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REVISTA CONTEÚDO TRIAGEM VOCAL NOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL I DO MUNICÍPIO DE CAPIVARI

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Academic year: 2021

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TRIAGEM VOCAL NOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS

DO ENSINO FUNDAMENTAL I DO MUNICÍPIO DE CAPIVARI

Elizaete da Costa Arona1

Vanessa C. Ruguê2

RESUMO

A voz do professor consiste em um instrumento de comunicação eficiente para o processo de ensino aprendizagem, e qualquer alteração pode interferir neste processo. Desta forma, a função vocal do professor tem sido alvo de estudo dos profissionais de fonoaudiologia, tendo em vista a grande incidência de alterações vocais apresentadas por esta categoria profissional, cujas alterações, interferem na transmissão dos conteúdos e, consequentemente, na difusão dos conhecimentos. Frente ao exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar fatores e sintomas associados a Disfonia3 dos professores do município de Capivari, a fim de sugerir medidas de prevenção desta manifestação ocupacional. Para tal estudo foram entrevistados 141 professores do sexo feminino4 de 11 escolas do Município de Capivari, entre 30 e 40 anos.

Além dos dados de identificação, o questionário abordou questões relacionadas à atividade do professor, aos distúrbios vocais ou Disfonia, bem como a presença de sintomas concomitantes e de hábitos nocivos à voz. Posterior ao questionário, foi realizado Avaliação Perceptual Vocal pelas autoras e encaminhamento a Avaliação Otorrinolaringológica. Dos 141 professores que responderam ao questionário, apenas “Quinze” compareceram a Avaliação Perceptual, sendo que, “três” destes foram encaminhados para avaliação com Otorrinolaringologista e submetidos a nasofibrolaringoscopia5. Os dados coletados através

dos questionários mostram que há uma grande incidência de Disfonia nos professores, no entanto há pouco interesse por parte dos mesmos na busca de uma qualidade vocal adequada, o que acreditamos mudar agora, uma vez que concursos públicos tem solicitado exames que comprovem a saúde vocal do candidato.

Palavras-chaves: disfonia; professores; triagem; avaliação.

SCREENING IN VOCAL TEACHERS OF EDUCATION PUBLIC

SCHOOLS OF FUNDAMENTAL I CAPIVARI MUNICIPALITY

ABSTRACT

The teacher's voice is an instrument of effective communication for the teaching-learning process, and any changes can interfere with this process. Thus, the vocal teacher's role has

1 Mestre em educação pela Universidade Metodista de Piracicaba, graduada em música pela Faculdade Batista

do Rio de Janeiro, graduada em fonoaudiologia pela Faculdade de Reabilitação da ASCE, com especialização nas áreas da linguagem pelas Faculdades Integradas Isabela Hendrix em Belo Horizonte - MG, especialização em Voz pela Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro, pós-graduada em audiologia pelo CEDIAU em São Paulo e especialista em Libras pelas Faculdades Integradas Jacarepaguá no Rio de Janeiro. Professora da Faculdade Cenescista de Capivari, SP no curso de Pedagogia.

2 Fonoaudióloga Clínica, Graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Metodista de Piracicaba, Professora e

Coordenadora da Faculdade Cenecista da Terceira Idade (FACETI) em Capivari.

3Disfonia: Distúrbios da voz, que pode ser caracterizado pela dificuldade em emitir um som, podendo apresentar

alteração na sonoridade, perda parcial por determinando tempo.

4 Avaliação Perceptual da Voz: Análise Fonoaudiológica da qualidade vocal emitida.

5Nasofibrolaringoscopia: É uma avaliação endoscópica das cavidades nasais; o procedimento permite uma

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been the subject of study of professional speech therapy, in view of the high incidence of vocal presented by this profession, whose changes interfere with the transmission of content and, consequently, the diffusion of knowledge. Based on these, the aim of this study was to evaluate factors and symptoms associated with Dysphonia teachers Capivary the municipality, in order to suggest measures to prevent this occupational manifestation. For this study 141 female teachers from 11 schools in the city Capivary, between 30 and 40 years were interviewed. Besides the identification data, the questionnaire included questions related to the activity of the teacher, or the vocal dysphonia disorders as well as the presence of concomitant symptoms and harmful vocal habits. Later the questionnaire, was conducted by the authors Vocal Perceptual Assessment and referral to ENT evaluation. Of the 141 teachers who responded to the questionnaire, only "Fifteen" Perceptual Evaluation attended, and "three" of these were referred for evaluation with an ENT and submitted nasofibrolaryngoscopy. The data collected through the questionnaires show that there is a high incidence of dysphonia in teachers, however there is little interest on the part of those in search of an appropriate vocal quality, we believe that change now, once tenders have requested tests that prove vocal health of the applicant.

