.61. Sejam α, β, γ, m, n, p ∈ R, com α, β, γ distintos entre si. Ent˜ao existem constantes A, B, C ∈ R tais que

1. mx 2+ nx + p (x − α)(x − β)(x − γ) = A x − α + B x − β + C x − γ. 2. mx 2+ nx + p (x − α)(x − β)2 = A x − α + B x − β + C (x − β)2.

Demonstra¸c˜ao. Fa¸ca vocˆe.

Exemplo 1.62. Calcule

Z

2x + 1

(34)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Demonstra¸c˜ao. Observe que

x3− x2− x + 1 = (x − 1)2(x + 1).

Verifique! A decomposi¸c˜ao em fra¸c˜oes parciais ´e dada por 2x + 1 x3− x2− x + 1 = A x + 1 + B x − 1 + C (x − 1)2. Resolvendo, obtemos A = −1 4, B = 1 4, C = 3 2. Assim, Z 2x + 1 x3− x2− x + 1dx = − 1 4 Z 1 x + 1dx + 1 4 Z 1 x − 1dx + 3 2 Z 1 (x − 1)2dx −1 4ln |x + 1| + 1 4ln |x − 1| − 3 2 1 x − 1 + k.

1.7.3

Denominadores Irredut´ıveis do 2

Grau

Exemplo 1.63. Calcule a ´area da regi˜ao delimitada pelo gr´afico da fun¸c˜ao y = x2x+12 e

pelas retas y = 0 e x = 1.

Demonstra¸c˜ao. Primeiro observe que a ´area da regi˜ao pedida ´e dada por

´ area A = Z 1 0 x2 x2 + 1dx. x y y = x2x+12 1 0

Observe que podemos escrever

x2 x2+ 1 = 1 − 1 1 + x2, logo Z 1 0 x2 x2+ 1dx = Z 1 0  1 − 1 1 + x2  dx = x − arctan x 1 0 = 1 − arctan 1 = 1 − π 4.

(35)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.8. SUBSTITUIC¸ ˜OES TRIGONOM ´ETRICAS 35

1.8

Substitui¸

oes Trigonom´

etricas

Como resolver a integral R √x2+ a2dx, a ∈ R fixo, usando substitui¸c˜ao? A ideia aqui

´

e encontrar uma substitui¸c˜ao de vari´aveis que elimine a raiz do integrando. Com esse objetivo, procedemos da seguinte forma:

Seja 0 < θ < π2 e considere o seguinte triˆangulo retˆangulo:

θ

a x

x2+ a2

Da figura, segue que

cos θ = √ a x2+ a2 (1.8.1) sin θ = √ x x2+ a2. (1.8.2) Logo tan θ = x a =⇒ x = a tan θ. De (1.8.1), obtemos que √x2+ a2 = a

cos θ = a sec θ. Disto, fazendo a mudan¸ca de

vari´aveis x = a tan θ, obtemos que dx = a sec2θdθ

Z √

x2+ a2dx =

Z q

a2(tan2θ + 1)a sec2θdθ

sec θ>0, pois 0<θ<π2

=

Z

a sec θa sec2θdθ = a2

Z

sec3θdθ = a

2

2 [sec θ tan θ + ln | sec θ + tan θ|] + k = a 2 2 h √ x2+ a2 a x a + ln | √ x2+ a2 a + x a| i + k.

Observa¸c˜ao 1.64. N˜ao ´e indispens´avel usar a figura do exemplo anterior, ela ´e mera-mente um objeto auxiliar na resolu¸c˜ao da integral e ´e especialmente ´util para facilitar o retorno `a vari´avel original de integra¸c˜ao. Esse trabalho pode ser realizado, utilizando-se contas alg´ebricas.

A seguir, de maneira an´aloga podemos resolver as integraisR √a2− x2dx eR √

x2− a2dx.

Exemplo 1.65. Calcule a integral R √

a2− x2dx.

(36)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

θ √ a2− x2 x a Temos que sin θ = x a =⇒ x = a sin θ cos θ = √ a2− x2 a =⇒ √ a2 − x2 = a cos θ.

