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Chauvinismo de bem-estar social na Itália contemporânea e a cultura política fascista: estudo crítico do programa econômico da Casa Pound.

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Academic year: 2021

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Chauvinismo de bem-estar social” na Itália contemporânea e a

cultura política fascista: estudo crítico do programa econômico da

‘Casa Pound”.

BARBOSA, Jefferson Rodrigues

(Departamento de Ciências Políticas e

Econômicas – DCPE / Unesp.)

Resumo: A ‘Casa Pound"’ foi fundada em 2003, com a ocupação de dois prédios em Roma, para difusão

da cultura fascista e para habitação de italianos vitimados por problemas econômicos. Foi estruturada por militantes oriundos de organizações da estrema destra italiana de 1990. A organização hoje tem 17 anos de atuação e representações em dezenas de cidades na Itália, participa de pleitos eleitorais e se autodenominam “Fascistas do Terceiro Milênio”. Iniciativas de políticas públicas, exclusivas para cidadãos italianos, inspiradas no denominado ‘Fascismo Social’, são apresentadas pela organização, diante das políticas de austeridade fiscal, proporcionando visibilidade ao agrupamento chauvinista. Compreender sua história e estrutura organizativa é o objetivo desta pesquisa. Em específico, o estudo do programa econômico da Casa Pound, entendido sobre o conceito de "chauvinismo de bem-estar social", através dos conteúdos do seu site oficial e do seu jornal, denominado; “Il Primato Nazionale ”.

Abstract: The 'Casa Pound "' was founded in 2003, with the occupation of two buildings in Rome, for

the dissemination of fascist culture and for the housing of Italians victimized by economic problems. It was structured by militants from organizations of the 1990 Italian right wing. today the organization has 17 years of experience and representations in dozens of cities in Italy, participates in electoral elections and calls themselves “Fascists of the Third Millennium.” Public policy initiatives, exclusive for Italian citizens, inspired by the so-called 'Social Fascism', are presented by the organization, in the face of fiscal austerity policies, providing visibility to the chauvinist group. Understanding its history and organizational structure is the objective of this research. In particular, the study of the economic program of Casa Pound, understood about the concept of "well being chauvinism" to be social ", through the contents of its official website and its newspaper, called;" Il Primato Nazionale ".

Introdução:

Fundada em 27 de agosto de 2003, a Casa Pound é apresentada como um “espaço de cultura fascista” através de seus meios de comunicação e de seu programa político. A partir de então a Casa Pound expandiu sua organização no campo da cultura e educação política para o recrutamento, mobilização e formação de quadros, e, também começou a se estruturar em direção ao modelo de partido político.

A origem da experiência da Casa Pound está ligada ao contexto de ativismo político da extrema destra italiana da década de 1990, quando o futuro fundador da Casa Pound, Gianluca Iannone fundou a gravadora “Rupe Tarpea Produzione”, que produzia bandas de música RAC (Rock Against Comunist), entre elas a Zetazeroalfa, banda por ele liderada.

Dados do site oficial apresentam informações que a banda e seu líder tinham no Pub romano, “Cutty Sark”, um ponto de encontro e socialização na capital Roma, aglutinando bandas RAC e simpatizantes do extremismo político de direita. Com relações com organizações hooligans de Roma e, também proprietário da livraria “Testa di Ferro”, localizada na capital italiana, especializada em

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literatura revisionista e livros de escritores clássicos do período fascista, Iannoni acumulou experiências e relações que impulsionaram as iniciativas de organização e mobilização da geração de chauvinistas do final da década de 1990 sob sua influência.

Gianluca Iannoni, assim como, Simonne di Stefano, segundo liderança da Casa Pound, foram membros do Fiamma Tricolore, organização fundado pelo por Pino Rauti, que contrário a desconfiguração do MSI depois da aliança com Berlusconi e a formação do Alianza Nazionale, rompe com a organização em busca de autonomia para o desenvolvimento de um ativismo político orientado para a valoração do legado das herança legada pelas idéias de “fascismo social”.

O início efetivo da Casa Pound foi articulada incialmente por ocasião da ocupação de prédio estatal em Roma na região central da capital em 2002. Batizada de Casa Montag1, foi denominada de “ocupazione non conforme”, como “ocupação não conformista”. Utilizada para prover encontros musicais e reuniões políticas. Um ano depois, em 2003, Iannone liderou a segunda ocupação em Roma, chamada de Occupazione di Scopo Abitativo (Ocupação para fins de habitação). Lá residindo famílias e, também, servindo como espaço social para promoção de cultura, como atividades recreativas, debates, reuniões, formando espaços de aglutinação baseados na divulgação de valores coletivos, como senso de comunidade, o europeísmo.

A organização se estruturou em Roma desde então, e, hoje, dezessete anos após sua fundação, tem fortes representações em muitas cidades do norte, e, consolidou-se na atualidade, firmando presença também em grandes a médias cidades também ao sul do país, com iniciativas não só no campo social e cultural, mas, através também da disputa em eleições.

As ocupações que se sucederam na capital foram bem sucedidas, denominadas de Occupazioni no Conformi impulsionaram espaços de sociabilidades emergentes, de caráter regressivo, através de iniciativas produção cultural voltada a estreitar laços ideológicos e processos de educação política, com fortes aspectos autocráticos, xenofóbicos, projetando-se na proposição de preservação e divulgação das ideias de Mussolini (CAMELLI, 2015). As ocupações de prédios desocupados, devido a fatores como expeculação imobiliaria são abertos somente para famílias italianas que perderam suas posses ou nao podem pagar os aluguéis.

O lema da organização é "aluguel é usura", inpirada nesta formuçação na idéias do poeta estadunidense Ezra Pound.

Ezra Pound, residiu na Italia no período do fascismo, era defensor e apoaidor do regime autocrático chauvinista italiano. Ao qual defendia em um programa de rádio que contribuiu como

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3 locutor. Participação que levou Pound a ter problemas com a justíça dos Estados Unidos na conjuntura da II Guerra, após a entrada do exército estadunindense no conflito.

Ezra Pound foi o simbolo escolhido pela organização de Gianluca Iannoni e Simone di Stefano na estratégia comunicacional de associar a sua organização fascista, as demandas e necessidades de segmentos populares italianos fragilizados pela crise econômica e as austeridade fiscal imposta ao país.

A Casa Pound se destaca entre as organizações chauvinistas italianas justamente pela fundamentação de suas concepções estruturadas nas denominadas “políticas sociais do fascismo”, como “alternativa” às medidas de austeridade das políticas neoliberais e contra concepções de matrizes políticas socialistas, enfatiza em sua agenda política propostas no campo da habitação, saúde, segurança e emprego, somente aos cidadãos italianos, com um forte discurso anti-migratório (ALBANESE; CASTELLI; FROIO, 2013).

