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Ό Dr. Steven Lawson é um dos mais comprometidos e capazes exposito- res bíblicos desta geração. A veemência e a clareza do seu compromisso com a pregação bíblica ־ com a verdadeira exposição bíblica ־ constituem a marca dis*־ tintiva do seu ministério. Além disso, ele entende que o texto da Bíblia apresenta um consistente e coeso testem unho da soberania de Deus e a manifestação pano*־ râmica da glória divina. Isto fica bem evidente em seu ministério oral e escrito de exposição da Palavra. Dr. Lawson é um hom em extraordinário, movido por uma paixão extraordinária.”

- Dr. R. ALBERT M OHLER, ]R., Presidente

The Southern Baptist Theological Seminary, Lousville, ΚΥ.

“Em Fundamentos da Graça, o fiel pastor Steven Lawson percorre o rico e variado terreno da Bíblia e apresenta a você o Deus verdadeiro e seu amor salvífl· co, baseado em toda a Escritura, e o faz de um m odo que talvez você nunca tenha apreciado antes. As doutrinas da graça e da soberania de Deus são verdades que alegram, transform am a vida, exaltam Cristo, glorificam Deus, motivam as mis*־ sões, incentivam a evangelização e promovem o discipulado. Se você pensa que o ensino sobre a soberania de Deus na salvação dos pecadores é ideia fabricada pelo hom em , vai tornar a pensar sobre isso depois de andar através da Bíblia com o Dr. Lawson. Mas, cuidado! Esta verdade, quando entendida e abraçada, transforma a alma, anim a o coração e altera a vida. O próprio Dr. Lawson é um hom em que foi transform ado por ela. Dr. Lawson a tem proclamado ousada, brava e alegremente, ao custo de alto preço pessoal, fazendo m uito para a glória de Deus, para o bem da igreja e júbilo dos pecadores que foram encontrados pela maravilhosa graça de Deus. Prepare״se para se deleitar com a afetuosa bondade do Senhor, que dura para sempre!”

- DR. ]. LIGON D U N CA N III, M inistro Sênior Primeira Igreja Presbiteriana de Jackson, Mississipi.

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“Vivemos num a época c־m que a igreja se fez outra vez objeto da aguda crítica feita por M artinho Lutero a Erasmo, seu contem porâneo: ‘O seu Deus é por demais parecido com o homem.... Q ue Deus seja Deus!’ Cativo na m ente e no coração pelas verdades gêmeas da soberania absoluta de Deus e sua graça ma- ravilhosa, Steven Lawson rastreia persuasivamente esses temas do começo ao fim da Escritura. Não há m elhor meio que esse de estudar e aprender teologia, e não há outro meio de m anter a verdade da Escritura com o equilíbrio da Escritura e no espírito da Escritura. A obra Fundamentos da Graça mostra, num a m ultidão de meios e modos, que a Escritura é ‘útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça . Espero que este livro ajude a igreja contem- porânea a redescobrir aquele quadrivium divino!”

- DR. SINCLAIR B. FERGUSON, Pastor Sênior

Primeira Igreja Presbiteriana de C olum bia, Carolina do Sul.

“Steven Lawson lança, clara e com preensivamente, o alicerce bíblico para as doutrinas da graça.”

- D R. JO H N MACARTHUR, Pastor-Mestre Grace Community Church, Sun Valley, Califórnia.

C om o o conhecim ento que

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Dr. Steven Lawson tem deste assunto m ostra claramente, a soberania de Deus se faz manifesta em toda a Escritura Sagrada.... Q uando você term inar de ler este livro, pergunto-me e me preocupo sobre se você vai persistir em negar a plena m edida da soberania de Deus em nossa salvação. O Dr. Lawson m ostrou tão clara e conclusivamente que a salvação pertence ao Senhor e à sua graça soberana, que varreu de vez o pó do lugar que os oponentes desta d outrina um a vez ocuparam . Q uanto a mim, sou grato por esta obra realizada com amor, e pela elucidação e esperança que aqueles que a lerem vão ter em seu coração.”

- DR. R. C. SPROUL, M inistro de Pregação e de Ensino Saint Andrew’s Chapel, Stanford, Flórida.

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S T E V E N J. L A W S O N

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Tr a d u ç ã o g r a c i o s a de

ODAYR OLIVETTI

p a r a a E d i t o r a F i e l , e m h o m e n a g e m a o P r . R i c h a r d D e n h a m , c r i a d o r e m a n t e n e d o r d a E d i t o r a F i e l e d a C o n f e r ê n c i a F i e l . Á g u a s d a P r a t a , p r i m e i r o de n o v e m b r o de 2 0 1 0

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EDITORA FIEL

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Lawson, Steven J.

