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GESTÃO DEMOCRÁTICA: A PARTICIPAÇÃO EM CONSELHO ESCOLAR DA CIDADE DE PONTA GROSSA

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

GESTÃO DEMOCRÁTICA: A PARTICIPAÇÃO EM CONSELHO

ESCOLAR DA CIDADE DE PONTA GROSSA

Eloisa Helena Mello1 Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Básica

Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

O presente trabalho discute e analisa o princípio da participação, no conselho escolar das escolas municipais de Ponta Grossa. Entende-se que o conselho escolar tem a função de ressignificar o papel da escola numa prática democrática, ser referência e articulador das relações entre a comunidade e a escola na perspectiva da construção de uma sociedade mais crítica e participativa, a fim de obter melhoria da qualidade da educação, o que torna relevante que se analise a forma desta participação. Entendemos que esta participação pode não ser suficiente para determinar que a gestão seja democrática, entretanto, por meio de pesquisa bibliográfica, na análise de documentos oficiais nacionais e municipais, constata-se que apesar de estar garantida pela legislação a formação dos conselhos, pode estar presente apenas burocraticamente. A participação é um momento importante numa perspectiva de gestão democrática, porém esta pode ter outra intencionalidade, num estado capitalista que visa à formação para o mercado de trabalho. A mobilização das pessoas e seu envolvimento no conselho escolar, considerando a escola como espaço de formação e emancipação dos sujeitos, se faz de fundamental relevância na formação desses conselhos e sua atuação. Sob estes aspectos, ressalta-se que mesmo se considerando o conselho um espaço de participação e construção coletiva, esta participação pode ser limitada. Os conselhos escolares nas escolas municipais de Ponta Grossa foram instituídos em 2014 e foram capacitados 150 conselheiros. Constata-se neste estudo, com base nos estudos bibliográficos, que cada escola articula a participação e a atuação do seu conselho escolar como melhor lhe convém, e o princípio da participação efetiva da comunidade na gestão escolar é um processo ainda em construção. Palavras-chave: Gestão Democrática. Participação. Conselho Escolar.

Introdução

Este estudo analisa o princípio da gestão democrática no que se refere à participação no conselho escolar das escolas municipais de Ponta Grossa. O conselho escolar em Ponta

1 Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Gestora de Escola Municipal na Prefeitura de Ponta

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Grossa foi instituído nas escolas municipais em 2014, através da Lei nº 11.797, de 26/05/2014 (PONTA GROSSA, 2014).

Na sociedade hodierna, estimula-se o acúmulo do capital e, em consequência, ampliam-se as desigualdades sociais, a competitividade e o individualismo. A busca pelo sucesso se estende à escola e cabe ao diretor a incumbência de executar ações que irão legitimar os interesses do capital. Romper com tal realidade é possível a partir da união de forças entre diretor e sociedade civil, com a participação efetiva de toda comunidade de forma consciente e como pressão de transformação da realidade que se apresenta.

Esse espaço de participação deve ser construído coletivamente, com acesso às informações, respeito a todos, fundamentando as ações no diálogo, conscientizando-se de que mesmo nas divergências deve-se buscar a unidade por uma educação que emancipa.

Analisar a participação em conselhos escolares num Estado capitalista torna-se um desafio, pois se confrontam ideologias. Por vezes, a participação se trata apenas como consulta à comunidade e até mesmo órgãos instituídos como conselho de escola são conduzidos pelos governantes, de forma a garantir seus interesses.

A escolha do tema investigado decorre de estudos e do trabalho da pesquisadora como profissional da área de gestão no Munícipio referido. A participação da comunidade escolar nos conselhos escolares tem gerado muitas indagações e polêmicas no papel do gestor frente à comunidade, sendo esta a problemática do estudo.

O processo metodológico compreende pesquisa de campo, que será desenvolvido no decorrer deste estudo. Nas considerações finais, articular-se-á a relação dos conselhos do município de Ponta Grossa no que se refere ao princípio da participação, numa perspectiva de gestão democrática, tendo em vista uma educação emancipadora.

Gestão democrática

O tema gestão democrática vem sendo discutido amplamente desde a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), entretanto, sua efetivação até os dias hodiernos se faz gradativamente. No entanto, é importante compreender o significado deste termo. Conforme Cury (2002, p.165), “A gestão nesse contexto é a geração de um novo modo de administrar uma realidade e é, em si mesma, democrática já que se traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo e pelo diálogo”.

