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ENSINO DE CIÊNCIAS: A UTILIZAÇÃO DE FRUTAS PARA O ENSINO DE CITOLOGIA

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Academic year: 2021

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ENSINO DE CIÊNCIAS: A UTILIZAÇÃO DE FRUTAS PARA O

ENSINO DE CITOLOGIA

Rômulo Hohemberger 1 Jéssica de Góes Bilar 2 Renato Xavier Coutinho 3

Resumo: O ensino é o processo pelo qual os educandos devem ser autores em sala de aula,

bem como em suas atividades diárias, assim compreendendo-se a riqueza de conceitos e de características que permeiam o ato de ensinar/aprender. Diante desta premissa surgiu a necessidade de trabalhar com analogias em sala de aula, visto que um dos grandes problemas do nosso dia a dia escolar é a falta de compreensão das relações existentes entre as disciplinas e o cotidiano dos educandos. Logo, questionou-se sobre o ensino de célula e porque não utilizar frutas para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem destes educandos. Assim, frente a este paradigma elaborou-se uma ação que tinha por objetivo facilitar o entendimento acerca do ensino de citologia, através de analogias entre frutas e a estrutura celular, no modelo de um seminário. Para dar sentido a esta proposta foi utilizada a metodologia do Arco de Maguerez que pressupõe uma ação para análise do que sabemos, mediante uma reflexão, acabando com outra ação, propondo um pensamento crítico e reflexivo sobre o tema. O caso deste estudo foi realizado em uma turma de primeiro ano do ensino médio integrado, do Instituto Federal Farroupilha, campus São Vicente do Sul/RS, a qual produziu um seminário referente ao tema proposto em sala de aula. A partir este trabalho percebeu-se um grande envolvimento dos educandos, pois a atividade ia além da teoria de sala de aula, proporcionando a observação da célula no laboratório, e assim favorecendo a notoriedade das analogias necessárias para a construção do conhecimento.

Palavras-chaves: Problematização; Analogias; Célula; Estudo de caso.

Introdução

O ensino, ao qual o educando é exposto em sala de aula encontra-se, na maioria das vezes, particionado, divido em disciplinas, dificultando em alguns casos a identificação de afinidades existentes e diante disso inibindo a percepção e a criação de relações existentes entre as disciplinas por parte dos educandos. Assim, Morin (2000) relata que, o todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo.

1 Aluno do nono semestre no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas; Instituto Federal Farroupilha,

Campus São Vicente do Sul/RS; E-mail: romuloiff@gmail.com

2 Aluna do terceiro semestre no Curso de Licenciatura em Química; Instituto Federal Farroupilha, Campus São

Vicente do Sul/RS; E-mail: jessicaiffsvs@gmail.com.

3 Professor do Instituto Federal Farroupilha, Campus São Vicente do Sul; E-mail

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Assim, é notória a necessidade de abordagens que atraiam a atenção do educando e auxiliem em seu processo de ensino aprendizagem. Segundo Krasilchik (2008), o processo do ensino, em geral, e de ciências e biologia em particular, deve ser adaptado conforme o raciocínio se desenvolve, enfatizando-se o aprendizado ativo por meio do envolvimento dos estudantes em atividades de descoberta.

Diante desta realidade pensou-se em uma atividade que propusesse o ensino de citologia através de uma abordagem diferençiada, proposta pelo educador, mas com elaboração e criação totalmente por conta dos educandos. Portanto, nesta o professor não é transmissor de informações, mas um orientador de experiências, em que os alunos buscam conhecimento pela ação e não apenas pela linguagem escrita ou falada (KRASILCHIK, 2008).

Esta ação torna-se importante, pois com ela o estudante deixa de ser um mero receptor de informações, proporcionando que ele pesquise, leia e crie suas próprias concepções. Conforme relata Coutinho (2011) “se antigamente o educador era praticamente única fonte de saber, hoje, com a internet, os estudantes podem buscar informações nas mais diversas fontes”.

Com base nos pensamentos elencados anteriormente, foi desenvolvido uma atividade com educandos do primeiro ano do ensino médio, do Instituto Federal Farroupilha campus São Vicente do Sul, tendo como objetivo facilitar o entendimento acerca do ensino de citologia, através de analogias entre frutas e a estrutura celular, no modelo de um seminário.

Desenvolvimento

A atividade proposta foi aplicada no mês de maio do ano de 2016, em uma turma de primeiro ano do ensino médio, com 36 educandos do curso de técnico em agropecuária, na cidade de São Vicente do Sul/RS.

A abordagem utilizada para expor as informações coletadas fora o qualitativo, neste o pesquisador busca descrever a reação de cada aluno ou do grupo de alunos segundo sua percepção ou segundo as palavras dos alunos, descrevendo o comportamento frente à nova abordagem (MALHEIROS, 2011).

Esta intervenção ainda utilizou o estudo de caso como método, a fim de investigar o caso específico que permeia o problema. Para Ventura (2007), o estudo de caso é uma metodologia ou uma escolha de um objeto de estudo que se define pelo interesse em casos

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específicos, os quais devem ser bem definidos e contextualizados para que se possa realizar uma ampla busca de informações num determinado tempo e lugar.