A referida terminologia – fascismo social - se refere ao conjunto de iniciativas e ações, que orientaram os primeiros anos do fascismo enquanto movimento político e depois como regime de Estado. Através da concepção de fascismo social do teórico Uggo Spirito (SPIRITO, U. 1932; 1934), das propostas de garantias sociais contidas na “Carta del Lavoro”, assim como, do “Manifesto de Verona”, documento que orientou a brevíssima experiência da República Social Italiana (República de Salò), entre 1943-1945.2

A tônica dos discursos e do seu programa político3 que é analisado nesta pesquisa orquestram um aparente discurso anticapitalista marcado por uma crítica baseada em mitos fundamentalistas, como a “defesa da comunidade nacional” supostamente ameaçada pelo globalismo e pela miscigenação, ocasionada pelos fluxos migratórios, e a valores moralizantes, como a defesa das identidades culturais para a preservação do que denominam “uma comunidade de nações europeias”, “ameaçadas” pela “degeneração de seus costumes e tradições”.

A retórica anticapitalista é também marcada pela crítica ao encarecimento do custo de vida e à perda de direitos, entendidos como consequência do neoliberalismo. Estes elementos retóricos são instrumentalizados para dar subsídio à proposição nostálgica de retomada dos valores e iniciativas 2A Carta assim substituiu todas as leis anteriores usadas para regular questões trabalhistas na Itália. O documento é simples, contendo uma introdução e 18 pontos detalhando as questões econômicas a serem reguladas. O manifesto de Verona, por sua vez, foi proclamado sob ocupação nazista no outono de 1943; [...].Em termos mais gerais, ao comparar a Carta e o Manifesto de Verona de 1943 de Mussolini com o programa político CasaPound, surgem vários paralelos interessantes. Este último declara: "Por causa de sua história e seu destino, a Itália deve ser novamente uma precursora dentro de uma Europa que deve ser unida, independente, soberana, em paz e pacífica. Curiosamente, isso é diretamente evocativo ao Manifesto de Verona. O Manifesto endossa a criação de uma “comunidade européia” "através da federação de todas as nações". A defesa do fascismo por uma federação pan-europeia é um aspecto importante da visão da CasaPound - decididamente anti-UE. (CASTRIOLA; FELDMAN, 2014, p. 234)

3 CASA POUND. Il Programma. Per la reconquista nazionale. Disponível em:

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das políticas sociais preconizadas pelo regime fascista, através de seus intelectuais e iniciativas políticas que marcaram os primeiros anos do regime.

A Casa Pound Itália é aqui compreendida como uma das maiores expressões na atualidade deste fenômeno que é o fascismo contemporâneo, sendo que se autodenomina como “fascista do terceiro milênio” e suas formas de organização, mobilização e propaganda são exitosas. (BARBOSA, J. et.al, 2020). Com atos publicos, marchas de protesto, encenações coreografadas e cenografadas, com bandeiras, simbolos e cartazes cuidadosamente confeccionadas para propaganda de massa, site, redes sociais na internet, uma radio on line que transmite música RAC (Radio Bandiera Nera), sedes da Casa Pound, em dezenas de cidade dos interior da Italia, candidatos a cargos eletivos do nível municipal ao nacional.

Mesmo com um numero de votantes ainda insuficientes para vitórias eleitorais expressivas, a Casa Pound se consolidou no cenário político daquela país em seus dezessete anos de fundação e ativismo.

A pesquisa foi possível e viável através da investigação da bibliografia científica especializada sobre o tema e de fontes documentais primárias, como o “Programa político da Casa Pound” e os conteúdos disponibilizados em seu site oficial. Assim como as proposições e interpretações acerca de questões contemporâneas da sociedade italiana no campo político e econômico, através das propostas e análises da referida organização, por meio de seu principal jornal aqui analisado; “Il Primato Nazionale - Quotidiano no Sovranista”

Para Cas Mudde, especialista em partidos radicais e autoritarismos de direita, alguns ritérios, são pertinentes para identificarmos organizações e ideologias da “direita radical”. Valores como nacionalismo, xenofobia, e, o “chauvinismo de bem-estar social” (Mudde 2007; 2016.)

Albanese, Casteli e Froio (2013, p, 235.) questionam em suas pesquisas, que tipo de respostas as organizações de extrema direita têm dado as demandas e problemas socioeconômicos. Nesse sentido, a análise das propostas políticas e econômicas da Casa Pound para a Itália é o problema central desta pesquisa.

A relevância da retórica de defesa de direitos sociais para “os membros da comunidade nacional” tem impulsionado a repercussão e os resultados eleitorais de partidos de extrema direita na atualidade. Segundo Koster (2013) as propostas de “chauvinismo de bem-estar estão garantindo êxito eleitoral para estes tipos de partido.

Na mesma perspectiva de análise, Simon Otjes (et.al) em pesquisa sobre o tema, defende o que interpreta como o núcleo comum que sustenta a concepção de “chauvinismo de bem-estar social”, como aspecto ideológico central daqueles que denomina de “grupos políticos radicais de direita”.

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Estes grupos são marcados pelo: “nativismo econômico, o populismo e o autoritarismo” (OTJES, S. et.al, 2018).

A questão social é a grande tônica e principal elemento constitutivo das proposições e retoricas da Casa Pound -Itália.

Para sustentar esta interpretação o programa político da Casa Pound e seu principal jornal são aqui investigados. A análise é concluída, por fim, com uma breve discussão conceitual sobre as terminologias articuladas aos estudos do que se denomina generalizadamente de extremas direitas.

O Programa da Casa Pound: “Para a reconquista nacional.”:

O símbolo principal da Casa Pound é um escudo com o símbolo de uma tartaruga. Segundo o site da organização o símbolo representa a ideia de longevidade e resistência.4

O seu site oficial e seu programa político é o primeiro elemento analisado. Caracterizado como um manifesto que expõe seus princípios e de sua história, o documento apresenta dados sobre a fundação e ideias da organização. Dividido em 16 pontos, a introdução tem o título “Para a reconquista nacional”:

A nação italiana deve voltar a ser um organismo objetivos, vida e meios de ação superiores, em termos de poder e duração, aos dos indivíduos, divididos ou agrupados, que a compõem. Deve voltar a ser uma unidade espiritual, política e econômica, que se realiza plenamente no estado. Indivíduos e grupos, empresas e trabalhadores unidos para realizar o interesse coletivo. A criação de um ponto de partida para todos: trabalho estável e bem remunerado, casa própria, possibilidade de ter filhos e sustentá-los. Uma base sólida, também constituída por serviços públicos essenciais de excelência (saúde, educação, assistência) sobre a qual todos possam construir o seu futuro, seguindo livremente as suas capacidades, inclinações, aspirações e contribuindo, desta forma, para a riqueza e o poder. nacional. [...] Também e acima de tudo, para restaurar a soberania à nação, são necessárias escolhas que representem uma visão de existência além de seu alcance econômico em termos de recuperação de recursos. Para tanto, proporemos mudanças constitucionais e regulamentares que permitam a todos os cidadãos italianos uma nota preferencial no acesso aos serviços oferecidos pelo Estado de bem-estar nas áreas de escola, saúde, assistência econômica, assistência habitacional. (Programa Político Casa Pound, p. 1)

O ponto um é intitulado “Sair do Euro”, o segundo “deixando a União Europeia”, o terceiro “Parem a imigração”, o quarto “Para o Trabalho estável”, o quinto “Para a proteção de 4A tartaruga é o animal por excelência que representa a longevidade por isso é um desejo.

