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O PROJETO PARA PRODUÇÃO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A MELHORIA DA GESTÃO DE PERDA E CONSUMO DE MATERIAIS 1

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III Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído VI Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção Campinas, São Paulo, Brasil, 24 a 26 de julho de 2013

O PROJETO PARA PRODUÇÃO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO

COMO FERRAMENTA PARA A MELHORIA DA GESTÃO DE PERDA

E CONSUMO DE MATERIAIS

1 Suenne Andressa Correia Pinho

Universidade de Pernambuco, UPE sacp_pec@poli.br

Alberto Casado Lordsleem Júnior

Universidade de Pernambuco, UPE acasado@poli.br

Silvio Burrattino Melhado

Universidade de São Paulo, USP silvio.melhado@poli.usp.br

RESUMO

Este artigo apresenta uma análise comparativa a partir pesquisa descritiva de estudo de caso realizada em 02 edifícios de múltiplos pavimentos da cidade do Recife/PE, através da qual foi possível quantificar as perdas de blocos e de argamassa industrializada, bem como consumo desta, visando avaliar a racionalização construtiva alcançada pela implantação do Projeto para Produção da Alvenaria de Vedação (PPAV). A metodologia da pesquisa contemplou a definição dos métodos de apropriação de informações, realização da coleta de dados e análise dos resultados com base nas práticas de racionalização construtiva. Dentre os resultados obtidos, pôde-se constatar perdas médias de blocos de até 16,5%, consumo de argamassa de até 36,3 Kg/m² e custos das perdas da alvenaria que alcançam 0,89% de custo total da obra. Neste contexto, esta pesquisa permitiu a identificação dos elementos do PPAV potencialmente influenciadores das perdas/sobreconsumo de blocos e argamassa e os benefícios alcançados pela implantação do PPAV. A partir destes resultados foi possível identificar que a paginação e modulação da alvenaria, o uso da família de blocos e blocos elétricos, o embutimento das instalações e o uso de ferramentas e equipamentos adequados são alguns dos aspectos definidos no PPAV que podem auxiliar para redução dos desperdícios.

Palavras-chave: Projeto de alvenaria. Racionalização construtiva. Desperdício.

ABSTRACT

This article presents a comparative analysis of descriptive case study performed in 02 buildings of multiple floors in Recife / PE, through which it was possible to quantify the losses of blocks and industrialized mortar, as well as the consumption of the latter one, intending to evaluate the constructive rationalization reached by the implementation of PPAV – Project to the Production of Sealing Masonry. The methodology of the research included the definition of the methods of how to appropriate the information, the collection of the data and the

1 PINHO, S. A. C.; LORDSLEEM Jr., A. C.; MELHADO, S.B. O projeto para produção da alvenaria de

vedação como ferramenta para a melhoria da gestão de perda e consumo de materiais. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 3., 2013, Campinas. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2013.

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analysis of the results based on the practices of constructive rationalization. Among the results, it could be seen average losses of blocks up to 16.5%, consumption of mortar up to 36.3 kg / m² and cost of losses of masonry reaching 0.89% of the total cost of the construction. Within this context, this research has allowed the identification of which elements of PPAV were potentially influencing losses/overconsumption of blocks and mortar and the benefits achieved by the implementation of PPAV. Due to these results it was possible to identify that the pagination and modulation of masonry, the use of a family of blocks and electrical blocks, the inlay of installations and the use of appropriate tools and equipments are some of the aspects defined in PPAV that may help to reduce the waste.

Keywords: Design of masonry. Constructive rationalization. Waste.

1 INTRODUÇÃO

No âmbito nacional, a indústria da construção civil tem sido bastante representativa na economia, isto pode ser observado através da sua representatividade no crescimento Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Indicadores apontam o crescimento do mercado da construção civil em 2011: o Produto Interno Bruto (PIB) da construção obteve aumento 3,6% em relação ao ano de 2010, sendo superior ao aumento do PIB nacional que obteve um aumento de 2,7% (IBGE, 2012); o Índice de Velocidade de Vendas - IVV do grande Recife teve, em 2010, uma média superior a 14,0% (FIEPE, 2012); o crescimento do crédito imobiliário de 42% (ABECIP, 2012), investimento equivalente a 79,9 bilhões de reais, um recorde histórico.

