• Nenhum resultado encontrado

A ORDEM BORAGINALES JUSS. EX BERCHT. & J.PRESL NA ECORREGIÃO RASO DA CATARINA, BAHIA, BRASIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A ORDEM BORAGINALES JUSS. EX BERCHT. & J.PRESL NA ECORREGIÃO RASO DA CATARINA, BAHIA, BRASIL"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

A ORDEM BORAGINALES JUSS. EX BERCHT. & J.PRESL NA

ECORREGIÃO RASO DA CATARINA, BAHIA, BRASIL

Diego Daltro Vieira

1

; José Iranildo Miranda de Melo

2

;

Adilva de Souza Conceição

1

1 Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VIII - Paulo Afonso, Bahia, Brasil. Departamento de

Educação. Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal, Herbário HUNEB (Coleção Paulo Afonso). Email: adilva.souza@gmail.com.

2 Universidade Estadual da Paraíba. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Biologia -

Campina Grande, Paraíba, Brasil.

Resumo

O Raso da Catarina é uma das oito Ecorregiões reconhecidas para a caatinga, apresenta clima, geomorfologia e vegetação peculiares, sendo considerada uma área de importância biológica de alta relevância, e por isso prioritária para conservação. Foram analisados espécimes coletados no período de março/2009 a julho/2013, as analises foram complementadas com coleções dos herbários: ALCB, IPA, HRB, HST, HTSA, HUEFS, HVASF, PEUFR e UFP. Foram registradas duas famílias, cinco gêneros e 16 espécies. Cordiaceae foi representada pelos gêneros Cordia L. [C. glabrata (Mart.) A.DC., C. rufescens A.DC., C. superba Cham. e C. trichotoma (Vell.) Arráb.

ex Steud.] e Varronia P.Browne [V. curassavica Jacq., V. globosa Jacq., V. leucocephala (Moric.)

J.S.Mill. e V. leucomalloides (Taroda) J.S.Mill.] e Heliotropiaceae com os gêneros Euploca Nutt. [E. paradoxa (Mart.) J.I.M.Melo & Semir e E. procumbens (Mill.) Diane & Hilger], Heliotropium L. [H. angiospermum Murray, H. elongatum (Lehm.) I.M.Johnst. e H. indicum L.] e Tournefortia L. [T. candidula (Miers) I.M.Johnst., T. rubicunda Salzm. ex DC. e T. salzmannii DC.]. São apresentadas descrições e comentários sobre morfologia e taxonomia das espécies estudadas. Palavra-chave: Florística; Taxonomia; Semiárido; Caatinga; Diversidade.

Introdução

Boraginales reúne aproximadamente 130 gêneros e 2.700 espécies, compreendendo as famílias Boraginaceae sensu stricto, Heliotropiaceae, Cordiaceae, Hydrophyllaceae sensu stricto e Ehretiaceae, incluindo Lennoaceae. Seus representantes estão distribuídos nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas do mundo, com centros de diversidade na América Central e as regiões 8noroeste e central da América do Sul, leste da Ásia e nos habitats mediterrâneos do Velho e do Novo Mundo (AL-SHEHBAZ, 1991, GOTTSCHLING, 2003). No Brasil, a ordem possui quatro famílias, dez gêneros e 129 espécies. Para a caatinga, com base na lista de espécies da flora do Brasil (MELO et al., 2013), foram registradas duas famílias, seis gêneros e 45 espécies para Boraginaceae sensu lato. Gürke (1893) subdividiu Boraginaceae sensu lato em quatro subfamílias: Boraginoideae, Cordioideae, Ehretioideae e Heliotropioideae, tratamento tradicional, adotado por muitos estudiosos do grupo. No entanto, estudos filogenéticos utilizando dados morfológicos e moleculares mostram que Boraginaceae s.l. não constitui um grupo monofilético, sendo necessária a elevação das subfamílias ao nível de famílias e inclusão de Hydrophyllaceae

s.s. e Lennoaceae, para o reconhecimento de Boraginales como grupo natural (BÖHLE; HILGER,