Fundamentos da graça : 1.400 A.C. -100 D.C : longa linha de vultos piedosos : volume 1 / Steven J. Lawson; tradução Odayr Olivetti. ־־ São José dos Campos, SP : Editora Fiel, 2012.

Título original: Foundations of grace. ISBN 978-85-8132-029-8

1. Graça (Teologia) - Ensino bíblico 2. Vida espiritual I. Título.

CDD-234.1 12-10846

índices para catálogo sistemático: 1. Graça: Teologia dogmática cristã 234.1

Todos os direitos em língua p o rtuguesa reservados p o r Ed ito ra Fiel da M issão Evangélica Literária

F u n d am e n to s da G raça T raduzido d o original em inglês

Foundations of Grace p o r Steven Lawson

Pr o i b i d aar e p r o d u ç ã od e s t el i v r op o rq u a i s q u e r

MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.

C o p y rig h t © 2006 by Steven Lawson

P residente: Jam es R ichard D en h am III Presidente E m érito: Jam es R ichard D en h am Jr. P u b licad o o rig in alm en te em inglês p o r

R efo rm atio n Trust,

um a divisão de Ligonier M inistries

E ditor: Tiago J. Santos Filho Tradução: O dayr O livetti Revisão: M árcia G om es 400 Technology Park,

Lake Mary, FL 32746

D iagram ação: R u b n er D urais C apa: R u b n er D urais ISBN: 978-85-8132Ό29-8 C op y rig h t © 2011 E d ito ra Fiel

P rim eira Edição em Português: 2012

C a ix a P o sta l 1601 C E P : 1 2 2 3 0 -9 7 1 S ã o J o sé d o s C a m p o s , S P PA B X : (1 2 ) 3 9 1 9 -9 9 9 9 w w w .e d ito r a f ie l.c o m .b r EDITORA FIEL

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Em memória do

DR. S. LEWIS JOHNSON

- distinguido professor, teólogo eminente, expositor preciso - que chocou meu mundo com as doutrinas da graça.

D urante os anos da m inha formação, o Dr. Johnson pregava fielmente a Palavra de Deus - e, especificamente, as doutrinas da graça - na Capela do C rente (Believer’s Chapel), em Dallas, Texas. Em bora inicialm ente eu resistisse a essas verdades, o Senhor, em sua graça, prevaleceu e abriu meus olhos para a sua gloriosa soberania na salvação dos pecadores perdidos. Dom ingo após domingo, o Dr. Johnson fazia magistral exposição das Escrituras com precisão teológica. Mi׳ nha ideia a respeito de tudo foi m udada dramaticam ente, e eu nunca mais fui o mesmo. Sempre serei grato ao Dr. Johnson por sua clara e convincente pregação sobre o nosso soberano Deus.

“Porque dele, e por meio dele, e para ele são codas as coisas.

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ÍNDICE

PRÓLOGO, DE JOHN M A C A R TH U R ...11

A IMUTABILIDADE DIVINA E AS DOUTRINAS DA GRAÇA

PREFÁCIO DO A U T O R ... 29

A VERTENTE CONTINENTAL DA TEOLOGIA

RECONHECIMENTOS... 35 1. LONGA LINHA DEVULTOS PIEDOSOS... 39

SERVOS DA GRAÇA SOBERANA: DE MOISÉS AO PRESENTE

2. ONDE A LONGA LINHA CO M EÇ A ... 63

O LEGISLADOR MOISÉS: GÊNESIS

3. A GRAÇA SOBERANA NO DESERTO... 103

O LEGISLADOR MOISÉS: ÊXODO A DEUTERONÔMIO

145

4. HOMENS FORTES COM U M A FORTE MENSAGEM

PRIMEIROS LÍDERES: JOSUÉ A JÓ

(8)

5. MONARCAS INCLINAM-SE DIANTE DO SO BERA NO ... 187

OS REIS DAVI E SALOMÃO:

SALMOS, PROVÉRBIOS E ECLESIASTES

6. PORTA-VOZES DA GRAÇA SO BERANA...231

OS PROFETAS MAIORES: ISAÍAS

7. ARAUTOS DA REGENERAÇÃO D IV IN A ... 263

OS PROFETAS MAIORES: JEREMIAS, EZEQUIEL E DANIEL

8.TEOLOGIA M AIOR DOS PROFETAS M ENORES... 305

OS PROFETAS MENORES: OSEIASA MALAQUIAS

9 . 0 M AIOR EXPOSITOR DA G R A Ç A ...339

O SENHOR JESUS CRISTO: MATEUS, MARCOS E LUCAS

1 0 .0 MONTE EVEREST DA TEOLOGIA... 383

O SENHOR JESUS CRISTO: O EVANGELHO DE JOÃO

11. QUÃO FIRME FUNDAM ENTO !... 437

O APÓSTOLO PEDRO: ATOS E 1 e 2 PEDRO

487

12. POR SUA GRAÇA E PARA SUA GLÓRIA

O APÓSTOLO PAULO: ROMANOS

(9)