Este é o cenário atual onde as empresas de construção estão inseridas, no qual o acirramento da competição está ainda associado à obrigação vital de atendimento às legítimas exigências dos clientes externos e internos. Particularmente, várias empresas vêm buscando atender aos anseios dos diversos agentes participantes do empreendimento através da racionalização da alvenaria.

Oliveira e Melhado (2006) ainda ressaltam que a fase de projeto “apresenta as maiores oportunidades de intervenção e agregação de valores ao empreendimento”. A ausência de planejamento durante a fase de projeto e fiscalização durante a sua execução pode acarretar inúmeros problemas, principalmente, o investimento desnecessário em material, mão-de-obra e tempo. Isto faz com que a racionalização construtiva, implementada desde a concepção da edificação, seja um elemento diferencial na estratégia das empresas para sobrevivência neste cenário competitivo em que se encontra o mercado.

As paredes de alvenaria são os elementos mais frequentemente empregados no processo construtivo tradicional brasileiro, sendo responsáveis por parcela expressiva do desperdício em obras de edificação. Esses desperdícios contribuem com o aumento da degradação ao meio ambiente e implicam em prejuízos financeiros com a diminuição dos lucros, seja para quem empreende, constrói ou comercializa, seja para quem adquire o produto, ou seja, o consumidor final, que paga pela ineficiência dos envolvidos no processo de construção (PALIARI; SOUZA, 2006).

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Sousa (2009) cita que o Projeto para Produção de Vedação Vertical em Alvenaria é um importante elemento para interação projeto-obra, podendo evitar falhas decorrentes de decisões tomadas no canteiro de obras.

Agopyan et al. (1998) apresentam uma pesquisa realizada em canteiros de 12 estados brasileiros, onde foram obtidos indicadores de perdas de blocos variando entre 3 e 48% com média de 16,8% e indicadores de perdas de argamassa industrializada com média de 115%. Em uma outra pesquisa realizada por Siqueira (2006), envolvendo 04 canteiros de obras da cidade de Recife/PE foram obtidos indicadores de perdas de tijolos cerâmicos que variaram entre 9,3 e 17%, com média de 13,9%.

Silva (2012) relata a comparação das perdas de blocos de concreto e argamassa industrializada em dois edifícios construídos no mesmo canteiro de obras, sendo o primeiro executado sem Projeto para Produção da Alvenaria de Vedação (PPAV) e segundo com o PPAV. Esta pesquisa relata que o desperdício no segundo edifício foi reduzido em 15,3% para blocos e 10,4% para argamassa, resultando na economia de 3,1% da alvenaria.

Por outro lado, a alvenaria de vedação é uma das principais responsáveis pelo desempenho de um edifício, por, normalmente, constituir a maior parcela da envoltória exterior. Além disso, possui uma estreita relação com revestimentos, instalações, impermeabilizações, esquadrias e estrutura, influenciando de 20 a 40% do custo total da obra (BARROS, 1998).

O contexto apresentado ressalta a importância do monitoramento dos indicadores de perdas da alvenaria de vedação, a fim de contribuir para a melhoria da qualidade da obra e do resultado do empreendimento.