Logo, fazendo a mudan¸ca de vari´aveis

x = a sin θ =⇒ dx = a cos θdθ, temos Z √ a2− x2dx = Z p

a2− a2sin2θa cos θdθ

cos θ>0,0<θ<π2 ↓ = a 2 Z cos2θdθ = a2 Z 1 2+ 1 2cos(2θ)  dθ = a2θ 2+ 1 4sin(2θ)  = a 2 2  θ + sin θ cos θ+ k = a 2 2 h arcsinx a  + x a √ a2− x2 a i + k = a 2 2 h arcsinx a  + x √ a2− x2 a2 i + k.

Observa¸c˜ao 1.66. A ideia para resolver as integrais desta se¸c˜ao ´e fazer uma mudan¸ca de vari´aveis que elimina a raiz do integrando. No exemplo anterior, a mudan¸ca de vari´aveis x = a sin θ resolve o problema. Observe que a mudan¸ca de vari´aveis x = a cos θ tamb´em elimina a raiz do integrando e portanto inicialmente parece que tamb´em funciona. Ser´a que podemos us´a-la? Veja o pr´oximo exemplo.

Exemplo 1.67. Calcule R √a2− x2dx, usando a mudan¸ca de vari´aveis x = a cos θ.

Demonstra¸c˜ao. Se x = a cos θ, ent˜ao dx = −a sin θdθ, logo (0 < θ < π2) Z √

a2− x2dx = −

Z √

a2− a2cos2θa sin θdθ

sin θ>0,0<θ<π 2 ↓ = − a 2 Z sin2θdθ = −a2 Z 1 2− 1 2cos(2θ)  dθ = −a2θ 2− 1 4sin(2θ)  = a 2 2  − θ + sin θ cos θ+ k = a 2 2 h − arccosx a  +x a √ a2− x2 a i + k = a 2 2 h − arccosx a  +x √ a2− x2 a2 i + k.

(37)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.8. SUBSTITUIC¸ ˜OES TRIGONOM ´ETRICAS 37

Compare com a resposta do exemplo anterior.

Exerc´ıcio 1.68. Seja a > 0. Mostre que arcsinx a



e − arccosx a



diferem por uma constante.

Exemplo 1.69. Calcule R √

x2− a2dx.

Demonstra¸c˜ao. Considere o triˆangulo retˆangulo: (0 < θ < π2)

θ a √ x2− a2 x Temos que sin θ = √ x2− a2 x cos θ = a x =⇒ x = a cos θ = a sec θ, ou seja, tan θ = √ x2 − a2 a .

Assim, fazendo a mudan¸ca de vari´aveis x = a sec θ, obtemos que dx = a sec θ tan θdθ e Z √

x2− a2dx =

Z √

a2sec2θ − a2a sec θ tan θdθ

= Z a2tan2θ sec θdθ 1+tan2θ=sec2θ ↓ = a 2 Z (sec2θ − 1) sec θdθ = a2 Z sec3θdθ − a2 Z sec θdθ = a2hsec θ tan θ 2 − 1 2ln | sec θ + tan θ| i + k = a 2 2 hx a √ x2− a2 a − ln  x a + √ x2 − a2 a i + k = a 2 2 hx √ x2− a2 a2 − ln x +√x2− a2 a i + k.

Exemplo 1.70. Calcule a ´area A do c´ırculo de raio 2.

(38)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

2 2 x y

Note que a equa¸c˜ao do c´ırculo com centro na origem e de raio 2 ´e dada por x2+y2 = 4,

assim y =√4 − x2 e podemos ver que a ´area A ´e dada por:

A = 2 Z 2 −2 √ 4 − x2dx = 4 Z 2 0 √ 4 − x2dx.

Vamos fazer a seguinte mudan¸ca de vari´aveis: sin θ = xa =⇒ x = 2 sin θ de onde obtemos que dx = 2 cos θdθ e ( x = 0 =⇒ θ = 0 x = 2 =⇒ θ = π2. Logo, Z 2 0 √ 4 − x2dx = Z π2 0 2 cos θ2 cos θdθ = 4 Z π2 0 cos2θdθ = 4 Z π2 0 1 2(1 + cos(2θ))dθ = 2 h θ + sin θ 2 iπ2 0 = π. Portanto, A = 4π (= πr2). Exemplo 1.71. Calcule Z 1 x2√1 + x2dx.

