Obsidiana – vidro natural. O nome vem de Obsius, romano que, segundo Plinius, descobriu esta rocha na Etiópia. A obsidiana é uma rocha vulcânica, formada pelo resfriamento rápido do magma, antes que os minerais possam se cristalizar
VIDROS
Vidros – Plínio atribui aos fenícios a obtenção de vidro. Em 7000 AC, ao desembarcarem na costa da Síria, os fenícios improvisaram fogões usando blocos de salitre sobre a areia. Observaram que, passados algum tempo com fogo vivo, escorria uma substância líquida e brilhante que se solidificava rapidamente.
A arte vidreira teria sido difundida pelo Egito e Mesopotâmia Síria: 2500AC
Egito: 1587 a 1327 AC
200 AC, na Babilônia – Técnica de Sopragem
100 DC, na Alexandria – Vidros transparentes – fusão mais eficiente do material
Períodos e regiões onde foram desenvolvidas importantes inovações na arte vidreira antiga.
8000 a.C. - Síria(?) - Primeira fabricação de vidros pelos fenícios 7000 a.C. – Egito - Fabricação dos vidros antigos
3000 a.C.- Egito - Fabricação de peças de joalheria e vasos
1000 a.C. – Mediterrâneo - Fabricação de grandes vasos e bolas
669-626 a.C. - Assíria - Formulações de vidro encontradas nas tábuas da biblioteca do Rei Assurbanipal
100 - Alexandria - Fabricação de vidro incolor
200 - Babilônia e Sidon - Técnica de sopragem de vidro
1000-1100 - Alemanha, França - Técnica de obtenção de vitrais
1200 - Alemanha - Fabricação de peças de vidro plano com um dos lados cobertos por uma camada de chumbo - antimônio: espelhos
1884 – desenvolvimento de vidros ópticos
1879 – Corning Glass Work: inicia a produção de lâmpadas em Nova York 1915 – Produção comercial de vidro pirex
1939 – Vidro Vycor
1952 – Pilkington inventou o vidro float
“um vidro é um sólido não-cristalino, portanto, com ausência
de simetria e periodicidade translacional, que exibe o
fenômeno de transição vítrea (...), podendo ser obtido a partir
de qualquer material inorgânico, orgânico ou metálico e
formado através de qualquer técnica de preparação”.
Vidros Cerâmicos
Sólidos de estrutura desordenada que
apresentam o fenômeno de transição
vítrea.
Não se solidificam da mesma maneira que
os sólidos cristalinos
Distinguem-se de outras cerâmicas, pois
são obtidos a partir da fusão e posterior
solidificação de seus componentes, sem
cristalização.
Do cathedral glasses flow?
American Journal of Physics -- May 1998 -- Volume 66, Issue 5, pp. 392-395
Edgar Dutra Zanotto
Demonstra que, para uma peça de vidro apresentar deformação detectável à temperatura ambiente seria necessário um tempo de 1024 anos, ou algo em torno de 3 vezes o tempo de existência do universo.
Propriedades características dos vidros
Isotropia
Devitrificam-se
Opacos, coloridos ou transparentes
Duros e frágeis
Solúveis em água até resistentes a ácidos
10
-7
< α < 20x10
-6
Diversidade de composição
Variedade de formas e tamanhos (placas,
Composição típica de alguns vidros
Sílica vítrea Vycor Vidro plano Vidro de janela Vidro de garrafa Pirex Vidro cristal SiO2 100 94 72,7 72 74 81 67 Al2O3 0,5 0,6 1 2 0,4 B2O3 5 12 SO3 0,5 0,7 CaO 13 10 5,4 MgO 2,5 3,7 BaO PbO 17 Na2O 1 13,2 14 15,3 4,5 6 K2O 0,6 9,6 ZnO As2O5Material vítreo x cristalino
Vidro de sílica
Cristobalita
Definição
1949
– Produtos inorgânicos de fusão que foi
resfriado até o estado sólido sem se cristalizar
Melhor definição
“
Sólido não cristalino que apresenta o fenômeno de
transição vítrea
Material que não apresenta ordem de longo alcance
e está abaixo da temperatura na qual rearranjos
atômicos ou moleculares podem ocorrer numa
escala de tempo similar àquela do experimento.
SiO
2Vítrea
cristalina
α 0,7 x 10-6 17 x 10-6Transição vítrea
Fenômeno típico de alguns líquidos que quando resfriados
gradualmente a partir da sua temperatura líquidus, não se
cristalizam e apresentam acentuado aumento da viscosidade
até que numa faixa de temperatura (Tg), passam a se
comportar mecanicamente como sólidos.
Fenômeno puramente cinético, que é notado quando, se
utilizando um método experimental, o tempo de medida é igual
ao tempo de relaxação das moléculas
Com a diminuição da temperatura, tempo de relaxação aumenta para a configuração de equilíbrio e em algum ponto não acompanha mais a taxa de resfriamento.
Transição vítrea é uma transição de fase entre o líquido
superesfriado
e
o
sólido
vítreo,
com
as
características
determinadas pela cinética melhor do que pela termodinâmica.