545

13. PREGADOR DAS DOUTRINAS DA GRAÇA

0 APÓSTOLO PAULO: 1 e 2 CORÍNTIOS E GÁLATAS

14. ANTES DA FUNDAÇÃO DO M U N D O ...585

O APÓSTOLO PAULO:

EFÉSIOSA 2TESSALONICENSES

15. COLUNA E BALUARTE DA VERDADE...633

0 APÓSTOLO PAULO: 1 e 2 TIMÓTEO ETITO

16. A EVANGELIZAÇÃO E A SOBERANIA D IV IN A ...665

O MÉDICO LUCAS E O AUTOR DE HEBREUS: ATOS E HEBREUS

17. REGENERAÇÃO SOBERANA... 709

TIAGO, O APÓSTOLO JOÃO, E JUDAS: TIAGO, 1,2,3 JOÃO, E JUDAS

18. PORTODOS OS SÉCULOS V IN D O U R O S... 757

O APÓSTOLO JOÃO:

O EVANGELHO DE JOÃO E APOCALIPSE

(10)

Pró lo g o

A IMUTABILIDADE

DIVINA E AS

DOUTRINAS DA GRAÇA

____

1

, repetidamente e sem ser apologética, salienta o feto que Deus não

ção absoluta, nem sofrer declínio em sua natureza eternamente fixa. Sua pessoa não muda: “Porque eu, o SENHOR, não m udo” (Ml 3.6). Seus planos não mudam: Ό conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (SI 33.11). Seu propósito não muda: “Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito... Deus o confirmou com juramento” (Hb 6.17, NV1). Deus não muda de opinião: “A Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa” (ISm 15.29); ou suas palavras: “O Santo de Israel... não retira as suas palavras” (Is 31.1,2); ou o seu chamado: “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29; cf. Hb 13.8; Tg 1.17). Absolutamente, não há mudanças em Deus, nem variações, nem surpresas (cf. Sl 102.27).

(11)

I 12 ן F U N D A M E N T O S DA G R A Ç A

Deus não aum enta nem dim inui. Não m elhora nem sofre declínio. Ele não m uda por terem sido alteradas algumas circunstâncias - não há emergências imprevistas para aquele que é eternam ente onisciente. Seus propósitos eternos duram para sempre porque ele dura para sempre (SI 33.11). Ele não reage, somen- te age - e

0

faz conform e lhe agrada (SI 115.3).

C laro está que, segundo a perspectiva hum ana, parece que Deus m uda seus planos ou suas ações baseado no que as pessoas fazem. Mas não é assim segundo o ponto de vista de Deus. Visto que conhece e sempre conheceü per- feitam ente o futuro, ten d o ׳o planejado de acordo com o seu decreto inalterável, ele sempre age do m odo como planejou desde a eternidade passada. E nquanto que os hom ens não sabem como Deus vai agir, e às vezes se espantam quando veem revelados os planos divinos, Deus nunca é pego de surpresa. Ele continua trabalhando com o sempre fez, de acordo com o seu propósito eterno e o seu beneplácito (cf. SI 33.10-12; Is 48.14; D n 4.35; Cl 1.19-20).

C om relação à hum anidade, Deus predeterm inou a redenção de um povo para sua glória. Nada pode frustrar esse plano (Jo 10.29; Rm 8.38,39). Conhe- cim ento perfeito, perfeita liberdade influenciada, e poder perfeito e ilimitado para realizar tudo quanto ele quis e quer - santidade absoluta e perfeição moral movendo-o a ser plenam ente verdadeiro e fiel à sua Palavra - significam que o que Deus começou a fazer antes do princípio do tempo, está fazendo e completa- rá depois que findar o tempo.

Esta arrebatadora e gloriosa intenção de Deus foi revelada na Bíblia e foi entendida claramente através da história dos redimidos. A Palavra de Deus a descerrou inequivocamente e, desde quando se completou o cânon da Escritura, todos os firmes intérpretes da Bíblia têm crido e proclam ado a gloriosa doutrina do soberano e imutável propósito de Deus. Esta verdade, muitas vezes chamada “doutrinas da graça”, teve início na determ inação soberana de Deus na eternida- de passada.

Deus não pode mudar, sua Palavra não pode mudar, e seu propósito não pode mudar. Sua verdade é a mesma porque ele é a Verdade (cf. SI 119.160; Jo

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Prólogo A I m u t a b i l i d a d e D i v i n a c as D o u t r i n a s da (ira ça | 13 |

17.17; T t 1.2; H b 6.18). Em contraste com a chamada teologia do telsmo aberto, que alega que Deus não conhece o futuro e, portanto, cabe-lhe adaptar-se às circuns­ tâncias à m edida que se desenvolvem, a Bíblia apresenta Deus com o o Soberano que conhece todos os eventos, passados, presentes e futuros. Nas palavras de Isaías 46.9b,10 (NVI):

Eu sou Deus, e não ha nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, 0 que ainda virá. Digo:

Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo 0 que me agrada.