Demonstra¸c˜ao. Seja

( x = tan θ, 0 < θ < π2, dx = sec2θdθ. Segue que Z 1 x2√1 + x2dx = Z 1

tan2θ1 + tan2θsec 2

θdθ = Z

1

tan2θ sec θ sec 2 θdθ = Z sec θ tan2θdθ = Z 1 cos θ cos2θ sin2θdθ = Z cos θ sin2θdθ

(39)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.8. SUBSTITUIC¸ ˜OES TRIGONOM ´ETRICAS 39

Agora na ´ultima integral acima, seja u = sin θ, logo du = cos θdθ, assim Z cos θ sin2θdθ = Z 1 u2du = − 1 u + k = − 1 sin θ + k.

Neste passo, devemos voltar para a vari´avel original x. Como n˜ao constru´ımos o triˆangulo para nos auxiliar, procedemos da seguinte forma: lembre que x = tan θ, logo cos θ = sin θx , resulta ent˜ao da identidadade sin2θ + cos2θ = 1 que

sin2θ + sin 2θ x2 = 1 =⇒ sin 2θ1 + 1 x2  = 1 =⇒ sin2θx 2+ 1 x2  = 1 sin2θ = x 2 x2+ 1 =⇒ sin θ = x √ x2+ 1. Resulta que Z 1 x2√1 + x2dx = − √ x2+ 1 x + k.

Exemplo 1.72. Calcule a integral Z

1 u2− 25du.

Inicialmente, vamos resolver esta integral da maneira que parece a forma mais na-tural, usando fra¸c˜oes parciais. Observe que u2 + 25 pode ser escrito como o produto

(u − 5)(u + 5). Assim podemos escrever 1 u2− 25 = A u − 5+ B u + 5 = A(u + 5) + B(u − 5) (u − 5)(u + 5) . Para que a igualdade acima seja v´alida, devemos ter que

(

A + B = 0 −5A + 5B = 1.

Disto obtemos que B = 101 e consequentemente A = −101. Ent˜ao Z 1 u2− 25du = − 1 10 Z 1 u − 5du + 1 10 Z 1 u + 5du = − 1 10ln |u − 5| + 1 10ln |u + 5| + k = 1 10ln u + 5 u − 5 + k.

Agora, vamos resolver a integral usando substitui¸c˜ao trigonom´etrica.

Para isso, fa¸ca a seguinte mudan¸ca de vari´aveis: seja 0 < θ < π2 e seja u = 5 sec θ. Ent˜ao temos que du = 5 sec θ tan θdθ. Ent˜ao

Z 1 u2− 25du = Z 5 sec θ tan θ 25 sec2θ − 25dθ = 1 5 Z sec θ tan θ tan2θ dθ = 1 5 Z sec θ tan θdθ = 1 5 Z 1 sin θdθ

(40)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Vamos resolver a ´ultima integral. De fato: 1 5 Z 1 sin θdθ = 1 5 Z csc θ(csc θ + coth θ) csc θ + coth θ dθ Seja v = csc θ + coth θ, logo dv = (− csc2θ − csc θ coth θ)dθ, assim

1 5 Z csc θ(csc θ + coth θ) csc θ + coth θ dθ = − 1 5 Z 1 vdv = − 1 5ln |v| + k = −1 5ln | csc θ + coth θ| + k.

Agora, vamos voltar para a vari´avel original u. Para isso considere a seguinte figura.

θ

5 √

u2− 25

u

Da figura, obtemos que

cos θ = 5 u =⇒ u = 5 sec θ, sin θ = √ u2− 25 u =⇒= csc θ = u √ u2− 25

De onde obtemos que

coth θ = √ 5 u2− 25.

Voltando para a integral, obtemos que Z 1 u2− 25du = − 1 5ln | csc θ + coth θ| + k = − 1 5ln u √ u2− 25 + 5 √ u2− 25 + k = −1 5ln u + 5 √ u2− 25 + k.

Compare esta solu¸c˜ao com a solu¸c˜ao obtida via fra¸c˜oes parciais.

