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Mario Rodrigues Louzã Neto - Psiquiatria Básica

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Academic year: 2021

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L89Sp 1..-0ui..i Ne(O, i\iario Rodrigues

Psiqujatria básic-.i (recurSf>cletcônico) / ~1ario Rodrigues LOuzti Neto, ~lé:Li<>

Ellds e colaboradores. -2. ed. - Da.cios elerrônicO:S. -Porlo Alegre: Ann1ed, 2007.

Editado também como li\'ro impresso em 2007. ISBN 978-S5·36:}.0%().6

1. Psiquinrril'I. 1. TínJlo.

CDU616.89

(3)

PSIQUIATRIA

,

BASICA

Mario Rodrigues Louzã Neto

Hélio Elkis

e colaboradores 2' Edição Versão hnpressa desia obra: 2007 2007

(4)

© Arttncd Editora S.A., 2007

Capa Paola Munica Preparação do original

Flávia f'll(landa Leicul'a final J.isundru P. Picon Supervisão editorial Cldudia BitttncourL Projeto e editoração

Armazém Dlgitál F..ditoração Eletrónica - Rolu:rto \fieira

Reservados todos os <iireitos de publica~:ão, em Língua portuguesa, à ARTMED® EDITORAS.A.

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Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070

É proibida a duplicação ou reprodução desce volume, no todo ou em parte, sob quaisquel' íorn1as ou pol' quaisquel' n\eios (eletrônico, n1ecãnico, gravação,

fotocópia, dis1rib11içâo na \\reb e outros). sem permissão expressa da Editor;i. SÃO PAULO

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Fone (11) 3665-l!OO Fax (11) 3667-1333 Si\C 0800 703-3444

IMPRESSO NO BRASIL PRJNfED IN BRAZIL

(5)

~tari<> Rodrigues LC>uzã Neto

Doutor em ri.tedic:ina peJa Universidade de Wünburg, Alema· nha. f!Jlédico-assistente e Coordenador do Projeto Esquizofrenia (PROJESQ) e do Projero Déficil de Atenção e Hiperacividade no Aduho (PRODATl-1) do J.nstituto de Psiquiatria do l~osphal das Clinicas da Façuldade de 1\iedicina da Uni\'ersidade de São Pau· lo (IP<1·HC·FMUSP). Oo Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Aclriana Dias Barbosa \'izzotto

Terapeuta Ontpocional (TO). l!sj>e<:kilista em Saúde Mental (Lato Sensu) pelo Cencro de Escudos de Turapia Ocupacjonal (CETO). Ap1inloramenl0 de Terapia Ocupacional Psiqu.i:íoica pelo HospicaJ

das Clíni<as da Faculdade de ~1cdícina de Ribeirão Prelo · USH Supervisora ·1''itular do Prog:ra1na de Aprimoramento de ·rerapja Ocupacional em Satide Mental do IPq·HC·FMUSP. TO Colaborado· ra do Projeto Esquizofrenia (PROJESQJ do lPq·HC-FMUSP. TO do Hospital Dia e Unklade de lntêrilaç.'lo IElfanto·ju\'erljl do Servi~ de Psíquiatria da Infância e Adoles<:ência (SEPIA) do IP<tHC·PMUSP.

Adriano Segai

Doutor cm ~iquiatria pela Faculdade: de ri<leditina da USP. Diré· tor de Transtornos Alimentares e Psiquiatria da Associaç.ão Bra· sileira para o Esrudo da Obesidade (ABESO). Dire(or de Psiquia· tria da Co1uissão de Especialidades r\ssociadas (COESAS) da Socitdadc Brasileira de Cirurgia Bariátrit<'I (SRCR). >.tédioo do Ambub116rio de Obesidade e Síndrome ri.fetabólita - Scf\1iço de Endooinologia e P.1etabologia do HC·Ff\llUSP.

All>eno Stoppe

Doutor ent Psiquiatria pelo Departa1nento de Psiquiatria da FMUSP.

Alex P.taia

ri..Jl><lico clinic.:o geral e c:axdiologista.

Alcxander ~1nrc.ira-Alméida

Psiquiatra. Residência e Doutorado em Psiquiatria pela F~1lUSP. Pós·doucorado en1 Psiquiacria pela Duke University. Professor Adjunto de Psiquiacria e de Se1niologia da FacuJdade de Medici

-na da Universidade Ft.xlcral de .luiz de fora (UFJF). Fundador e Diretor do NUPES - Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Sailde da UFJF .

Hélio Elkls

Professor Associado do Departamento de Psiq11iatria da F?-iUSP. Coordenador do Projeto Esquizofrenia (PROJESQ) do lPq·HC· F~JUSP. Pós-Ooulorndo-Case Westem Research Unr.'ersity-USA.

Alexandre Pinto de Azevedo

f\1édioo. Pós·graduando do Departamento de Psiquiatria do HC· Fri.tUSP. Colaborador do Cenrro lnterde-panamental para .Estu· dos do Sono (CIES) do HC-FMUSP.

Alexandre Saadeh

~1estre ent Psiquiatria e Doutor em Ciências pelo Deparuunento de Psiquiatria da Fti.IUSP. Professor no Curso de Psicologia da Pontificia Universidade de São Paulo (PUCSr>). 14édioo-assistttl.· te do HC-FMUSP.

Alexandrina l'i1aria Augusto da Silva i\iteleiro

Doutora em A1edicina pela Fti.<IUSP. f\+tédica Assistente do lnstiruto de ~iquiatria HC-FtvlUSP. Supervisora do Scn'iÇO de lnte.rcon$Uhas do IPq·HC·FMUSP. Membro do Conselho Cíenrili<:odaAbrata-A=· ciação de familiares, amigos e ponadores de nanstorno Afem·o. ~1enlbro do NUcleo de F.srudo de Criminologia da .A.caden1ia de Polícia CiviJ do Estado de São Pau.lo "DR Coriolano Nogueira Co-bra .. - Ncairn.

Ana Gabriela Hounie

~1édica Psiquiatra. Doutora e1n Ciências pela FMUSP. Vice-coorde-nadora do Projeto Transtornoo do E.$j>t."Ctrô Obséssi\'CK:Ornpulsivo (PROTOC·FMUSP).

Ana Paula L. carvalho

Psiquiatra-assistente do Grupo de lnterconsulra.s do fpq.JJC. Fti.tUSR f.>c'>S-gr.1duanda cm Psiquiatria pela Universidade F ede-ral do Estado de São Paulo.

André fl1aJbergier

Doutor enl ~ledicina - :\rea de Concentração Psiquiacria, pela F~IUSP. Professor Colaborador i\1édíco do l)epartamento de Psi· quiatria da F~tUSP. Coordenador do Grupo Interdisciplinar de

(6)

VI AUTORES

Arthur Guerra de ,\Jidrade

ProfC:$$<.>r 'l'itular de PsitJuiarria e Psicofog:ia 1'féclica dà faculdade

de ~tedicina do ABC. Professor Associado do Departamento de Psiquiatria da FriitUSP. Presidente do CoentrQ de Jnformações so·

bre Saúde e Álcool (CISA). Belquiz AvrichJr

Doutor ém Psiquiatria pela Fri.<lUSP. i\1~n1bro do Projeto F..squii.o· frenia (Pl\OJESQ) do 1Pc1·HC·FMUSP.

Beny Lafer

Professor Doutor do Oepanameoto de Psiquiatria da Fri.IUSP. Coordenador do Programa de Trans1orno Bipolar (PRO~fAN) do IPq-J.fC-Fl.tUSP. Presideritc da ASSôCiáção Brasileira de Transtor -no Bipolar (ABTB).

Çandida Helena Pires de Camargo

E:ic·dlretora do Serviço de Neuropsicologia e Psicologia - lPQ· HC-Ff\!IUSP. EspeciaJista en1 Neuropsicologia e Psicologia Clinica pelo Cl'P.

Carlos Alvarado

Psicólog1). Doutor cm Psicologia ptla Universidade de F..dimbur· go. EspeciaJista em Psicologia das Experiências Anômalas. Pro·

fessor·assisrente de Pesquisa em ri.tedicina Psiquiátrica da University oí Vitginia.

Cannen Lucia Albuquerque de Santana

fllle.~trc ern P$-iquiatria pela F>.tUSP. Doutora em Cil:ncia.s pela Ft.1USP. Coordenadora do Progr.\lma de Sa1)de rvlentaJ para Re· fugiados em São Paulo.

Carmita Helena Najjar :\bdo

Professora Livre-docente do Deparranlenro de Psiquiatria da Ff\1USP. fundadora e Coordenadota do Projeto Sexualidade (ProSex) do IPq-HC-tMUSP.

Carolina de 1\tello-Santos

f!Jléd.ica Psiquiatra Colaboradora do Serviço de lntercoasultas do

IPq·HC-FMUSP. Médica Psiquiatra Colaboradora da Faculdade

de tiiledicina de Santo Amaro, UNJS1\. Cássio fltl.C. Il-OltiJ\O

Doutor e1n Psiquiatria pela FL\fUSP. ~fédico-assistente do IPq·HC· F,.1USP. Professor de Pós-graduação do Departamento de Psiqui· arria da F?.1USP. Coordenador Geral do Projeco Terceira Idade {PROTER) do IPq-llC-FMUSP.

Clarice Gorensrein

Professora Associada do Departa1nento de Far1nacologia, lnsti· tuto de Ciências Siomédic;as da USP. Pesquisadora do lJÍ\l1·23, Laboratório de P>icofurmacologia, HC·FMUSP.

Clâudio Novaes Soares

Associate Professor, Deparcrnent of Psychiatry and Behaviour Neurosciences - ti.i1cri.1as1er University - Canadá. Director, \\'omcn's He.alth C<.>nccms Clinic, rvlt.\iàStCr Universit)', Canadá.

