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Abordagem híbrida da doença aneurismática caso clínico

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Academic year: 2021

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A b s t r a c t

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The popliteal and femoral aneurysms are the most prevalent peripheral artery aneurysms. The authors present a case report of a 61 years-old male patient, in a context of marked swelling of the right lower limb. A duplex ultrasonography was performed, which diagnosed the presence of a right popliteal phlebothrombosis subsequent to compression caused by a large popliteal aneurysm.

Given the lack of adequate venous conduit, it was decided to perform an endovascular procedure to exclude the right popliteal aneurysm with a covered stent-graft. Subsequently classic correction of the left common femoral artery aneurysm was made, by placing an interposition graft. This case demonstrates the different possi-ble approaches (endovascular and classical) to treat the same pathological entity, in different location and circumstances, in the same patient.

| R E S U M O |

Os aneurismas poplíteos e femorais são os aneurismas periféricos mais prevalentes.

Os autores apresentam um caso clínico de um doente do sexo mascu-lino de 61 anos que num contexto de edema marcado do membro inferior direito, realizou angiodinografia que confirmou a presença de flebotrombose poplítea direita consequente a compressão motivada por um volumoso aneurisma poplíteo.

Dada a ausência de conduto venoso adequado, foi decidido trata-mento endovascular do aneurisma poplíteo, com colocação de endo-protese.

Posteriormente foi feita a correcção por via clássica de um aneurisma femoral comum esquerdo, por colocação de enxerto de interposição. Este caso clínico demonstra as diferentes possibilidades de abordagem (endovascular e clássica) no tratamento da mesma entidade patológica, com localização e circunstâncias diversas, no mesmo doente.

Abordagem híbrida da doença

aneurismática – caso clínico

Hybrid approach of aneurysmal disease – case report

José Almeida Lopes, Daniel Brandão, Armando Mansilha Autor Correspondente:

José Almeida Lopes Morada:

Unidade de Angiologia e Cirurgia Vascular- Hopital CUF Porto Estrada da Circunvalação, 14341

4100-180 Porto 220039000

Joselopes1983@sapo.pt

Trabalho apresentado no XI Congresso de Angiologia e Cirurgia Vascular, Viseu 23-25 de Junho de 2011

CASO CLÍNICO

Unidade de Angiologia e C. Vascular Hospital CUF Porto

(2)

de dor e edema do MI direito, tendo na sequên-cia realizado noutra instituição uma angiodino-grafia dos MIs que revelou a presença de uma flebotrombose poplítea direita consequente ao efeito compressivo de um volumoso aneurisma da artéria poplítea. Em resultado ficou sob hipo-coagulação oral. Seguidamente realizou uma angio-TC tendo confirmado a presença de um aneurisma poplíteo supra-articular, de 4,6cm de maior diâmetro por 10cm de extensão longitu-dinal e ainda demonstrado a existência de um aneurisma da artéria femoral comum esquerda tipo 1 (classificação de Cutler e Darling) de 3,3cm de maior diâmetro.

Três meses após o início das queixas, recorreu à nossa unidade evidenciando desta forma, franca melhoria sintomática. Desta forma, procedeu-se à correção do aneurisma poplíteo por via endo-vascular, dada a ausência de enxerto venoso adequado.

Foi então feita abordagem femoral direita e foi colocada uma endoprótese de 5 x 150 mm (Gore® Viabhan®, Flagstaff, Arizona, EUA). O procedimento decorreu sem complicações, tendo o doente tido alta no dia seguinte, duplamente anti-agregado (Aspirina® e Plavix®) e mantendo os pulsos distais

Aos três meses realizou uma angio-TC que demonstrou permeabilidade e integridade da endoprótese, bem como dos eixos arteriais a montante e a jusante, não evidênciando fugas. Posteriormente foi feita a correção cirúrgica do aneurisma femoral esquerdo, por aneurismecto-mia parcial e enxerto de interposição da artéria femoral comum, com prótese de politetrafluoreti-leno (PTFE) de 8mm (Maquet® Fusion®, Wayne, New Jersey, EUA). A cirurgia decorreu sem inter-corrências tendo o doente tido alta hospitalar ao 3º dia pos-operatório, com ambos os pulsos distais palpáveis.

INtROdUçãO

Os aneurismas poplíteos e os aneurismas femorais são os aneurismas periféricos mais prevalentes.[1]

Os aneurismas dos membros inferiores (MIs) sintomáticos podem manifestar-se por compres-são de nervos e veias adjacentes (incluindo o desenvolvimento de flebotromboses) ou como quadros agudos diversos resultantes de embo-lização distal ou de trombose do saco aneuris-mático, sendo a rotura uma complicação bem menos frequente.