2 OBJETIVO

Avaliar a racionalização construtiva alcançada pela implantação do Projeto para Produção da Alvenaria de Vedação (PPAV) através da análise comparativa entre 02 obras (uma com e outra sem o PPAV), onde foram coletados os indicadores de perda e consumo, visando atestar os benefícios resultantes da sua implantação.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Para a consecução desta pesquisa 04 etapas foram contempladas, que estão listadas e descritas a seguir: 1) realização de pesquisa bibliográfica relativa ao assunto; 2) definição do método de apropriação de perdas de blocos e argamassa de assentamento (industrializada); 3) realização da coleta de dados em 02 obras distintas, sendo o PPAV presente em apenas uma delas, buscando a identificação das principais causas de origem das perdas de materiais e componentes; 4) avaliação dos resultados e análise comparativa entre as obras, visando identificar os elementos do PPAV potencialmente influenciadores dos resultados e os benefícios alcançados pela sua implantação.

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3.1 Método de cálculo

No Quadro 1 são descritos os métodos propostos por Agopyan et al (1998) utilizados para o cálculo das perdas de tijolos/blocos, bem como perdas e consumo unitário de argamassa industrializada.

Quadro 1- Métodode cálculo dos indicadores.

Indicador Fórmula de cálculo Descrição

Consumo unitário de

materiais QS C

CUM = real CUM = Consumo Unitário de Materiais;

Creal = Consumo real, quantidade de material utilizado;

QS = Quantidade de Serviço realizado. Índice de perdas ( )% ×100 − = ref ref real C C C

IP IP (%) = Índice de Perdas; Cref = Consumo de referência, representado pela

quantidade de material teoricamente necessária.

Fonte: Elaborado pelos autores 3.2 Caracterização das construtoras e obras do estudo

Com o objetivo de avaliar os desperdícios ocorridos nos dois componentes da alvenaria de vedação e de identificar potenciais fatores que influenciam os resultados, dois canteiros de obras foram monitorados por um período equivalente a quatro coletas sequenciais de dados, cujas construtoras apresentam as seguintes características:

• Construtora A: responsável pela obra A, atua na área de construção

residencial, possui 3 obras em andamento e é certificada pela ISO 9001:2008, tendo nível A de PBQP-H;

• Construtora B: responsável pela obra B, atua nas áreas de construção

industrial, comercial e residencial, no momento, possui 6 obras em andamento e é certificada pela ISO 9001:2008.

Com relação às obras, seguem algumas características relevantes:

• Obra A: estrutura em concreto armado, alvenaria de vedação, 22

pavimentos, duração prevista de 33 meses;

• Obra B: estrutura em concreto armado, alvenaria de vedação, 9

pavimentos, duração prevista de 34 meses.

No Quadro 2, apresentam-se alguns itens que podem influenciar no quantitativo de perdas e mostram a diferença entre os canteiros.

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Quadro 2 – Características do serviço de alvenaria das obras pesquisadas.

Obra A Obra B

PPAV Não Sim

Processo construtivo Tradicional Racionalizado

Bloco Cerâmico (9x19x19cm) Concreto (9x19x39cm)

Modulação flexível Não Sim

Fornecimento de tijolos/blocos A granel Paletizado

Ferramenta de assentamento Palheta (interna)/Colher (externa) Palheta

Transporte horizontal Manual/carro de mão Carrinho

Estoque intermediário Sim Não

Preenchimento de juntas verticais Sim Sim

Fonte: Elaborado pelos autores

Salienta-se que o PPAV da obra B contemplou os seguintes elementos: plantas de modulação de 1ª e 2ª fiadas, caderno de elevações, plantas de locação de passagens de instalações, quantificação de elementos, caderno de detalhes construtivos e especificações e planta de logística.

Além disso, foram realizadas reuniões de compatibilização de projetos, treinamentos da mão de obra, adequação da logística do canteiro e controle quantitativo dos componentes.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Apresentação dos resultados

4.1.1 Transporte interno e assentamento de blocos

O Quadro 3 apresenta os dados de perdas durante o transporte interno e assentamento de tijolos e blocos, respectivamente.

Quadro 3 - Índice de perdas das obras estudadas.