A tartaruga é um dos raros seres vivos que tem a sorte de ter uma casa, pelo que para nós é a que melhor representa a nossa luta principal, nomeadamente o direito à casa própria e à hipoteca social. A tartaruga é, segundo a cultura oriental, o animal que carrega o conhecimento do mundo nas costas, portanto é um bom presságio para uma comunidade que deseja identificar suas raízes na cultura”. CASA POUND. Quem somos nós. Disponível em: https://www.casapounditalia.org/casapound/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

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bens comuns e setores estratégicos”, o sexto “Para os direitos sociais”, o sétimo; “Para o direito à maternidade e à vida”, oitavo “Para a soberania energética”, nono “Pelo direito a propriedade da casa através da Hipoteca Social”, o décimo; “Para a Escola Pública”, décimo primeiro ponto é intitulado “Para uma ecologia non conforme”. Os pontos sequentes abordam questões relacionadas a dimensões da cultura e soberania nacional. A descrição destes tópicos tem como proposito uma visualização geral dos conteúdos e eixos temáticos estruturados. Obviamente o documento tem um caráter retórico e generalizante. Mas, proporciona uma visão geral do conjunto de ideias mobilizados pela propaganda política e discursos de seus líderes e militantes.

A questão da nacionalização da economia é apresentada no programa político através da proposição de iniciativas no campo da regulação econômica pelo Estado, sendo a crítica a União Europeia, a defesa da saída da Itália do bloco e o abandono de sua moeda o Euro pontos de destaque. O abandono dos tratados e acordos da União Européia, assim como, o fim de evasão de recursos econômicos da Itália para relativos à manutenção do país do bloco.

O documento é genérico e faz alusão a necessidade de defesa da autonomia financeira sobre a ênfase da nacionalização do setor financeiro e a defesa de políticas de proteção das indústrias e comércio nacional são pontos também destacados. Entre os pontos principais do “Programa Casa Pound” são destacados aqui alguns tópicos daquele documento possibilita uma compreensão de alguns elementos da sua “agenda econômica”:

Abandonar o velho euro por uma nova moeda soberana italiana funcional para nossa economia e nossos interesses nacionais. A saída da Itália da União Europeia e suas restrições loucas que sufocam nossas liberdades. Nacionalização do Banco da Itália, que voltará a ser colocado sob a tutela do Ministério da Economia e Finanças. O Banco da Itália terá o monopólio de emissão da nova moeda e será o comprador residual dos títulos emitidos pelo Estado.” “Pagamento imediato das dívidas do Estado às empresas italianas e aos cidadãos italianos na nova moeda nacional.” “Obrigação para bancos comerciais e seguradoras de investir em títulos públicos italianos” “Tributação sobre bens de consumo diretamente proporcional à distância do local de produção e às diferentes condições sociais e de trabalho em que esses bens são produzidos.” “Luta contra a evasão e a elisão fiscais, principalmente contra grandes empresas, multinacionais e gigantes da internet. É necessário um nítido contraste com o fenômeno da transferência de lucros da Itália para países com tributação zero ou reduzida.” “Apoio a pequenas instituições de crédito locais, como bancos de crédito cooperativo e crédito artesanal. (Programa CPI, p. 3)

O caráter de reabilitação da cultura política fascista desenvolvida pela Casa Pound, no aspecto econômico tem consonância com outros pontos de sua agenda política que são típicos da propaganda dos movimentos e partidos chauvinistas, como por exemplo, a questão da crítica

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a imigração. Tema explorado fortemente por organizações políticas da direita radical (Mudde, 2016).

O segundo ponto do Programa Política da CPI coloca o elemento propositivo o combate a imigração e repatriamento dos imigrantes.

PARE A IMIGRAÇÃO, SEM IUS SOLI, REPATRIAÇÃO

O mecanismo infernal de imigração em massa é um dos principais vetores de desenraizamento e empobrecimento social, cultural e existencial em detrimento de todas as populações envolvidas, sejam elas hóspedes ou hospedeiras. Neste sistema real de matar pessoas não há vencedores, exceto para algumas organizações privadas, impregnadas de preconceitos ideológicos ou sectários, e alguma camarilha empresarial anti-nacional. (Programa Casa Pound , p.05)

Os argumentos de crítica as implicações negativas da questão da imigração e da crise imigratória é sustentada por fundamentos de ordem econômica e cultural. O aumento o gasto público com estrangeiros sobrecarrega o Estado e compete por postos de trabalho, rebaixando os salários e alimentado o que a Casa Pound acusa de um complô entre partidos e organizações da sociedade civil que lucram com os recursos obtidos por meio de auxílios financeiros públicas com políticas sociais para os estrangeiros.

A perspectiva racial é escamoteada sobre o argumento dúbio da perda das identidades culturais e da defesa tradições nacionais. O ponto mais expressivo desta concepção de uma “comunidade nacional de sangue” é evidenciado na proposta de política sociais de bem estar social. A valoração do princípio chamado “IUS SANGUINIS” deveria ser um princípio constitucional de restrições de direitos e acesso aos serviços públicos somente para os “irmãos de sangue” segundo os fundamentos do referido programa político da organização.

A defesa do princípio de uma comunidade étnica, cultural e histórica é apresentada como proposta, como alternativa a crise do liberalismo na defesa do que denominam “comunidade nacional”.