Keywords: dysphonia; teachers; screening; assessment.

INTRODUÇÃO

Todo o educador sabe que precisa contar com sua voz para ter um bom desempenho de sua profissão. Entretanto, para alguns profissionais, essa conscientização somente acontece quando percebem que a voz está com algum problema.

O profissional que utiliza a voz, como instrumento de trabalho (professores, locutores, atores, vendedores, secretária, cantores, entre outros) precisa ter um bom conhecimento vocal e, ficar atento ao perceber que algo não vai bem, pois estão susceptíveis as alterações vocais decorrentes do uso intensivo de seu aparato vocal.

Dentre esses profissionais, os que mais solicitam afastamento com queixa vocal são os professores, alvo de nossa pesquisa.

Pesquisas científicas comprovam a grande incidência de alterações de voz em professores e fazem referência à dificuldade em se desenvolver programas de saúde vocal que conscientizem o professor da importância do uso adequado da voz para a prevenção dos distúrbios vocais (DRAGONE, 2001).

Segundo Fabron e Omote (2000), dentre os profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, a classe dos professores é uma das mais acometidas pelas disfonias, sendo estas determinadas principalmente pela jornada de trabalho, que geralmente é extensa, associado à falta de conhecimento do uso correto da voz e da prevenção de possíveis problemas.

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A falta de conhecimento e consciência de como produzir corretamente a voz traz como resultado comportamentos abusivos com relação à mesma. Assim, falar durante muito tempo, falar em forte intensidade para superar o ruído da sala de aula, numa postura inadequada, com voz abafada, presa na garganta, utilizando um padrão respiratório inadequado, hábitos inadequados como ingestão de pouco líquido e uso de pastilhas para a garganta, são características frequentemente encontradas entre os professores e que consequentemente levam ao surgimento de disfonias funcionais6.

Estes distúrbios vocais constituem uma preocupação em relação ao desempenho do profissional, que muitas vezes utilizam mecanismos compensatórios de abuso e mau uso da voz para melhorar a comunicação, que se tornam hábitos inadequados tais como: falar alto demais em ambientes ruidosos ou abertos, gritar sem suporte respiratório, falar excessivamente durante quadros gripais e alérgicos ou período pré-menstrual, pigarro excessivo, tosse e ataque vocal brusco piorando o quadro vocal e acarretando alterações da mucosa laríngea. Como efeito secundário ao mau uso abusivo da voz pode ter como consequências alterações no aparelho fonador como os nódulos, pólipos, edemas, laringites de repetição e úlceras de contato.

Segundo Bloch (1985), a falha mais comum do professor é que ele quer passar a matéria e manter a atenção da turma através da voz. O que esgota sua laringe e faz compensação com a musculatura extrínseca e não usa coordenação pneumofonoarticulatória7. Além de ser extremamente desagradável para os alunos ouvirem um professor disfônico, pois gera desconforto e dificulta a atenção às aulas.

O ruído presente na escola também dificulta a boa compreensão da mensagem transmitida ao aluno, provocando modificações nos comportamentos vocal e psíquico dos professores (o nível sonoro médio da fala aumenta a partir do momento que o ruído ambiente ultrapassa 30 dBNS8: efeito Lombard). (SATALOFF e SPIEGES, 1991; CALAS et al., 1989).

Fabiano (1998) estudou os efeitos acústicos do uso profissional da voz pelo professor e validou que uma das profissões que apresentam problemas vocais em maior incidência é a desse profissional. As condições de uso vocal nesta profissão são em grande parte inadequadas, como o uso constante durante horas, intensidade elevada e competição vocal

6Disfonias funcionais: Alterações vocais produzidas pelo uso profissional da voz, diante de esforço excessivo ou

abusivo.

7Coordenação Pneumofonoarticulatória: Coordenação entre o uso do ar inspirado na produção sonora da voz e na

articulação dos fonemas.

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devido ao ruído ambiental. Os efeitos desse uso vocal abusivo inerente a função do professor varia em graus, indo desde a alteração quase imperceptível auditivamente até alterações vocais severas, muitas vezes impedindo a continuidade da atuação profissional. Auditivamente a voz pode apresentar abafamento, perda de projeção, agravamento, rouquidão, soprosidade e outras características. Além disso, o professor pode sentir desconfortos localizados, como dor, ardor, sensação de corpo estranho e acúmulo de secreção na laringe.