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta Média Mediana Obra A 24,1% 25,4% 13,0% 3,6% 16,5% 18,6%

Obra B 0,0% 2,5% 3,1% 3,4% 2,3% 2,8%

Fonte: Elaborado pelos autores

Em consideração aos resultados apresentados no Quadro 3, cabe destacar alguns fatores que interferem diretamente no resultado dos indicadores:

• Obra A: representa um canteiro com processo construtivo tradicional, que

utiliza tijolos cerâmicos sem o uso de pallets no transporte interno;

• Obra B: representa um canteiro com processo construtivo racionalizado

de alvenaria de vedação, que utiliza bloco de concreto.

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4.1.2 Argamassa industrializada no assentamento de blocos

O Quadro 4 compatibiliza os dados de perda de argamassa industrializada durante o assentamento da alvenaria, resultados estes obtidos nas coletas realizadas em cada obra.

Quadro 4 – Perda de argamassa.

Consumo

teórico (Kg/m²) 1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta Média Mediana Obra A 10,0 164,5% 434,0% 197,2% 254,3% 210% 225,8%

Obra B 18,0 -13,3% 12,8% 7,0% 15,0% 5,4% 9,9%

Fonte: Elaborado pelos autores

Para efeito comparativo, além do índice de perdas, foram coletados semanalmente os consumos de argamassa (Quadro 5), uma vez que os consumos teóricos fornecidos pelos fabricantes apresentam diferenças significativas. Vale ressaltar, também, o que consumo de 10 Kg/m², apresentado pelo fabricante de argamassa da obra A, refere-se assentamento realizado com colher. O fabricante relata que se aplicado com palheta, este consumo chegaria aos 6,6 Kg/m² de alvenaria.

Quadro 5 – Consumo de argamassa.

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta Média Mediana Obra A 26,5 Kg/m² 53,4 Kg/m² 29,7 Kg/m² 35,4 Kg/m² 36,3 Kg/m² 32,6 Kg/m² Obra B 15,6 Kg/m² 20,3 Kg/m² 19,3 Kg/m² 20,7 Kg/m² 19,0 Kg/m² 19,8 Kg/m²

Fonte: Elaborado pelos autores 4.2 Análise dos resultados

4.2.1 Indicadores de perdas

O Quadro 6 apresenta resumidamente os percentuais de perdas gerados pelos canteiros de diferentes processos construtivos: tradicional (obra A) e racionalizado (obra B).

Através do Quadro 6 é possível verificar que a diferença preponderante entre os processos construtivos tradicional e racionalizado está na adoção do PPAV, que objetiva detalhar a forma como deve ser constituída a alvenaria, embora a adoção deste projeto não torne necessariamente o processo racionalizado, visto que para considerar o processo como racional é preciso contemplar vários aspectos como o treinamento da mão de obra, a compatibilização com os outros projetos, o estudo da logística do canteiro de forma a favorecer o transporte de materiais, entre outros.

Quadro 6 – Resumo de perdas de blocos e argamassa industrializada.

Perda de Blocos Perda de Argamassa Industrializada

Média Mediana Consumo Consumo real Média Mediana

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teórico (Kg/m²) médio (Kg/m²)

Obra A 16,5% 18,6% 10,0 36,3 210% 225,8%

Obra B 2,3% 3,8% 18,0 19,0 5,4% 9,9%

Fonte: Elaborado pelos autores

A seguir, são pontuados os principais fatores, relativos às características descritas no PPAV, considerados como potenciais influenciadores dos resultados encontrados.

a) Blocos utilizados

A definição do componente a ser utilizado deve está previsto no PPAV, levando em consideração até mesmo a qualidade dos blocos disponíveis no mercado. A qualidade do componente refletiu inclusive nos resultados encontrados, uma vez que os tijolos apresentam índices bastante superiores aos encontrados para os blocos de concreto, isto ocorre devido ao processo de fabricação dos componentes. A fabricação do tijolo é realizada de modo artesanal com ausência de controle de qualidade da matéria prima e da homogeneidade da queima; enquanto, o bloco de concreto é produzido em processo industrializado de produção, através de vibro-prensas e controle dos insumos utilizados. A diferença da qualidade dos componentes pode ser identificada na Figura 1a.