Contra os círculos infernais da sociedade multirracial, propomos a remoção das causas da imigração por: Bloqueio total dos fluxos de imigração, legais ou irregulares, até o repatriamento de todos aqueles que se encontram ilegalmente na Itália. Estabelecer o princípio do IUS SANGUINIS na Constituição, evitando qualquer automatismo na aquisição da cidadania italiana. (Reforma constitucional).Revogar, na sequência de crimes muito graves (terrorismo, homicídio, violação), a cidadania dos novos italianos de 1ª, 2ª ou 3ª geração. (Reforma constitucional). Repatriação de estrangeiros que se encontram na Itália e não dispõem de meios próprios de subsistência, moradia e trabalho. Acordos bilaterais com os países de origem, para que esta repatriação seja rápida e definitiva. Acordos bilaterais com os países de origem dos imigrantes ilegais para reimigração: obras civis e infra-estruturas em troca do regresso da Itália dos cidadãos dessa nação para serem usados como mão-de-obra na construção a própria infraestrutura. Apoio a todos os

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8 movimentos de identidade não europeus que favorecem o enraizamento e a repatriamento das populações indígenas. Bloqueio de fundos destinados a associações parasitárias que escondem seus interesses econômicos, religiosos ou ideológicos por trás das "políticas de acolhimento". Programa CPI, p.05)

A defesa do trabalho e de leis trabalhistas são pontos relevantes e que devem ser mencionados, pois, evidenciam um dos principais elementos retóricos e propositivos da organização. A apologia as leis trabalhistas oriundas do regime fascista:

A procura do pleno emprego através da intervenção do Estado. Abolição das leis que favorecem o trabalho precário e a chamada "flexibilidade" (palavra usada para expressar o poder absoluto do capital sobre o trabalho) e fortalecimento da lei da aprendizagem, com relativo período experimental, como único meio de acesso ao mundo do trabalho. Uma nova legislação trabalhista abrangente que coloca o contrato sem termo como forma básica de qualquer vínculo empregatício, estabelecendo a dispensa do trabalhador como fato absolutamente extraordinário e comprovado por justa causa, prontamente apurado pelo Judiciário do Trabalho. Reavaliação cultural do trabalho manual, para a qual se implementa uma política de revisão salarial, garantindo maior segurança no trabalho, redução da vida laboral e redução da jornada semanal de trabalho. Refundação cultural do Humanismo do Trabalho, segundo a inspiração fundamental de Giovanni Gentile. (Programa CPI, p. 6 e 7).

O sexto ponto do Manifesto aborda a temática central deste artigo, as propostas de políticas sociais da Casa Pound, o chamado “chauvinismo de bem estrar social” esta ligado diretamente a valoração da concepção de IUS SANGUINIUS. Pois, estas propostas de políticas públicas são exclusivamente voltada aos italianos, como apontado. “Italianos em primeiro lugar” é um dos lemas dos discursos dos líderes e militantes desta organização:

As reproduções de trechos do manifesto, como exercício de análise de fonte primaria, tem o propósito de evidenciar a ideologia e propaganda desta organização política contemporânea. Entretanto, com políticas sociais mais restritas, resultantes do modelo liberal, a Casa Pound apresenta um conjunto de propostas que tem o potencial de ganhar a atenção e a defesa de cidadãos italianos insatisfeitos com os serviços públicos hoje oferecidos pelo Estado:

Por um imposto justo e de desenvolvimento: Reduzir pela metade e simplificar a carga tributária. [...] Manutenção da progressividade do imposto de renda pessoa física. Introdução do chamado “coeficiente de família”: o coeficiente é fundamental para favorecer as mulheres que preferem ficar em casa para cuidar da família. Com o coeficiente de família, a renda seria tributada da mesma forma (mais favorável) tanto quando ambos os cônjuges estivessem trabalhando, quanto quando o trabalhador fosse apenas um membro da família. Redução total de impostos sobre os rendimentos de indivíduos abaixo de € 15.000 para garantir um mínimo vital de € 1.250 por mês líquido por pessoa. Aumento da tributação dos grandes ativos imobiliários detidos por empresas. Eliminação de privilégios fiscais a favor da Igreja Católica, com exclusão de apenas edifícios destinados exclusivamente ao culto, e grandes cooperativas que já não têm o princípio da mutualidade qualquer recurso. Luta contra a evasão e a elisão fiscais,

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9 principalmente contra grandes empresas, multinacionais e gigantes da internet. [...] (Programa, CPI p.10).

O elemento retórico de defesa da previdência social, melhores salários, menor tributação aos mais pobres, proteção de direitos de acesso ao mercado de trabalho contra os estrangeiros, controle de evasão de divisas e restrições a atuação de empresas multinacionais em setores estratégicos, evidenciam, segundo a interpretação aqui em desenvolvimento, que a Casa Pound é uma organização chauvinista herdeira do fascismo que busca atualizar suas propostas no campo político e econômico como alternativa para a reconstrução de uma infraestrutura estatal de serviços públicos que são propagandeados como direitos sociais oriundos da época do Regime Fascista, e, que devem restaurados, como possibilidade de superação das políticas de austeridade aplicadas por políticas liberais.

A questão do incentivo a promoção e manutenção da família italiana proporciona também dois elementos chave na retórica do “chauvinismo de bem-estar social”. A defesa da maternidade para o estímulo a políticas que visem o estímulo ao crescimento demográfico e a defesa da habitação. Estes dois temas estão presentes em duas das principais campanhas de propaganda da organização. A iniciativa do programa denominado; “Hora de ser mãe” e a proposta de política habitacional chamada “Hipoteca Social”.

Segundo o programa da CPI:

PELO DIREITO À MATERNIDADE E À VIDA O desenho das multinacionais e das grandes finanças prevê, entre outras coisas, a morte demográfica da Itália e da Europa. O custo de vida, a desvalorização dos salários, a impossibilidade de encontrar acomodação nos levaram ao nascimento zero. Contra o desaparecimento da Itália, queremos: Renda Nacional de Nascimento. Pagamento de um limite máximo, em cartão magnético, de 500 euros por cada novo nascimento italiano de pais dos quais pelo menos um seja italiano, até aos dezasseis anos. [...] Criar uma Maternidade e Infância estruturada de forma capilar e local que cuide da proteção da mãe e do feto, que assista em todas as fases da gravidez, garantindo o número certo de ultrassonografias, assistência ginecológica gratuita e de qualidade. Propaganda pública da cultura do aleitamento materno e distribuição de leite em pó produzido pela indústria farmacêutica estadual. Defesa até o fim da assistência pediátrica gratuita para todos. Construção de creches públicas presentes em todo o território com preferência de acesso nacional. Incentivo econômico para famílias numerosas. Apoio fiscal através de sistema de dedução de despesas relacionadas com o crescimento e manutenção dos filhos. [...] Redução, para um dos pais com filhos entre 0 e 6 anos, do horário normal de trabalho de 8 horas para 6 horas diárias. O salário permanecerá inalterado: 85% será garantidos pelo empregador, os 15% restantes serão custeados pelo Estado. (Programa CPI, p.11).

Como tema central da organização que foi criado como resultado de uma ocupação de prédio público no centro da cidade de Roma, a questão da habitação é destacada no programa

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da Casa Pound. Sua proposta é um sistema de financiamento público para construção ou aquisição do primeiro imóvel, com a cobrança de uma porcentagem do salário do trabalhador italiano.