(2)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

Apesar da existência de estudos sobre Boraginales para o semiárido do Nordeste, trabalhos específicos para o estado da Bahia são escassos. O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento das espécies da ordem na Ecorregião Raso da Catarina, visando contribuir para o conhecimento da flora do semiárido do estado da Bahia, bem como, fornecer subsídios para o desenvolvimento dos planos de manejos das unidades de conservação existentes na Ecorregião. Metodologia

A Ecorregião Raso da Catarina possui 30.800 km2, é uma bacia de solos muito arenosos, profundos e pouco férteis, de relevo muito plano, mas com canyons na parte Oeste (formados por afloramentos de arenito). O clima é semiárido, existe pouca água de superfície, exceto nas áreas dos canyons e a vegetação predominante é a caatinga (VELLOSO et al., 2002). As expedições foram concentradas nas unidades de conservação, presentes na parte Sul da Ecorregião (Bahia): APA Serra Branca (09º53'15,5" a 09º44'34,6"S e 38º49'36,1" a 38º52'20,4"O); Estação Biológica de Canudos (09º55'58,6" a 09º58'25,2"S e 38º57'32,2" a 39º1'38,5"O); Estação Ecológica Raso da Catatina (09º33'13" a 09º54'30"S e 38º29'20" a 38º44'00"O); Parque Estadual de Canudos (09º56'19,7" a 09º54'32,4"S e 39º06'13,3" a 39º04'20,5"O) e RPPN Fazenda Flor de Lis (10º50'14,1" a 10º50'26,4"S e 38º31'46,4" a 38º31'34,7"O). As coletas foram realizadas no período entre março de 2009 a julho de 2013, seguindo a metodologia de Fosberg; Sachet (1965) e Mori et al. (1989). Informações foram complementadas pela análise de espécimes depositados nos herbários: ALCB, IPA, HRB, HST, HTSA, HUEFS, HVASF, PEUFR e UFP. Os especímes foram depositados no herbário da Universidade do Estado da Bahia (HUNEB – Coleção Paulo Afonso) e as duplicatas enviadas para os principais herbários do estado da Bahia.

Resultados e Discussão

Na Ecorregião Raso da Catarina, Bahia foram encontradas duas famílias, cinco gêneros e 16 espécies. Cordiaceae R.Br. ex Dumort., compreende os gêneros Coldenia (monoespecífico),

Cordia L. (ca. 250 espécies) e Varronia P.Browne (ca. 100 espécies). Seus representantes

distribuem-se nas regiões tropicais e subtropicais, sendo geralmente encontradas no Novo Mundo, com centros de diversidade na América Central e norte da América do Sul, com poucas espécies nas regiões temperadas. A família teve seu monofiletismo sustentado em dados moleculares e pelos seguintes caracteres morfológicos: endocarpo não dividido, quatro lobos estigmáticos e cotilédones plicados (GOTTSCHLING, 2003; MILLER; GOTTSCHLING, 2007). Na área de estudo a família está representada pelos gêneros Cordia e Varronia, e as seguintes espécies:

Cordia glabrata (Mart.) A.DC. – Árvore, 4–6 m. Folha com lâmina 6,2–15,5 × 4,5–14

cm, semicoriácea a coriácea, discolor, oval a orbicular, ápice agudo a arredondado, margem inteira, base obtusa, truncada a subcordada. Inflorescência 4–15 cm compr., panícula, terminal e internodal, laxa a congesta. Flores 2,5–3,5 cm compr., sésseis; cálice tubular; corola salverforme. Drupa ca. 0,7 × 3–4,2 mm, ovoide, marrom, glabra a pubescente. Assemelha-se à C. trichotoma, podendo ser diferenciada por apresentar lâmina foliar oval a orbicular, tricomas simples (vs. oval, oboval a elíptica, tricomas estrelados em C. trichotoma), flores 2,5–3,5 cm (vs. 1,4–1,9 cm), lobos da corola orbiculares e ápice obtuso a arredondado (vs. oblongos e ápice subtruncado).