Neste passo, vamos apresentar outra maneira de resolver integrais do tipo Z √ a2− x2dx, Z √ a2 + x2dx, Z √ x2− a2dx,

sem usar substitui¸c˜ao trigonom´etrica. Por comodidade faremos a = 1. Exemplo 1.73. Calcule

Z √

(41)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.8. SUBSTITUIC¸ ˜OES TRIGONOM ´ETRICAS 41

Demonstra¸c˜ao. Inicialmente, multiplique o integrando por

√ 1+x2 √ 1+x2. Obtemos Z √ 1 + x2dx = Z 1 + x2 √ 1 + x2dx = Z 1 √ 1 + x2dx + Z x2 √ 1 + x2dx.

Vamos integrar separadamente as integrais acima. Primeiro, vamos integrarR √x2 1+x2dx.

Integrando por partes, obtemos que ( u = x dv = x 1+x2 =⇒ ( du = 1 v =√1 + x2 Logo Z x2 √ 1 + x2dx = + Z x√ x 1 + x2dx = x √ 1 + x2 Z √ 1 + x2dx. Agora, para R √ 1

1+x2dx, procedemos da seguinte forma:

Z 1 √ 1 + x2dx = Z x +1 + x2 √ 1 + x2(x +1 + x2)dx.

Vamos fazer a mudan¸ca de vari´aveis u = x +√1 + x2, segue que du = (1 + x 1+x2)dx. Portanto, Z x2 √ 1 + x2dx = Z 1 udu = ln |u| + k = ln |x + √ 1 + x2| + k.

Disto segue que Z √ 1 + x2dx = Z 1 √ 1 + x2dx + Z x2 √ 1 + x2dx = ln |x +√1 + x2| + x1 + x2 Z √ 1 + x2dx + k e, portanto 2 Z √ 1 + x2dx = ln |x +1 + x2| + x1 + x2+ k. Ent˜ao Z √ 1 + x2dx = 1 2  x√1 + x2+ ln |x +1 + x2|+ k. Exemplo 1.74. Calcule Z √ 1 − x2dx.

Demonstra¸c˜ao. Inicialmente, multiplique o integrando por

√ 1−x2 √ 1−x2. Obtemos Z √ 1 − x2dx = Z 1 − x2 √ 1 − x2dx = Z 1 √ 1 − x2dx − Z x2 √ 1 − x2dx.

(42)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Vamos integrar separadamente as integrais acima. Primeiro, vamos integrar −R √x2 1+x2dx.

Integrando por partes, obtemos que ( u = x dv = √−x 1−x2 =⇒ ( du = 1 v =√1 − x2 Logo − Z x2 √ 1 − x2dx = Z x√−x 1 − x2dx = x √ 1 − x2 Z √ 1 − x2dx. Al´em disso, Z 1 √ 1 − x2dx = arcsin x + k. Segue que Z √ 1 − x2dx = arcsin x + x1 − x2 Z √ 1 − x2dx + k, e, portanto 2 Z √ 1 − x2dx = arcsin x + x1 − x2+ k. Ent˜ao Z √ 1 − x2dx = 1 2  arcsin x + x√1 − x2+ k. Exemplo 1.75. Calcule Z √ x2− 1dx.

Demonstra¸c˜ao. Multiplique o integrando por

√ x2−1 √ x2−1. Obtemos Z √ x2 − 1dx = Z x2− 1 √ x2− 1dx = − Z 1 √ x2 − 1dx + Z x2 √ x2 − 1dx.

Vamos integrar separadamente as integrais acima. Primeiro, vamos integrarR x2

x2−1dx.

Integrando por partes, obtemos que ( u = x dv = √ x x2−1 =⇒ ( du = 1 v =√x2− 1 Logo Z x2 √ x2− 1dx = Z x√ x x2− 1dx = x √ x2− 1 − Z √ x2− 1dx. Agora, para −R √ 1

x2−1dx, procedemos da seguinte forma:

Z 1 √ x2− 1dx = Z x +x2− 1 √ x2− 1(x +x2− 1)dx.

(43)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.9. APLICAC¸ ˜OES DA INTEGRAL 43

Vamos fazer a mudan¸ca de vari´aveis u = x +√x2− 1, segue que du = (1 + x x2−1)dx. Portanto, Z x2 √ x2 − 1dx = Z 1 udu = ln |u| + k = ln |x + √ x2− 1| + k.

