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UNIVERSIDADE TIRADENTES A CORRELAÇÃO ENTRE A MALOCLUSÃO E A POSTURA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

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UNIVERSIDADE TIRADENTES

BRUNA KESSY MATOS DA SILVA

A CORRELAÇÃO ENTRE A MALOCLUSÃO E A

POSTURA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Aracaju

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BRUNA KESSY MATOS DA SILVA

A CORRELAÇÃO ENTRE A MALOCLUSÃO E A

POSTURA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Odontologia da Universidade Tiradentes como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em odontologia.

Orientador: Prof. Msc. MURILO SOUZA OLIVEIRA.

Aracaju

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AUTORIZAÇÃO PARA ENTREGA DO TCC

Eu, Murilo Souza de Oliveira, orientador da discente Bruna Kessy Matos da Silva atesto que o trabalho intitulado “A Correlação entre a Maloclusão e a Postura: Uma Revisão da Literatura” está em condições de ser entregue à Supervisão de Estágio e TCC, tendo sido

realizado conforme as atribuições designadas por mim e de acordo com os preceitos estabelecidos no Manual para a Realização do Trabalho de Conclusão do Curso de

Odontologia.

Atesto e subscrevo,

______________________________________ Orientador

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BRUNA KESSY MATOS DA SILVA

A CORRELAÇÃO ENTRE A MALOCLUSÃO E A

POSTURA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de conclusão do curso apresentado à Coordenação do Curso de Odontologia da Universidade Tiradentes como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em odontologia.

Aprovado em: __/__/____

Banca Examinadora

____________________________________________

Prof. Msc. Orientador: Murilo Souza Oliveira

____________________________________________

1º Examinador

____________________________________________

(5)

A CORRELAÇÃO ENTRE A MALOCLUSÃO E A POSTURA:

UMA REVISÃO DA LITERATURA

Bruna Kessy Matos da Silva ª, Murilo Souza Oliveira b

(a)

Graduanda em Odontologia – Universidade Tiradentes; (b) Prof. Msc. do Curso de Odontologia – Universidade Tiradentes.

Resumo

O sistema estomatognático é uma unidade funcional complexa intimamente ligada à postura e ao equilíbrio corporal. A relação entre o sistema estomatognático e a postura de cabeça é estabelecida ao se considerar que as duas regiões possuem algumas conexões nervosas em comum. A postura é um reflexo da eficiência do corpo em manter as estruturas e articulações em equilíbrio harmônico de tal forma que exijam o mínimo de esforço e energia para exercer as funções que lhe são propostas. As alterações oclusais acarretam em desequilíbrio muscular, comprometendo o equilíbrio postural da cabeça e, consequentemente, postural. Em virtude da necessidade de o cirurgião-dentista saber diagnosticar a causa dos desequilíbrios oclusivos e a respectiva sintomatologia, provenientes do aparelho estomatognático, assim como qualquer desequilíbrio do sistema estomatognático proveniente de qualquer outra desarmonia nas cadeias musculares e o que estes podem ocasionar na postura corporal, deve ser realizado um protocolo de tratamento que vise restabelecer um adequado posicionamento dos côndilos e da mandíbula, podendo assim proporcionar ao paciente a possibilidade de o restante do corpo ficar em equilíbrio postural. O presente trabalho de revisão da literatura tem por finalidade pesquisar e discutir a relação da postura corporal e equilíbrio do sistema neuromuscular do sistema estomatognático na oclusão dentária, ou seja, como a oclusão pode alterar a postura física do indivíduo e, em consequência, os fatores químicos e emocionais também.

Palavras-chave: oclusão; postura corporal; postura cervical; sistema estomatognático.