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Nesse âmbito de comunicação e diálogo, o termo se distancia do enfoque da administração clássica, fundado na autoridade, no comando e na iniciativa tecnocrática (CURY, 2002). Dessa forma:

Gestão é administração, é tomada de decisão, organização, direção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função. Gestão é também gestar novas formas de vida humana digna e comprometida (FERREIRA; SCHLESENER, 2006, p.167).

Para alguns autores, gestão escolar vai além dos princípios característicos da administração, pois está atrelada à formação do ser humano, da humanização, da formação do indivíduo omnilateral. Afirma Saviani (1980, p.120): “A gestão da educação se destina à produção humana. A gestão da educação é responsável por garantir a qualidade de uma mediação no seio da prática global”. Esses autores partilham do mesmo preceito de uma gestão ligada à formação humana e, para que se efetive, precisa estar amparada na legislação.

Na Constituição Federal de 1988, o artigo 205 dispõe que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Pode-se entender o desenvolvimento da cidadania como participação da vida social, previsto no exercício da democracia. Já no artigo 206, a Constituição Federal apresenta os princípios que se desenvolverá o ensino no país, e no item VI afirma: “ gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988).

A gestão democrática está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

Art. 14º- Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL,1996, p.15).

Também foi uma das metas propostas no Plano Nacional de Educação - Meta 19 do PNE 2001-2011 (BRASIL, 2014), ao se questionar sobre uma gestão com o compromisso na formação da cidadania, considerando o direito constitucional de acesso a uma educação pública de qualidade e gratuita.

Priorizar a participação e o envolvimento de todos na intencionalidade de analisar e transformar tal realidade significa se comprometer com o interesse coletivo, descortinando o autoritarismo e o individualismo, transcendendo a postura do diretor meramente administrador. Oportunizar o diálogo é um dos desafios de uma nova gestão comprometida

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com a formação do homem integralmente. Assim, trabalhar com a comunicação entre todos os integrantes da comunidade escolar é permitir o crescimento do grupo. São as divergências e contradições que fazem o movimento para que surja um novo conhecimento, um novo aprendizado, e este, consequentemente, conduzirá para a transformação de políticas com vistas à efetiva formação humana. Nesse processo, não cabe o discurso de que o povo, os pais, professores, funcionários não sabem participar; ao contrário, faz-se necessário oportunizar, pois só na prática dessa participação se construirá a efetiva gestão democrática:

A gestão democrática, ao ensejar a participação da comunidade no governo da escola, pode proporcionar a um povo, que historicamente tem sido bestializado pelas elites, a possibilidade de se formar politicamente e de aprender a tomar as rédeas de seu destino (FERREIRA, 2001, p.170).

A prática diária do exercício da cidadania auxiliará na capacitação de cada um a ser consciente do seu papel na sociedade, a ser parte integrante de um grupo que ousa discutir, aprender e transformar a realidade de uma educação vigente por uma classe hegemônica que abre espaços para a comunidade, a fim de respaldar suas ações e não discuti-las, efetivamente.

A Participação

Analisando a etimologia da palavra participação, percebe-se que ela provém da palavra parte. É fazer parte, tomar parte, ter parte. Entretanto, pode-se fazer parte de algo sem tomar parte. Reportando-se à economia do país, fazemos parte dele, mas não somos parte das decisões importantes sobre ela.

Na escola, a função do diretor pode ser um dos fatores que delimitam a participação das famílias, de acordo com a forma com que a escola recebe e trata tal participação, esta pode estimular ou reprimir tentativas de participação e contribuição. Percebe-se, também, que por vezes a família tem a impressão de que sua fala não é levada em consideração, não chegando a influenciar os processos de tomada de decisão relevantes para a escola. Então, desacredita da escola.

Não se pode generalizar a ponto de afirmar que a participação dos pais na escola é influenciada unicamente pelas ações do diretor, mas há que se considerar que existem questões ideológicas que permeiam sua postura na escola. Entre essas questões, está o receio do diretor de perder o poder e controle sobre a escola.

Nesse sentido, o diretor torna-se um facilitador ou complicador do processo de participação. A participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um sem

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número de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos requisitos básicos e preliminares para aquele que se disponha a promovê-la é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades (PARO, 2001).

Entretanto, tal participação por vezes não se efetiva com este objetivo. Confirmam esse fato Catani e Oliveira (1993), quando relatam que existem dificuldades que obstruem a participação da comunidade nas escolas, como a resistência dos educadores e outros especialistas a qualquer procedimento que diminua seus poderes, e também os pais, por não terem clareza quanto à sua atuação, uma vez que não percebem a necessidade de sua participação.