PELO DIREITO DE PROPRIEDADE DA CASA ATRAVÉS DE HIPOTECA SOCIAL

Contra a proletarização forçada, contra a usura do empréstimo bancário e a usura da renda obrigatória, contra a especulação imobiliária e o poder arbitrário de alguns construtores, todas as famílias devem tornar-se donas da casa em que vivem. Para estabilizar a existência do nosso povo queremos a “Hipoteca Social”, ou seja, revolucionar o conceito de “primeiro empréstimo à habitação”: O empréstimo social deve ser pago a casais não proprietários e pais separados que o solicitarem. Não é um empréstimo de dinheiro, mas a compra direta do imóvel pela instituição de crédito (privada ou pública). Imóvel que o casal resgatará mensalmente com 1/4 da renda familiar. Se a Hipoteca Social for interrompida por motivos graves e apurados (não sendo possível o levantamento unilateral) as prestações são devolvidas líquidas dos juros vencidos pela instituição de crédito e líquidas de eventual reestruturação do imóvel. Está prevista a criação de um Instituto de Hipoteca Social (entidade pública) para suprir as deficiências ou recusas de instituições de crédito privadas. Construção direta, em terrenos públicos, pelas regiões, de moradias e bairros para venda a custo a famílias não proprietárias com prestações mensais não superior a um quinto da renda, sem passar pelo laço dos bancos. (Programa CPI, p. 12-13)

O programa político da Casa Pound tem uma característica que por fim deve ser destacada. Após tratar diferentes elementos nos seus dezesseis pontos, alguns deles interessantes como a política ambiental e propostas educacionais, entre outras temas, ao final das vinte páginas do documento, sendo fiéis a busca da identidade de fascistas, o documento termina com a sugestão do retorno a uma organização corporativa do Estado:

Substituição do Senado por Câmara do Trabalho que garante representatividade harmônica de todas as categorias produtivas e de trabalho. Sua função será legislativa e consultiva em matéria trabalhista: representação sindical, defesa e aplicação de acordos coletivos e descentralizados, apoio à produção nacional, planejamento econômico. [...] Criação de uma câmara consultiva municipal composta por representantes das associações locais, do voluntariado ao sindicalismo, do empreendedorismo ao artesanato local. (Programa CPI, p. 20)

Il Primato Nazionale: quotidiano sovranista italiano

Em 2013 a Casa Pound fundou um jornal diária chamado “Il Primato Nazionale: o jornal soberano”, é um jornal de âmbito nacional, on-line, que aborda temas variados no campo da política, economia, cultura fascista e relações exteriores. O jornal tem editoração e arte gráfica bem elaborada e periodicidade regular. Segundo informações disponíveis no link; “Os editores”, são aproximadamente um milhão de usuários que acessam a publicação. Em 2017 foi

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lançada a versão impressa mensal em formato revista, com o mesmo nome. Segundo o site da Casa Pound o diretor-chefe do jornal é Adriano Scianca. Jornalista profissional, licenciado em Filosofia pela Universidade La Sapienza de Roma.5

O site do jornal tem um sistema de busca. Quando digitados os termos “crisi migratória”, são disponibilizados dezenas de artigos sobre o tema, alguns com argumentos de teor explicitamente xenófobos. Foram referenciadas nesta pesquisa conteúdos exemplificados sobre o tema imigração em três artigos descritos abaixo.

No artigo; “Estourando desembarques em Lampedusa. Em dez horas, 230 imigrantes ilegais.” a questão da crítica a imigração é propagandeada.

Mais desembarques em Lampedusa. Em pouco mais de 10 horas, 230 imigrantes irregulares desembarcaram na maior ilha de Pelagie. Por volta das 20h00 de ontem, um barco que transportava 187 imigrantes ilegais foi interceptado pelos homens da Polícia Financeira e da Capitania dos Portos. [...] Entre as fileiras da oposição está Francesco Lollobrigida, dos ‘Irmãos da Itália’, para pedir medidas urgentes ao governo de Giallofucsia. Devemos “deter imediatamente os chacais que enriquecem com os desesperados, amontoando-os em barcos ou promovendo negócios ligados a um sistema de recepção que muitas vezes é o protagonista de escândalos e roubos. Acabar com a loucura da imigração que não se preocupa em permitir que povos inteiros vivam melhor em casa, mas põe em risco a existência de nações inteiras ao devastar sua cultura, economia e sistemas de saúde ” 6 No artigo; “Os imigrantes ilegais devem ser repatriados sem paparazzi”, observamos mais uma fonte primaria que colabora com a interpretação de que a crítica a imigração é um dos principais temas articulados pela Casa Pound.

O texto aborda o pronunciamento de uma das lideranças da organização “Irmãos da Itália” sobre a necessidade de repatriamento de imigrantes ilegais:

Giorgia Meloni volta ao ataque do governo Giallofucsia na frente da imigração: “Os italianos estão cansados da fúria da imigração da esquerda e do M5S, os imigrantes ilegais devem ser repatriados, não mimados e regularizados. [...] 7

5 IL PRIMATO NAZIONALE. Os editores. Disponível em: https://www.ilprimatonazionale.it/la-redazione/ Data

de acesso: 15 de novembro de 2020.

6SPEZAFERRO, Adolfo Estourando desembarques em Lampedusa. Em dez horas, 230 imigrantes ilegais.”

.Roma, 15 de novembro de 2020. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em

https://www.ilprimatonazionale.it/primo-piano/sbarchi-lampedusa-clandestini-173983/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

7SPEZAFERRO, Adolfo. Os imigrantes ilegais devem ser repatriados sem paparazzi. Roma. 18 de agosto de

2020. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em: https://www.ilprimatonazionale.it/primo-piano/clandestini-vanno-rimpatriati-meloni-contro-furia-immigrazionista-165410/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

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No artigo de outubro de 2019 intitulado; “Migração e crise econômica: assim o império econômico caiu sob invasões” o sentimento de xenofobia é propagandeado sob uma aparente justificativa histórica;

Combinar a onda de imigração que começou em 2015 com as invasões bárbaras que desmantelaram o Império Romano não é uma justaposição historicamente sem fundamento. Embora, do ponto de vista histórico, os meios pelos quais os bárbaros penetraram no Império Romano fossem certamente diferentes, é inegável que eles também foram induzidos a chegar às portas de Roma por fomes e lutas internas fratricidas. [...] Esses povos - assim como os actuais - aproveitando as enormes fronteiras do império e da sua impossibilidade de defesa, penetraram-no primeiro aos poucos e depois, através dos conflitos militares, entraram no território de Roma que teve de se reconciliar e admitindo de má vontade que os bárbaros haviam se tornado uma força militar poderosa e formidável. Mesmo as migrações atuais assentam precisamente na fragilidade das fronteiras e, sobretudo, no facto de a Europa estar virada para o mar. Além disso, a Europa de hoje, como o Império Romano de ontem, permitiu que novos imigrantes penetrassem em suas fronteiras supondo que eles poderiam usá-los. [...] Mas, como sabemos, a história teve um desfecho diferente: o desfecho final foi que as invasões dos bárbaros levaram à dissolução do Império Romano.8