Abstract

The stomatognathic system is a complex functional unit closely related to posture and body balance. The relationship between the stomatognathic system and head posture is established by considering that the two regions have some nerve connections in common. The posture is a reflection of the efficiency of the body to maintain the structures and joints in harmonic balance in a way that require the minimal effort and energy to exercise the functions offered to them. The occlusal alterations cause muscle imbalance, affecting postural balance of the head and, consequently, posture. Because of the need of a dentist to know how to diagnose the cause of the occlusive imbalances and their symptoms, from the stomatognathic system, as any imbalance of the stomatognathic system from any disharmony in the muscular chains and that these may result in body posture, it must be performed a treatment protocol that aims to restore a proper positioning of the condyles and the jaw, thus can provide to the patient the possibility of the rest of the body to be in postural balance. The present work of literature review aims to research and discuss the relation between body posture and balance of the neuromuscular system of the stomatognathic system in dental occlusion, in other words, as the occlusion can change the physical position of the individual and, consequently, the chemical and emotional factors as well.

Keywords: occlusion; body posture; cervical posture; stomatognathic system.

1. Introdução

O sistema estomatognático é a unidade funcional complexa e refinada responsável pela mastigação, fala e deglutição. O sistema é composto por ossos, articulações, ligamentos, dentes e músculos que em comum equilíbrio e harmonia na sua biomecânica, conferem a integridade da oclusão.

A oclusão é a relação do encaixe dos dentes, quando a arcada dental entra em contato com a arcada antagonista, não importando qual seja a posição da

mandíbula. Uma análise da oclusão consiste em diferenciar uma oclusão patológica de uma oclusão fisiológica e equilibrada. A oclusão é parte integrante do sistema estomatognático e existem distintos fatores que condicionam a função de todo o sistema. Sendo assim, um transtorno em um deles repercute sobre todo o conjunto.

A oclusão fisiológica ou orgânica é verificada no final do fechamento mandibular, conforme a ação dos músculos

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elevadores da mandíbula que promovem o assentamento dos côndilos nas fossas mandibulares do osso temporal. Este processo é denominado posição de relação cêntrica que coincide com o máximo de contatos dentários posteriores bilaterais, conhecido por máxima intercuspidação ou oclusão dentária. Contudo a mandíbula assume uma posição estável, denominada oclusão em relação cêntrica na dimensão vertical de oclusão. Em seguida, o relaxamento dos músculos elevadores gera a dimensão vertical de repouso.

Consequentemente, os movimentos excursivos da mandíbula acarretam em desoclusão dos dentes posteriores devido à ação da guia anterior e das guias laterais, em detrimento da perfeita harmonia com os demais componentes do aparelho estomatognático.

Há diversos fatores que podem afetar o equilíbrio harmônico da boa oclusão. De acordo com Salgado (2004) as alterações oclusais, o crescimento craniano, as alterações dos músculos, problemas na articulação temporomandibular e a postura do corpo e da cabeça são os fatores que implicam em má-oclusão.

A postura corpórea é um reflexo da eficiência do corpo em manter as estruturas e articulações em relações tais que exijam o mínimo de esforço e energia para exercer as funções que lhe são propostas. Porém, alterações posturais da cabeça, pescoço e ombros podem ser fatores etiológicos de desordens temporomandibulares, termo que abrange um grande número de achados clínicos que envolvem a musculatura mastigatória, a articulação temporomandibular e estruturas associadas.

Sendo assim, o presente trabalho de revisão da literatura tem por finalidade pesquisar e discutir a relação da postura corporal e equilíbrio do sistema neuromuscular do sistema estomatognático na oclusão dentária, ou seja, como a oclusão pode alterar a postura física do indivíduo e, em consequência, os fatores químicos e emocionais também.

2. Revisão de Literatura

O presente trabalho teve como base de dados as seguintes fontes pesquisadoras: Bireme (Biblioteca Regional de Medicina), Scielo (Scientific Eletronic Library Online)

e PubMed, usando como critério de inclusão artigos relacionados com o tema abordado: A Correlação entre a Oclusão e a Postura: Uma Revisão da Literatura, publicados entre 1899 e 2012, utilizando as palavras-chave: oclusão; postura corporal; postura cervical; sistema estomatognático.