Disto segue que Z √ x2− 1dx = Z 1 √ x2 − 1dx + Z x2 √ x2 − 1dx = ln |x +√x2− 1| + xx2− 1 − Z √ x2− 1dx + k e, portanto 2 Z √ x2− 1dx = ln |x +x2− 1| + xx2− 1 + k. Ent˜ao Z √ x2− 1dx = 1 2  x√x2− 1 + ln |x +x2− 1|+ k.

Exerc´ıcio 1.76. Indique, em cada caso, qual a mudan¸ca de vari´aveis que elimina a raiz do integrando.

1. R √1 − 4x2dx

2. R √5 − 4x2dx

3. R √3 + 4x2dx

4. R p1 − (x − 1)2dx

1.9

Aplica¸

oes da Integral

Nesta se¸c˜ao, vamos apresentar algumas aplica¸c˜oes para a integral. Vimos anteriormente que a integral pode ser interpretada como uma ´area.

1.9.1

Volume

Vamos rotacionar a regi˜ao da figura

B = {(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b, f (x) 6 y 6 g(x)}

em torno do eixo x, dando uma volta completa. Neste caso, obtemos um s´olido, chamado s´olido de revolu¸c˜ao.

Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b], com f (x) > 0 em [a, b]. Seja B o conjunto obtido pela rota¸c˜ao em torno do eixo x, do conjunto A do plano limitado pelas retas x = a e x = b, pelo eixo x e pelo gr´afico da fun¸c˜ao y = f (x). Estamos interessados em definir o volume V de B.

(44)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

x y y = x a x y

Seja P : a = x0 < x1 < · · · < xn = b uma parti¸c˜ao de [a, b] e

¯ ci = min x∈[xi−1,xi] f (x) e c¯¯i = max x∈[xi−1,xi] f (x).

Seja ∆xi = xi− xi−1 o comprimento do intervalo [xi−1, xi]. Considere a figura:

x y

x y

Temos

π[f ( ¯ci)]2∆xi = volume do cilindro de altura ∆xi e base de raio f ( ¯ci) (cilindro de “dentro”).

π[f ( ¯c¯i)]2∆xi = volume do cilindro de altura ∆xi e base de raio f ( ¯c¯i) (cilindro de “fora”).

Uma boa defini¸c˜ao para o volume V de B, deve implicar

n X i=1 π[f ( ¯ci)]2∆xi 6 V 6 n X i=1 π[f ( ¯c¯i)]2∆xi

para todo parti¸c˜ao P de [a, b]. Para max ∆xi → 0, as somas de Riemann que aparecem

nas desigualdades, tendem para

π Z b

a

(f (x))2dx. Ent˜ao definimos o volume V de B por

V = π Z b

a

(45)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.9. APLICAC¸ ˜OES DA INTEGRAL 45

Exemplo 1.77. Encontre o volume do s´olido obtido pela rota¸c˜ao em torno do eixo x da regi˜ao sob a curva y =√x de 0 at´e 1.

Demonstra¸c˜ao. Primeiro, vamos desenhar a regi˜ao:

y =√x 1 1 0 x y 0 x y Sabemos que V = π Z 1 0 [f (x)]2dx = π Z 1 0 xdx = π x 2 2 1 0 = π 2.

Exemplo 1.78. Calcule o volume do s´olido obtido pela rota¸c˜ao, em torno do eixo x, do conjunto {(x, y) : 1x 6 y 6 x, 1 6 x 6 2}.

Demonstra¸c˜ao. Considere a figura:

y = 1x y = x

1 2 x

y

Queremos o volume do s´olido obtido pela rota¸c˜ao, em torno do eixo x, do conjunto hachurado. O volume pedido ´e igual a V2 − V1, onde V1 e V2 s˜ao, respectivamente, os

volumes obtidos pela rota¸c˜ao, em torno do eixo x, dos conjuntos A1 e A2.

y = x 1 2 x y A2 y = x1 1 2 x y A1 Temos que V2 = π Z 2 1 x2dx = π x 3 3 2 1 = π8 3 − π 3 = 7π 3 , V1 = π Z 2 1 1 x2dx = − π x 2 1 = −π 2 + π = π 2.