A JUSTIÇA DIVINA E A DOUTRINA DA ELEIÇÃO

Apesar da clareza que a Escritura fala sobre este tópico, atualmente muitos cristãos professos estão em conflito com a aceitação da soberania de Deus - prin­ cipalmente quando se trata da obra eletiva de Deus na salvação. Naturalmente, seu protesto mais comum é que a doutrina da eleição é injusta, não é equânime. Mas essa objeção vem de uma ideia hum ana de justiça, e não do entendim ento divino, objetivo, da verdadeira justiça. Para que possamos tratar apropriadamente do tema da eleição, devemos pôr de lado todas as considerações humanas e focalizar a natureza de Deus e seu justo e alto padrão. A justiça divina - é onde a discussão deve começar.

Q ue é a justiça divina? Exposta simplesmente, a justiça é um atributo es­ sencial de Deus pelo qual ele faz infinita, perfeita e independentem ente, e com exatidão, o que ele quer fazer, quando e como o quer fazer. U m a vez que é

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padrão da justiça, pela própria definição, seja o que for que faça, isso será ine­ rentem ente justo. C om o W illiam Perkins disse há m uito tem po, “Não devemos pensar que Deus faz algo porque é bom e reto, mas antes que algo é bom e reto porque Deus o deseja e faz”.

P ortanto, Deus define a justiça para nós porque ele é, p o r natureza, justo e reto, e o que ele faz reflete essa natureza. Sua v o ntade livre - e nada

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14 ן I F U N D A M E N T O S DA G R A Ç A

mais - está p o r trás da sua justiça. Significa que: o que ele q uer é justo; e é justo, não devido a algum padrão externo de justiça, mas sim plesm ente por- que ele o quer.

Visto que a justiça de Deus é algo que flui do seu caráter, não está sujeita às suposições que o hom em caído faz do que a justiça deve ser. O C riador não deve nada à criatura, nem mesmo aquilo que, em sua graça, deseja dar a ela. Deus não age por obrigação e compulsão, mas por sua prerrogativa independente. E isso que significa ser Deus. E porque ele é Deus, os seus atos livremente determi- nados são intrinsecam ente retos e perfeitos.

Dizer que a eleição é injusta, não som ente é inexato, com o tam bém é deixar de reconhecer a essência da verdadeira equidade. O que é equânim e, reto e justo é o que Deus q uer fazer. Dessa forma, se Deus q uer escolher aque- les que deseja salvar, fazer isso é ineren tem en te justo. N ão podem os im por nossas ideias de equidade e justiça ao nosso en ten d im en to das operações de Deus. Em vez disso, devemos ir às Escrituras para ver com o Deus, em sua retidão perfeita, decide agir.

EM Q U E C O N SISTE A D O U T R IN A DA ELEIÇÃO?

A ideia de que Deus faz o que quer, e justam ente porque é ele que o faz, torna o que ele faz verdadeiro e reto, e isso é fundam ental para o nosso entendi- m ento de tudo o que há na Escritura, a doutrina da eleição inclusive.

No sentido amplo, a eleição se refere ao fato de que Deus escolhe (ou ele- ge) fazer tudo o que faz por qualquer meio ou de qualquer modo que lhe pareça próprio. Q uando ele age, o faz somente porque, voluntária e independentem en- te, escolhe agir. Em conform idade com sua natureza, com seu plano determ inado e com seu beneplácito, Deus decide o que deseja, sem pressão ou coação de nenhum a influência externa.

A Bíblia defende este ponto repetidam ente. No ato da Criação, Deus fez precisamente o que queria criar e da m aneira como queria (cf. G n 1.31). E desde a Criação ele tem prescrito ou perm itido soberanam ente tudo o que faz parte

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Prólogo — A I m u t a b i l i d a d e D i v i n a e as D o u t r i n a s da Graça | 15 |

da história hum ana, a fim de realizar o plano de redenção que tinha designado previamente (cf. Is 25.1; 46.10; 55.11; Rm 9.17; Ef 3.8Ί1).

No Antigo Testamento Deus escolheu uma nação para si. De todas as nações do m undo, selecionou Israel (Dt 7.6; 14.2; SI 105.43; 135.4). Escolheu os israelitas, não porque fossem melhores ou mais desejáveis do que qualquer ou- tro povo, mas simplesmente porque decidiu escolhê-los. Nas palavras de Richard Wolf: “Q ue coisa estranha Deus escolher os judeus!” Pode não ter soado bem, mas igualmente estranho seria Deus ter escolhido qualquer outro povo. Quem quer que Deus escolha, faz essa opção por razões que pertencem totalm ente a ele.