2.1 Sistema Estomatognático

Segundo Bricot (1999), o sistema estomatognático está diretamente conectado às cadeias musculares por intermédio dos músculos da abertura mandibular e do osso hióide, que tem um papel de pivô fundamental, mas também através dos músculos que são o contra-apoio da oclusão e da deglutição: esternoclidomastóideo, trapézio, peitorais etc. Todo desequilíbrio do sistema estomatognático poderá, através destas vias, repercutir sobre o conjunto do sistema tônico postural. Também segundo o mesmo autor, este sistema estomatognático põe em comunicação as cadeias musculares anteriores e posteriores, sendo que a língua e a mandíbula estão diretamente ligadas à cadeia muscular anterior; e a maxila, por intermédio do crânio, está em relação com as cadeias posteriores, ressaltando-se que o osso hióide tem papel fundamental nessa comunicação, assim como a propriocepção entre as duas arcadas e a propriocepção da articulação temporomandibular. Os desequilíbrios do sistema estomatognático descompensam o sistema tônico postural, assim como os desequilíbrios do sistema tônico postural perturbam o sistema estomatognático, através dos núcleos do nervo trigêmeo, ao longo do tronco encefálico, e dos numerosos aferentes para as formações que intervêm no equilíbrio tônico-postural.

O sistema estomatognático é um conjunto complexo de estruturas estáticas e dinâmicas que se interligam para a realização das funções vitais do organismo, tais como: respiração, mastigação, deglutição e sucção. Além de fonação e articulação, que são de extrema importância para a manutenção de todo o equilíbrio físico-biológico do ser humano. As estruturas estomatognáticas, estáticas e dinâmicas, formam um sistema de características próprias, com uma unidade morfofuncional localizada na cavidade oral. Essas estruturas não são

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especializadas em uma só função e, alterações em qualquer de suas partes levam a um desequilíbrio geral do sistema (SILVA et al., 2004; MACHADO et al., 2012).

As estruturas estáticas ou passivas são constituídas pelos arcos dentários, maxila e mandíbula, relacionadas entre si, são componentes da articulação temporomandibular (ATM). O osso hióide e outros ossos cranianos também fazem parte das estruturas estáticas. Já as dinâmicas ou ativas são representadas pela unidade neuromuscular, que mobiliza as partes estáticas. Elas formam um sistema de características próprias, localizadas na cavidade oral, e não são especializadas em uma só função (MACHADO et al., 2012).

A mastigação é considerada uma das funções mais importantes do sistema estomatognático e seu desenvolvimento e aperfeiçoamento dá-se ao longo do crescimento humano. Para que ocorra de forma eficiente, é necessária a saúde dos dentes e a possibilidade adequada dos movimentos mandibulares, que são controlados pelas articulações temporomandibulares (ATM’s) e pelo sistema neuromuscular (DUARTE, 2000; FELÍCIO et al., 2007; MÉLO et al., 2012). Um sistema neurológico altamente refinado regula e coordena as atividades de todo o sistema mastigatório. Sendo assim, o desenvolvimento harmônico das estruturas envolvidas na mastigação depende da associação entre equilíbrio muscular e função, o que mostra que alterações isoladas inexistem (MUÑOZ et

al., 2004). Entretanto, os mecanismos

mastigatórios são bastante flexíveis, adaptando-se às compensações oriundas das deficiências ou situações ocorridas (MÉLO et al., 2012).

O sistema mastigatório é um elemento regulador ou perturbador do sistema postural, assim o desequilíbrio induzido por uma disfunção da articulação temporomandibular pode levar a uma descompensação do sistema postural assim como o desequilíbrio do sistema postural altera o sistema mastigatório (MOTTA et

al., 2008).

Cuccia & Caradonna (2008) observaram que tensões no sistema estomatognático podem contribuir para deficiências no alinhamento e no controle neural da postura, já que existem conexões entre o sistema trigeminal e as estruturas

nervosas envolvidas no controle da postura e as cadeias músculofasciais.

Bricot (1999) afirma que qualquer desequilíbrio no sistema estomatognático pode descompensar o sistema tônico-postural, e que o contrário também ocorre, o que se verifica no fato de que a posição mandibular condiciona a posição escapular, assim como a posição cérvico-escapular também condiciona a posição mandibular.