Fenômeno típico de alguns líquidos que quando resfriados gradualmente a partir da sua temperatura líquidus, não se cristalizam e apresentam acentuado aumento da viscosidade até que numa faixa de temperatura (Tg), passam a se comportar mecanicamente como sólidos.
Na Tg –
• Há transformações nas propriedades físicas (volume específico) • Mudança da inclinação da curva
• Na maioria dos sistemas, o volume específico do vidro é maior do que do cristal (densidade menor)
Acima de Tg –
• Líquido viscoso
• Sob ação de uma tensão mecânica, os grupos de átomos (íons) podem escorregar uns sobre os outros, permitindo a deformação contínua do vidro. Entre Tm e Tg
A transição para o estado vítreo ocorre numa faixa de temperatura, dependendo da história térmica do vidro.
Uma taxa mais rápida de resfriamento congela o arranjo estrutural numa temperatura mais alta Tg, e o vidro tem maior volume específico.
Taxas mais lentas resultam em vidros mais densos (menor volume específico) e menor Tg.
Viscosidade – dependente da temperatura e
da composição
Processo de afino – 10-10
2Pa.s
Repouso e acondicionamento - 10
3Pa.s
Conformação (região de trabalhabilidade) – 10
3-10
8Pa.s
Recozimento
Ponto superior - 10
12Pa.s ( nesta temperatura vidro
deve aliviar as tensões em cerca de 15 minutos)
Ponto inferior – 10
13,5Pa.s ( nesta temperatura vidro
deve aliviar as tensões em cerca de 16 horas)
Estrutura dos vidros
Dois aspectos estruturais característicos
Ordem em pequenas distâncias Uma estrutura contínua aleatória (geralmente tridimensional) de ligações primárias
Exemplo: B2O3 – NC = 3 - cada boro está coordenado por 3 átomos de
Por que alguns óxidos formam vidros
facilmente?
Regras de Zachariesen (1932) (regras empíricas)
(análogo às regras de Pauling para estruturas cristalinas)
1. Cada oxigênio não pode ligar-se com mais de dois cátions.
2. Os átomos metálicos (cátions) devem ter um baixo número de
coordenação, ou seja, o número de átomos de oxigênio ao redor do cátion deve ser pequeno (quatro ou menos).
3. Os poliedros de oxigênio ligam-se pelos vértices e não pelas
faces ou arestas.
4. Três ou mais vértices de cada poliedro de oxigênio precisam ser
compartilhados (essa regra assegura a polimerização de uma estrutura de rede tridimensional).
Óxidos formadores de Rede
Óxidos que formam vidros facilmente
Exemplo: B
2O
3, SiO
2, GeO
2, P
2O
5 SiO
2–
Cada átomo de silício coordenado por 4 átomos de oxigênio
e cada oxigênio compartilha dois átomos de silício.
Unidade tetraédrica (SiO4)
-4assegura a ordem à curta
distância.
Razão O/Si = 2 – indica que todos os quatro vértices do
tetraedro estão interconectados.
Vidros comerciais em geral apresentam de 50 a 75% de SiO
2.
Abundância de sílica na crosta terrestre ~ 60%
Vidro de quartzo (sílica fundida) - 99,5% SiO2
Resistente ao choque térmico
Alta resistência química
Vidro de quartzo (sílica fundida) - 99,5% SiO
2
São muito puros e um dos mais transparentes
São os mais resistentes à temperatura (resistem até 1260°)
Possuem excelente resistência ao choque térmico e à ação
de agentes químicos
São de custo elevado e de conformação difícil
Processado acima de 1750
oC.
Aplicações:
Especiais como sistemas ópticos de laboratório,
VIDROS DA FAMÍLIA SODA-CAL
• São os mais antigos, mais baratos e mais utilizados • São de fácil conformação
• Podem ser usados até temperaturas de 460°C no estado recozido e até 250°C no estado temperado
Aplicações:
Janelas, garrafas, copos,…
VIDROS DE BORO SILICATO
• Têm excelente durabilidade química
• Excelente resitência ao calor e ao choque térmico • O tipo mais comum é o pyrex e o kovar
Aplicações:
Vedações, visores, medidores, tubulações, espelhos de telescópios, vidros de laboratórios, vidros de fornos,…
B
2O
3
Excelentes formadores de vidro
Coordenação triangular
Produz um estrutura mais aberta com menor
Poucos vidros feitos de óxido de boro:
Baixo ponto de fusão (Tg ~450
oC)
Solúvel em água
Vidro Pyrex (vidros de boro-silicatos)
P
2O
5
Tetraedros de PO
4com 1 ligação dupla
3 vértices compartilhados
Vidros especiais que apresentam transparência no
intervalo do ultravioleta e baixa transmissão no
infravermelho
A maioria dos vidros contém aditivos que servem para
alterar propriedades e/ou processamento
Óxidos modificadores de rede e óxidos intermediários
Óxidos modificadores de rede
“Destroem” a rede do vidro Aumenta a fluidez o vidro
Fornecem íons oxigênios extras, que não participam da rede, portanto
aumentam a razão O/Si.