Mitctell et al. (1996) descreveram que os professores normalmente trabalham em lugares velhos, sujos com poeiras de giz, acústica pobre e sem amplificação. A maioria dos professores não aquece a voz antes de ensinar, tem intervalo de descanso inadequado, e tomam pouca água. Como resultado, problemas vocais.

Thomé de Souza (1998) relata que através de sua atuação junto aos professores constatou-se que estes educadores, apesar da grande demanda vocal, não são conscientes de que a voz é seu instrumento de trabalho, provavelmente por não terem recebido preparo específico algum para tal. Como consequência não procuram adquirir conhecimentos nesta área, pois não veem no aspecto vocal uma possibilidade de melhora em seu desempenho profissional.

Os professores constituem, do ponto de vista fonoaudiológico, um verdadeiro modelo experimental, onde encontramos todos os fatores condicionantes de um esforço vocal, sem terem tido preparo prévio algum e suportando uma tensão permanente. Importante lembrar, porém, que o uso excessivo da voz por si só não determina um distúrbio vocal, mas a somatória desse esforço vocal contínuo, mais o desconhecimento de técnicas vocais podem ser os facilitadores da disfonia funcional. O fator tempo de serviço na profissão mostra-se fortemente associado aos sintomas de rouquidão e perda da voz, pois a frequência de ocorrência desses sintomas foi a maior à medida que foram aumentando os anos de magistério.

Sendo a voz tão importante na ação pedagógica e tão desgastada no uso constante, abusivo e muitas vezes inadequada, constatou-se o quanto este instrumento de trabalho do professor vem se apresentando alterado, com prejuízo para o próprio profissional. Uma porcentagem pequena dos professores que apresentam queixas vocais procura ajuda especializada e um número ainda menor afasta-se da atividade profissional, mesmo apresentando o sintoma diariamente.

O professor que, mesmo sentindosinais de cansaço vocal, continua lecionandoe forçando de maneira imprópria essa ferramenta de trabalho, sem tomar nenhum cuidado ou

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tratar o problema, acaba desgastando ainda mais a sua voz, chegando algumas vezes à afonia (perdada voz), o que pode levar à finalizaçãoprecoce da carreira.

Hermes e Nakao (2003) ressaltam o grande número de pedidos de licença médica de professores encaminhados às clínicas de otorrinolaringologia e fonoaudiologia. Nestes casos quando a voz já não corresponde mais à demanda exigida em sala de aula, existe um crescimento do número de professores readaptados que exercem outras funções nas escolas, pois se veem na impossibilidade de lecionar diante dos problemas vocais.

Segundo dados da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, cerca de 2% dos professores brasileiros estão afastados da sala de aula por apresentarem distúrbio vocal.

Ficam evidentes as consequências negativas da disfonia na atividade do professor, uma vez que, além de implicar sanções sociais e até econômicos, compromete seu bem estar físico e psíquico. (SERVILHA, 1997).

De forma geral, podemos dizer que a voz do docente tem influência de três conjuntos de fatores, o primeiro deles, e que chamaríamos de Individuais, refere-se aos aspectos orgânicos (integridade do sistema fonatório) e emocionais (estabilidade de estresse etc).

Para tanto é necessário propor medidas de prevenção junto aos professores que estão na ativa diante de suas funções e necessitam ser orientados também quanto a importância do tratamento qualificado caso o distúrbio já tenha se instalado.

MATERIAIS E MÉTODO

Durante a comemoração do “Dia Internacional da Voz”, foi realizado uma campanha de conscientização quanto aos problemas vocais enfrentados por professores, desta forma em 2008 foram convidados a participar da campanha realizada por dois fonoaudiólogos e um otorrinolaringologista do município de Capivari, junto a todos os professores da rede municipal de ensino, com o apoio da Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz.

Este estudo consistiu de um levantamento realizado através de um questionário de Ferreira e Costa (2000, Anexo 1) enviado a todos os professores das series iniciais do ensino fundamental do Município de Capivari.

Como amostra tivemos 141 questionários respondidos, todos professores do sexo feminino com faixa etária entre 30 e 40 anos.