2.2 Postura Corporal

A postura é um reflexo da eficiência do corpo em manter as estruturas e articulações em relações tais que exijam o mínimo de esforço e energia para exercer as funções que lhe são propostas (SILVA

et al., 2004). O controle postural é tão

complexo quanto o controle de movimentos (MOCHIZUKI, AMADIO, 2003).

A postura corporal vem sendo apontada na literatura como um aspecto importante, que deve ser levado em consideração, principalmente no tratamento de crianças com alterações sensório-motoras que apresentam controle postural reduzido e problemas alimentares de grau moderado a severo, consequentemente, distúrbios no sistema estomatognático (VAL et al., 2005).

O desenvolvimento neuropsicomotor normal caracteriza-se pela aquisição gradual do controle de postura com o surgimento das reações de retificação e das reações de equilíbrio. Este processo depende da integridade do sistema nervoso central e evolui de forma ordenada, de tal modo que cada etapa é consequência da precedente e necessária à posterior (MACHADO et al., 2012).

As reações de retificação e de equilíbrio permite ao indivíduo manter sua postura e equilíbrio da cabeça, tronco e extremidades inferiores em todas as circunstâncias normais, contra a ação gravitacional, enquanto braços e mãos permanecem livres para a exploração do ambiente (VAL et al., 2005).

Segundo Sampaio (2002), Ricard (2002) e Ceci e Fonseca (2005), a coluna vertebral costuma acomodar-se, fazendo compensações de má- posições que podem ter ocorrido na parte superior do corpo, chamadas descendentes, ou a porção inferior, chamadas ascendentes. Muitas

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vezes, quando se trata uma determinada parte do corpo, pode-se estar dando origem a desvios e estresse postural em outra região. A oclusão é um fator importante a ser considerado em relação aos desvios de origem descendentes.

2.3 Postura Cervical

Molina (1989) dividiu os músculos do aparelho estomatognático em dois grupos: 1. aqueles que agem diretamente sobre a mandíbula – pterigoideo lateral, masseter, temporal, pterigoideo medial, músculo digástrico, esternoclidomastóideo e trapézio, e; 2. os que estão relacionados indiretamente com a função, o movimento e a posição mandibular, que são os músculos da face, o platisma e o elevador da escápula. O mesmo autor ainda estudou a participação de grupos musculares da região superior da coluna cervical, do pescoço e dos ombros durante a mastigação de alimentos duros.

Darling, Kraus (1994) relataram que a mudança da postura da cabeça interfere na posição de repouso mandibular e que a intervenção fisioterápica pode ser eficaz na melhoria da postura da cabeça.

Boyd (1987) estudou, em vinte e cinco indivíduos, os músculos temporal anterior, masseter e digástrico anterior e os resultados obtidos indicaram que a atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação é alterada pelo posicionamento da cabeça.

Halbert (1958) descreveu que as alterações da postura da cabeça levavam a uma situação de desvantagem biomecânica da musculatura dessa região, devido às estreitas relações anatomofuncionais do sistema da mastigação propriamente dito com a região cervical e a cintura escapular.

Valentino et al. (1991) procuraram correlacionar a postura, posição mandibular e oclusão dental, através de registros eletromiográficos dos músculos masseter, temporal, paravertebrais torácicos e lombares, durante modificações do arco plantar com utilização de palmilhas. Os autores concluíram que modificações do arco plantar estimulam mecanorreceptores neuronais, finalizando com a contração de músculos antigravitários, que promovem reajustes na posição da cabeça e no centro de gravidade, causando uma modificação no plano de oclusão.

De forma complementar, Valentino, Melito (1991) discorreram sobre a relação funcional entre os músculos masseter, temporal anterior, temporal posterior e digástrico com os músculos fibular longo, tibial anterior e gastrocnêmio. Experimentalmente diagnosticou-se que uma modificação do apoio no chão modifica o ciclo mastigatório, e sua correção também.

A posição espacial da cabeça interfere também diretamente na competência das funções alimentares (sucção, mastigação e deglutição), o que se deve à conformação anatômica em cadeia dos elementos ósteo-musculares dessa região. Isto justifica a prevalência alta encontrada neste estudo (66,7%), que relaciona a presença do desvio de cabeça com alterações na mastigação (SILVA et

al., 2004).