Átomos de oxigênio provenientes destes óxidos entram na rede de sílica em pontos de junção dos tetraedros e interrompem a rede, dando origem a
átomos de oxigênio com 1 elétron não compartilhado.
Cátions não participam da rede, mas permanecem nos interstícios da
Exemplo: adição de Na2O em vidros de SiO2
Cada molécula de Na2O
resulta na formação de dois oxigênios não ligados
(nonbrindging oxygen), com os íons Na+ mantendo a
neutralidade elétrica local.
A perda de conectividade dos
tetraedros de sílica resultam na diminuição da viscosidade e Tg reduz a temperatura de processamento dos vidros de silicato.
Exemplo de óxidos modificadores de rede:
Na
2O, K
2O, CaO, PbO. MgO, ZnO, BaO, Li
2O
Na
2O, K
2Oe Li
2O
→ eficientes modificadores –
menor resistência química e maior coeficiente
de dilatação.
Vidro de janela ou garrafas - Na
2O-CaO-SiO
2 PbO – alto índice de refração
alto brilho
elevada densidade
sonoridade
Óxidos Intermediários
Não são efetivamente modificadores e nem formadores
de rede.
Podem contribuir como parte da estrutura da rede
Geralmente são cátions com maior valência do que os
alcalinos e alcalinos terrosos, mas que não satisfazem
as regras de Zachariesen.
Exemplo: Al2O3
Al
3+substitui o Si
4+
Para manter a neutralidade elétrica – necessário a
presença de cátions alcalinos.
Processo de fabricação de vidro
Deformação viscosa dos vidros:
Sob resfriamento o vidro se torna mais e mais viscoso de
maneira contínua
Com o aumento da temperatura – a viscosidade diminui e o
escoamento viscoso torna-se mais fácil
Características viscosidade – temperatura
Pontos específicos importantes na fabricação
e processamento de vidros
Esses pontos definem quais serão as
temperaturas de processamento dos vidros
A temperatura em que cada um desses pontos ocorre
depende da composição do vidro.
• Ponto de fusão – corresponde a temperatura na qual a viscosidade é de 10 Pa.s (102Poise).
- o vidro é fluido suficiente para ser considerado um líquido.
• Ponto de trabalho – temperatura na qual a viscosidade é 103Pa.s
(104Poise)
- o vidro é facilmente deformável nessa viscosidade
• Ponto de amolecimento - temperatura na qual a viscosidade é 4 x 106Pa.s (4 x 107Poise).
- é a máxima temperatura na qual um pedaço de vidro pode ser manuseado sem causar significantes alterações dimensionais.
• Ponto de recozimento - temperatura na qual a viscosidade é 1012Pa.s (1013Poise).
- difusão atômica é suficientemente rápida que quaisquer tensões residuais podem ser removidas em torno de 15 minutos.
• Ponto de deformação - temperatura na qual a viscosidade é 3 x 1013Pa.s (3 x 1014Poise)
- para temperaturas abaixo do ponto de deformação, fratura ocorrerá antes do início da deformação plástica
Processamento do vidro
Produzido pelo aquecimento das matérias-primas até uma temperatura acima do seu ponto de fusão.
Eliminação de bolhas e homogeneização Processo de afino – 10 -102 Pa.s
Etapa de repouso e acondicionamento
Adquirir homogeneidade térmica, para igualar viscosidade - 103 Pa.s Etapa de Conformação
Região de trabalhabilidade
Dentro da faixa de trabalho – entre as temperaturas de trabalho e amolecimento. Etapa de recozimento
Necessária para diminuir ou eliminar as tensões internas geradas durante a
fabricação do vidro.
Tensões são geradas como conseqüência da rápida eliminação do gradiente
térmico do vidro.
Ponto superior – 1012 Pa.s (vidro deve aliviar as tensões em cerca de 15 minutos) Ponto superior – 1013,5 Pa.s (vidro deve aliviar as tensões em cerca de 16 horas)
Métodos de conformação de vidros
Prensagem
pratos
Sopro
garrafas
Laminado
Vidros planos
Fiação
Fios e fibras
Prensagem
Tratamento térmico de vidros
Têmpera (tempering)
Aquecimento a T>T
ge < ponto de amolecimento
Resfriado a T ambiente com jato de ar ou banho de óleo
tensões residuais compressivas na superfície e de tração no
interior
Vidro polido recozido – σ = 40 MPa Vidro temperado - σ = 120 a 200 MPa
Tensões compressivas geradas dependem:
• espessura do vidro
• coeficiente de transferência de calor
TÊMPERA QUÍMICA
Geração de tensões compressivas produzidas por modificações superficiais da composição química do vidro.
Troca iônica – troca superficial de íons do vidro por outros íons de maior tamanho
Temperatura de têmpera – abaixo da temperatura de transição vítrea, senão os íons de acomodam sem dificuldade e não criam tensões
compressivas