Cristiana Casranho de Aln1ejda Rocca

t\~t.'S1rc e dc)utora cm Ciências pcJ;i f:f\llOSP. Psicó!Oga do Ser"'i~'Q

de P>icologia e Neuropsicologia do !Pq·HC·FMUSP. Daniel ~1artins de Barros

r..1édico Psiquiatra. Supervisor do Núcleo de Psiquiatria Forense (Nufor) do IPq-flC-FMUSP. Pesquisador do UM21.

Oaitiela fltleshuJam Werebe

~1édica-assistente do Sef\liço de Psico1era1)ia e do Grupo de loteroonsuh:as do 1.Pq·HC·fi?.1USP e do lnsrjtuto ele Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Débora Ki.noshita Kussunoki

~·lédica Psiquiatra. ri.ten1bro da Associação Brasileira para o Es· tudo da Obesidade (1\BESO). ri.1en1bto da Soc:iedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB). ~1édita do A_mbulc11ório de Obesi· dade e Síndrome Metabólica - Serviço de Endocrinologia e Mecabologia do flC·FMUSP.

Débora Pastore 8assitt

Doutora em Ciências pela USP. ~1édica·assistente e Coordenadora da Enfermaria do Projeto T•rceira Idade {PROTERJ do !Pq-HC· Fr\ifUSP. ti.t&Jica p-rcreptora e professora da pós-graduação cnl Ci· ências da Salíde do HSPt·SP.

Doris Hupfeld Moreno

~iquiat:ra-assisten1e do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do LPq~HC·FMUSP. Doutora em Psiquiatria pel;i FrvlUSP.

Eda Zanetti Guert'tenstcin

Médico·assisceote do JPq·HC·FMUSP. Doutora pelo FMUSP. Pc\s· doutora pela Uni\'ersidade de Londres - Jnglarerra.

Edson Shjguentj Hirata

Diretor Clinico do 1Pq·HC·P..1USP. Douror e1n Psiquiatria pela FMUSP.

Eduardo de Castro Humc.~

r..•lédico Psiquiatra. ~1édtco Assisten1e do Hospital U11iversiuírio (HU) da USP. Colaborador do Estágio HospitaJar em Psiquiatria

do internaro do curso n1édico da ff!,1USP. C:Oordenador do Anl·

bulatório l)idátito de Psiquiatria dos Internos do 1-IU-USP. Euripedcs Con.~tantino Miguel

Professor Associado do Oepart::imento de Psiquiatria da F1'1USP. Coordenador do Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-com·

pulsivo (PROTOC) do JPq-HC-FMUSP. Eva Helena C. C. Zoppe

MédicaComis.<ionada do Sen<içode Pskoterapia do IPq-HC-FMUSP. 'Pós-graduando do l'>epartamento de J>sjquiacria da Ft\1lU$P. Evelyn Kuczynski

~iatra. Psiquiatra da lnfância e da Adolescênci3. Doutora em Psiquiaaia pela F~tUSP. Psiquiatra lnterconsultora do lnstituco de TralaLne1lto do Cãncet ltúancii (TI'ACI).

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Fabiana Saffi

E$()(..'Cialista cm Psicologia Jurídica pelo Conselho Regiona] de Psicologia. EspeciaJjsta em Psicologia Hospitalar em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica pelo HC·Re1USP. Pós·graduanda

no IPq-HC·FMUSP. Psicóloga Supervisora da Unidade Perita do Ambula1ório do Mticleo de Escudos e Pesquisas em Psiquiatria forcnl)C e Psicologia Jurídica do IPq-1-tC-F,.rvlUSP. Psicól()ga

Supervisora do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do lPq·

HC·FMUSP.

Fábio 'fápia Salzano

f!Jlestre em Psiquiatria pela Ft.1USP. Vice-coordenador do Ambu· lacório de Buli1nia e Transtornos Alin1enca.res (Al\1BULlf!l1) do IPq· HC·FMUSP. Coordenador do Hospi"11·Dia do AMBULIM.

Flávio Alóe

l\ilédico Neurofisiol-0gis1a do e.entro ln1erdepa11an1ental para os f.studos do Sono do HC-F~fUSP, Instituto de Psiquiatria do HC·

FMUSP.

FraocJsco B. i\ssun1pção Jr,

Psi4uit11ra da Infância e da Adofcscênçia. Profc$$(>r Ll\!rt:·d()C(;n· te em Psiqt1iatria pela FtvlUSP. Doutor em Psicologia Clínica pela PUCSP. Professor Associado do Depa11amenro de Psicologia Clí· nica do Instituto de Psicologia da USP.

Francisco Lotufo Neto

Professor Associado do Depanamenco de Psiquiatria da Fri.IUSP. Frederico Na\•as Oemetrio

fl.ilédico Assistente do lPq·HC~F~tUSP. Doutor em ~1edicina pela P..1USP. i\1édico Supe1visor e Coordenador do Ambulatório do

Grupo de Doenças Aíeti\•as do rPq·HC·~iUSP. Guilhern1e SpadiJ1i dos Santos

ri<lédico Psiquiatra pela Fri.IUSP. Pós-graduando do Deparcrunen -tO de Psiquiatria da frvlUSf?

Heloisa J. Fleury

Psicóloga. ~iestre e1n Cil!1\cias pela FlvlUSP. Supervisora e1n Psi

-coterapia do Projeto SeJCualidade (ProScx) do 1Pq·HC·F'1'1USI~

Docente do Depanamento de Psioodrnma do Instituto Sedes

Sapientiae. Hon1ero \raJlada

Professor Associado do Departamento de Psiquiatria da ~fUSP.

Ccl()rdena<ior do Programa de Gcnêtita e P.tnn•O')g<>nétici1 (ProGcnc)

do IPq·HC·FMUSP.

lvano..- Velloso P..leira-Llma

Professor Adjunto do Departamento de ri.ledicina Clínica da Uni· versidade FederaJ do Rio Grande do NorLe (UFRN).

Jefferson CunJ1a Folquitto

flilédico Psiquiatra. 1'1édico Colaborador do P(ojeto Terceira fda· de (l'ROTF.J\) do IPq·HC-FMUSP.

Jerusa Sn~id

Neurologista. PóS·graduanda do Progr.11:ni1 de Í\'eurologi;i da

FMUSP.

João Aut'llsto Bertuol Figueiró

f\1édico Clínico e Psicocerapetna do Centro ti.luJtidisciplinar de Dor do l·JC.PMUSP. Coordenador do Prog:raina Nacional de Edu· <:ação é1n Dor e Cuidados Paliativos da Associt1ção ~1l-dica Rrasi· leira. Membro Fundador e Presidente do C.Onselho Consultivo da ONC Al.iviador.

Joel Rennó Jr.

Médi<O-JSSistenre Doutor do IPq·HC·FMUSP. Coordenador Geral do Protv1ulher-Projeto de Atenção à Sa.ltde f\.fen1al da f\.fulher

-lPq-HC·Ft.1USR Doutor em Ciências pelo Deparnunento de Psjqui· atria da PriilUSP. ~1embro·fundador d;i lnternational Association

for Women ·s l\•lental Health.

Jorge Woh\vey Ferreira An1aro

Professor A'ôSOciado Pernli.ssionário do Depart·a1uento de Psiqui·

atria da frv1us1~ l'sicanaJiSta pelo lnstiruro de PsicanáUsc~ da So·

ciedade Brasileira de Psicanálise. José Alexandre Bntistela

Estatístico.

José Gallucci Neto

~1édico.assistenre do Projeto de Epilepsia e Ps;quiacria (PROJEPS[) do IPq-HC·FMUSP. (',ooroenador d• Unidade Mista do IPq·HC·

FMUSP. Juliana Diniz

1'•1édica Psiquiatra. Pôs·graduanda do Deparnunenco de Psiquia·

lfia da FMüSP.

Karen Miguita

Fannacêutica Bioqu(1nica. Pós-graduanda do Deparca1nento de

Psic1uiatria da fli.4USP. l.iesqui.sadora Cientifica do lnstitlu() 1-\dolfo Lutz.

Karen Uentura

!\~édic.a Psiquiatra. i\1embro d<> Grupo de Atendimento e Rcabili· tação ao Paciente E.squiiofrênico (GARPE).

Laura Helena Silveira Guerra de An<Lrnde

Doufora em Psiquiaa·ia pelo Oepartamenlo de Psiquiatria da

F~fUSP. ~1édica-assistente do IPq.~IC-FlvlUSP. Coordenadora do Ntíclco de F..pidcmiolc)gia P$iquicítrita do lPq-HCl:'rvlUSP.

Luciana de Carvalho !\~ontciro

Psicóloga do Serviço de Psiwlogia e Net1ropsic0Jogia do IP<J·HC· Ff\.tUSP. P.1escre em Ciências.

Luís Fen1ando Farah de Tófoli

Psiquiarra. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria pela USP. Pro· íessor Adjunto da Uni\fersidade Federal do Ccarâ (UFC), Pacul· dade de riiJecJjçina, Campus Sob(al.

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VIII AUTORES

Luisa de }ifarlllac Niro Terronl

Psic\ujatra cio Grupo de lnrcrconsuhas do IPq-HC-ftvfUSP. Pós· graduanda do Depanamento de Psiquiatria da Ff\itUSP. ri.testre em Psiquiatria pelo fnsrinuo de Assistência ri.tédica do Ser\lidor Plíblico do Estado de São Paulo.

f\ilai1oe1 En1anl Garcia Jun.íor

~iquiatra. Doutorando do IGG-PlJCRS. Coordenador do Anll>u· latório de Dependência Qulmica do lnstiruto Abuchaim. Profes· sor do Pós-graduação em Psiquiauia do instituto Abuc:haim -Pono Alegre.