Ao participarem em algum momento da escola, os pais percebem, muitas vezes, que seu pensamento não influi nas decisões já pensadas pelo diretor, e acabam por servir como mera representação, o que vem a confirmar interesses já instituídos pela escola ou até mesmo pelo Estado. Então, a participação dos pais na escola se restringe à presença em reuniões pedagógicas, para assinatura de boletins ou para tratar das dificuldades de aprendizagem e comportamento, padronizando ou até discriminando, através de padrões considerados ideais para o cotidiano escolar.

Outro momento comum de participação dos pais é em eventos escolares com fins específicos. Pode ocorrer de a participação se restringir a aspectos físicos e financeiros da escola, como prestação de contas. Sendo o diretor o articulador entre Estado e comunidade, ele pode influir nesse sentido. Conforme assevera Paro, é preciso lutar contra o papel de diretor (não contra a pessoa do diretor), o detentor do poder, e não se pode esperar alguém dar abertura de participação nas atividades, mas, sim, é preciso lutar e conquistar espaços para se envolver (PARO,1992).

Tendo em conta que a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico de construção coletiva, coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública (PARO, 1992). Entre outros, destaca-se a instituição do conselho escolar.

Em 1990, a Lei n.8.069/90 (BRASIL, 1990) efetivou o Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo artigo 53 afirma ser “direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.

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No documento oficial do PNE (BRASIL, 2014), constam 20 metas a serem cumpridas, bem como estratégias para que isso ocorra no decorrer do decênio 2011-2020. Cabe tratar com maior especificidade a meta 19:

Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto (BRASIL, 2014, p.7).

Por meio dessa meta com prazo de efetivação de dois anos, é previsto que ocorra participação efetiva da comunidade escolar nas escolas públicas, contando com a previsão de recursos do Estado. Dessa forma, além da participação da comunidade escolar, prevê a importância de que esta acompanhe e avalie de forma a cobrar para que sejam garantidos seus direitos de se ter uma escola pública de qualidade.

Para tal meta, elencam-se oito estratégias, sendo relevantes para este estudo ressaltar (BRASIL, 2014):

19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo.

Conselho Escolar em Ponta Grossa

Os conselhos Escolares foram instituídos em Ponta Grossa, em 2014, através da Lei nº11.797 de 26 de maio de 2014. Em seu art.2º, afirma:

Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados permanentes de debate e articuladores de vários segmentos da comunidade escolar e local, com a finalidade de contribuir para a democratização da escola pública e na melhoria da qualidade de ensino ofertada em cada instituição (PONTA GROSSA, 2014, p.1).

Importante ressaltar que os Conselhos têm diversas atribuições, entre as quais a deliberativa. Deliberar, para Cury (2011,p.48), “implica tomada de uma decisão, precedida de uma análise e de um debate que por sua vez, implica a publicidade dos atos na audiência e na visibilidade dos mesmos”. Os conselhos são elos entre a sociedade civil e o Estado, a fim de fiscalizá-lo e controlá-lo; significa fazer valer o direito dos cidadãos pelo benefício coletivo à educação enquanto direito social, sem privilégios e extensão do controle hegemônico. A necessidade da efetivação da gestão democrática como aprendizado coletivo é abordada no documento elaborado pelo Ministério da Educação e Cultura, na formação de conselheiros:

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A efetivação da gestão democrática como aprendizado coletivo deve considerar a necessidade de se repensar a organização escolar, tendo em mente a importância desta na vida das pessoas, bem como os processos formativos presentes nas concepções e práticas que contribuam para a participação efetiva e para o alargamento das concepções de mundo, homem e sociedade dos que dela participam (BRASIL, 2004, p.30).

O Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, criado no governo Lula, destaca a relevância da participação da comunidade na escola em prol da qualidade da educação. A participação, enquanto princípio de uma gestão democrática, tem que subsidiar condições para que a comunidade participe, incluindo formação, e abertura ao diálogo, não somente abrindo espaço quando do interesse do Estado, mas em todo o processo educativo, com respeito à diversidade de opiniões e foco no objetivo final a que se destina a educação.

Quanto às funções, a lei municipal assegura:

Art 3º-Os Conselhos Escolares, resguardados os princípios constitucionais e as normas legais, terão funções de caráter consultivo, deliberativo, mobilizador e fiscalizador, zelando pelo alcance dos objetivos institucionais da escola e promovendo o fortalecimento das diretrizes e política educacional das unidades escolares (PONTA GROSSA, 2014, p.2).

Nesse sentido, o governo federal tem investido na formação de conselheiros em cursos disponibilizados pelo MEC, para que todos os conselheiros compreendam a real função social do conselho. A Prefeitura de Ponta Grossa, através da Secretaria Municipal de Educação (SME), passou por três etapas da formação de conselheiros escolares, formando aproximadamente 150 pessoas.

Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados permanentes de debate e articuladores de vários segmentos da comunidade escolar e local, com a finalidade de contribuir para a democratização da escola pública e na melhoria da qualidade de ensino ofertada em cada instituição. Em Ponta Grossa, cada conselho é composto por 11 membros, representantes da direção escolar, dos professores e coordenadores pedagógicos, dos funcionários, da comunidade local e dos pais ou responsáveis.

A formação de conselheiros e a instituição destes no município de Ponta Grossa são recentes e, dessa forma, a compreensão de sua função está em processo. A efetivação das funções do conselho deliberativa, consultiva, fiscal e pedagógica vem contribuir com a melhoria da qualidade da educação numa perspectiva emancipadora, em que os alunos possam ser construtos de sua própria história.

A mobilização de todos para a participação efetiva na busca dessa educação emancipadora é um desafio construído paulatinamente com formação, informação e

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disponibilidade de uma escola aberta ao diálogo. O propósito é de construção coletiva no que se refere aos rumos da educação pública de qualidade. No município de Ponta Grossa, os conselhos foram efetivados, porém, muitos instituídos sem saber - na realidade - sua função na escola. Tornam-se órgãos colegiados com plenos poderes de decisão, não obstante, são submissos a quem detém o poder, por vezes o diretor escolar, que receoso em perder o controle das decisões, bloqueia o princípio da participação instituído na legislação como direito de odos.

Considerações Finais

Se através da participação é possível transformar a escola, também se releva que esta pode ser força de pressão no controle de um Estado que se utiliza da burocracia e até mesmo da legislação para suprir seus interesses. Dessa forma, um povo provido de informação e consciente sabe que a participação efetiva é um instrumento de persuasão em benefício do coletivo.

Paro alerta que, mesmo institucionalizado pela lei, o funcionamento dos Conselhos de Escola depende da vontade política do diretor da escola:

Embora, em termos legais, esse colegiado seja deliberativo e se coloque ao lado do diretor, fazendo parte (supostamente) da direção, o diretor de escola, premido pelas circunstâncias, fazendo uso de sua autoridade como responsável último pela unidade escolar e diante da insuficiente pressão por participação da parte dos demais setores da escola, acaba por “montar” ele próprio um conselho apenas formal e inoperante, que só decide questões marginais e sem importância significativa para os destinos da escola, ficando o diretor sozinho para tomar as decisões, já que sabe ser ele quem arcará com as responsabilidades (PARO, 2001, p.102).

Neste processo, percebe-se que mesmo constituídos os conselhos escolares, muitos ainda não conhecem a dimensão de sua responsabilidade frente ao objetivo da construção da qualidade de educação. Algumas reuniões previstas no regimento não são cumpridas ou se detém à prestação de contas financeiras da escola. Dessa forma, a construção coletiva de um espaço de discussão das propostas da escola ainda há de se efetivar, sendo este o objeto de estudo de continuidade desta pesquisa.

Nessa perspectiva, sabe-se que muito se tem a construir, em específico no município da pesquisa, considerando que a efetivação dos conselhos foi recente e que até o presente 150 conselheiros participaram da formação. Outro aspecto a relevar é a rotatividade dos membros dos conselhos, que dificulta o encaminhamento de discussões e ações do mesmo. O conselho escolar pode facilitar o trabalho do gestor enquanto processo coletivo, entretanto, cabe ao

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gestor oportunizar tais relações com os envolvidos de parceria e responsabilidade pelas ações implantadas na escola, sem deixar de problematizar a realidade posta pelo Estado.

Através da contradição, do questionamento pressionar este Estado para com a força do coletivo transformar a realidade, só assim o cidadão será capaz de ser protagonista de sua própria história e, então, participar enquanto ser atuante, não de forma alienada, mas como sujeito de sua própria história. Através deste estudo, percebe-se que a participação por vezes se restringe à consulta à comunidade somente para legitimar ações já definidas pelo gestor.

A efetivação do conselho de forma consciente e ativa se torna uma oportunidade de a comunidade avaliar e repensar a ação pedagógica, administrativa e financeira da escola, com o único fim de formação de cidadãos conscientes e não alienados num processo individualizado e competitivo. Garantir que a instituição de conselhos escolares torne a escola democrática não é possível, mas oportunizar esse momento de participação para todos é, sem dúvida, o primeiro passo para a análise da realidade da escola e do perfil que se espera da mesma, frente à comunidade, visando uma educação de qualidade.

REFERÊNCIAS

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