A questão da urgência de políticas sociais no contexto das políticas liberais aplicadas a Itália contemporânea é uma temática constante no jornal. Quando buscado no sistema de busca os termos “stato sociale” são também encontrados no site dezenas de artigos, sendo mais três artigos aqui analisados sob a temática “Estado Social’, evidenciando como este tema central da propaganda política da Casa Pound é estimulado pela referida publicação “Il Primato Nazionale”:

A crença de que a flexibilidade no campo do trabalho favorece o emprego é uma das convicções políticas e econômicas mais credenciadas que se consolidou nos últimos vinte anos, apesar dos dados desastrosos relativos ao aumento da precariedade e nas condições em que vivem, seria melhor dizer que sobrevivem, os trabalhadores. [...] Com base nestes dados, pode deduzir-se como condeduzir-sequência que, deduzir-se uma empresa contratar pessoal com contratos de curta duração, tem a possibilidade de despedir imediatamente o trabalhador sem incorrer em quaisquer custos. É nesta direção que se lançam as reformas trabalhistas desde 1997, reformas que têm permitido progressivamente o desmantelamento do estatuto dos trabalhadores, reduzindo ao mínimo a proteção dos trabalhadores, como finalmente demonstram a reforma Fornero e a Lei do Emprego. [...] Tudo isso naturalmente impede que os trabalhadores construam uma família e façam projetos de longo prazo . Este conceito de flexibilidade é consequência direta do surgimento de um modelo de produção capitalista totalmente subserviente à livre circulação de capitais, modelo que

8 FAVAZZO, Roberto. Migração e crise econômica: assim o império econômico caiu sob invasões. Roma, 12 de

outubro de 2019. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em:

https://www.ilprimatonazionale.it/cultura/migrazioni-crisi-economica-impero-romano-invasioni-133445/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

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se instalou gradativamente na década de 1980 tanto na Europa quanto nos Estados Unidos e que prevê a adaptação da força de trabalho continuamente ao movimento de capitais. Em suma, a flexibilidade do trabalho é a consequência direta do domínio das finanças em nível global9.

No artigo “Pensões e cuidados de saúde: é assim que querem desmantelar o Estado de Bem-Estar social.” O tema dos direitos sociais também é enfatizado como consequência da crise imposta pelas políticas liberais:

Há mais de trinta anos, os sistemas de proteção social, também conhecidos como “Estado Social” de caráter público, têm sido objeto de um ataque sistemático e indiscriminado . Em particular, os sistemas de pensões e de saúde têm orçamentos muito elevados e, se fossem totalmente privatizados, isso permitiria às oligarquias multinacionais obter lucros ainda maiores. [...] Em suma, seria necessário mudar profundamente as políticas econômicas europeias e, acima de tudo, evitar da forma mais absoluta que os custos globais das crises financeiras sejam constantemente pagos com a redução dos salários, com o alongamento das horas de trabalho e baixando-as no Welfare State com o corte das pensões. , com a redução dos serviços de saúde e, sobretudo, com a redução dos gastos públicos com educação.10

Por fim, o último artigo referenciado tem o título; “Fascismo de Bem-Estar Social ou Ditadura? Entrevista com Martina Mussolini e Edoardo Fantini.” O texto é importante, pois, divulga um livro escrito pela bisneta de Mussolini, Martina Mussolini e Edoardo Fantini que lançaram o livro no ao de 2015.

A citação desta entrevista é relevante, pois, o livro tem como abordagem central as políticas sociais do regime fascista e ilustram o argumento de propaganda central da Casa Pound. Diante da crise imposta pelo liberalismo italiano, o resgate das políticas sociais do fascismo são uma possibilidade para a reorganização de condições para políticas públicas inspiradas no fascismo:

Após seis anos de pesquisas entre livros, documentos, arquivos estaduais e estudos sobre a Carta do Trabalho de Bottai, foi finalmente lançado em junho o livro Fascismo: Estado Social ou Ditadura. , escrito por Martina Mussolini, filha de Guido, sobrinha de Vittorio e bisneta do Duce, e os sienenses Andrea Pizzesi e Edoardo Fantini, em sua primeira experiência de livro. Um livro de 320 páginas à venda por apenas 20 euros, que entre as 198 9FAVAZZO, Roberto O desmantelamento do trabalho e o Estado de Bem-Estar Social: o esquema da

flexibilidade. Roma, 21 de setembro de 2019. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em:

https://www.ilprimatonazionale.it/approfondimenti/smantellare-lavoro-truffa-flessibilita-131531; Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

10 FAVAZZO, Roberto Pensões e cuidados de saúde: é assim que querem desmantelar o Estado de Bem-Estar

social. Roma, 31 de agosto de 2019. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em:

https://www.ilprimatonazionale.it/primo-piano/sanita-pensioni-smantellare-stato-sociale-128850/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

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14 fotos de obras públicas realizadas na Itália e nas colônias, descreve de forma real e livre de preconceitos a experiência de um estado corporativo e social fascista que, ao contrário hoje onde a balança sempre pende um pouco de um, um pouco de outro, durante o fascismo protegeu tanto o trabalhador quanto o patrão, em nome de uma classe maior que se chamava Nação. A primeira parte do livro vai de 1914 a 1924 e fala da transformação da Itália liberal, entre os levantes da Internacional Socialista e a Grande Guerra, continuando com as lutas entre socialistas e fascistas, a derrubada do liberalismo e as premissas para associacionismo entre trabalhadores com o sindicalismo no centro da ideia de Estado. A segunda parte leva-nos então aos anos 1926-27, anos em que nasceu a Carta do Trabalho. Os anos de 30 a 34 se seguiram, com o amadurecimento do sindicalismo ao corporativismo. Aguardando a conferência de apresentação do livro a ser realizada em 26 de setembro em Bolzano e transmitida pela radiobandieranera.org , Il Primato Nazionale entrevistou Martina Mussolini e Edoardo Fantini.11

As referências e citações aqui sistematizadas nestes seis textos públicos no jornal da Casa Pound têm o propósito de evidenciar enquanto fontes documentais primarias como as chamadas “políticas sociais” da Casa Pound são instrumentalizadas em sua propaganda política revelando aspectos das particularidades de suas proposições. A exaltação ao denominado “fascismo social” como alternativa a política liberal.