Figura 1 – Estoque: a) tijolos cerâmicos; b) blocos de concreto.

a) b)

Fonte: Elaborado pelos autores

Além da qualidade inferior do componente, a Figura 1a apresenta mais uma característica intrínseca ao processo construtivo tradicional: a presença do estoque intermediário. Ao contrário das práticas racionalizadas, devido à ausência do PPAV, o processo tradicional não prevê a disposição dos componentes diretamente em seu estoque definitivo, preferencialmente localizado próximo ao equipamento de transporte vertical.

Desta forma, os blocos são acondicionados inadequadamente, não raras vezes, em local a céu-aberto, sendo submetido às intempéries como a incidência solar excessiva ou chuva. A presença do estoque intermediário provoca, também, a necessidade de maiores deslocamentos dos componentes dentro do canteiro, aumentando assim a possibilidade de quebra no transporte interno.

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Um fator que também influencia as perdas é o tipo de fornecimento dos tijolos/blocos, o que também pode analisado através da Figura 1. O fornecimento do tipo “a granel” vai de encontro às práticas da racionalização construtiva. A fim de minimizar os desperdícios dos blocos, tanto no descarregamento quanto no transporte interno, é aconselhável o uso de pallets (Figura 1b). Além disso, a altura de empilhamento do estoque de tijolos fornecidos a granel é outro aspecto que também deve ser avaliado, já que na obra A foi encontrada uma altura de empilhamento que chegou a 2,85m de altura.

Dentre outros elementos, o projeto deve considerar as normas que regem cada subsistema. Segundo a NBR 15270-1 (2005), “os blocos com largura de 6,5 cm e altura de 19 cm serão admitidos excepcionalmente, somente em funções secundárias (como em ‘shafts’ ou pequenos enchimentos) e respaldados por projeto com identificação do responsável técnico”. Esta observação contida na norma foi desrespeitada pela obra A, uma vez que a alvenaria interna da edificação é constituída de tijolos de dimensões de 7x19x19cm, sem respaldo de projeto.

Outro fator relevante para um eficiente projeto de alvenaria racionalizada é a diretriz de projeto que objetiva o uso de componentes com modulação flexível, conforme relata Lordsleem Jr. (2000). Este é um dos fatores que justifica a diferença entre os resultados encontrados para as obras A e B, visto que, ao contrário da obra A, a obra B utiliza a família de submódulos dos blocos de concreto, minimizando o desperdício de tempo, mão-de-obra e materiais, uma vez que não se torna necessário realizar o corte dos blocos para ajustes na modulação.

b) Paginação da alvenaria

A paginação da alvenaria é um importante componente do PPAV, uma vez que retrata fielmente a forma como a alvenaria deve ser constituída, apresentando os elementos contemplados na elevação de cada parede, como o posicionamento de instalações, aberturas, vergas, contravergas, amarrações, ancoragens, direcionamento de blocos, dimensões de juntas verticais e horizontais, entre outros.

Pelo uso do conteúdo da paginação da alvenaria juntamente com os componentes de modulação flexível, a obra B pôde minimizar consideravelmente os desperdícios de materiais e componentes, aumentando a racionalização construtiva na execução do serviço.

c) Juntas verticais

O projeto para produção da alvenaria deve contemplar e descrever as juntas verticais a serem adotadas (secas ou preenchidas), mantendo a padronização durante toda a execução. Na obra B verificou-se a fidelidade ao modelo adotado para as juntas verticais, conforme PPAV. No entanto, a obra A, apesar de adotar como procedimento o preenchimento das juntas verticais, não apresentou um padrão, sendo encontradas várias juntas verticais não preenchidas (secas).