M31toel Jacobsen Teixeira

Professor iítular da cadeira de Neurocirurgia do Deparutnlento de Neurologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Diretor da Oivisão de NeurocirurgÍtl Pundonal do 1Pq·HC·F'1-1USP. Marcelo Ortiz de Souza

f\ilé<Uco Psiquiatra. Assistente do Instituto Bairral de Psiquiacria. l\ilárcio Antonjni Bel'nik

ri<1édico Psiquiarra peJa R.iUSP. Douror pelo Deparra1nenro de P:;iquiatria da P~tUSf! ProfC$:$0r Colaborador 1\i~dieo do Depar -tamento de Psiquiatria da Ffi,IUSP. Coorden:tdor do Ambulatório de Ansiedade (AMBAN) do JPq·HC·FMüSP.

Marco Antonio Marcolin

Ph.D. pela Universidade de Illinois - Chicago. Coordenador do Grupo de E.<timulação Cerebral do IPq·HC·fMUSP.

riwfarcos To1nanik l\tercadantc

Professor Adjunto do l)epanan1ento de Psiquiatria da UNlf:ESP. EP~t Professor Adjunto do Programa de Pós·graduaç.1o Disnirbi· os do Desenvol\lintento da Universidade Presbiteriana ri.tackenzie, São Paulo, SP. Pesquisador afiliado do Child Center da U1li\'ersida -de de Yale.

Maria Angclit-d Balliéri

P'JicóJoga cogniti\la comportamenral. flita.ria Claudia Bravo

Psicóloga.

Maria Conceição do Rosário..Campos

Professora Adjunta do Departamenro de Psiquiatria da UNIFESP· EP~1. Pesquisadora do Projero Trans1on1os do Espectro Obsessi -,·o-eompulsivo (PROTOC) do IPq·HC-FMUSP. Pl?S<(uisadora afili· ada do Child Cencer da Universidade de Yale.

!ltla.ria da Graç-a Cru1carelli

Psiquiacr::t. Pesquisadora do Ambulatório de Depressão da PUCRS. Coordenadora do A1nbularório de Trans1ornos de ~lunlo1· e Neupsicofarmaeologia do Instituto Abuchaim. Professora do Pós· graduação em Psiquintria do instituto Abuchaim - Porto Alegre. flllariangela Gentil Savoia

Dotnora ent Psicologia pela USP. Professora·assistente do Depar·

lamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências 1'1édicas da Santa Casa de São Paulo. ~itóloga Pésquisadora do 1\n\bulatório de Ansiedade (AMBAN) do !Pq·HC·FMUSP.

~1arlna Odebrccht Rosa

t\~t.'S1re em Psiquiatria pela ft1.i1us1~ f\•lck:Hca cio Sc">ic;o de Trata· menco Biológico - ECT do HC·FMUSP.

~1oacyr .i\lexandro Rosa

t\~estre em Psiqlli{lt.ria. Doutor em Ciências pela USP. Coordena.· dor do Serviço de n·acomenco Biolôgioo - ECT do HCFMUSP. Coordenador do s~tor de ECT da Santa Cnsa de f\ilisericórdia de São PauJo.

f\1onica Z. Scalco

Doutora em Psiquiatria pela Ff\1USP. Staff Ps)•chiatrist, Seniors Progrant, Whitby 1'1ental llea1th Centre. Consulrani Psychia1ris1, Departmt.nt OÍ Ps)•Chiatry, Bayacst Hospital. Divisão de Psiquià· tria Geriátrica, Dep~namento de Psiquiatria. Universidade de Toronro.

~10ntczuma Piménta ferreira

f\1estre em Psiquiatria pela F?.1USP. Diretor do Ser\liço de Unida·

desde Internação do IPq·HC·FMUSP. Nairo de Souza vargas

f\1embro Fundador da Sociedade Brasileira de Psicologia Ana· lítica. Professor·Doucor do Departan1ento de Psiquiatria da FMUSP.

Neury José Botega

Psiquiatra. Professor Ticular de Psicologia ~1édica do Depan.a.-1nento de l>$iquiatria e Psicologia 1'1édica da faculdade de Ciên· c:ías f\ilédiças da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Orla11do Cesar de Oliveira Barrecto

fJrofcssor A..~c:iado do Departamento de Psiquiatria da F~iUSP. Especialista em Patologia Clínica pela Associação Médica Brasi· leira.

P<ltricia de C. I" Schoucri

f\1édica·assistente do Ser\liÇQ de Psicoterapia do LPq·HC·~iUSP. Coordenadora do G11lpo de Psicoterapia Breve do Se1viço de Psi·

coterapia do lPq-J IC-P..iUSP. Doutora em Psiquiatria pela F?.1USP. Paulo Clemente Sallet

Douror en1 Psiquiatria .. f\1édioo Assiscente do Jpq-liC-FMUSP.

Paulo Dafga1arrondo

Psiquiatra. Professor Titular de-Psko~tologia1 Faculdade de Ciên·

cias ri<lédicas, UNlC..\fi.lP.

Pedro Alvarenga

"'lédico Psiquiacra. Preceptor de Graduação do Depru1amenro de Psiquiatria da Ff\1USP.

Philip Leite Ribeiro

Ps:iquiàtrtl. Diretor dé Assistência do Grupo ln1erdisciplinar de Escudos de Álcool e Drogas (Gl\EA).

Priscila Chacon

Psicóloga. Pós·graduanda do Depanamento de Psiquiatria da FMUSP.

(9)

Priscila Teresa Peraitovi.ch RO(CO

Psiquiatra Clínica. Psiquiatra Forense .. .\cupunturisra. 11édica Assistente do IPq-1 lC-FtvJUSP. Membro do Conselho Peniten

ciá-rio do Ettadl) dé São Paulo. Quirino Cordeiro

P6s·graduando do Dep.111amento de Psiquiarria da Ff\1USP. Rena.ta Sayuri Tainada

ri<lédica Psiquiacra. lt.ies.tre ent Psiquiatria pela F}.1USP. Ptsquisa-dora do Programa de Trart.'>tomo Bipoltir (PFt0f'l1AN) do IVq·

HC-FMUSP.

Renato Luiz lt.1archetti

Doutor em Psiquiacria pela USP. lv1édico-assistente e Coordena·

dor do Projeto de Epilepsia e Psiquiatria (PROJEPSI), JPq-HC·

FMUSP.

Renato 'l'eodoro Ramos

Professor Livre-docente pelo Oép..'lrtamento d~ Psiquiatria da FMUSP.

Renério Fráguas Jtutior

Coordenador da Equipe do lnstinno de Psiquiaaia parn Inter· consuhas nas Unidades de En1ergências e l!nfe.nnarias do HC·

F!'.1USP. Coordenador da Residência Médica no lnsciruco/Depar.

ta1nento de Psiquiatria do HC-~fUSP. Doutorado no Depar1amen

-to de Psiquiatria do ~[(.pt.,fUSP. Pós-doutorado no flflassachusetts

General Hospiud·Harvard Sc;hooJ of \'.1edjc;ioe.

Ricardo Alberto t.toreno

Professor Doutor do Instituto e Depanamento de Psiquiatria do HC·FMUSP. Coordenador do Grupo de Escudos de Doenças Afetivas (GRUDA) do JPq·HC·FMUSP.

Ricardo t\1itrini

Profussor·associado do llepanamento de Neurologia da ffvlUSP.

Rodtigo da Silva Dias

Psiquiatra. Colaborador do Grupo de Estudos de Doenças Aíed\•as (GRUDA) e do Projem Mania {PROMAN) do IPq-HC-FMUSP.

flJlestte e1n Psiquiatria pela ~tUSP. Rt.>sana Camarini

Professt.>ra Doutora do Oepanamenro de i;armac:ologia, Instituto de Ciêncjas Biomédicas da USP.

Roseli Gedanke Sl1avitt

Psiquiatra. f\1estre e Doutora e111 Ciências pelo Departamento de Psiquiatria da Ff\1USP. Pesquisadora do Projeto Transtotnos do Espectro Obsessivo-compulsivo (PROTOC) do IPq-llC-FMUSP. Sabine Pompéia

f\ilestrn em Neurociências. Doutora em Ciências. Professora Afili·

ada, Depanamento de Psioobio1ogia. Universidade Federal de

São Paulo (UNLFESP).

Sérgio Barbosa De Barros

"'1édico do Projeto 'l'erccira Idade (PRO'l'(!Jt) do IPq·HC· F~tUSP. Diretor de Pesquisa Clínica da Unidade de Pesquisa

CUnica e.1n Neuropsiquiatria e Neurologia (UPSJQ.fPC~iA). Sergio de Arruda Brotto

Psiquiaa·a. Segundo Assistente do Centro de Atenção Jntegrada à Sat'tde "1en1al da Santa Casa de São Paulo.

Sergio de Barros Cabral

f\1êdico Psiquiacra pela Fi1USP. l\ilescre pelo Depanamento de

Psic11.1iatria d<i PMUSP. rv1édico Colaborador do Ambulatório de Ansiedade (AMBAN). Médiro Supervisor do IPq·HC·FMUSP.

Sérgio Paulo Rigonatti

Doutor em Psiquii1tria. Forense pelo Oepart<imento de Psiquiatria

da FflilUSP. Coordenador do Serviço de Psiquiaaia Forense e Psi·

<:ologia .Jurídica do fpq.J-fC.ff\1USP. Diretor do StJViço de Trata· mentos Biológicos do IPq·HC-FMUSP.

Stella !\lá.reia Azevedo Tavares

f\1édica do U.boratório do Sono do IJ1q-HC-Fri.1usn Taís Michele Ailinatoga"'ª

Médica pela FMUSP. Psiquiatra pelo IPq-HC-FMUSP. 1'âki Athancíssios Cordás

Coordenador Geral do An1bulatório de Bulimia e Trnnstomos Alimemares (.~MBULIM) do IPq-HC-FMUSP. Professor ColabO·

rador do Depar1an1en10 de Psiquiatria da Fti.IUSP.

Chei·Tung Teng

Coordenador dos Serviços de Pronlo 1\tendilnenro e de ln

tercon-suhas do IPq·HC·FMUSP. Médico Supenisor do IPq·HC·FMUSP. Doucor em ~1edicina pela FMUSP. rvlédico Pesquisador do Grupo de Doenças l\fecivas (GRUDA) do IPq-MC-FMUSP.