O jornal “Il Primato Nazionale”, em consonância com o programa político da organização buscam resgatar postulados das políticas do regime fascista atualizando temas e discussões no campo de uma “política econômica” que busca justificar a atualidade do fascismo, diante da conjuntura italiana marcada por contradições e crises, como a crise imigratória, a proteção social, a defesa da habitação e de garantias sociais voltadas as famílias, desde que italianas. Uma perspectiva xenófoba e excludente que sob a justificativa da defesa da cultura e da comunidade nacional, resgata a perspectiva de uma sociedade baseada em critérios étnicos excludentes sob uma retórica chauvinista.

Casa Pound como objeto de estudo e o debate conceitual sobre as direitas

Nos estudos sobre as direitas, um dos mais importantes estudiosos deste fenômeno político, o pesquisador Cas Mudde, autor de diversas publicações na área, associa alguns critérios distintivos para identificarmos estas organizações e ideologias do que ele denomina como “direita radical” na atualidade. São valores como nacionalismo, xenofobia, revisionismo histórico, conservadorismo e o que ele conceitua como “chauvinismo de bem-estar social” (MUDDLE, C, 2007;2016).

11 BONAZZA, Andrea.“Fascismo de Bem-Estar Social ou Ditadura? Entrevista com Martina Mussolini e Edoardo

Fantini.” Roma, 26 de agosto de 2015. IL PRIMATO NAZIONALE Disponível em:

https://www.ilprimatonazionale.it/approfondimenti/fascismo-stato-sociale-o-dittatura-intervista-martina-mussolini-e-edoardo-fantini-29608/ Data de acesso: 15 de novembro de 2020.

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Por exemplo, para Albanese, Casteli e Froio (2013, p, 235.), as denominações “direita radical” e 'extrema direita' são usadas por eles de forma intercambiável. Entretanto, este é um complexo problema terminológico nos estudos sobre as direitas.

No contexto internacional, com a atuação de movimentos generalizadamente denominados de extremistas de direita, as vitórias eleitorais e os votos representativos para políticos ligados a plataformas políticas chauvinistas e xenófobas, ocorre grande repercussão nos meios jornalísticos e na grande mídia, assim como nas produções científicas, sobre estes temas. Este debate sobre o assunto tem estimulado pesquisadores em muitos trabalhos acadêmicos a reverem as análises do conceito de Fascismo, que era relacionado diretamente ao contexto do pós-Primeira Guerra Mundial. (ALBANESE; CASTELI; BULLI, 2014).

Esta perspectiva de pesquisa foi possível e viável através da investigação da bibliografia científica especializada sobre o tema e de fontes documentais primárias, como o “Programa político da Casa Pound” e os conteúdos disponibilizados em seu site oficial. Assim como as proposições e interpretações acerca de questões contemporâneas da sociedade italiana no campo político e econômico, através das concepções e valores divulgados pela organização aqui estudada, por meio de seu principal jornal; “Il Primato Nazionale - Quotidiano no Sovranista”.

O slogan da Casa Pound, “Prima gli italiani”, foi adaptado e é utilizado pelo atual Vice-Primeiro-Ministro e Ministro do Interior da Itália Matteo Salvinni e seu partido “A Liga”.

Para Cas Mudde (2016, p. 07), o crescimento dos estudos do que ele denomina como “direita radical” tem sido acompanhado de pouca inovação teórica desde o início dos anos 1990, e isso ocorre, segundo ele, porque grande parte dos estudos são quantitativos, baseados em hipóteses, não em teorias.

Na perspectiva do autor, “novos estudos devem ir além da zona de conforto das eleições, de dados quantitativos eleitorais e estudos históricos qualitativos descritivos” (MUDDE, 2016, p.09). Segundo Mudde (2016), para desenvolver novas ideias precisamos de novos dados com base em métodos, como entrevistas, observação participante e análise qualitativa de conteúdo, através de fundamentos teóricos e conceituais. (MUDDE, 2016, p.09).

Na opinião de Cas Mudde, além das abordagens tradicionais, é possível ampliar as possibilidades de investigação científica: “Entre os temas e abordagens tradicionais, imigração e integração europeia, temas como, questões socioeconômicas, como questões relacionadas ao “chauvinismo de bem-estar” (MUDDE, 2016, p.10). Ele complementa que também “o papel das mídias ainda é pouco estudado e o populismo de direita está se tornando um tópico da Comunicação Política.” (MUDDE, 2016, p.11). Por isso a opção aqui neste estudo de análise do jornal da Casa Pound e de seu site, em específico, seu programa político.

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O “etnopluralismo” é a nomenclatura conceitual utilizada para a analise da Casa Pound -Italia em um interessante trabalho de pesquisa de Caitlin Hewitt-White. Para a autora, a Casa Pound é marcada por posicionamentos e valores caracterizados por ela como “uma filosofia de direitos seletivos da Casa Pound, limitada por uma cidadania racializada” (WHITE, 2015, p.27). A referida pesquisa defende a interpretação de que a Casa Pound é marcada por uma concepção de “cidadania social”, que engloba somente indivíduos com supostos “direitos de pertencimento a comunidade nacional”.

O pesquisador Pedro Zuquete (2016) afirma que a expressão “direita radical” se consolidou proporcionando a distinção de movimentos políticos extraparlamentares, inclinados à violência, e partidos radicais de direita que participam das eleições. Segundo ele, ocorreu uma consagração, neste debate, da terminologia “populist radical right parties”. Em seu estudo, Zuquete (2016) afirma que segue também esta perspectiva conceitual inaugurada por Cas Mudde (MUDDE, 2007; 2016).

Para Zuquete (2016), a importância de temas como protecionismo social e a defesa do “Estado de bem-estar social”, somente para os membros da “comunidade nacional, também são evidenciados como característicos destas organizações contemporâneas da “direita radical”. O referido trabalho destaca o crescente número de trabalhos científicos que discutem e problematizam estas terminologias (ZUQUETE, 2016, p.08).

Em publicação especializada da área de Relações Internacionais, os pesquisadores Riccardo Marchi e Guido Bruno (2016), estudando a extrema-direita europeia, argumentam sobre as distinções conceituais acerca de “direita radical”, “extrema direita” e “populistas de direita”. Os autores propõem uma distinção, como sugestão de um método, que se articula nas diferenças entre: partidos eleitorais, partidos e movimentos de protesto e grupos paramilitares. Neste esquema, se articula ainda uma chave conceitual-analítica possível na abordagem destes fenômenos.

Ao conceituar, em específico, a “Casa Pound-Itália”, Marchi e Bruno (2016) não entendem a mesma como uma “nova extrema direita’, devido às particularidades dos posicionamentos e valores defendidos pelos líderes e militantes da Casa Pound. Segundo os autores, estes líderes e militantes defendem o resgate do fascismo enquanto modelo de organização social e de cultura política, além de representarem uma proposta que articula elementos ideológicos pretéritos, ou seja, a “política social do fascismo”, como alternativa e modelo para um “Estado de bem-estar social” voltado à “comunidade nacional”, diante de uma conjuntura de austeridade econômica das políticas neoliberais.