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d) Embutimento das instalações

O embutimento das instalações e o uso de shafts devem estar previstos no PPAV, para que os eletrodutos sejam inseridos na alvenaria durante a sua execução, evitando posteriores rasgos na alvenaria e remendos argamassados para preenchimento de vazios.

e) Blocos elétricos

A fim de racionalizar a execução da alvenaria e melhorar a sua produtividade, uma importante providência a ser tomada é a definição dos locais onde as caixas de elétrica devem estar posicionadas, buscando manter um padrão que possibilite a confecção de blocos elétricos em quantidades razoáveis.

Desta forma, o bloco elétrico poderá ser fabricado pelo próprio fornecedor ou pela obra através de uma central de corte, evitando a interrupção do serviço para confecção do componente no próprio local.

Para viabilizar a produção destes componentes, a obra B utilizou informações presentes no PPAV e discutidas durante a compatibilização de projetos, tais como: quantitativo de blocos elétricos, padronização do corte, avaliação na compatibilização de cortes da alvenaria na horizontal para a alimentação das caixas de elétrica, entre outros.

f) Ferramentas e equipamentos

Durante o desenvolvimento do PPAV discutidos aspectos como a determinação das ferramentas e dos equipamentos utilizados para execução da alvenaria, o que é de suma importância à implementação da racionalização construtiva. A obra A, por exemplo, utiliza a colher de pedreiro para o assentamento dos tijolos em estudo, (9x19x19cm) preenchendo toda a face superior dos tijolos com argamassa, enquanto a obra B utiliza a palheta, que necessita de apenas dois cordões de argamassa. Como relação ao equipamento de transporte interno, a obra A utiliza o carrinho de mão, equipamento não recomendado para este uso e a obra B utiliza o carrinho apropriado para o transporte de pallets. Desta forma, percebe-se que a escolha da ferramenta ou do equipamento adequado pode representar um importante passo para redução de desperdícios.

Além destes aspectos levantados, vale salientar a importância da sensibilização da mão-de-obra através do treinamento, o que permitiu a minimização considerável do desperdício na obra B.

Como benefícios alcançados pela utilização do PPAV têm-se:

• maior organização e limpeza no canteiro de obras;

• menor espessura de revestimento, sendo de 1cm para revestimentos

internos e 2,5 a 3cm para externos, obtendo assim um menor consumo de argamassa para revestimento;

• evita o corte dos blocos para o embutimento das instalações, visto que o

bloco possui abertura maior que o tijolo, suficiente para passagem destas;

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• redução de desperdício dos componentes da alvenaria;

• redução do custo com transporte de entulho;

• diminui a quantidade de patologias ocorrida neste subsistema, já que o

produto final tem qualidade superior que a alcançada com o uso do tijolo;

• maior segurança e confiabilidade;

• maior durabilidade, vida útil mais longa ao edifício;

• melhoria da qualidade do produto final.

4.2.2 O custo das perdas

Quanto aos custos, foi realizada uma avaliação que permitiu apresentar as informações relativas às perdas ocorridas no decorrer do assentamento dos blocos. A Tabela 6 mostra o estudo de perdas de blocos e argamassa industrializada feito com relação aos custos da alvenaria. A mediana foi utilizada comparativamente, pois representa melhor a realidade.

Tabela 6 – Custos de perdas de blocos e argamassa industrializada.

Dados Obra A Obra B

Blocos

Tipo do bloco Tijolo cerâmico Bloco de concreto

Dimensões do bloco 9x19x19cm 9x19x39cm

Custo unitário do bloco R$ 0,40 R$ 1,29

Mediana de perdas de blocos 18,6% 2,8%

Blocos por m2 25 12,5

Custo da perda de blocos por m2 R$1,86 R$0,45

Argamassa

industrializada

Custo do quilograma de argamassa R$ 0,19 R$ 0,18

Mediana de perdas de argamassa 225,8% 19,8%

Argamassa por m2 2 10,0 kg/m² 18,0 kg/m²

Custo da perda de argamassa por m2 R$ 4,29 R$ 0,64

Alvenaria

Total de alvenaria na obra (m2) 12.954,26 m² 2.973,00 m²

Custo do m2 de alvenaria R$ 21,27 R$ 27,00

Custo das perdas dos

blocos/argamassa da alvenaria R$ 79.668,70 R$ 3.240,57 Custo total da obra R$ 8.927.366,16 R$ 2.500.000,00