Cordia rufescens A.DC. – Subarbusto ou arbusto, 0,6–2 m. Folha com lâmina 4–16,5 ×

2,5–8,2 cm, semicoriácea, discolor, oval, elíptica a oboval, ápice agudo a arredondado, margem inteira ou crenada a denteada na porção apical, base cuneada, Inflorescência 4–8 cm compr., panícula de ramos helicoidais, terminal, laxa. Flores 3,5–5 cm compr., sésseis; cálice

(3)

tubular-V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

campanulado; corola infundibuliforme. Drupa 1,6–2 × 1–1,5 cm, ovoide, ápice apiculado, verde quando jovem, creme a amarelada quando madura, glabra. Assemelha-se à Cordia superba, contudo, apresenta ramos geralmente rufos, glabros, vilosos a tomentosos (vs. castanhos a marrons, escabros a estrigosos em C. superba), lâmina foliar crenada a denteada na porção apical (vs. levemente denteada na porção apical), folhas com face abaxial tomentosa (vs. pubérula a glabrescente, hispídula a estrigosa nas nervuras) e cálice rufo, externamente tomentoso (vs. castanho a verde-vináceo, externamente escabro).

Cordia superba Cham. – Arbusto ou arvoreta, 1,5–4 m. Folha com lâmina 4–17,5 × 2,2–

7,5 cm, semicoriácea, discolor, elíptica a oboval, ápice agudo a acuminado ou arredondado, margem inteira ou levemente denteada na porção apical, base cuneada, obtusa ou oblíqua. Inflorescência 5–9 cm compr., panícula de ramos helicoidais, terminal, laxa. Flores 3,5–5,5 cm compr., subsésseis; cálice tubular-campanulado; corola infundibuliforme. Drupa imatura ca. 1,6 × 1,2 cm, ovoide, ápice apiculado, verde, glabra. Morfologicamente semelhante à Cordia rufescens, entretanto, pode ser facilmente diferenciada pela cor e indumento dos ramos, indumento e forma da lâmina foliar e indumento e cor do cálice (ver comentários em C. rufescens).

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. – Árvore, 4–10 m. Folha com lâmina 3–12,7 ×

1,2–4,5 cm, cartácea a semicoriácea, discolor, oval, oboval a elíptica, ápice agudo a acuminado, margem inteira, base cuneada, raramente arredondada ou obliqua. Inflorescência 3–15 cm compr., panícula, terminal, laxa a congesta. Flores 1,4–1,9 cm compr., subsésseis; cálice tubular; corola hipocrateriforme. Drupa 0,5–0,7 × 2,5–3,2 mm, subcilíndrico, marrom, glabra. Pode ser reconhecida por possuir lâmina foliar oval, oboval a elíptica, tricomas estrelados, flores 1,4–1,9 cm, lobos da corola oblongos e ápice subtruncado.

Varronia curassavica Jacq. – Arbusto, 1,5–3,5 m. Folha com lâmina 1,5–9 × 0,5–3 cm,

cartácea, discolor, lanceolada, ápice agudo, margem serreada, base atenuada. Inflorescência 1,7– 10,5 cm compr., espiciforme, terminal e internodal, congesta. Flores 4–7 mm compr., sésseis; cálice campanulado; corola infundibuliforme a salverforme. Drupa 4–7 × 4–6 mm, ovoide, verde quando jovem, vermelha quando madura, glabra. Seguramente reconhecida por apresentar hábito arbustivo, ereto, subescandente a escandente, lâmina foliar com base atenuada, inflorescências espiciformes, lacínios do cálice oval-lanceolados com ápice trulado e corola infundibuliforme a salverforme.