(46)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Deste modo, o volume V ´e dado por

V = V2− V1 = 7π 3 − π 2 = 11π 6 .

Exemplo 1.79. Calcule o volume de uma esfera de raio r.

Demonstra¸c˜ao.

x y

r

Observe que a esfera de raio r pode ser obtida pela rota¸c˜ao em torno do eixo x da semi-circunferˆencia superior. Veja a figura abaixo.

x y

r −r

y =√r2− x2

Logo, o valume V da esfera de raio r ´e dado por

V = π Z r −r (√r2− x2)2dx = π Z r −r (r2 − x2)dx = πhr2x −x3 3 ir −r= π(2r 32π3 3 ) = 4 3πr 3.

1.9.2

Comprimento de Curva

Seja f cont´ınua e com derivada cont´ınua em [a, b]. Queremos calcular o comprimento C da curva L determinada pelo gr´afico de f , quando x ∈ [a, b].

(47)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.9. APLICAC¸ ˜OES DA INTEGRAL 47

x y

y = f (x)

a = x0 x1 x2 xn= b

Seja P = {x0, x1, . . . , xn} uma parti¸c˜ao do intervalo [a, b] e ∆xi = xi− xi−1. Usando

o teorema de Pit´agoras, obtemos que

C(P1)2 = [f (x1) − f (x0)]2+ (x1− x0)2 =⇒ C(P1) = p [f (x1) − f (x0)]2 + (x1− x0)2 isto ´e, C(P1) = (x1− x0) s 1 +f (x1) − f (x0) x1− x0 2 Ainda, para cada i = 1, . . . , n, temos

C(Pi) = s 1 + f (xi) − f (xi−1) xi− xi−1 2 ∆xi.

Al´em disso, como f ´e cont´ınua em [xi−1, xi] e diferenci´avel em (xi−1, xi), i = 1, . . . , n,

segue do Teorema do Valor M´edio que para cada i = 1, . . . , n, existe ¯xi ∈ (xi−1, xi) tal

que

f (xi) − f (xi−1)

xi− xi−1

= f0( ¯xi), i = 1, . . . , n.

Logo, para cada i, temos C(Pi) = p1 + (f0( ¯xi))2∆xi. Note tamb´em que

Pn

i=1C(Pi) ´e

uma aproxima¸c˜ao para C(L) e quanto menor for max16i6n∆xi, melhor ser´a tal

apro-xima¸c˜ao. Assim, devemos ter

C(L) = lim max ∆xi→0 n X i=1 p 1 + (f0( ¯x i))2∆xi.

Como f0(x) ´e cont´ınua em [a, b] ent˜ao a fun¸c˜ao p1 + (f0(x))2 ´e cont´ınua em [a, b] e

portanto integr´avel em [a, b]. Logo, a express˜ao `a direita da igualdade acima coincide com a integral definida de a at´e b da fun¸c˜aop1 + (f0(x))2.

Assim, C(L) = Z b a p 1 + (f0(x))2dx.

Exemplo 1.80. Calcule o comprimento C da circunferˆencia de raio r > 0. Demonstra¸c˜ao.

(48)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

r r x y

Observe que y = f (x) =√r2 − x2, assim f0(x) = x r2−x2 e C = 2 Z r −r p 1 + (f0(x))2dx = 2 Z r −r r 1 + x 2 r2− x2dx = 2 Z r −r r r2 r2− x2dx = 4 Z r 0 r r2 r2− x2dx. Temos Z r 0 r r2 r2− x2dx r>0 ↓ = r Z r 0 r 1 r2− x2dx

Considere a figura abaixo

θ

r x

r2− x2

e fa¸ca a seguinte mudan¸ca de vari´aveis: (

x = r sin θ dx = r cos θdθ Da figura acima, obtemos que

cos θ = √ r2− x2 r =⇒ 1 √ r2 − x2 = sec θ r . Assim, r Z r 0 r 1 r2− x2dx = r Z π2 0 1 r cos θr cos θdθ = r Z π2 0 dθ = rπ 2 . Logo C = 4(rπ 2 ) = 2πr.