\\'ellington Zangari

Psicólogo. ~testre em Ciências da Religião pela PUCSP. Doutor

em Psico1ogià Social pé!() lnstituro de Psicologia da USP, com

Pós-doutorado pela mesma instiruiçâo. Coordenador do Ln ter Psi/ COS/Cenep/PUCSP. Pesquisador do Laboratório de Esmdos em

Psioologi<1 Soci11l da Religião do Ocpartamcnt(> de Psicologia Só· cial e do Trabalho do lnstin1to de Psicologia da USP.

Yuan-Pang \Vang

f\•lédico-assisre.nredo SeJ'\1iÇQ de lntcro.>ll$ultas do ll'q·HC-Ff\1USP.

Professor Titular de Psiquiatria da Faculdade de ~1edicina de Santo 1\1naro - UNISA. ~1estre e Doulôr em Psiquiatria pelo l)e.

partam.cnro de Ps;quiritria da PÍ't1USI?. "1estre e Doutor em ~fedi·

(10)

Nichl Kunsl und \V'"assenschaft aUeln,

Geduld t\lill bei dem liVerke sein.

Não so1nente An:e e Ciência, o trabalho requer a Paciência

(Goetl1e, fausto, Quadro VU, Cena l)

Há muito tempo se diz que "-1cdicina é Ciência e Ane. A Psiquiatria, como os outtos ramos da f\i1edicina. não é u1na exceção. No entanto, viven1os e1n utna eta em que a Medicina, e 001n ela a Psiquinuia, procura se tornar cada .,-ez mais cienófica, devido à influência de \•árias 00\'35

disciplinas do sabe-r.

Nesse sentido, oonlo Ciência. a Psiquiauia incorpora, a cada instante. novos conhecin1en· tos tra7.idos por áreas como a Genétic.1 fl.1oleculai:, a Psicof:i:rmacologia, a Neuroimagem. a Fanuacogenética, entre as chan1adas N'eurociéncias. Do pOnto de \'iSta de sua prática clinica, a Psiquiatria aoo1npanha a ~ledicina moderna, e suas condutas terapêuticas baseian1-se e1n evi· dêncins - a tom.1da de decisões clínicas não se faz mais nn. b.'lse da experiência pessoal, mas

si1n a partir de dados obtidos de ensaios cJinjcos, revisões sistemátitas e n1eta.iiálises. Avanços

nessas áreas 1omaram a PsiquialJia um3 das especialidades mrus impor1aotes e atraentes de

toda a f\teclicina, seja pelas descobertas cio funcionamento cerebral, seja por seus resultados

terapêuUcos, l1oje semelha11tes aos de outras especial.idades.

Qlbe ao psiqltiacra a aplicação desse conjunto de infonnações àquele paciente (1nico con10

ser humano. As:;im, a Psiquiatria pode ~p~senrar nma Arl'e, an1adur~ida com o tempo, pela

experiência acunlulada no contato COLU os pa-cientes e1n suas di\•ersas condições psíquicas. A Psiquiatria é também uma especialidade eJ<ercida antes de rudo oom paciência. Despoja· cio ainda de avanços tecnológicos no auxilio cl<1 obtenção do cliagn6stico, exerce o psiquiatta sua pt1ciéncia na oblenção da detalhada hislótia n1édica e pessoal. no exa.ine n1inucloso do eslado mental, na obsef\ia.;ão cuidadosa dos v6rios aspectos do paciente. A patiênci:l esfó presente

também na espera dos efeitos 1erapê:uticos dos tratamentos, na recuperação lenta e gradual. ~luilas vezes ele precisa esperar o "tetnpo" do paciente l)ilrà obler unia iníor1nação ou unl aspec-to de soa hiscória. deve saber controlar sua ansiedade e manter a perseverança para alcan.;ar os resultados diagnóstico e tcrapêuti<:o esperados. f:m sua grande! maioria, os transtornos mentais são crônicos ou recorrentes e. <:onlo conseqüêocja, o paciente tefá de sei' acotnpanhado por longo tempo. se não por toda a vida. Nesse sentido. cabe lembror o a.otigo a.forismo: "curamos

sempre que possivcJ, procuramos melhorar muitas vt:zc.s, damos conforto sempre".

Esta segunda edição de P3iqulatria 8ddt'4 ttadu.t o graode avanço cie1niílco alcançado nos

mais de 10 anos decorridos desde o lnnçan1ento da p1imeira edjção. Isso só foi poss-i\'el graças à rolabôração de 111uitos colegas do Departamento e do Instituto de Psiquit1tria da Faculdade de ~ledicina da Universidade de São Paulo. benl 001110 de destacados profissionais brasileiros lfde·

res em suas :ireas. Sem sua contribuição. este li\•ro nfio existiria ..

Mario Rodrigues t.ou:iã Neto Hélio Ellds

(11)

P.iiquiacria Básica foi concebido como 1exto para os cursos de Psiquiatria ministrados aos

alunos de graduação da Fa-culdade de fvledicina da Unii•ersidade de Siio Paulo, incluindo os

cursos de rv1cdi<:ina, Ttrapia Ocupaclona1, fisi0terapia e f'onoaudiologià. Ele tambén1 poderá str údl ao residente de Psiquiotria, ao médico de otAtras espeçiali<lades, bem oomo aos demais pro· fissionais ligados à área de Saúde ~lenta!.

Os colaboradores. professores do Depa11rune1no de Psiquialria e n1édioos do lnstill.llO de Psiquiauia do Hospital das Clínicas da Faculdade de ~ledi-cioa d(I Universidade de São Paulo,

pr<>euraram apresen1ar u1na visão atualizacln e aprofundnda da cfíni-ca e do tratamento dos prin· cipais Lranslornos psíqujâlrkos, associada à sua expetlência dioica e didátita.

Psiquiatria é a medicinn (iarr9$) da mente (psiqu.e). Enquanto especialidade médica, tem

por base o 1nodl!lo mi<fico, 11utrindo-se das pesquisas é descobertas das Ciências Biológicas ém

geral e das Neurociênclas em patticular. No entanto, para compreensão dos fenô1nenos n1enLais,

wmbém recebe inl111'êncW de -conhecin1entos dos diversos rJnl<:xs das Ciências Human.as e So<;iais. Embor.-frt.-qüentcmentc o,, defensores de cada um.a dessas vcncntt.'S procurem mlnjmizar a impor· tâocia d.1 outra, a prácica clínica da Psiquiauia demonscra que somente com a síntese de an1bos os

domínios do c.vnhecimenro é pnssí~-e) o atendimento inte~'rndo do paciente psiquiátrico.

Dentro desse espírito, Psiq11iarria Bá.sico é uni texto essencialn1ente clínico, em que os

ml1Jtiplos (atores que influencia1n os transtornos psiquiátricos estão descritos através das princi·

pais categorias do modelo médico, isto é, quadro clínico, fisiopatologin, diagnôstic:o, diagnós1ico

diferéncia.l, prognóstico e traramc11lo. ~\ CJassificaçào dos 'l"ranston1os "tentais e do Coinpóna

-meoco da dêcima edição da Clas:sificac;~io lncemaciooal das Doenças (CfD· 10) íoi utilizada como rcfcr'1ncia bási-ca para a catt.ogori:Lação das entid<1dcs clínicas contidas neste livro.

Os Organizadores agradece1n aos colaboradores a dedicação e o en1pe1iho na preparação dos respocâvos capítulos e ao Conselho do Depar1amento de Pl\iquiatria da Faculdade de ~fedi· cina da Universidade de Siio Paulo o <1poio recebido.

Oescj:im os O.g:a11.it.1do1es que l~iquiillria !k1.riro represente uma c.'Ontribuição didátita e cie

n-tlfica paro a lirerarura psiquiátrica br::isilei.ra e lt:.lga ntotivac;iio para o aprofundamento do esrudo da PsiquiAt:ria, despenartdo o inreres.se para a árdua raref..t de diagnosticar e {rarar pessoas que apresen·

wn1 uansto111os Lneolàis e de compotlainento.

"ta.rio Rodrigues Louü Neto Thehna da Motla

Yuan-Pang: \'\1ang

(12)

Sumário

PARTE 1

Aspectos gerais da avaliação diagnôstica

1

.

J.listória da psiqujatria ... 21

Yuan·A:rng Vl~ng. ,\1a1io Rodrigues I.r>1tui .r..1ero, H.!lio Elkü

2. Diagnóstico e classificação em psiquiatria ... 32

Y1twt·Pang Vl'ang. t'duardo dt Castro Jlurn!$, La11fu lltlcr:a S.il1oe1ru Gt«:mt de 1\ndl"(lde

3. Epide.miologia cm psiquiatria ... 49 Yuan·A:rn..~ ~~ng. útu1·a Helena Siho.eira G11erra de Andrade

4

.

Elementos de estatística para psiquiatria ... 65

1-l!lio l!'llds. José Alrxundrc Bati.strla

5. Genética e1n psiquiatria ... 76 l~'Onrn· Vi./IQ.SQ !.ftira·Lin1a, QuiriJlt> CQJ'di?il'o, flrnnero Vallada

6

.

Avaliação neuropsicológica ... 88

Cwidida Hele110 Pi.rn dt Qunargo, Cri.ttiana Castanho dt Aln11:ida Rallro, Luciana de Can'<llho Afonttiro

7

.

Avaliação neurológica ... 96

Jeru.<a Smid, Ricardo 1\1im'11i

8

.

Exames complementares em psiquiatria ... 107

Orlu11do Ct.sar de Olh'fira Barretto. Quirino t'ordciro

9

.

;\

entrevista psiquiátrica ... 113

1Vtury Jost Botega

1 O. Exan1e psíquico ... 122 1-félio Elkis., Paulo Oalga.farrondo

1

1

.