Varronia globosa Jacq. – Arbusto, 1,5–4 m. Folha com lâmina 1,5–6,2 × 0,6–2,7 cm,

cartácea, discolor, oval a lanceolada, ápice agudo, margem serreada, base cuneada a truncada. Inflorescência 1–2,4 cm compr., glomérulo-globosa, terminal e internodal, congesta. Flores 4–9 mm compr., sésseis; cálice campanulado; corola infundibuliforme. Drupa 3,5–6 × 2–4,5 mm, globosa, verde quando jovem, vermelha quando madura, glabra. Compartilha características com

V. leucocephala e V. leucomalloides, sendo hábito arbustivo, inflorescência glomérulo-globosa,

cálice campanulado e corola infundibuliforme, os caracteres morfológicos mais semelhantes a estas espécies. Entretanto, V. globosa pode ser diferenciada das duas espécies, pelos ramos escabros a estrigosos (vs. velutinos entremeados por tricomas maiores hirsutos em V.

leucocephala e hirsutos entremeados por tricomas menores flocosos ou densamente flocosos em V. leucomalloides), inflorescência terminal e internodal (vs. terminal e terminal e axilar), e pelo

cálice com lacínios de ápice filiforme (vs. agudo e mucronado).

Varronia leucocephala (Moric.) J.S.Mill. – Arbusto, 1–2,5 m. Folha com lâmina 2,2–9 ×

0,6–4,5 cm, cartácea, discolor, oval, elíptica a oval-lanceolada, ápice agudo, margem serreada, base cuneada a obtusa. Inflorescência 2,8–4 cm compr., glomérulo-globosa, terminal, congesta.

(4)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

Flores 2,4–3,5 cm compr., sésseis; cálice campanulado; corola infundibuliforme. Drupa 3–5 × 2– 2,8 mm, ovoide, verde quando jovem, vermelha quando madura, glabra. Reconhecida pelos ramos velutinos entremeados por tricomas maiores hirsutos, inflorescência terminal, flores portando cálice com lacínios de ápice agudo e corola com 20–35 mm.

Varronia leucomalloides (Taroda) J.S.Mill. – Arbusto, 1–2 m. Folha com lâmina 1,5–5 ×

0,6–2 cm, cartácea, discolor, elíptica, oval a lanceolada, ápice agudo a cuneado, margem serreada, base cuneada a obtusa, levemente assimétrica. Inflorescência 0,8–1 cm compr., glomérulo-globosa, terminal e axilar, congesta. Flores 4–6 mm compr., sésseis; cálice campanulado; corola infundibuliforme. Drupa 3,5–4 × 2,8–3,2 mm, subgloboso, verde quando jovem, vermelha quando madura, glabra. Facilmente identificada pela inflorescência terminal e axilar, cálice com lacínios de ápice mucronado e pelo indumento flocoso presente nos ramos, folhas e cálice.

Heliotropiaceae Schrad., compreende os gêneros Euploca Nutt. (ca. 100 espécies),

Heliotropium L. (ca. 200 espécies), Ixhorea Fenzl (monoespecífico, restrito à Argentina), Myriopus Small (ca. 20 espécies) e Tournefortia L. (ca. 100 espécies). Seus representantes estão

distribuídos nas zonas tropicais e subtropicais de todos os continentes, sendo mais diversificados em habitats sazonalmente secos. O monofiletismo da família é sustentado com base em dados moleculares, bem como, pelo complexo estigma cônico, sinapomorfia morfológica única dentro de Boraginales (DIANE et al., 2004; HILGER; DIANE, 2003). Na área de estudo foram encontrados os gêneros Euploca, Heliotropium e Tournefortia, e as seguintes espécies:

Euploca paradoxa (Mart.) J.I.M.Melo & Semir – Erva ou subarbusto, 10–15 cm. Folha

com lâmina 0,3–1,2 × 0,1–0,4 cm, cartácea a semicrassa, concolor, lanceolada, ápice agudo, margem inteira, base atenuada. Flores 0,8–1,2 mm compr., solitárias, axilares, pediceladas, bracteadas; cálice lobado; corola campanulada. Esquizocarpo 3–4 × 2–3 mm, depresso-piriforme, ápice aristado, verde, pubescente a estrigoso, 4 núculas com 1 semente cada. Pode ser reconhecida na área de estudo por apresentar lâmina foliar lanceolada, flores solitárias, pediceladas, bracteadas, corola inteiramente amarela, lobos alternados por apêndices e pelo fruto depresso-piriforme, pubescente a estrigoso.