A abordagem dos aneurismas poplíteos assintomá-ticos permanece controversa, rodando em torno de diferentes fatores, como: O tamanho do aneurisma, o grau de distorção da artéria poplítea, a presença de trombo intra-aneurismático e o run-off arterial. Fatores esses que não parecem ser suficientemente robustos para individualmente identificarem os aneurismas poplíteos de elevado risco.

Existe hoje em dia, dois tipos de abordagem para a exclusão dos aneurismas poplíteos, a cirurgia clássica que visa contruir um bypass / enxerto de interposição com consequente laqueação do saco aneurismático (que pode utilizar quer um conduto venoso, quer um enxerto protésico) ou o tratamento com stent coberto auto-expansível por via endovascular. Esta ultima abordagem, tem emergido e demonstrado ser uma alternativa viável em circunstâncias várias, nomeadamente quando a cirurgia clássica é dificilmente praticável. Neste contexto os autores apresentam um caso clínico de um doente tratado por via endovascular a um aneurisma poplíteo e por via clássica a um aneurisma femoral.

CASO CLÍNICO

Doente do sexo masculino, 61 anos, sem facto-res de risco cardiovascular e com história prévia de correção cirúrgica de varizes, iniciou quadro

| Key words | POPLITEAL ARTERY ANEURYSM | | FEMORAL ARTERY ANEURYSM |

| HYBRID APPROACH |

|Palavras-chave | ANEURISMA DA ARTÉRIA POPLÍTEA | | ANEURISMA DA ARTÉRIA FEMORAL | | ABORDAGEM HÍBRIDA |

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dISCUSSãO

Os verdadeiros aneurismas da artéria femoral comum são extremamente raros.[1]

O pico de incidência ronda os 65 anos, têm uma relação entre o sexo masculino e o feminino de 28:1 a 30:1, 50% são bilaterais, 50-90% tem uma um aneurisma aórtico concomitante e 27-44% têm um aneurisma poplíteo[2,3] como o caso

apresentado. Dos aneurismas femorais 44-85% são do tipo 1 (envolvendo unicamente a Artéria Femoral Comum).[2,3] Para a sua correção são

comummente usados enxertos protésicos, dada a sua elevada taxa de permeabilidade (patência aos 5 anos de 85%) e uma maior correlação com os diâmetros arteriais. A taxa de mortalidade é de 0-5%.[4] Condutos venosos são em regra apenas

utilizados em situações de infeção.[1]

Os aneurismas poplíteos representam 70% dos aneurismas periféricos. São quase exclusivos do sexo masculino (95-100%), são bilaterais em 50% dos doentes e são simultâneos com aneurismas da aorta abdominal em 36-54%.[5,6]

O risco de desenvolver complicações tromboembó-licas ronda os 35% aos 3 anos, com uma taxa de amputação de 25%.[5] Dada a elevada morbilidade

referenciada, torna-se muito relevante detetar a pato-logia em análise o mais precocemente possível. Tem sido recomendado que todos os aneurismas maiores que dois centrimetros sejam operados quando possível, embora esta recomendação seja frequentemente posta em causa, dada a ausência de evidência baseada num estudo prospectivo rando-mizado. A decisão face à indicação cirúrgica perma-nece uma decisão que deverá ser individualizada face ao doente e à situação clínica em questão. Relativamento ao tipo de conduto adequado para a exclusão dos aneurismas poplíteos, o estudo da Clinica Mayo refere uma taxa de patência primá-ria aos 5 anos de 85% para os enxertos venosos, contra 50% para os enxertos de PTFE.[6]

Na grande série do Registo Vascular Sueco cons-tituído por 717 doentes foi relatada uma taxa de “limb salvage” de 89% com um follow-up até 15 anos, sendo que a idade, a emergência do procedimento e o uso de enxerto protésico foram identificados como sendo fatores de risco inde-pendentes que se correlacionam com a necessi-dade de amputação.[7]

Na revisão sistemática de Dawson et al, de 2445 aneurismas poplíteos na literatura, a taxa de patên-cia aos 5 anos variou de 77-100% para enxertos venosos e 29-74% para enxertos protésicos.[5]

Há contudo poucos autores que recomendam o uso primário de enxertos protésicos, especial-mente se forem necessários segmentos curtos num contexto de excelente outflow.