Não foi somente a nação de Israel que, na Escritura, foi objeto da escolha eletiva de Deus. No Novo Testam ento Jesus Cristo é cham ado “o meu eleito” (Lc 9.35, ARA). Também se faz referência aos santos anjos como “anjos eleitos” (lT m 5.21). E os crentes do Novo Testamento são chamados “eleitos” ou “esco- lhidos de D eus” (Cl 3.12; cf. IC o 1.27; 2Ts 2.13; 2Tm 2.10; T t 1.1; lPe 1.1; 2.9; 5.13; Ap 17.14), significando que a igreja é a com unidade dos que foram eleitos ou escolhidos (Ef 1.4).

Q uando Jesus disse a seus discípulos, “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi” (Jo 15.16), estava salientando essa verdade. E o Novo Testamento a reitera passagem após passagem. Atos 13.48b descreve a salvação com estas pala- vras: “creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna”. Efésios 1.4-6 registra que Deus nos escolheu nele [em Cristo] antes da criação do m undo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em am or nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conform e o bom propósito da sua vontade, para louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gra- tuitam ente no Amado.

Em suas cartas aos tessalonicenses, Paulo lembra a seus leitores que sabia que Deus os escolhera (lTs 1.4), e lhes declara que estava agradecido a Deus por eles, porque Deus os escolheu com o seus primeiros frutos, para serem salvos (2Ts 2.13, NVI). A Palavra de Deus é clara: os crentes são os que Deus escolheu para a salvação desde antes do princípio.

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I Ifi ן I U N D A M E N T O S 1)A G R A Ç A

O pré-conhecimento a que Pedro se refere (IPe 1.2) não deve ser con- fundido com simples previsão. Alguns ensinam essa ideia, afirmando que, na eternidade passada, Deus se inclinou e olhou para os saguões da história para ver quem responderia positivamente a seu chamado, e então elegeu os redimidos com base na resposta deles. Essa explicação torna a decisão de Deus sujeita à decisão do hom em , e dá a este um nível de soberania que só pertence a Deus. Faz de Deus alguém que é passivamente escolhido, e não alguém que escolhe ativamente. E essa explicação entende erroneam ente o m odo como Pedro empre׳ ga o term o pré-conhecimento. Em lPe 1.20, o apóstolo emprega a forma verbal daquela palavra, prognosis no grego, para referir-se a Cristo. Nesse caso, o conceito de “pré-conhecim ento” certam ente inclui a ideia de escolha deliberada. É, pois, razoável concluir que a mesma verdade prevalece quando Pedro aplica prognosis a crentes noutros lugares (cf. lPe 1.2).

O capítulo nove de Romanos tam bém reitera os propósitos eletivos de Deus. Ali essa prerrogativa é exposta claram ente com referência a seu am or salví- fico por Jacó (e pelos descendentes de jacó) em oposição a Esaú (e à linhagem de Esaú). Deus escolheu Jacó, e não Esaú, não com base em qualquer coisa que eles tivessem feito, mas de acordo com o seu propósito soberano, livre e não influen- ciado. A quem acaso protestasse dizendo: “Isso é injusto!”, Paulo simplesmente perguntava: “Q uem é você, ó homem, para questionar a Deus?” (versículo 20).

Muitas outras passagens da Escritura poderiam ser acrescentadas a este estudo. C ontudo, honesta como a Palavra de Deus é, muitos continuam ente acham difícil aceitar a doutrina da eleição. A razão, repito, é que eles deixam que as suas noções preconcebidas sobre como Deus deveria agir (baseadas num a defi- nição hum ana de justiça) se sobreponham à verdade da sua soberania nos termos firmados nas Escrituras.

Francamente, a única razão que há para crermos na eleição é que essa doutrina se acha explicitamente na Palavra de Deus. Ela não foi originada por ne- nhum homem, nem por nenhum a comissão de hom ens. E como a doutrina das penas eternas, no sentido de que é conflitante com os ditames da m ente carnal.

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Prólogo A I m u t a b i l i d a d e D i v i n a e <14 D o u t r i n a * da Graça | 17 |

Ela causa repulsa aos sentim entos do coração não regenerado. C om o acontece com as doutrinas da Trindade santa e bendita e do nascim ento miraculoso do nosso Salvador, a verdade da eleição, visto que foi revelada por Deus, deve ser abraçada com fé singela e não questionadora. Se você tem uma Bíblia e crê nela, você não tem outra opção senão a de aceitar o que ela ensina.