Custo da alvenaria com relação ao

custo total da obra 3,09% 3,21%

Custo das perdas com relação ao

custo total da obra 0,89% 0,13%

Fonte: Elaborado pelos autores

2 Consumo teórico fornecido pelo fabricante.

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Representando uma análise comparativa das perdas ocorridas na alvenaria, a Tabela 7 traz algumas informações, como: a perda financeira de blocos e argamassa por metro quadrado e, a fim de trazer dados mais concretos ao contexto, foi realizada uma suposição de custos nas 02 obras com produção de 8.000m² de alvenaria de vedação.

Tabela 7 – Análise comparativa das perdas de blocos e argamassa.

Obra A Obra B Custo por m2 de blocos e argamassa3 R$ 18,05 R$ 20,14

Custo da perda de blocos e argamassa por m2 R$ 6,15 R$ 1,09

Custo blocos/argamassa - 8000m² em alvenaria R$ 144.400,00 R$ 161.120,00

Perda em obra de 8000m² de alvenaria R$ 49.200,00 R$ 8.720,00

Perda monetária de blocos e argamassa 34,07% 5,41%

Fonte: Elaborado pelos autores

Através da Tabela 7, pode ser visto que, mesmo com o maior custo unitário do bloco de concreto com relação ao tijolo cerâmico, utilizando-se o projeto para produção da alvenaria junto aos componentes de modulação flexível, treinamento da mão-de-obra e estes unidos aos demais fatores influenciadores dos resultados, pôde-se alcançar uma alvenaria com maior qualidade e custo semelhante ao valor da alvenaria que não utiliza o PPAV. Isto considerando apenas as perdas de blocos e argamassa, sem levar em conta os custos de fatores como a redução da espessura do revestimento (emboço), transporte de resíduos, entre outros.

O projeto para produção da alvenaria de vedação apresenta um custo que varia de R$8.000,00 a R$20.000,00 a depender da complexidade da obra e dos detalhes contemplados no PPAV. Desta forma, analisando o custo das perdas de tijolos e argamassa de assentamento apresentadas pela obra A, verifica-se que o custo inerente ao desenvolvimento do projeto de alvenaria representa cerca de 18% do custo envolvido nas perdas destes materiais, o que justifica a utilização do projeto, principalmente, levando-se em consideração os benefícios alcançados pela sua adoção.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados alcançados são bastante satisfatórios, pois refletem a realidade das perdas no processo construtivo tradicional e demonstram a importância do PPAV para implementação das técnicas de racionalização construtiva.

Com relação aos valores de perdas alcançados pelas duas obras, é possível verificar que o PPAV é fundamental para a redução dos desperdícios, visto que a perda mediana de tijolos (obra A) é 5,6 vezes maior que a de blocos de concreto (obra B) e o consumo mediano de argamassa é 64,6% superior na obra A, que não utiliza o PPAV.

3 Incluindo a mediana das perdas calculadas.

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Tratrando-se dos custos envolvidos, a análise realizada indica que o PPAV representa aproximadamente 18% dos custos atribuídos às perdas de tijolos cerâmicos e argamassa, justificando assim a sua utilização.

A aplicação da metodologia apresentada nesta pesquisa propiciou às empresas construtoras envolvidas visualizar a ocorrência de perdas através dos indicadores de desempenho aplicados e, também, observar a necessidade de mudanças para se alcançar a redução de perdas de materiais, mão-de-obra, tempo e custo através da utilização do PPAV.

REFERÊNCIAS

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