Dada a ausência de conduto venoso adequado em consequência de cirurgia prévia de varizes, a melhoria clínica, o fato de os enxertos protésicos apresentarem taxa de permeabilidade claramente inferior aos enxertos venosos e o aneurisma se estender ligeiramente proximal ao canal de Hunter, decidiu-se pela abordagem endovascular em detrimento da abordagem cirúrgica posterior descompressiva classicamente descrita.

O único estudo randomizado existente (reali-zado com endopróteses Gore® Viabahn®) que apesar de pequeno (n=30) avaliou a correção de aneurismas poplíteos por via endovascular em contraponto com a cirurgia clássica, apresentou taxas de patência primária ao 1º e ao 4º ano de 87% e 80% para a cirurgia endovascular vs 100% e 80% para a cirurgia de revascularização (maioritariamente realizada com veia autóloga), concluindo que os doentes com uma anatomia favorável, quando intervencionados por via endo-vascular, revelaram resultados comparáveis aos da cirurgia clássica.[8]

O Texas Heart Institute avaliou 33 doentes com aneurismas poplíteos corrigidos por via endovas-cular e apresentou taxas de patência primária e de patência secundária aos quatro anos e meio de 84,8% e de 96,8% respetivamente.[9]

Face existir na literatura séries com excelentes resultados a curto/médio prazo e face à crescente experiência nos tratamentos endovasculares, proporcionando ao doente uma melhor recupera-ção, menos perdas hemáticas e um menor tempo de internamento, embora com maior taxa de rein-tervenção, optou-se pelo procedimento endovas-cular, colocando-se uma endoprótese.

CONCLUSãO

Documenta-se assim o primeiro caso clínico de dois aneurismas periféricos simultâneos corrigi-dos por via híbrida na nossa Unidade.

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Demons-trando uma abordagem utilizada com cada vez maior frequência no tratamento de aneurismas poplíteos e portanto alternativa quando não existir um conduto venoso adequado ou disponível. Este caso serve também simbolicamente, para

apresentar como o estado da arte atual da Cirurgia Vascular permite tratar a mesma entidade pato-lógica por diferentes abordagens (endovascular e clássica), em diferentes locais anatómicos, no mesmo doente.

| FIGURA 1 | Angio-TAC 3D dos MIs | FIGURA 3 |

Exclusão do aneurisma poplíteo pela colocação de endoprótese de 5x150 mm (Viabhan protaten®). A) Aneurisma poplíteo

em angiografia

B) Endoprótese colocada com exclusão do aneurisma C) Angiografia final com joelho fletido a 90°

| FIGURA 4 | Aneurisma femoral comum esquerdo tipo 1 | FIGURA 2 | Aneurisma poplíteo

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BIBLIOgRAfIA

[1] POMPOSELLI F, HAMDAN A: Rutherford´s Vascular Surgery, 7th edition, 2010: 2110-2126;

[2] CUTLER BS, DARLINg RC: Surgical managemente of arterio-sclerotic femoral aneurysms, Surgery 1973;74:764-773;

[3] gRAHAM LM, ZELENOCk GB, WHITEHOUSE Jr WM, et al: Clini-cal significance of arteriosclerotic femoral artery aneurysms.

Arch Surg 1980; 115:502-507;

[4] CORRIERE MA, gUZMAN RJ: True and false aneurysms of the femoral artery. Semin Vasc Surg 2005;18:216-223;

[5] DAWSON I, SIE RB,vAN BOCkEL JH: Atherosclerotic popliteal aneurysm, Br J Surg 1997; 84:293-299;

[6] HUANg Y, gLOvICZkI P, NOEL AA, et al: Early complications and long term outcome after open surgical treatment of popliteal

artery aneurysms: is exclusion with saphenous vein bypass still the gold standard? J Vasc Surg 2007; 45:706-713;

[7] RAvN H, WANHAINEN A, BjORCk M: Surgical technique and long term results after popliteal artery aneurysm repair: results from 717 legs, J Vasc Surg 2007; 46: 236-243;

[8] ANTONELLO M, FRIgATTI P, Battocchio P, et al: Open repair versus endovascular treatment for asymtomatic popliteal artery aneurysm: results of a prospective randomized study. J Vasc

Surg 2005; 42:185-193;

[9] gARY M, kATHRYN G, et al: Endovascular exclusion of popliteal artery aneurysm with stent grafts: A prospective single center experience. J Endovasc Ther 2009; 16:215-223.

Referências

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