Influência da cultura sobre a psiquiatria ... 128 Yl/dn·Alng l>'i~ng. Carme1t Wcin Albuquerque Santana., Franci.f,CI) Lon1fo 1\'eto

PARTE 2

Principais transtornos mentais

12. Transtornos 1nenlais orgânicos agudos ... 141

Edson Sl1/gucr11í Hi'r'Gf(I,, ,,.IOttfG1((ll(l Pirnt111C1 f-tittira.

13. Transtornos mentais orgânicos crônic·os ... 152 1\fo.r1;e:wma PiJnentn Fm-tiro, Eds-on Shiguenu· Hirora

(13)

14.

15

.

16

.

17

.

18

.

19

.

20

.

21.

22

.

Transtornos mentais asso<:iados à epilepsia ... 174

Rt11a10 l.tii!: i\fan;hl'.tri, J<Mé Gaflua:i Ne1(1

Transcomos meneais relacionados ao uso de substâncias psicoativas ... 195

Philip Leite Ribeiro. 1~rthur Gurrra de Andradr

Tubagis1no ... 211

1\f()l1tez.u1no Pin1cnta f'i.rreim

Transtornos do humor ... 219 Doris Hupf~ld f,fort>na. Rodrigo 00 Sif;'<I Dias, Rioordo 1\rbcrlo i\forrno

Esquizofrenia ... 235

1\faJ;Q Rod1ig11es /,Qu1.d h'e10, Helio f.fki3

Transtornos e.squizotipico, esquizofreniíorn1es, esquizoafetlvos e delirantes ... 264

lklquiz 1\vrichir. llc1io Elkis. ,\1ario Rodrigues Lou.zã /\1cto

t'ránstornos somatoformcs ... 272 Wfs f>tJ11ondo Faral1 de T!Voli., l.a11ro Helena Si/1-e.iro 011e.rm de Andrade

Transtornos dissociativos (ou coo\•ersi\•os) ... 285 1\fcxander flforcita·lilmcida. Carias 1\lvurado. \o'i~Uington Zungari

Transtornos de ansiedade ... 298

22

.

1

.

Transtorno de pâníco e agorafobia ... 298

.'•fârrio Antonini Br.rnik, GuHhenne Spadilii dru Sanros, Fra.rtds'o l.01ufo 1Ve10

22

.

2

.

Fobia social ... 308 /tfár<"iO A1uor1in1' 8erník, Scrgio de &lrt-0$ Cabra~ i\farlangcl<1 <Jtn1il S<l\'Oid

22

.

3

.

Transtorno obsessivo·compulsivo ... 315

.'rfarcos Tà111anik ,t..ferrodan1e, ,\!aria Conceição do Rosório-Co1npos,

Ro.~cri GcdcrJ1kc Shavitt. Arex ,\faia. Sergio de Arruda Btolto. Ana Gabrkra Hounic.

.\farreio Ortis de Sooza. Afan·a ctaudia Bra\'O, .'-!an·a Angelita Balritri, Pedro Ah'<lrtl1$a, JuliaJ'/a Di11i!', Prií,ila Charon, Karl?n Utn111ra, Karen 1\fíg1ti1a, Euripi'.d~ Cons.ra11rino i\figuel

22.4. 1'ranstorno de ansiédadc gcncrali;o:ada, transtorno de éStr~SSC

pós-traunlático e trans1on10 da adaptação ... 338 .Renat(} 'Thodoro ~1nos

23

.

Transtornos de personalidade ... 346

Dlbora Põs1on: Bas.siu, i\fmio Rodrigues Low....d A't'ro

24

.

Tr.lnstornos da aliJnentação ... 361

24

.

1

.

Anorexia e bulimia nervosas ... 361

J<íki Al}ii111císsias C:orciós. Fábio 10pia Saltano

24

.

2

.

Obesídadc e psíquiat<ia ... 372 Adriano Segar, D{boro Ki11osl1ira K1.J"N1J11oki

25.

'fi"anstomos do sono ... 381

1\foxandre Pinto de A.s:ci1:do, flá11i-0 1\fÓt'. SrcUa .'-tcircia Au\~do 1in'M.'S

26

.

Transtornos da sexualidade ... 400 Q11n1i10 Helena Najfa.11· Abd0, Aftxa11dn Saad~h

27

.

Transtornos mentais associados ao ciclo reprodutor feminino ... 418

Joel Rtnnó Jr., C1<íudio 1'1<>l'<lí'S Soans

28. Psiqujatria da infància e da adolc-scência ... 429 Franci$«1 8. A-<.SiinlJ)ÇÓO Ji:, E\'t'l,.vn Koo=)'•Mki

(14)

SU\IÁRIO

17

29.

Transtorno de déficit de atenção e hipcratividade no adulto ... 443 1\fatio Rodrig11i.S I.ou'Ui Ne10

30

.

Emergências em psiquiatria ... 451

Eda Zancui Gucrtun.su•in

31. lntc.rc:onsulta psiquiátrica no hospital geral ... 463 l.Piw de /\foriUoc Niro Ttrroni, Ana Po1.1ht 1 .. Can'<llho, ~êrio Fl'4guas J11nior

32. Suicídio e tentativa de suicídio ... 475

1\fex«ndn'n(I i\1aria August<J da Sil1<a /tfi'le1ro. Carolina de 1\lcrlo-Santos, l~1an·Pa11g 11/ang

33

.

Aspectos psiquiátricos da AIDS ... 497 And1i i.ra~gitJ'

34

.

Dor crônica ... SOS

João J\~1sro B1:rtuol Figuriró. hfo11ucl Jarobstn 1Cbxira

PARTE 3

Tralamentos

35. Tt'ataJnentos fur1nacológicos ... 525

36

.

37

.

38

.

35

.

1

.

Farmacocinética e farmacodinàmica ... 525

Rosana Cam<trini. Cfan'cc Gore11stcil1

35.2

.

Antipsicóticos ... 536

.~fon'o Rodrigues Louzã Nero. HiJio EU.is

35.3

.

Antidepressivos ... 547 Frederi<o Navas Dtmerrio, Olei·1l111g Te11g. 'nl/$ ,\fk11de fllinarogaiva,

PJis1:ila 'lere.so ~ro.no\•ich Ro«a

35.4

.

Estabilizadores do humor ... 562 .Bt:lt,Y IAfer. Rt11ata Sqyuri Ta11t<1da

35

.

5

.

Hipnóticos e ansioliticos ... 578

Claric.? GorenJttin, Sabi11e Pompéia

35

.

6

.

Anticolinérgicos} anti·histanúnicos. betabloqueadores e outros ... 589

Pauto Cfintt111e Sallct

35.7, ~ledicamentos antiepiléticos não-estabilizadores do humor ... 596 Reruuo L11iz ,\forcliet.ti, Jost Galf(,ccj 1'1/(l.Q

35.8. A_ndcolinesterásicos e antagonistas dos reçeptores N·metil·D·aspartato ... 601 Jejfc!Wll Cunlta Folquluo, Sérgfr1 &lrbóS<1 1)( &iIT<n, Qí.SS'it> AI. C. Bot1(11Cí

E1etroconvulsoterapia ... 608

i\foocyr All'XUndro Rosa. SérgW Atulo Ri.gunarri. 1\farina Odcbr«hr Rosa

Interações n1ed.ican1entosas ... 619

1\fal'l'.o Antot1i<> 1Warcofin, Alaria da Graça CantareJI~. flfanutl Emani Ga.n:io Junior

1-\bordagens psicoLerápicas ... 626

38

.

1.

38

.

2

.

38

.

3

.

Psicanálise ... 626

Dam'cla i\fcshulam llt'crebc, ~!ario Rodrigues Lousã Nero

Teoria kJeinia11a e bioniana ... 631

Jorge 1\fof'i"~· Fi::r1-.:;J'Q Anu;ro

Análise junguiana ... 636

(15)

38

.

4.

Psicoterapia de grupo ... 642 Parrfo1'<1 dt C. J., St·houeri. Ewi flclt11ct C. C. Zoppe

38.5. Psicoterapia dinâmica breve ... 648 Patrt'cia de C. L. Schoueri., Eva Helena C. C. Zoppr

3 8

.

6.

Psicoterapia psicodramárica ... , ... 655

Carmil'a Hcltna 1Vajjar Ab.:io, Htloi.sa J. Fletrt:r

38.7. Terapias cotnportamencaJs e cognitivas ... 660

Fabiana S4ffi, Franci:.co lotLJfe Nero

3 9

.

Psiquiatria geriátrica ... 668

1\íbcrto St&ppt·, Cá.sslo }.f, C. IJ01ti110, hfQriica Z. Scafot>, Edson Shigul·111i flir<•t«

40. Terapia ocupacionaJ en1 saúde n1cnraJ ... 691

Adri-011-0 Dias Barbo.~a Visrotro

41

.

Psiquiatria forense ... 700 Sérgi-0 At1tfo Rig-Oriattl Dunicl 1\1arllm de &ltT<n

(16)

Parte

-

.

(17)

1

- - - -

1História da psiquiatria,

_

P1iq11ia1,;a antiga e greco<41tinf. 21

hiquiatrit meditval, 21

A eseola frMGUa e a primeira

revolução psiquütm._ 22 A escola pslqolâtriu alemã, 24

A pslquiatJla fora da ITança e da Aae.matlha,. 11

PSIQUIATRIA AllTIGA E GRECO·LATINA

Os pri1neifos regisu-oo de patologias psiqulálricas data1n de

cerca de 2.000 anos a.e .. enoontrodos em papiros eg(pcios de Kahun, cuja concepção de histeria (do grego, hy.uero, matri:t., títero) \•cm da COl'l\'lcç.11o de que o útero seria um ser vivente au1ôno1no ro1n a

propriedade de se deslocar pelo interior do corpo. Essa ooncepção funcional do útero se dife.rcnti.a das cont:epções mâgiL"().rcligiosas ao considerar asdoen(asconlo °'Vesânias naturais" (do kttiLn \'t3arutS, lo1,1cura).