Euploca procumbens (Mill.) Diane & Hilger – Erva ou subarbusto, 10–30 cm. Folha com

lâmina 0,8–3,2 × 0,5–1,5 cm, semicrassa, concolor a levemente discolor, elíptica a oboval, ápice agudo a obtuso, mucronado, margem inteira, base atenuada. Inflorescência 0,8–6 cm compr., escorpioide, terminal e axilar, congesta. Flores 2–3 mm compr., subsésseis, ebracteadas; cálice lobado; corola tubular. Esquizocarpo 1,2–2 × 1–1,8 mm, subgloboso, verde, seríceo, 4 núculas com 1 semente cada. A espécie é facilmente reconhecida na área de estudo, por apresentar lâmina foliar elíptica a oboval, flores reunidas em inflorescência, subsésseis, ebracteadas, corola alva com fauce amarela, lobos não alternados por apêndices e pelo fruto subgloboso, seríceo.

Heliotropium angiospermum Murray – Erva ou subarbusto, 15–30 cm. Folha com lâmina

2,2–9 × 1,2–4,4 cm, membranácea, discolor, oval a elíptica, ápice agudo a acuminado, margem inteira, ciliada, base atenuada. Inflorescência 2,6–16 cm compr., escorpioide, falsamente terminal e axilar, laxa a congesta. Flores 3–4 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola obcampanulada. Esquizocarpo 2–3,2 × 2–3 mm, depresso-globoso, verde, verruculoso. Pode ser reconhecida, por possuir ramos escabros a estrigosos, pecíolo sem alas, corola obcampanulada, estigma largamente cônico e fruto depresso-globoso de superfície verruculosa.

Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M.Johnst. – Erva ou subarbusto, 20–70 cm. Folha com

lâmina 2,5–6 × 1,5–4 cm, membranácea, discolor, oval a deltoide, ápice agudo, margem irregular, base assimétrica, atenuada ou truncada. Inflorescência 2–14 cm compr., escorpioide, falsamente

(5)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

terminal e axilar, congesta. Flores 4–7 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola hipocrateriforme. Esquizocarpo 3,5–4,5 × 3–4 mm, mitriforme, verde, costado, glabro ou híspido, núculas justapostas, ápice levemente denteado. Pode ser confundida na área de estudo com H. indicum, pois ambas apresentam hábito herbáceo a subarbustivo, ereto a decumbente, ramos angulosos, fistulosos, estrigosos a hirsutos, pecíolo alado, tricomas aciculiformes nas folhas e flores, e fruto mitriforme, costado. Podendo a primeira espécie ser diferenciada por apresentar lâmina foliar bulada na face adaxial (vs. plana em H. indicum), estigma clavado (vs. subcapitado), e pelo fruto com núculas justapostas (vs. divergentes).

Heliotropium indicum L. – Erva ou subarbusto, 30–60 cm. Folha com lâmina 2,6–11,6 ×

1,5–6,5 cm, membranácea, discolor, oval, deltoide a rômbica, ápice agudo a acuminado, margem inteira ou irregular, base assimétrica estreitando-se para o pecíolo ou truncada. Inflorescência 2,5– 20 cm compr., escorpioide, terminal e axilar, congesta apenas no ápice. Flores 4–6 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola hipocrateriforme. Esquizocarpo 3–4 × 3,5–4,2 mm, mitriforme, verde, costado, glabro, núculas divergentes, ápice fortemente denteado. Morfologicamente semelhante à H. elongatum, por ambas apresentarem pecíolos alados. No entanto, H. indicum pode ser diferenciada por apresentar lâmina foliar plana na face adaxial, estigma subcapitado e, sobretudo, pelo fruto com núculas divergentes.