A Palavra de Deus o apresenta como o ser que controla todas as criaturas e delas dispõe (Dn 4.35; Is 45.7; Lm 3.38), como o Altíssimo (SI 47.2; 83.18), como o governador do céu e da terra (Gn 14.19; Is 37.16) e como aquele contra quem ninguém pode resistir (2C r 20.6; Jo 41.10; Is 43.13). Ele é o Todo-Poderoso que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11; cf. Is 14.27; Ap 19.6), e como o Oleiro celeste que modela os hom ens em conform idade com o seu beneplácito (Rm 9.18-22). Em resumo, Deus é o ser que decide e determ ina o destino de todos os hom ens e controla todos os detalhes da vida de cada indi- Víduo (Pv 16.9; 19.21; 21.1; cf. Êx 3.21,22; 14.8; Ed 1.1; D n 1.9; Tg 4.15) - o que é realmente outro m odo de dizer: “Ele é Deus”.

P O R Q U E D EU S SE D E T E R M IN O U A ELEGER OS RED IM ID O S? Embora, num sentido geral, a doutrina da eleição se aplique a tudo

0

que Deus faz, mais frequentem ente se refere, no sentido específico presente no Novo Testamento, à eleição de pecadores para se tornarem santos redim idos dentro da igreja. Neste aspecto particular, a eleição divina fala da escolha independente e predeterm inada feita por Deus dos que seriam salvos e colocados no corpo orgâ- nico de Cristo. Deus não salvou certos pecadores porque estes

0

escolheram, mas porque ele os escolheu.

Mas, por que Deus fez isso? Por que, desde a eternidade passada, ele se deter- minou soberanamente a salvar um segmento da hum anidade caída que comporia a com unidade dos redimidos? Para que possamos responder a essa pergunta sem injetar erroneamente nossas próprias noções preconcebidas, devemos ir à Palavra de Deus, pois foi ali que Deus nos revelou sua mente. Claro está que, como seres hum anos caídos, nunca poderemos compreender plenam ente a sabedoria infinita

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ן 18

ן F U N D A M E N T O S DA G R A Ç A

de Deus quanto a este aspecto (cf. Rm 11.33-36). Não obstante, as Escrituras nos propiciam diversos vislumbres da motivação divina que há por trás da eleição.

Por que, então, Deus decidiu salvar pecadores?

A ELEIÇÃO DIVINA E A PROMESSA DE DEUS*

A resposta começa com a promessa de Deus. Em T ito 1.1,2 lemos: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecim ento da verdade que conduz à piedade; fé e conhecim ento que se fun- dam entam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não m ente prometeu, antes dos tempos eternos”. Nesses versículos o apóstolo Paulo define sucintam en- te a plenitude da salvação e a liga diretam ente à promessa eterna de Deus.

A salvação, em sua plenitude, consiste de três partes - justificação (a salva׳ ção, no m om ento da conversão, da penalidade do pecado por meio do sacrifício substitutivo de Cristo); santificação (salvação do pecador, contínua, do poder do pecado, nesta vida); e glorificação (a salvação final e completa do pecador, da presença do pecado na vida por vir). C om o m inistro do Evangelho, Paulo dava ênfase a cada um desses aspectos em seu ministério.

Visto que Paulo entendia a justificação, ele pregava

0

Evangelho “para le- var os eleitos de Deus à fé”, com preendendo que, pela pregação da verdade, Deus justificaria aqueles que tinha escolhido salvar (cf. Rm 10.14,15). Visto que enten- dia a santificação progressiva, Paulo procurava fortalecer aqueles que já tinham abraçado a verdade, edificando-os pelo “conhecim ento da verdade que conduz à piedade”. E visto que ele entendia a glorificação, lembrava apaixonadam ente aos que estavam sob seus cuidados a verdade relacionada com “a esperança da vida eterna” - a apoteótica consumação da sua salvação em Cristo.

Paulo pregava o Evangelho de Cristo com grande clareza para que os elei- tos pudessem ouvir e crer. Q uando eles criam, ele lhes ensinava a verdade para que pudessem tornar-se piedosos; e tam bém apresentava a eles a esperahça da vida eterna, o que lhes dava o incentivo e a motivação que necessitavam para viver como crentes fiéis.

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Prólogo A I m u t a b i l i d a d e D i v i n a e as D o u t r i n a s da Graça | 19 |

Tendo sum ariado a salvação com três breves frases, Paulo term ina o ver- sículo 2 com estas palavras: “a qual o Deus que não m ente prometeu antes dos tempos eternos”. A tese do apóstolo é que todo o milagre de revelação da salva- ção, que culm ina na vida eterna, baseia-se na promessa absoluta do nosso Deus, que é absolutam ente fidedigno. O fato de que Deus não pode m entir é evidente em si e por si, como tam bém é atestado escrituristicamente (cf. N m 23.19; ISm 15.29; Jo 14.6, 17; 15.26). Na realidade, um a vez que Deus é a fonte e a medida de toda verdade, por definição “é impossível que Deus m inta” (Hb 6.18). Assim como o Diabo, quando fala mentira, “fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da m entira” (Jo 8.44), tam bém sucede que toda vez que Deus fala, fala a verdade decorrente da sua própria natureza, porque Ele é o Pai da verdade.