O modelo g:rcg:o de doença é de ruptura do cquil.íbrio inter· no, concebido de acol'do com a visão cósmica. HípOCrates, 1oma1ldo idéias filo$áfica$ de Pitágoras e Empédocles, concebe o homem é01110 u1n 1nic:rocos1no regido por leis físicas setnelhantes às do

universo ... o ntacrocosnlo. Nas obras hipocráticas. e.ncontram·se !U primeiras descrições indiscutíveis de histeria, que explicam o deslocamento do útero <.'Otnô decorrente da falta de funcionamento sexual Nes1a circunslância. o útero perderia o peso e subiria ao

hipoc<"indrio, ao coração ou até ao cérebr<>, prov<>c:ando dispnéia,

palpitação e até desn1aios. J·là, entre os gl'egos, a explicação

etiopalogênirn da relação entre a sexualidtide e a histeria. A {era· péutica é congruente com a formulação da origem da doença.

Rtco1nenda.se 1uattirnônio pãn'l n10<;as e \'iúvas, além do e1npre. go do mé1odo egípcio de íumegações vagina.is con1 plantas aro·

mátic.as para atrair o útero ao local adequado (irillat, 1991).

Hipócrates não considera a epilepsia con10 doença sagra<la

(Hippocruric wriring.s, organizado por Lloyd. 1983), ele acredirn que

as convul.sôcs são de causa natural, distinguindo as decorrentes da

parologia de úlero (hisleria 001i\'ulsíva) daquelas da patologia do cérebro (epilepsia). A import{lncia do cérebro é mencjonada na ía· mosa observação hipocrática sobre o caso da lesão de um lado do trânio, provocando a. p-.a1alisia contralateral do oorpo.

Os autores romanos posteriores a Hipócrates foraro Ce.lso, Arctcu de Capadócia, Sorano de Éfeso e Calcno. Esses autores con·

cebenl basicame.nte três espêcjes de enrem1idade rnental: 1nania, melancolia e írenite. A histeria é ainda ronsiderad11 enfennidade

uterina .. .\melancolia é descrita pelos gregos como um quadro de

Y11an.PangWany

Mario Rodrigue~ Lowâ Nc111 Hilio llkil

fmld • • compnen$io p$i«1dinâmia do individuo. 27 Soti0f)siquia1ria e 1n1ipslquia1ria, 29

lrau1m1ntos s.omi1icos em psiquia1ria. 29

P$iquia1ri1 11u1l 11 p1rspet1iv1s hlluns, 30 A.fer•t1cias. 31

11isteui decorrente do excesso de ''bile negr.1oe circulante. Areteu de C3padócta fomete a prirncira descrição de transtorno bipola~ asso-ciando mania cool tnelanrolia. Sor.1.00 de E.feso. por sua vez, distin·

goi a.s afecções agudas (freoite) das crõni(:íl.$ (mania e melaoooUa).

~\terapêutica ro1nana é baseada cm massagens ~>rporais, sansrias

e dieta alimenlar.

Galeno, por sua \'ez, reíuta a tese de migra-ção urerin11, pois acredita que a etlíennidade é origiJlária da reh~nção de liquido fe1ninino pela abstinência sexua.J. o qutil provoca a corrupção do $.il.ngue e convulsôe$ .. i\ssim, para Galeno a hisreria rem etiologia

stxual-bioquí1nica, sem conotação erótica ntm sexual-mectínica, con10 defulia Jiipóaates. A rerapêutica antiga

e

obscura e de efeito

duvidoso, baseada cm teorias que carecem de cicnrificid;1dc e con· 1a1ninada pelas ideologias ou crenças d-o grupo naquele 11\0tuento histórico.

PSIQUIATRIA MEDIEVAL

A [da.de 1'fédia íoi para ti Psiquiaaia, assim con10 para outras ciências, a "Idade das Tre~·as". A degradnção da psiquiatria prova· vclmcnte se estendeu até o inicio da Idade 1'1ódcrna. Pouco se 00· nhece sobre seu ru1no naquele perlodo; ac:redila-se que te-ria sido

exercida por magos e feiticeiros, desga11aodo·se da cradiç5o greco·

ladrui. Oc:orteu, pois, o retrocesso às concepções 1nágico-reHgiosas e o abandono dti idéia de doenç~1 mental 001no decorrente de causa

natural.

Embora teólogos co1no São 'l'omás de ;\quino defendessem, durante a Idade ~lédia, a tese da origem natural das doenças nien·

1ais, a .. demonologia" e a Inquisição impuseram resistência para a aceiuição da idéia de que "f elticeiras"' e "J)ossuídos"' soírianl dedoen·

ça natural. A obra n1ais célebre de que se tem noócia desse periodo foi e.scriu1 por dois padres dominicanos alemães: Kramcr e Sprenger (1494, edição de 19?5). A sua obra 1\~álftus maleficarun1 (lvlartelo dos feiticeiros) constitui un1 verdadeiro manual de caça às bruxas. As descrições de orgias ie.XUnis são acompanhadas de i:nérodos de

(18)

2

2

umi. ElKIS E COlS.

li\TO, alguns autores acrediran1 que muicas mulheres hisré1iros fo· ram acusadas e queimadas como bruxas, enquanto outl'O$ \'êem a obra conto alusão à pornografia e à psicopatologia. Ainda nesta épO·

ca, Paracelso defende a visão dissonan1e de que aqueles individuos não eram endemoniados por espíritos, mas sim, acometidos por do·

tnça natural

De qualquer modo, esse periodo é marwdo por exorcismo, perseguição aos enfermos mentais, ínto1crância, condenação à fo· gueira e ctueldade, que só terrninaria com a criação dos 11ão n1e-nos brutais manicómios, no início da Idade ti.1odema.

A ESCOLA FRANCESA E A

PRIMEIRA REVOLUÇÃO PSIQUIÁTRICA

Até o século XVJll, a identificação de doentes mentais se ba·

stava e1n critérios sodocuhuiais hnprecisos {Beauchesne, 1989; Picfl.ot, 1983; Zilboorg, 1968). Enquanto a obra i\ilalle,i(S n1alejic.arun1

representava um insuu1ne.nto de identificação de manifestações de-moníacas para condenar pessoas à fogueira. a instituição da "nau dos loocos-" (foUC41Uh, 1978) permitia exc:h.1ir leprosos de lodividuos com t:omportamento socialmente perturbado. J\ sanção da lei de

1656 pelo re-i Luís XJ\' tevt finalidades policiais: ind.ivfduos libetti· oos, <.:btlrlatões. errantes. indigentes. n1endigos, ociosos, ladrões,

luétieos, lunátiros, dementes, a.Jienados e itl$êlOOS de todas as

espé-cies deviam ser eliminados publicrintente ou levados à reclusão

(Beauchesne, 1989; Pichot, 1983; Pessoni, 1999).

~ ten çãa l

A:é o século XV.. a idertliflc~âo de doen1es meo1ais se hasM•a en'l trrté1iM socioeuM:ur3i$ iT.precí$0$.

f!ntrttanto, uma mudança fundamental ocorreu no sé1.--ulo

}i.'\'LI, a panir da fundação de locais para o cuidado de doentes me-n·

tais. Antes 1emidos. hostilizados e rejeitados, os doentes passam a ser reconhe<:idos 00010 objeto da psiquiatria, dignos de cuidados médicos. Tui Lnuda.nça aboliu o caráter demoniaco das práticas

alienistas da époai medieval. O objeto da psiquiatria só se constitui na medida e1n que o taráter 1nédi<:o das perturl>açõc:s dos indivi· duos é reconhecido e quando .. n noção de doença meneai destacou· se com bnstnnte nitidez.•.

Por p1001over o l'ecoohecln1enLo do doente 1nenlal como obje·

to da psiquiaaia, chamou·se hnbirualmente de primeir<l revolu-çáo psi<Lui.ácrica ao movimento de fundação dos hospitais ps.iquiâtricns e casas de saúde (Zilboorg. 1968). O resultado é o desen~'Olvtn1ei1to

do lTtêtodo psicopatológjco e o surgi_men10 de classificação das doen· ças menta!$ (Béauchi."Snt, 1989; Pai1n, 1993; Bérrios, 1996).

At ençãa l

Entte1an10. uma mudança foodamental ocorreu no século XVll, a !*li1 d& fund3~ de IOCai$ íl3r& o o.ih::i&iJ<i de ooentes men13i$,

!

Ate nçâ ol

O obje:o da p;iqi.iatria só S!! constitui na medida em que o caráter

rnédic:o das purturbilções dos inc:iYiduos ~ nxoohccido o Quando .. ~ noção de doença menlal des-:acou·sa com baslallte nitidez"'.

Elubora os hospitais tivessen1 sido íundtldos em coda a Euro· pa desde o século XVII, foi a esCQla francesa. ou "escolu clá$sica" de Paris. que dominou o cenário psiquiátrico europeu até o início do século XX. O reconheciLnento do doente n1ental como pa<ience de

patologja natural, acima de tudo orgânica, com efeit0$ psíquicos.

coincide com a Revolução Francesa, época cm que a defesa dos

direitos humanos (igualdade, fraternidade e liberdade) ertl prega· da pelo Iluminismo francês.

Phillipe Plnel (1745~ 1826) trabaJhou nos hospitaís patisienscs

de Bicêue e Salpêt:riêre-. Instituiu regras de funcionamento hospita·

lar, enfatizando o cuidado dos doentes por pôncípiQS. humanitários.

J\ idtntificação das docoças 1nenrais obtém grande aprimoramen-to. Pinel passou anos nos hospitais, observando e cuidando dos

doentl'S, e exerceu paralelamente u t-rab.1lho de doc:ênda, fonnan· do u1n corpo ra1llOSO de a.Jienistas rra.nceses. Esquitol c1n2. 1840). aluno e herdeiro disciplinar de Pinel, continuaria o crabalbo do

mestre, lendo incrcmentndo as descriç6es detnlhadas de doentes,

por 1neio de longas obsel\1a~s.