Tournefortia candidula (Miers) I.M.Johnst. – Arbusto, 1,2–1,7 m. Folha com lâmina 1,9–

7,5 × 1–5 cm, cartácea, discolor, oval, ápice agudo a cuspidado, margem inteira, base arredondada. Inflorescência 2–7,5 cm compr., escorpioide, com ramos secundifloros, reunidos em panículas, terminais, congestas, piramidais. Flores 5–6 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola tubular. Drupa 3–4,5 × 5–7 mm, pirênios 4, subglobosa, verde quando jovem, alva com 4 manchas esféricas negras, quando madura, vilosa a tomentosa. Facilmente diferenciada pelos ramos cinéreos a esbranquiçados, desprovidos de lenticelas, inflorescências congestas, piramidais, flores com cálice verde-cinéreo e corola alva a verde-cinérea, ambos densamente vilosos, bem como, pela drupa vilosa a tomentosa.

Tournefortia rubicunda Salzm. ex DC. – Arbusto, 1,5–2 m. Folha com lâmina 2,5–10,5 ×

0,8–4 cm, membranácea, discolor, oval a lanceolada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, base aguda a obtusa, por vezes obliqua. Inflorescência 2–6 cm compr., escorpioide, com ramos secundifloros, reunidos em panículas, terminais e internodais, laxas, nunca piramidais. Flores ca. 5 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola tubular. Drupa 3–5 × 2–4 mm, pirênios 4, subglobosa, verde quando jovem, amarela, alaranjada ou vermelha quando madura, glabra a hirsuta. Reconhecida pelo hábito arbustivo, formando touceiras, ramos cilíndricos com lenticelas esbranquiçadas, tricomas foliares com base acentuadamente discoide, ovário obclavado e estigma cônico-triangular curto.

Tournefortia salzmannii DC. – Arbusto, 2–3,5 m. Folha com lâmina 2,5–7,5 × 1–4,5 cm,

membranácea, discolor, oval a elíptica, ápice agudo a acuminado, margem inteira, base arredondada. Inflorescência 1,5–14 cm compr., escorpioide, com ramos secundifloros, reunidos em panículas, terminais e internodais, laxas, nunca piramidais. Flores 3,5–5 mm compr., sésseis; cálice lobado; corola tubular. Drupa 3–4,5 × 3–5 mm, pirênios 4, globosa, imatura verde, madura alaranjada a avermelhada ou raramente alva apresentando 4 manchas esféricas negras, correspondente as sementes, glabra. Reconhecida na área pelo hábito arbustivo, decumbente ou escandente, ramos subcilíndricos com lenticelas amarronzadas, tricomas foliares com base nunca discoide, ovário cônico-piramidal e estigma cônico-triangular alongado.

(6)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

Conclusões

Na Ecorregião Raso da Catarina a ordem Boraginales está representada por duas famílias, cinco gêneros e 16 espécies. Os gêneros Cordia e Varronia com quatro espécies cada foram os mais representativos. As espécies mais comumente encontradas foram Cordia glabrata, Varronia

globosa, Varronia leucocephala, Euploca procumbens, Heliotropium angiospermum e Heliotropium elongatum, associadas aos solos arenosos. Cordia superba e C. trichotoma

encontradas em ambientes mais úmidos, Euploca paradoxa coletada nas margens do rio São Francisco e, Varronia leucomalloides ocorrendo em caatinga hiperxerófita, e áreas de contato entre caatinga e cerrado, foram às espécies mais restritas na área. Os caracteres morfológicos mais relevantes para o reconhecimento e separação das famílias, gêneros e espécies pertencentes à Boraginales na área de estudo foram o hábito, a arquitetura da inflorescência, o número de estigmas, tipos de tricomas, fusão das anteras ou não, forma das folhas, cálice e lobos da corola, o tipo de fruto e o número de sementes por fruto ou, com relação aos frutos esquizocárpicos (Euploca e Heliotropium), as unidades de dispersão.