Balters (1955) já afirmava que toda anomalia dentofacial vemacompanhada de anomalias de postura. Rocabado (1979) desenvolveu uma análise que presta um grande auxílio na determinação da posição da cabeça em relação à coluna cervical e ao osso hióide. Essa análise verifica: A rotação da cabeça em relação à coluna cervical, sendo que esta rotação pode apresentar-se dentro da normalidade para posterior, havendo uma consequente diminuição do espaço suboccipital, podendo o indivíduo apresentar algias craniofaciais; ou para anterior, com um consequente aumento do espaço suboccipital, podendo o indivíduo apresentar verticalização ou inversão da lordose fisiológica cervical. O espaço funcional entre o osso occipital e a primeira vértebra cervical, o qual, quando fora da normalidade (diminuído ou aumentado), pode implicar tensão muscular e dor local, podendo isso ser resultado da contração inadequada da musculatura de sustentação e mau posicionamento do sistema pescoço, cabeça e cintura escapular.

2.4 Oclusão

A oclusão é a relação do encaixe dos dentes, quando a arcada dental entra em contato com a arcada antagonista, não importando qual seja a posição da mandíbula (STEFANELLO et al., 2006).

Segundo Angle (1899) a dentadura humana normal, em seu todo, inclui, não

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só os maxilares, processo alveolar, arcos dentais, e especialmente dentes e membrana periodontal, que para os dentistas são de extrema importância, uma vez que é sobre eles que executam seus trabalhos, mas também os músculos dos lábios, bochechas, língua e boca, passagens nasais, palato e garganta, pelo fato de concorrerem com os dentes na execução de sua tarefa.

As alterações oclusais podem causar uma desarmonia na organização muscular, comprometendo o equilíbrio postural da cabeça. Os distúrbios oclusais afetam o sistema tônico postural e distúrbios posturais podem modificar o sistema mastigatório, tornando-se um obstáculo para sua correção (LIMA et al., 2004). Na presença de um contato prematuro e um padrão de mastigação unilateral, a mandíbula pode sofrer alteração na sua postura que pode ser compensada com a inclinação do crânio para o lado oposto (SAMPAIO, 2002).

Os pacientes Classe II e Classe III de Angle podem sofrer alterações, se houver influência de outros captores posturais como, por exemplo, os pés e os olhos (RICHARD, 2002). Além disso, as alterações do sistema estomatognático podem provocar desequilíbrios, que se manifestam na conformação e estrutura dos órgãos. O corpo sai do seu eixo, tornando-se suscetível a tropeços, alterações na marcha e quedas (NOGUEIRA et al., 2011).

Gross et al. (1990) observaram em um estudo realizado com crianças às características dentárias, esqueléticas e musculares. Os resultados demonstraram que a postura de boca aberta está associada com arco maxilar estreito e altura facial longa. Observaram ainda que movimentos musculares bucais lentos associados a lábios e língua em posição inadequada e deglutição atípica. Notaram, também, que as crianças que permaneciam de boca aberta durante o repouso apresentavam a língua num plano anteriorizado, em relação aos arcos dentários, sendo que a força da língua que acaba sendo exercida na região dos dentes incisivos anterior pode influenciar resultando numa maloclusão.

3. Discussão

No contexto da análise clínica temos que ter em mente a importância da

avaliação do paciente como um todo, levando em consideração não apenas as questões de origem bucal, ou seja, odontológica, mas passando a ter uma visão muito mais ampla e conjunta do mesmo, analisando além disso, outras questões significativas como, análises comportamentais e posturais que é no caso deste trabalho o nosso maior foco de análise.

A odontologia é uma área da saúde que deve está muito bem conectada com todas as outras, principalmente áreas que indiquem correlação direta e/ou indireta com o Sistema Estomatognático. Dito isto, temos que estar intimamente ligados à fisioterapia como especialidade que pode nos ajudar neste contexto da análise postural.