Este Deus da verdade, que é o único D eus verdadeiro, prom eteu há m uitas eras que aqueles escolhidos para justificação nesta vida, certa e segura- m ente serão glorificados na vida por vir. A frase inglesa “before the ages began" (“antes dos tem pos etern o s” T t 1.2) não se refere sim plesm ente à história h u m an a antiga. Traduz-se literalm ente “antes do tem po ter inicio”, e significa exatam ente isso. O certo é que Deus reiterou seu plano de salvação e da vida eterna a hom ens piedosos com o A braão, Moisés, Davi e os profetas, mas a prom essa original foi feita e ratificada na eternidade passada (cf. Ef 1.4,5; Hb 13.20). Foi antes de haver se iniciado o tem po que ele escolheu aqueles que abraçariam a fé (Tt 1.1) e prom eteu salvá-los p o r toda a eternidade (1.2).

Mas, a quem Deus fez essa promessa? Se a fez antes do princípio do tempo, não pode tê-la feito a nen h u m ser hum ano, nem a nenhum outro ser criado. Antes da criação do tempo, nada existia fora o próprio Deus. A quem , então, ele fez tal promessa?

A ELEIÇÃO DIVINA E O AMOR DO PAI

Temos a resposta em 2Tim óteo 1.9. Falando sobre Deus, o versículo de- clara que ele “nos salvou e nos chamou com um a santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determ inação e graça. Esta graça

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nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos”. A frase “desde os tern-pos eternos” é a tradução da mesma frase grega traduzida praticamente com as mesmas palavras em Tt 1.2. Aqui também significa literalmente “antes de ter se iniciado o tem po”. Na eternidade passada, antes do alvorecer da história, Deus tom ou irrevogavelmente a decisão de conceder a salvação aos redimidos. Essa é a promessa que se vê em Tt 1.2, e é a promessa que Deus fez em conformidade com

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o seu propósito e graça independente. D ito com simplicidade, foi uma promessa que Deus fez a si próprio.

Mais especificamente, com o veremos, a eleição divina envolveu uma pro׳ messa do Pai ao Filho. O plano de Deus, desde a eternidade passada, foi de redimir um segm ento da hum anidade caída por intermédio da obra do Filho e para a glória do Filho (cf. 2Tm 4.18). Houve um m om ento na eternidade passada (se é que podem os falar debilm ente da eternidade em termos temporais) em que o Pai desejou expressar o seu perfeito e incompreensível amor pelo Filho. Para isso, escolheu dar ao Filho uma hum anidade redimida com o um presente de amor - uma agremiação de hom ens e mulheres cujo propósito seria, através de todos os éons da eternidade, louvar e glorificar o Filho e servi-lo perfeitamente. Só os anjos não seriam suficientes neste sentido, porquanto há características do Filho com vistas aos quais os anjos não podem louvá-lo propriamente, visto que nunca terão experimentado a redenção. Mas a hum anidade redimida, formada por receptáculos diretos do seu favor imerecido, permaneceria para sempre com o um testamento eterno da grandeza infinita da sua misericórdia e graça.

Portanto, o Pai determinou-se a dar ao Filho uma humanidade redimida com o uma expressão visível do seu infinito amor. A o fazê-lo, selecionou todos os que comporiam aquela humanidade redimida e escreveu seus nom es no livro da vida antes do princípio do m undo (Ap 13.8; 17.8). Sua dádiva ao Filho compõe-se daqueles cujos nom es estão naquele livro - uma jubilosa congregação de santos não merecedores que vão louvar e servir o Filho para sempre.

O Evangelho de João fala desta realidade maravilhosa com a maior clareza. Em João 6, por exemplo, Jesus afirma claramente que os crentes são uma dádiva do

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Pai. Ele diz a seus ouvintes: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei”. E depois: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (versículos 37 e 44). Noutras palavras, o Pai atrai pecadores para presenteá-los amorosamente ao Filho. Todos os que são atraídos vêm. A todos os que vêm, o Filho recebe e abraça. Eles nunca serão mandados embora porque o Filho jamais recusaria os que lhe são dados de presente pelo Pai.

Sucede, pois, que a salvação não vem aos pecadores porque são inerente- m ente desejáveis, mas sim porque o Filho é inerentemente digno da dádiva do Pai. Afinal de contas, 0 propósito da redenção é que o Filho seja eternamente exaltado pelos redimidos - a redenção não é para a honra do pecador, mas para a honra do Filho de Deus. E, em resposta ao amor do Pai, o Filho aceita ardoro- samente os que são atraídos, única e totalmente porque eles são uma dádiva do Pai, a quem ele ama. E sua gratidão perfeita que abre seus braços para que ele abrace aos perdidos.