Referências

AL-SHEBAZ, I. A. The genera of Boraginaceae in the southeastern United States. Journal of the Arnold Arboretum, Lawrence, v. 1, p. 1-169, 1991.

BÖHLE, U.R.; HILGER, H.H. Chloroplast DNA systematics of “Boraginaceae” and related families: a goodbye to the old familiar concept of 5 subfamilies. Scripta Botanica Bélgica, Bruxelles, v. 15, p. 30, 1997.

DIANE, N.; FÖRTHER, H.; HILGER H. H.; WEIGEND, M. Heliotropiaceae Schrad. In: KUBITZKI, K (ed.). Families and Genera of the Flowering Plants. Berlin: Springer, 2004. p. 62-70.

FOSBERG, F. R.; SACHET, M. H. Manual for tropical herbaria. Netherlands: Utrecht, 1965. 132p.

GOTTSCHLING, M. Phylogenetic analysis of selected Boraginales. 2003. 101 f. Thesis (PhD in Biology) – Freie Universität, Berlin, 2003.

GOTTSCHLING, M.; HILGER, H. H.; WOLF, M.; DIANE, N. Secondary structure of the ITS1 transcription and its application in a reconstruction of the phylogeny of Boraginales. Plant Biology, Dundee, v. 3, p. 629-636, 2001.

GÜRKE, M. Borraginaceae. In: ENGLER, A.; PRANTL, K. (ed.). Die natürlichen Pflanzenfamilien. Leipzig: Wilhelm Engelmann, v. 4, p. 71-131, 1893.

HILGER, H. H.; DIANE, N. A systematics analysis of Heliotropiaceae (Boraginales) based on

trnL and ITS1 sequence data. Botanische Jahrbürcher für Systematik, Sttutgart, v. 125, p. 1-33,

(7)

V Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento. -Novos olhares sobre o semiárido-

MELO, J. I. M.; SILVA, L. C.; STAPF, M. N. S.; RANGA, N. T. 2013. Boraginaceae. In: FORZZA, R. C. et al. (org.). Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000064>. Acesso em: 09 jul. 2013.

MILLER, J. S.; GOTTSCHLING, M. Generic classification in the Cordiaceae (Boraginales): resurrection of the genus Varronia P.Br. Taxon, Vienna, v. 56, n. 1, p. 163-169, 2007.

MORI, S. A.; SILVA, L. A. M.; LISBOA, G.; CORADIN, L. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2 ed. Itabuna: Centro de Pesquisas do Cacau, 1989. 104 p.

VELLOSO, A. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; PAREYN, F. G. C. Ecorregiões propostas para o bioma Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2002. 80 p.

Referências

Documentos relacionados

a Imagem da Empresa: 94% está satisfeito com a importância para a sociedade e a satisfação de fazer parte dos Correios; 6% ficou neutro e nenhum se demonstrou insatisfeito;

Tal pesquisa retomou “[...] estudos anteriores sobre a produção dos mestres e doutores, vinculados a Instituições de Ensino Superior que atuam na região nordeste, estados de

À luz do problema a que nos alude Latour, queremos considerar que, ao nos dedicarmos a pensar e problematizar este lugar no qual o mundo, de algum modo, nos é dado a

Deste modo, o concurso previu: estabelecer a relação do castelo com o jardim ; promover a relação com o restaurante, a Marktplatz (praça no centro da cidade)

A significância dos efeitos genéticos aditivos e dos efeitos da interação, envolvendo os qua- tro testes de progênies foi avaliada pela análise de LTR, que foi significativa para

Para análise do contin- gente de pessoas fora do mer- cado de trabalho com depres- são, o IBGE levou em con- sideração a população com mais de 18 anos de idade, que não

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

Sabendo que é através da história que estes alunos poderão aprender sobre os mais variados aspectos da vida cotidiana, parece-nos conveniente analisar a atuação do