Dessa esc:ol.1 surgitam disctpulos-como J.·P. FaJret ( l 794· 1870) fl' J. Baillarger (1809· 1890). os quais descre\•eram, respe.c:1ivamen· te, loueurn cjrrolar ((olir drcufairt.) e Joueuro de dupla forma (folie ó doubfe forrne), hoje renomeada 'rnostomo bipolar do humor

(SOOler, 1983). J. f\iorcau de Tours (1804·1884), outro expoente dessa escola, enfaúwu a iníluêJ\da de substâ1icias na dissociação do compo-namento, ao esrudar os efeitos do haxixe na \•ida mental.

É considerado um dos precul'S()res da psicofarmacoJogia moderna. Ernest La.segue (1816-1883), por sua \'ez, descreveu quadros deli·

rantes de e\•olução c;rônica e folie-à·di!U.'<, juntamenle oom Fn.lret. Na tese àprl-sentàda à l!scoln de Jitcdicina de Paris. cm 1822, A. L. J. Bayle (1799-1858) deíendeu que a inflan1ação de 1ne1nbta·

nas araaiôkles determinaria a gênese da doeoça nlentaL em que os

indi•;íduc>S com história de infeção sifilítica sofreriam mais tarde de

partllisia ge~I progressiva (PCP}. Descrevendo n1inuci~n1ente as

\«Írias fases da doença, Bayle e$tudou QS caso.s de PGP baseando-se nà evolução da doença e n<J hist6rià natural. O seu grande mérito

foi inaugurar o método anato1noclinioo na descrição de ULna enci· dade mórbida em psiqiliarri:.1, de noordo com o modelo mêdjro. O a<:hado ncuroanatômico da PGI~ a aracnoiditc crõnica, apresenta

etiologia espocifiea, defmida por meio de uma constelação de <.:a·

raaeristicas clínicas, combinando sinais motores e sintomas men· tais correspondentes. A den1onstração definitiva do TrcpOn(má

pallidum <OOlO t1gence Ctlusal da PGP seria fe-it:i pelo japonês Noguchi, em l 913. lnfe}i7.;me.nte, a ino•,.ação de Ba)'le não foi apre· einda de fonua dt\·ida e1n sua époea, pcr1nanecendo a escola fran· cesa com suas disputas n0$ológicas e classificações que prolifera· vam a bcl-pra1.cr.

Mals tarde, B. A. Morei (1809·1873), dísdpulo de J.-P. Fálret publicou 7i'<lité des dégtJ1éresw1a>s physiques, i11rell«tuetes e 111orales

de l'espi!'i! hurnaine, defendendo a teoria que dominou o cenário

psiquiátrico por mais de n1eio sétuJo. To111ando idéias de CJ,arles

Darvl'in sobre a evolução das espêcifl'S e combina_ndo·as à_ teoria. de

J. B. Lamarck sobre as modifica~õcs adapt.ntivas de órgãos tr<insmi·

(19)

Ao C\'OCar as transformações doentias para oomprovar o seu ponto

de \tista, f\1orcl di1. que a degcnem!'CCncia seria causada por diver

-sas etiologias: t6:<i<:as (ópio, haxixe. álcool, etc.), clinlâlicas, e<:oló·

gicas (p. eK .. crecinismo por falia de iodo), 1norais e sociais (condu· ta de vida desfavorável, miséria, etc.). A tara transmitida se modi6· taria e, com o p;:i.ssár das gcrat,-ôe:s se agravaria. Por exemplo,.-. um individuo instável se seguiria outro muito instável, depois um

psicótico e um alienado gra\1c, para culminar na extinção da famí·

Ua. CUnh::an1enle, os quadros atípicos seri:un lestetnunhos dessa

transfonnação, portanto, da degenerescência. Tudo isso se ajusta

perfeitamente à preocupação do século XIX, no qual autores como

Cesare LOmbroso e Kr.ifft.E.bbing chegan1 a e.xaJtar o papel da Jtere·

ditariedade e se esforçam ~m definir a pa;ologia menral relaciona· da a ela, tal como os tipos crlminôSOS e a psicopatia sexual.

Oulro crédilo de ~torei foi a descti«io. em 1860, de utna

nova doença, para qual propôs o nome de déntenc~ prkoa, conhe· cida a pattir de B1eu1er com o nome t.-squiwfrenia. t\ doença descri· la por t.forel afeta princípahne1ite indiv!duos jovens. se1ldo co1icei·

t.uada como .. uma sübila imobilização de toda.s as faculdades ... idio· tism<i e dcm~ncia eram o dest:in<i triSlé que tcr1ninaria o curso". A

dé11'1e1tcr précoce é considerada uni processo indicalivo de degenerescência.

Sucessor de ~1orc1, ~1agnan (1835-1912) elaborou as suas próprias concepções de loucura heredjrâiia. De.ílllia o degenerado tomo aquele c1ue "se torna cada vez menos capa7. de se adaptar, em virtude de seus efeitos físicos, intelectu;ds e morais"; rnis efeitos serian1 decorrente-S de predisposição heredicária ou adquirida.

f\1agna_n vai levnr ao extremo as idéias de degenerescéncin, distin· gujndo duas classes de transtornos mentais: degentrados e nâO· degenerados. Os degenerados serirun aque-les que aprese-ncassenl

estigmas n1ora.is e físicos, sendo propensos a desenvol\•erem sf.ndron1es episódicas e acessosdeliranres. E111 contrapartida, o gtupo dos não·degenerados se1ia composto por indivíduos normais, po· rém predispostos.

Co1no clínico, "iagnan vaj descrever o quadro de OOuffée deli·

rance, em 1886, como a "eclosão súbita de delJrios poLin101fos em

seus temas e suas expressões". A ausência de sinilis físicos, a deseslruturação da consciência associada à instabilidade en1oci-0· nal e o curso transitório seriam as suas características principais..

Além do bouffie delirante, "iagru1n enfatiza a imp<lnânda de dclíri· os ctônicos, que oconerlan\ ent indi\<lduos sadios, poré1n p

redis-postos.

f\10 finnl do f.é<;ulo XIX, ad0tn·se, na França, os critérios de

~1agnan, sustentados sobre crês dimensões: clínica. evoluci\•a e etiológica, ou seja, sisteoolltiiação ou incoerência do deJirio, curso

crônico ou transitório e degeneração ou não·dcgcncração na

etiologia.. Apesar do declínio da teoria da degenerescência, por \'01·

ta de 1910, os quadros cunhados por ~lagnan a panir desse rerreno conceitua) permaneceram populares nesse país.

A época das manias e o conceito da loucura

A conQ!pçiio dominante de mnnia (do grego mania: loucura) cómô cOrrl'$pOndcnte à loucura persistiu durante toda a Idade ~1é·

dia até o inicio do Uunlinisn10. e1nergindo jULllO com as idéias uni· tári.'l.S do sêc.ulo XVJI. Filósofos como John Locke viam a n1ente

como um codo uno ou uma unidade indivisível, da mc::;ma forma que a ahna. A 1nente hun1ana seria incapaz de sofrer qualquer per.

turbação p;1rcial, isto é, uma vez doente, a doença desestruturaria

globalmente a vida psíquica. culminando na demenciação irreversível. Todas as fonnn$ de loucura seriam es::;cncialmcnte a 1nes-ina. variando so111ente no seu 1nodo de início ou na gravidade

dos sin1otnas. Os alienistas franceses forn1ulan1 a sua visão racionalista de loucura na idéia de folie géniral (Pichof, 1983).

Ouas grandes conctpçõcs de mania se desenvolveram após a

descrição iniciaJ dos gregos. A primeira, aqui chamada de prê· no\•cccntista, aiastou-se da teoria humoral grega, pois ligava·sc à

concepção rena.sce1ltisra de perda da razão, das idéias unitárias de corpo-mt-Jl{e, e ran1bém inclui a hipótese de evolução deteriort1nle

(demencial) e crônica. A segunda noção é pmpagads após o traha·

lho de Kraepe1ín, \'alendo-s.e da desériçào de 111unia simple.-r, deflO· f:\ndo quodro ;igudo (em oposição à. idêin de cronicidade), sem

C\•Oluir para a deterioração (dcmcnria), nem apresentar sintomas psicótiros O·Infe, 1981).

No final do século XVJJJ, o médjoo escocês \YiUiam CUllen

(1710· l 790) di\'idiu as doenças mcntai::; cm parciais (partial in~~anity)

e globais (general in.sanl1y). tepresentadas respectlvante111e por melancolin e mania. Na França dos sêculos X\'ITI e XIX, o conceito

dé mania se n1odificou rapidamente. A noç.ão de folie particl e1n

oposição à folie gtnêral ganha adepcos in1portantes 001no Pinel, o qual publica o Trai tê sur la manie, esc:lare<;endo qoe "todas a.s coisas

que: têm relação com a louL'Ura são cham.adas de mani.a ... Esse autor

dividiu as ma1lias de acordo co1n a presença ou ausência de deliriutn no seu quadro si.ntomatológico. ~lania sem delíriu111, ou folie raiso11na11tc, alnsritui o protótipo de loucura parcial no século XJX. A 1na11ia e a den1e11tia são represenrantes da loucura global (/ol.ie g.fnéral}.

Sc:u dis<:ípulo Esquirol (1n2·1840) introduziu, en1 1810, o conceito de n1onon1ania. reforçando a idéia de parciaLidade e po·

puJarizando o uso do S\~fixo mania, p.<ira designar os transtornos mentais de acordooonl a fw1ção alterada. Asiodron1e 1nonon1anJaca. por sua vez, era caracterizada por: .. idêia fi~a. preocupação ~11016·

gica única en1 nada além da mente·· ou, mais sucintamente, como loutura p.ardal (folie partiel}. 1\pesar desses avanços taxonônliCO$. a idéi'1 fundamental da loucura era de n1anifesc.1ção glob..il e espe·

ciaJ, que mantêm cerni relação com o sistemn nervoso.