A proposta foi desenvolvida baseada na metodologia da problematização do Arco de Maguerez, que pressupõe levar os alunos a uma prática de ação – reflexão – ação, ou seja, aprenderem o conteúdo de maneira crítica e reflexiva partindo de sua própria realidade social (ROCHA, 2008). Portanto, durante o desenvolvimento desta ideia, os educandos foram sujeitos e atores/autores, utilizando de seus saberes empíricos, agregando a estes o conhecimento específico necessário para a compreensão do todo, durante sua caminhada no ensino/construção de sua aprendizagem.

Nesse esquema constam cinco etapas que se desenvolvem a partir da realidade ou um recorte da realidade: Observação da Realidade; Pontos-Chave; Teorização; Hipóteses de Solução e Aplicação à Realidade (prática) (BERBEL, 1998). A partir destas estapas se realizou a atividade que será descrita abaixo.

1ª etapa: Observação da realidade

Nesta etapa, ocorreu a aplicação de um questionário no qual os educandos descreveram os seus conhecimentos sobre célula, para que desta forma fosse planejada a intervenção do educador nas próximas etapas.

2ª etapa: Pontos-chave

Neste momento os educandos foram colocados diante do conceito de células, os tipos e suas organelas presentes, também visualizaram alguns tipos de célula animal e vegetal em uma aula prática (mucosa bucal e elodea), a fim de diferenciar as estruturas entre estas. Em outro período estes foram divididos em grupos, onde cada um escolheu uma fruta e deslocou-se para o laboratório, a fim de comparar à uma célula animal ou vegetal.

Assim, estas foram cortadas em sua porção ventral, para a melhor observação das estruturas internas, ocasionando a comparação entre esta e a celula escolhida pelos educandos, representando também as organelas que os mesmos encontravam em sua célula (fruta).

3ª etapa: Teorização

Neste ponto, munidos das estruturas das células após os comparativos, os educandos foram pesquisar e estudar a fundo as estruturas encontradas. Além de decidirem a maneira como os mesmos iriam apresentar as informações obtidas.

4ª etapa: Hipóteses de solução

Após realizar o estudo no momento anterior, os educandos construíram o seminário, utilizando a maneira a qual cada grupo julgou pertinente.

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5ª etapa: Aplicação à Realidade

Neste momento desenvolveu-se um seminário, no qual foram expostas todas as comparações e conceitos discutidos pelos educandos, levando os mesmos a um processo de reflexão-ação-reflexão sobre os conteúdos trabalhados.

Em relação às dificuldades que os alunos tiveram para realizar a atividade, verificou-se que a ausência de alguns foi um problema. Além disso, os alunos não procuraram o professor fora dos horários de aula. Coutinho (2011) ao analisar diversos estudos, afirma que um dos principais motivos para o desenvolvimento de atividades de ensino alternativas é a falta de interesse dos estudantes pelos conteúdos trabalhados nas disciplinas, e isso interfere diretamente no processo de ensino-aprendizagem tendo como consequências um fraco aprendizado, a desmotivação e por último até a reprovação.

Entretanto, a atividade mostrou-se efetiva em outros aspectos, pois a maioria dos estudantes demonstrou interesse pela pesquisa, procurando o professor com o intuito de tirar dúvidas, esclarecer suas ideias e discutir sua proposta. Resultando com isso em apresentações com alto nível de conhecimento e aprofundamento. Conforme relata Rocha (2008), a partir do momento em que se apossam do conhecimento, os alunos se tornam capazes de refletir e tomar suas próprias escolhas.

Considerações finais

A partir das ações realizadas neste projeto pode-se inferir que as mesmas foram além da teoria e da simples explanação dos conceitos, demonstrando maior interação e participação dos educandos, assim estes se propõem a pesquisar e elaborar seus próprios conceitos e definições, contribuindo para o desenvolvimento pessoal, baseado na própria vontade e interesse dos educandos.

Compreende-se então, a importância das aulas práticas, onde os educandos conseguiram ver as diferenças a partir do contato direto, identificando a teoria na prática, facilitando as suas interpretações e as analogias existentes. Provocando desta maneira, o desenvolvimento da proposta, que era comparar as células e frutas, ocorrendo à finalização com a apresentação de maneira satisfatória, pois se observou que a maioria dos educandos havia compreendido a proposta por meio de sua explanação. Portanto, entendemos que para que a proposta seja ainda mais efetiva é necessário um tempo maior de trabalho, além de uma apropriação pelo discente acerca da importância do mesmo.

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Referências

BERBEL, N. N.: “Problematization” and Problem-Based Learning: different words or different ways? Interface —Comunicação, Saúde, Educação, v.2, n.2, 1998.

COUTINHO, Renato. Motivos para o (des)interesse de studantes do ensino médio pelos conteúdos escolares. In: Seminário internacional de educação, docência nos seus multiplos

espaços, 7, 2011, Cachoeira do Sul, RS. Anais (on-line). Rio Grande so Sul: SIEduca, 2011.

Disponível:http://www.sieduca.com.br/2011/index986e.html?principal=lista_trabalhos&eixo= 4&modalidade=1. Acesso em 12/05/2016.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2008.

MALHEIROS, Bruno Taranto. Metodologia da Pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 2. ed. - São Paulo - Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.

ROCHA, Rosana. O Método da Problematização: Prevenção às Drogas na Escola e o Combate a Violência. (Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria Estadual de Educação) – Universidade Estadual de Londrina. 2008

VENTURA, Magda Maria. O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista da

Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p.

383-386, set./out. 2007. Disponível em:

<http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2007_05/a2007_v20_n05_art10.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2016.

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