O questionário continha além dos dados de identificação questões sobre: - Atividade profissional do professor (tempo de profissão, carga horária semanal)

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- Presença de atividades extra ocupacionais com esforço vocal (canto, filhos pequenos, cultos religiosos ou outra profissão com esforço vocal)

- Presença de sintomas laríngeos (rouquidão, perda e variação na voz, ardor e dor na laringe, cansaço vocal, pigarro, esforço ou tensão ao falar, sensação de corpo estranho na laringe, irritação ou dor nos ouvidos)

- Afastamento do trabalho por problemas vocais - Uso de medicamentos e pastilhas

- Dificuldades em sala de aula - Problemas auditivos

Após análise dos questionários, todos os professores foram agendados individualmente para uma Análise Perceptual Vocal, sendo queapenas 15 dos 141 professores compareceram. Esta avaliação foi realizada pelas autoras e baseou-se na Escala GIRBAS proposta por HIRANO (1981) no qual G- grau de disfonia, I – instabilidade, R- rouquidão, B- soprosidade, A – astenia e S- tensão. Todos os quinze foram encaminhados para realizar nasofibrolaringoscopia com Otorrinolaringologista, cujo resultado foi gravado em fita cassete seguido de laudo por escrito. Dos 15 apenas 3 compareceram ao exame, recebendo orientação terapêutica adequada conforme o resultado do exame.

A metodologia estatística incluiu a análise descritiva (porcentagem) dos dados.

RESULTADOS

De acordo com a análise descritiva (porcentagem) dos dados obtidos pelos questionários, tem-se que:

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141 0 15 66.68 15 0.47 33.34 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Total entrevistados

Total avaliados Prevalência da Disfonia

Analise Percepão Vocal

Exame laringoscópico

ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

Presentes Sintomático Assintomático

1- Prevalência da Disfonia

Do total de 141 professores, 66,67% (94) relataram alterações vocais associados aos sintomas e apenas 33,33% (47) não relatam problemas vocais.

2- Analise Perceptual Vocal

Dos 141 professores, apenas 15 compareceram a Avaliação Vocal, observando início de sintomas da Disfonia ou presença de alterações na qualidade vocal.

3- Resultado do Exame Otorrinolaringológico

Dos 141 professores, apenas 3 (0,47%) compareceram a avaliação

otorrinolaringológica, sendo avaliados pelo exame de Nasofibrolaringoscopia. Tendo os três como diagnóstico de Nódulos Vocais e Fenda à fonação.

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Rouquidão - 61,7% (sim) 38,3% (não) Perda da Voz – 41;8% (sim) 58,2% (não) Variação – 55,3% (sim) 44,7% (não)

Ardência na laringe – 68% (sim) 32% (não) Dor na laringe - 60,3% (sim) 39,7%(não) Cansaço vocal – 59,6% (sim) 40,4%(não) Pigarro - 44% (sim) 56% (não)

Esforço vocal – 51,7% (sim) 48,3não)

Tensão na regiãocervical – 51%(sim) 49%(não) Sensação de corpo estranho – 34%(sim) 66%(não) Irritação nos ouvidos - 36,2%(sim) 63,8%(não)

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44 69.5 27.6 8.5 10 20 30 40 50 60 70 80

HÁBITOS VOCAIS

Uso de pastilhas Aumentar intensidade vocal

Relataram a necessidade de usar pastilhas ou sprays diante de dor ou ardência na laringe 44%, relatando o uso de pastilhas como anestésicas e de balas de gengibre.

Citaram fazer uso abusivo da voz ao utilizar a voz em Intensidade elevada em sala de aula, esteve presente na queixa de 69,5% (sim), caracterizado por: jeito de falar: 27,6%, jeito de dar aula: 9,9%, necessidade de mostrar autoridade em sala: 8,5% e competição com o excesso de ruído em sala : 32,6%.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A frequência de queixas vocais nos professores estudados (66,67%) coincide com os dados da literatura internacional que trazem pesquisas a respeito. (GOTAAS e STARR, 1993; SAPIR et al., 1993; URRUTIKOETXEA et al., 1995).

Nota-se um predomíniode mulheres no magistério. Dados de literatura sugerem que a mulher apresenta maior predisposição para a disfonia, devido às dimensões reduzidas da laringe e à pequena diferença entre sua frequência vocal e a das crianças, o que a obrigaria a aumentar a intensidade da voz para se fazer ouvir. (CALAS al., 1989).

A disfonia mostrou-se elevada em professores o que sugere que medidas preventivas devam ser implantadas para redução da carga horária e do número de alunos

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por classe, bem como o tratamento de afecções concomitantes e a obtenção de diagnóstico laringológico preciso. Tratamento de alergias respiratórias e do refluxo faringo-laríngeo podem auxiliar na prevenção e no tratamento de disfonias antes tidas como puramente funcionais.

A assistência à saúde do professor deveria ter início desde o processo de formação e estar presente durante toda a vida profissional. A inserção de alguns conhecimentos básicos e essenciais para uma melhor produção da voz, o ensino da higiene vocal introduzidos nos currículos de formação, bem como um trabalho de orientação e acompanhamento vocal aos professores durante sua atividade profissional, permitiria aos mesmos exercer sua profissão sem grande esforço vocal e sem riscos à saúde, contribuindo assim para melhorar a longevidade e qualidade vocal.