(49)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.10. INTEGRAIS IMPR ´OPRIAS 49

1.10

Integrais Impr´

oprias

Quando definimos a integral definida Rabf (x)dx, est´avamos definindo a fun¸c˜ao f no intervalo fechado e limitado [a, b]. Agora, estamos interessados em dar significado para os s´ımbolos Z +∞ a f (x)dx, Z a −∞ f (x)dx e Z +∞ −∞ f (x)dx,

ou seja, queremos estender o conceito de integral para fun¸c˜oes definidas em intervalos da forma [a, ∞), (−∞, a] e (−∞, +∞).

Defini¸c˜ao 1.82. Seja f integr´avel em [a, t], para todo t > a. Definimos Z +∞ a f (x)dx = lim t→+∞ Z t a f (x)dx

se o limite existir e for finito. Tal limite denomina-se integral impr´opria de f . Neste caso, diremos que a integral impr´opria ´e convergente.

Observa¸c˜ao 1.83. Se limt→+∞

Rt

af (x)dx for ±∞, continuaremos a nos referir a

R+∞

a f (x)dx

como uma integral impr´opria e escreveremos Z +∞ a f (x)dx = −∞ ou Z +∞ a f (x)dx = +∞.

Se ocorrer um destes casos ou se o limite n˜ao existir, diremos que a integral impr´opria ´

e divergente.

Observa¸c˜ao 1.84. As integrais impr´oprias podem ser interpretadas como uma ´area, desde que f seja uma fun¸c˜ao positiva.

Exemplo 1.85. Determine se a integral Z ∞ 1 1 xdx ´e convergente ou divergente. Demonstra¸c˜ao. Z ∞ 1 1 xdx = limt→∞ Z t 1 1 xdx = limt→∞ln |x| t 1 = lim t→∞ln t = ∞.

Como o limite ´e infinito, a integral ´e divergente. Exemplo 1.86. Determine se a integral

Z ∞ 1 1 x3 dx ´e convergente ou divergente. Demonstra¸c˜ao. Z ∞ 1 1 x3 dx = limt→∞ Z t 1 1 x3 dx = limt→∞ 1 −2x2 t 1 = lim t→∞ 1 −2t2 + 1 2 = 1 2. Como o limite ´e finito, a integral ´e convergente.

Defini¸c˜ao 1.87. Seja f integr´avel [t, a] para todo t < a. Definimos Z a −∞ f (x)dx = lim t→−∞ Z a t f (x)dx.

(50)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

Defini¸c˜ao 1.88. Se as integrais Z a −∞ f (x) dx, Z ∞ a f (x) dx existem e s˜ao convergentes, ent˜ao definimos Z ∞ −∞ f (x) dx = Z a −∞ f (x) dx + Z ∞ a f (x) dx.

Observa¸c˜ao 1.89. Com rela¸c˜ao `a ´ultima defini¸c˜ao, se as duas integrais que ocorrem no 20 membro forem divergentes, ou se uma delas for convergente e a outra divergente,

diremos que

Z ∞

−∞

f (x) dx tamb´em ser´a divergente.

Exemplo 1.90. Determine se a integral Z 0 −∞ xexdx ´e convergente ou divergente. Z 0 −∞ xe−xdx = lim t→−∞ Z 0 t xexdx = lim t→−∞ xe x 0 t − Z 0 t exdx ! = lim t→−∞(−te t−1+et ) = −1.

Como o limite ´e finito, a integral ´e convergente. Exerc´ıcio: Calcule as integrais impr´oprias

(a) Z 3 −∞ dx (9 − x)2, [R : 1/6]; (b) Z 0 −∞ e−xdx, [R : Diverge].

Exerc´ıcio: Determine a ´area A da regi˜ao do primeiro quadrante limitado pela curva y = 2−x, o eixo x e o eixo y. [R : 1/ ln 2].