Entretanto, a Casa Pound também não se encaixa numa tipologia clássica de organização de extrema-direita que atua de forma marginal e fora do sistema político eleitoral. Disputando eleições, os autodenominados “fascistas do terceiro milênio” apresentam-se como alternativa, inclusive disputando espaços institucionais, buscando reviver a herança política de um passado que deve ser

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reconstruído e recuperado. Assim, não podem ser explicados a partir da concepção conceitual de “populistas de direita” ou neoconservadores.

Froio e Guatinara, em publicação de 2017 intitulada “A comunicação e a política mediatizada da Casa Pound”, afirmaram que os partidos de extrema-direita representam um dos temas mais estudados na Ciência Política contemporânea. Os referidos autores concordam com Cas Mudde (2016), ressaltando a atualidade e a relevância deste tema de pesquisa (CASTELI, P. G; FROIO, C., 2017).

No contexto de crescimento de nacionalismos de diferentes conotações na conjuntura internacional e italiana contemporânea, o extremismo político de direita tem repercutido nas bandeiras e proposições de organizações, como a Casa Pound, que buscam se apresentar como alternativa à austeridade imposta pelas políticas liberais e como oposição às tradições da esquerda.

Considerações: “Prima gli italiani.” Chauvinismo de bem-estar social para os membros da “comunidade nacional”

No debate sobre as concepções políticas e econômicas das propostas da Casa Pound, destaca-se, em específico, a defesa de políticas sociais restritivas aos membros da que é denominada “comunidade nacional”. Esta proposição de restrição de políticas de habitação, saúde, educação, numa acepção marcada pela xenofobia, são conceituadas por pesquisadores especialistas como “chauvinismo de bem-estar-social”.

A relevância da retórica de defesa de políticas públicas e direitos sociais para “os membros da comunidade nacional” tem impulsionado a repercussão e os resultados eleitorais de partidos destas organizações à direita no espectro político europeu na atualidade.

Segundo Koster (2013) e os autores da pesquisa “A nova direita e o Estado de bem-estar social”, as propostas de chauvinismo de bem-estar estão garantindo êxito eleitoral para estes tipos de partido em diferentes países.12 Para os referidos autores acima citados, o chauvinismo social é uma combinação de “igualitarismo” com baixo nível de apoio à redistribuição de auxílios econômicos e direitos sociais restritivos para imigrantes. Ao aplicarem mais de duas mil entrevistas para eleitores

12 “Uma combinação de forte apoio a restribuição econômica e resistência a distribuição de serviços de assistência social

a imigrantes, tornou-se conhecido como “chauvinismo de assistência social”. Este termo foi introduzido por Andersen e Bjorklund (1990, p, 202), que resumiram apropriadamente o sentimento subjacente, como a ideia de que “os serviços de assistência social deveriam ser restritos aos nossos”. [...] “Os chauvinistas de bem estar, não se opõe a redistribuição econômica em si, pelo contrário, são igualitários, mas, querem que esta redistribuição, seja restrita a população nativa” (KOSTER, et.al, 2013, p.06).

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holandeses, os autores defendem a hipótese de que os eleitores, do que eles chamam de “nova direita”, apoiam medidas de chauvinismo de bem-estar social” (KOSTER, et.all, 2013, p.06-07).

O referido estudo é um importante subsídio de análise para a reflexão e investigação do grau de influência desta abordagem de “chauvinismo de bem estar-social”, nas propostas no campo econômico e social, defendidas pelos líderes da Casa Pound.

Na mesma perspectiva de análise, Simon Otjes (et.al, 2018), em artigo sobre o tema, defende o que interpreta como o núcleo comum que sustenta a concepção de “chauvinismo de bem-estar social” como aspecto ideológico central daqueles que denomina de “grupos políticos radicais de direita”. Estes grupos são marcados pelo “nativismo econômico, o populismo e o autoritarismo” (OTJES, S. et.al, 2018).

Esta interpretação, segundo a referida publicação, é inspirada também nos trabalhos de Cas Mudde (2007). Segundo Simon Otjes, “o chauvinismo de bem-estar é o elemento mais amplamente identificado nos grupos políticos radicais de direita” (OTJES, S. et.al, 2018, p.274).

Cas Mudde identifica em seus estudos a perspectiva de distinção entre o que ele denomina de “radicais” e “populistas”. Sendo os primeiros divididos em “herdeiros do fascismo e nazismo”, que defendem a reorganização de partidos sobre os mesmos princípios políticos, e os “neoconservadores”, que guardam semelhanças programáticas com os “radicais”, mas, entretanto, em seus argumentos e formas de atuação, não são nostálgicos dos regimes fascista e nazista.

Os populistas de direita são caracterizados pela retórica de rejeição aos partidos tradicionais, ao multiculturalismo, à ideia de equidade social, a políticas de bem-estar social irrestritas. Sua característica principal é o discurso dualista entre “interesses do povo” e “interesses da elite” (MUDDE, 2007; 2016).

O que articula pontos comuns entre os primeiros e os segundos, radicais e populistas de direita, segundo Mudde (2016), é que para ambos “as políticas de Estado bem-estar social devem ser restritivas aos membros da “comunidade nacional”.

O pesquisador Simon Otjes (2019), no artigo intitulado “O que resta da direita radical? A agenda econômica do Partido da Liberdade”, também concorda com as afirmações e interpretações de Cas Mude. Nesse sentido, Otjes (2019) destaca que, além dos enfoques dominantes – migração e integração econômica europeia nas pesquisas sobre este tema, existem, nas propostas destes partidos, “[...] um leque bem mais amplo de questões socioeconômicas” (OTJES, S., 2019, p. 83).

Neste debate teórico-conceitual, a compreensão do perfil econômico dos partidos radicais e populistas de direita é de grande valor, segundo Mudde (2016). Nessa perspectiva, na opinião de Otjes (2019, p,83.), os partidos radicais e populistas de direita radical têm se destacado em países europeus mesmo não ocupando cargos eletivos na administração pública, muitas vezes exercem a

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influência, como base de apoio, ou formam coalisões governamentais, influenciando discursos e posições favoráveis às políticas públicas restritivas e direitos sociais restritivos.

É o caso da Casa Pound-Itália, pois, mesmo não obtendo grande êxito eleitoral, além de pequenas vitórias para cargos em municípios italianos, não conseguiu ainda conquistas significativas a nível nacional nas disputas na Itália, nem para o parlamento europeu. Entretanto, a Casa Pound e seus candidatos, como Simone Di Stefano, marcam presença no cenário político italiano na atualidade.

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