Esquirol detennina que as 1nonomanias apresenta1n estas tl'ês características: a) que o transcomo esteja limitado à função psíqui· c:a principal, cm contraste com os conceitos corrcnlcs de mania e

demen1ia, significa!ldo disfu11çõts generalizadas atingindo várias f un·

ções intelectivas e cognitivas; b) que essa ano1malidade de\·e ser entendida como o resultado "lóglC()" de uma premissa fal::;a; e) que,

exce1u'1ndo·se a área psicológica afetada. o individuo com monomania pensa, j1.llga e a.ge como os outrQS. Outrossim, a fol.ie partiel ajnda é dhridida cm dois tipos, de aa1rdo com o humor do· 1ni.nante: trisle ou alegfe. As monomanias são classificadas de a.cor·

do com a função psíquica alterada: afetiva, intelea-ual e instintiva.

O tenno Jypemanic, referente às monomanias tristes, substitui me· lancolia; a monon1ania intelectual corresponde à paranóia: a

monomania in_stintiva designa a dipsomania; e a monomania cit· cunstrita a comp0rta1ncn10 pertu1bado, engloba a piron1ania, a de-p·

1onlania. a erotoolania e a n1onon1ani.a L101nicida.

A ooncepçiio de mania teve mudança brusca com a a~itaçio

do trabalho de Kracpclin, no fina) do século XLX. Os estados manja.

cos eram subclassificados de t1oordo oom a gravidade, o tipo e a

cronicidade das alterações. Os tipos eram os seguintes: hipomania,

1na.ni.a {aguda) e nianla psicótica (ou deliraote), correspondcJKIO aos diferentes estágios de mania (Kraepelin, 1981). A possibilidade de existir um tipo de manja - a .sin1plex - que n.iio evolui para o estado de.mtndal (pérda d~ fillâo e im:,·crsibilidade) pcnnitc que Kraepclin

(20)

24 umi. ElKIS E COlS.

íormule a su<"t di<xlron1ia das psiooses endógenas, onde a n1ania oomo sintoma faria p11rte da doença maní.:ico-depressi\•a (Hare, 1981).

Da melancolia à depressão

Havia mllica discordância. no final do sérulo XIX, a respeilo da posição ta>:onôroiCll dn meJanoolin. A sinroroatologia clínica prcva1cntc e a associação com outras formas de: loucura tonstituiam leLnas de muitos deOOces. NaqtLe-la época, a classificação psiquláui· ca se llasea''ª em uma pluralidade de espécin1es nosolôgioos

irredu1íveis, que 1ião podiam se 1nis1urar, ne1n apresentar fases dis· cincas. As discussóes se apoir1vanl na exemplificação pela rnsufstica, argument11da CQm contraprovas. Os critérios estaris1icos ainda não està\'àm integrados na f\1ediclna, embora estivessem diSponíveis em outras ciências. A obse!V<lç.10 clínica de casos que exibiam o roenordesvio do tipo ideal já descrito forçava os: alienistas a decla.rá· los como novas fortnas de doenç.a. Essa roi un1a das ccflicas do oa. baUlo anatomoclinico sobre a PGP apresenrnda por Ba)'le (Pic.hot, 1983; Berrios, 1996; Berrios; Poner, 1999). As hipóteses sobre a 1nelauoolía s.'io vartadas e não·e."<dusi..,as, sendo co1nbi1iadas para expLi<á·I• (Berrios et ai.. 1992).

ComQ c1uadro nmQIÓgico, a melancolia é descriw, desde a Antigüidade Clássica, sen1pre ligada à teoria dos bunlores (RoccaHi,gliara. 1973). Temática comum nos sêculos X\'I e XVll, as .,;sões barroca e rtrws<.-cntista de melancoli.o1 e te1npcramento me· la.ncólico pode ser vislunlbrada oa gravura (l;.'iftldncholia" de Albreclu Dürer, de 15)4, cuja representação ardsàcri de um individuo afeta· do pela doença mostra o tQ1mento e as dificuldades por ela provoca· dos. O livro The a11a101t1)' of n1ela11cl1ol)' (Burton. 1979), publicado em 1621, descreve 11 tristeui e a mágoa oomo os principais sinto· mas que assolam ~ mc1ancóticos, ao !ada de obsessões, delirios, con1porcan1enlo suicida e queixas bipocondrtacas. Dura11le o Reoascimen{O, persiste a idêi:i grega de traço "doentio", sempre ligado ao excesso ou ao dcsec1uilíbrio dos humores. Ao lado dt'!isa llô"\ão, às vezes. o 1nela1icólico laLnbétn era visto C-OOlO algué.Jn que possuia certas habilidades, como a "clareza da mente'" (Brieger;

~1arneros, 1997).

l\o comec;o do século X\'UI. a palavra melancolia tinha dois significa.dos. Um. de uso popular, para designar rris1ei.1, suicídiQ e nóStalgia e outro, de emprego técnico, para reforçar a idéia de tranS· lOtno .. delirante". No final do século XVIII. Esquirol recon.hece esse transtorno afetivo con10 forma distinta de penuJb3ç.iio menral. que ele cháJua de lypC"ntanic (Zilboorg, 1968; Pic.hot, 1983; Beirios; l'Qrter. 1999; Ptssotti. 1999). Esquirol ainda defende abandonar o tennQ 1nelanc.olia por considerá·lo excessivamente leigo e frQuxo, i.n1próprio p..iia uso ntédico. As caractciisticas d<'I /yp'l!monie rcJle. teLn perda, inibição. redução e declínio mental, em u1n quadro de pou005 delírios.

A p..;Javra depressão - do latinl de-pnorncrt (pressionar para baixo) -gradativan1ente deslocou o conceito de melancolia. A noção de depressão dcri\:a·se da medicina cardiovascular da época, para se referir à "'redução dt função" (Benios, 1988). A lransíonnaç11o do te.nno mtlanrolia para depressão ocorreu ainda na primeiro n1ecade do séa1lo XIX (Berrios, 1996}. O termo é aplicado às a.presentações me,ntais., de fo11na análoga, co1no "depressão mental". logo essa ex·

pressão ganharia a aceitaç.io dos esrodi()S(XS e Q adjetivo ''menmr foi abandonado. A depressão indica o "rebaixamento do csu1do de espí· rilo de pessoas que padece1n de algun1a doenÇ<l". Essa expressão ga.

nha adeptos por oferecer explicação psicológica; aJé1n disso. sel\'e para descrever Q estado oposto ao da exalmção (Berôos, 1996).

A melanroUa e a lypc1na11ie continuartuo preferidas por estu· diosos para indi(ar sindron1e clínica ou doen\.l, enquan{O a depres·

são era urili7.ada como sintoma de "condjção carnaerizadn por di· minujção de ânin10, rtduçâo de cor~em ou inictaliva e tendência a pensan1entos tristes" (Berrios, 1988). Hoje en1 dia, os proble1uas <:om o conceito de depressão continuam. A sua grande va.riabilida· de e.1n relação a gravidade, sintornatologia, cul'SO e prognóscioo, ou seja, a hecerogeneidade da apresentação, só seria unificada 001n o trabalho integrador de Kraepelin.

A ESCOLA PSIQUIÁTRICA AUMÃ

No final do século XIX. uma nova corren1e de idéias IOlnou força nos países de língua uJemã, cujo desenvolvimento no campo da psiquiatria suplantou gradativanlenle a escola empirista e

rncionalisra da psiqujacria francew (Picho1, 1983). Enquanro os alienisras franceses se esmeravam em aprimorar su11s detalhadas observações clinicas. no hdcio do século X1X,. a psiqu.iauia genoânica se desenvolvia em con1exto cultural romântico, desprezando o es· pirito iluminista francês. A tradição romântica nlemii enfatiza Q aspecto itracional. o sen1i1nen10 de contato con1 a natureza e os valores indi\•iduais .. ~ empõtia (Ei11ftthl11ng) ê mais considera.da do que a ra2ão, pois eomo é enL-arada a sensibilidade que pos.~íbilitaria descobrir oo íu11dáJnentos do hld[vfduo e a sua visão do inundo

<"~ltanschauu11g).

Até o século XVllJ, o ensino universitcírio germânico era feito essencialn\ente de Olaneira teórica. o que intensificou o caráccer especulati\'o das doutrinas .menmJistas. Os P$)'Chiker (menralistas ou psicologistas) prcdo1ninaram durante a primeiia metade do sé· cuJo XJX. O lnen1alis1uo getmânico 1eve o seu auge representado por quarro correntes principais, que floresceram isoladas do cmpirisn10 clínico-descritivo da França e da Inglaterra (Pichot,

1983). São elas:

1. Corrente filosófiro~pecuJaciva: Johann Christian Rei! (1759-1813) foi o prineipal represeritante desla corrtnle de pensa1nento. Criador do termo "psiquiatria", Reil era basica,menre especulati'.X> em seu pensamentQ psiooló· gico e somátiL-o, mas rt'tonhcccu <1 importância de téé· nicas psicotetápicas, utilizando n1eios psicológicos va. riados em seus pacientes.

2. Com:ntc étia>·religiosa: .lohann (:hristian Hcinroth (ln3·1843) utilizou a tenninologia religiosa en1 seus rrabalhos, com concepções mais próximas à religião do que à filosofia. Para ele, a doença mental é, por natuie· ta, a perda da liberdade e o resultado do pecado e da cuJpa. Dessa forma, sob 11 influência do pecado, o ho· mcm deixaria de dominar o seu próprio cspirito e líbcr+ dade. A doença mental representa a qued3 ao reino de forças inferiores. A consciência do pecado seria uma das causas dos transloroos mentais: os pecados ro1neli· dos se chocarian1 colu o senso n1oral. gerando um con·

tlito que diminuiri11 a liberdade e faria o espírito sub· nle.rgir a uJn ni\·el iníerior. Assirn to111ó a doença n1en· tal eswria ligada a um conRito moral, a saôde repre-sentaria a integração dos dad(lS da cansciência. Scgun·

Referências

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