Exerc´ıcio: Determine a convergˆencia ou n˜ao da integral Z ∞ 1 1 xp dx, p ∈ R. [R : Converge ⇔ p > 1]. Exemplo 1.91. Avalie Z ∞ −∞ 1 1 + x2 dx. ´

E conveniente escolher a = 0 na defini¸c˜ao: Z ∞ −∞ 1 1 + x2 dx = Z 0 −∞ 1 1 + x2 dx + Z ∞ 0 1 1 + x2 dx. Calculemos as integrais. Z ∞ 0 1 1 + x2 dx = limt→∞ Z t 0 1 1 + x2 dx = limt→∞arctg x t 0 = π 2. Z 0 −∞ 1 1 + x2 dx = limt→−∞ Z 0 t 1 1 + x2 dx = limt→−∞arctg x 0 t = π 2. Portanto, Z ∞ −∞ 1 1 + x2 dx = π 2 + π 2 = π. Exerc´ıcio: Calcule Z ∞ −∞ xe−x2dx. [R : 0].

(51)

Marcelo

Nascimento

/

UFSCar

1.10. INTEGRAIS IMPR ´OPRIAS 51

1.10.1

Testes de Convergˆ

encia

Algumas vezes n˜ao ´e poss´ıvel encontrar um valor exato para uma integral impr´opria, mas podemos saber se ela ´e convergente ou divergente usando outras integrais conhecidas. Teorema 1.92 (Teste da Compara¸c˜ao). Sejam f e g fun¸c˜oes cont´ınuas satisfazendo f (x) > g(x) > 0 para todo x > a. Ent˜ao,

(i) Se Z ∞ a f (x) dx ´e convergente, ent˜ao Z ∞ a g(x) dx tamb´em ´e convergente. (ii) Se Z ∞ a g(x) dx ´e divergente, ent˜ao Z ∞ a f (x) dx tamb´em ´e divergente.

Exemplo 1.93. Mostre que Z ∞

1

e−x2dx ´e convergente.

N˜ao podemos avaliar diretamente a integral pois a primitiva de e−x2 n˜ao ´e uma fun¸c˜ao elementar. Observe que se x > 1, ent˜ao x2 > x, assim −x2 6 −x e como a exponencial

´ e crescente e−x2 6 e−x. Assim, Z ∞ 1 e−x2dx 6 Z ∞ 1 e−xdx = lim t→∞ Z t 0 e−xdx = lim t→∞(e −1− e−t ) = e−1. Logo pelo Teste da Compara¸c˜ao a integral ´e convergente.

Exemplo 1.94. Analise a convergˆencia de Z ∞

1

sin2x x2 dx.

Observe que 0 6 sin

2x

x2 6

1

x2, para todo x ∈ [1, ∞). Como a integral

Z ∞

1

1

x2 dx converge,

pelo Teste da Compara¸c˜ao a integral Z ∞

1

sin2x

x2 dx ´e convergente.

Exemplo 1.95. Analise a convergˆencia da Z ∞ 1 1 + e−x x dx. Observe que 1 + e −x x > 1 x e Z ∞ 1 1

xdx diverge, ent˜ao pelo Teste da Compara¸c˜ao a integral Z ∞

1

1 + e−x

x dx ´e divergente.

Teorema 1.96 (Teste da Compara¸c˜ao no Limite). Sejam f, g : [a, +∞) → R+ fun¸c˜oes

cont´ınuas. Se lim x→∞ f (x) g(x) = L, 0 < L < ∞, ent˜ao Z ∞ a f (x) dx e Z ∞ a

g(x) dx ser˜ao ambas convergentes ou ambas divergentes.

Exemplo 1.97. Analise a convergˆencia de Z ∞

1

1 1 + x2 dx.

Referências

Documentos relacionados

Exploração pelo Estado d os recursos energéticos do país.. Des envolvim en to da instrução,

Para Balacheff (1992) a explicação é um discurso que oferece uma ou várias razões para tornar compreensível uma afirmação e pode ser analisada em duas categorias: provas

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Ao tomar contato com estas duas metodologias, imediatamente tracei paralelos e conexões interessantes com as atividades de Coaching e Mentoring, e pude constatar que a

Apesar dos esforços para reduzir os níveis de emissão de poluentes ao longo das últimas décadas na região da cidade de Cubatão, as concentrações dos poluentes

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

Um estudo comparou os efeitos da Melatonina (5 mg) com os do benzodiazepínico temazepam (10 mg) sobre a desempenho cognitiva. Enquanto o temazepam causou uma indução ao

Fomos sepultados com Ele pelo baptismo na morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova» (Rm 6, 3-4) 7..