Para prevenir este tipo de ocorrência e os possíveis prejuízos da disfonia, sugere-se uma maior divulgação do trabalho do fonoaudiólogo junto às instituições de ensino. Por se tratar da saúde e do principal instrumento de comunicação dos seres humanos, a antiga frase que diz; “é melhor prevenir do que remediar”, continua sendo a melhor dica quando o assunto é a saúde vocal dos professores.

Compreender a influência destes fatores sobre a voz desse profissional é imprescindível para o desenvolvimento de estratégias que reduzam os altos índices de disfonia nessa categoria. O professor que sabe identificar os fatores prejudiciais ao seu desempenho vocal é capaz de modificar e transformar esta realidade, maximizando o potencial da sua voz.

Foi observado que há pouco interesse dos professores em compreender como está sua voz, e seu aparelho fonador. Confirmado na medida em que poucos professores deram continuidade ao processo de avaliação na pesquisa, sendo que os que passaram por avaliação com fonoaudiólogos e otorrinolaringologista apresentavam queixas vocais e consequentemente alterações nos exames realizados.

Sem dúvidas, há necessidade de orientação aos alunos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas quanto ao uso correto da voz e os cuidados para prevenção de futuros problemas. Ainda hoje muitos professores, mesmo no início de sua vida profissional já apresentam alterações vocais, necessitando buscar auxílio especializado o mais cedo possível.

Quanto a terapia vocal com professores necessita ser objetiva, rápida e eficaz, para que o problema não impeça a continuidade do seu trabalho. Assim, o suporte adequado e correto permite a esses profissionais manterem uma boa qualidade de voz e evitar recidivas.

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Considerando todos esses aspectos, fica claro que falar da voz do professor implica reconhecer um contexto bastante complexo de trabalho que envolve, além da saúde propriamente dita, questões socioculturais, econômicas, ambientais e psicoemocionais no qual ele está inserido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO NOME: ________________________________________________________________________ IDADE: ________________ D.N: _______________________ SEXO: __________________ PROFISSÃO: _________________________________________________ _________________

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JORNADA DE TRABALHO/ SEMANA _______________________________________________

TEMPO QUE EXERCE A

PROFISSÃO_______________________________________________

FAZ USO DA VOZ EM OUTRA ATIVIDADE

___________________________________________

1) VOCÊ TEM PROBLEMAS COM A SUA VOZ?

( ) NÃO ( ) ALGUMAS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

2) VOCÊ PERCEBE ALGUNS DESTES SINTOMAS?

A) ROUQUIDÃO ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

B) PERDA DA VOZ ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

C) VARIAÇÃO NA VOZ ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

D) ARDOR NA GARGANTA ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

E) DOR NA GARGANTA ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

F) CANSAÇO NA VOZ ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

G) PIGARRO ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

H) ESFORÇO AO FALAR ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

I) TENSÃO NA NUCA ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE J) SENSAÇÃO DE CORPO

ESTRANHO NA GARGANTA ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

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OUVIDOS ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( ) FREQUENTEMENTE

3) JÁ FICOU AFASTADO (A) DO SEU TRABALHO POR APRESENTAR PROBLEMAS VOCAIS?

( ) NÃO

( ) SIM QUANTAS VEZES? _____________ POR QUANTO TEMPO?

____________

4) FAZ USO DE PASTILHAS OU REMÉDIOS PARA CUIDAR DA VOZ?

( ) NÃO ( ) ÀS VEZES ( )

FREQUENTEMENTE

QUAL MEDICAMENTO?

__________________________________________________________

5)VOCÊ SENTE NECESSIDADE DE GRITAR OU USAR UMA VOZ MAIS ALTA QUE A HABITUAL QUANDO ESTÁ DANDO AULA?

( ) NÃO

( ) SIM PORQUE: ( ) É SEU JEITO DE FALAR

( ) É SEU JEITO DE DAR AULA

( ) DAR AUTORIDADE NA SALA DE AULA ( ) RUÍDO NA SALA DE AULA

6) VOCÊ SENTE DIFICULDADE EM OUVIR? ( ) NÃO

( ) SIM O QUE SENTE? ( ) ZUMBIDO

( ) OUVIDO TAPADO

( ) DIMINUIÇÃO DA AUDIÇÃO

( ) OUTROS. QUAIS?

__________________________________ (FERREIRA e COSTA, 2000.)

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