A análise ou mapeamento da planta do pé conota esta análise, demonstrando por áreas de pressão existentes no scaneamento plantar que realmente há uma relação direta e absolutamente característica de que o lado em que o paciente apresenta alguma alteração oclusal na dentição, corresponderá com uma compensação de força na planta do pé homóloga e desvio postural de coluna, normalmente cervical.

De acordo com McConkey (1991), em qualquer tipo de postura é importante entender a orientação tridimensional da cabeça no espaço, que é dependente de quatro planos: o plano vertical, a linha bipupilar, o plano do sistema vestibular ou o plano óptico, e o plano oclusal. Se qualquer dos três planos horizontais (bipupilar, óptico e oclusal) não estiver horizontal, adaptações de posição serão feitas todo tempo pela coluna vertebral para restabelecer estes planos ao seu nível. Além disso, a alteração postural mais comum relacionada à posição oclusal dentária é a cabeça projetada para frente.

Solo; Sonnesen (1998) encontraram pequenas associações entre anomalias de oclusão sagital, vertical ou transversal e postura da cabeça e pescoço em um grupo de crianças leucodermas selecionadas para tratamento ortodôntico. Pacientes com oclusão distal bilateral (Classe II de Angle) tiveram o ângulo crânio-cervical menor e o cervico-horizontal maior comparativamente a pacientes sem este tipo de má-oclusão.

Para Rosa et al. (2008) observaram que 75% dos indivíduos com maloclusão

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Classe II possuíam aumento dos valores da lordose lombar considerada normal. Já para os pacientes com maloclusão Classe III, os resultados encontrados mostraram que 100% estavam dentro da faixa de normalidade, o que discorda de Bricot (1999) e Martins (2003) que relatam a planificação da lordose lombar para a maloclusão de Classe III.

Para a lordose cervical, Martins (2003) e D’Attilio et al. (2004) relataram aumento do valor para indivíduos com maloclusão Classe II. Os achados deste estudo discordaram do apresentado pelos autores, pois se verificou que a média dos valores para lordose cervical estava dentro da faixa de normalidade, ou seja, entre 6 e 8 cm (CHARRIÈRE, 1987; BRICOT, 1999; KRAKAUER, 2000).

Os desequilíbrios posturais afetam aproximadamente 90% da população. Todos nós somos pertencentes a uma das classes de Angle e, dependendo desta classe, estamos sujeitos a um tipo de desequilíbrio (STEFANELLO et al.,

2006).

Sabe-se que há influência direta da oclusão no padrão mastigatório, e ainda não se tem conhecimento muito aprofundado da variação da contração muscular ocorrida durante a trituração de alimentos naturais (MUÑOZ et al., 2004).

4. Conclusão

Este estudo evidencia a inter-relação entre a oclusão e a posição postural do indivíduo que pode sofrer alterações biomecânicas decorrentes de modificações no sistema estomatognático podendo afetar as estruturas adjacentes.

Alguns aspectos importantes da influência da oclusão na postura corporal, assim como as alterações causadas na oclusão provenientes de desarmonias do sistema tônico-postural. Percebe-se, então, a necessidade de o cirurgião-dentista saber diagnosticar a causa dos desequilíbrios oclusivos e o que estes podem ocasionar na postura corporal.

A postura do indivíduo é resultado dos seus aspectos físicos, químicos e emocionais, sendo que a intervenção em qualquer um destes pode afetar diretamente os restantes. Observa-se, então, a necessidade do conhecimento sistêmico do organismo para avaliar se a extensão de qualquer tratamento.

O dentista, sendo um profissional da área da saúde, deve saber identificar desequilíbrios posturais e a respectiva sintomatologia, provenientes do aparelho estomatognático, assim como qualquer desequilíbrio do sistema estomatognático proveniente de qualquer outra desarmonia nas cadeias musculares em outras áreas do corpo.

Um tratamento protético ou ortodôntico, para ser corretamente realizado, deve ter seu planejamento feito de acordo com as considerações já relatadas, ou seja: esse tratamento deve ser realizado visando a restabelecer um adequado posicionamento dos côndilos e da mandíbula, podendo assim proporcionar ao paciente a possibilidade de o restante do corpo ficar em equilíbrio postural.

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