Em João 6.39, Jesus declara que o que foi prometido pelo Pai é protegido pelo Filho: “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia”. Q uando o Filho recebe aque- les que são atraídos pelo Pai, ele os mantém seguros, garantindo que um dia serão ressuscitados para a vida eterna (cf. Jo 5.29). Q uando o Filho ressuscitar aqueles que vão servi-lo eternamente, cumprirá o propósito do plano que Deus fizera na eternidade passada. C om o Jesus diz no versículo 38: “Desci dos céus, não para fazer a minha vontade (não para cumprir algum plano que eu mesmo tenha feito], mas para fazer a vontade daquele que me enviou”. Jesus explica no versículo 39 que este plano abrange a ressurreição futura de todos aqueles que o Pai lhe deu.

Sem contestação, a doutrina da segurança eterna é inerente a essa discus- são porque é construída dentro do plano. Cristo protege os que foram escolhidos pelo Pai. Ele jamais perderá algum deles, porque eles são presentes de amor que o Pai lhe deu. Eles são preciosos, não devido à sua agradabilidade inerente, mas por causa da agradabilidade de Deus, que os deu. Por isso o Filho os mantém seguros, razão pela qual “nem morte, nem vida, nem anjos nem dem ônios, nem

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o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do am or de Deus que está em Cristo Jesus, nosso S enhor” (Rm 8.38,39).

Essa verdade profunda é reiterada em João 17. Tendo a cruz som ente al- gumas poucas horas de distância, Jesus sabia que ia experim entar um período de separação do Pai (cf. M t 27.46), no qual ia ter sobre si a ira de Deus pelo pecado (cf. Is 53.10; 2Co 5.21). Reconhecendo que não poderia proteger os seus naquele m om ento, confiou essa salvaguarda ao próprio Pai que lhos tinha dado. Nos ver- sículos 9 a 15, Jesus implora a seu Pai com estas palavras:

Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles. Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege׳os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura. Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitu- de da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.

No contexto, Jesus ora pelos seus que estão no m undo. Ele reconhece que os redim idos são aqueles que o Pai lhe deu, e reitera que ele foi fiel na proteção e preservação deles. Mas agora, com o vem à cruz, pede ao Pai que os proteja no m om ento em que não poderá fazê-lo. Na única ocasião, em toda a história da redenção, em que haveria, em potencial, o p o rtunidade para o maligno interrom per o plano divino, o Filho confia os redim idos ao cuidado vigilante e am oroso de seu Pai. C om o Jesus, falando sobre suas ovelhas, tinha

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declarado anteriormente: “M eu Pai, que as deu para m im, é maior do que to- dos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai” (Jo 10.29). O Filho estava confiante que os seus estariam seguros na impenetrável e forte mão do Pai.

Em João 17.24, Jesus continua orando e pede: “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do m undo”. Aqui o objetivo glorioso do presente de amor do Pai ao Filho é inequívoco - que a magnificente glória do Filho seja enaltecida e exaltada pelos redimidos. A motivação do Pai para dar tal presente também é clara - evidenciar o amor que tinha pelo Filho antes do mundo ser criado.

Evidentemente, há um agudo sentido em que a doutrina da eleição está m uito além da nossa capacidade finita de compreender. Som os apanhados por insondáveis e inexprimíveis expressões intra׳trinitárias de amor. E, quando nos são dados dim inutos vislumbres do propósito divino subjacente à eleição, somos repetidamente levados a lembrar que a salvação diz respeito a algo m uito maior do que a nossa felicidade pessoal.

Em Romanos 8.29,30 nos é dada outra janela inspirada que se abre para esta realidade imensurável. Paulo escreve: “Pois aqueles que de antemão conheceu, tam׳ bém os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”. Embo׳ ra se possa dizer muita coisa sobre esses versículos, dois pontos são de primordial importância quanto à doutrina da eleição. Primeiro, quando Deus nos predestinou por seu propósito eletivo, não o fez meramente para o início da nossa salvação, mas também para o fim dela. N ão fomos escolhidos só para sermos justificados. Fomos escolhidos para sermos glorificados. A fraseologia de Paulo não poderia ser mais simples e direta. O que Deus começou na eleição, continua através da vocação e da justificação, e, inevitavelmente, redundará na glorificação. O processo, que é efetuado por Deus, é imune à prova, porque é ele quem está por trás.

Segundo, o propósito não é só Deus salvar uma hum anidade escolhida e redimida, a qual glorificará e servirá o Filho para sempre; Ele está tornando os

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eleitos semelhantes ao Filho. Os redimidos em Cristo vão sendo conformados à sua imagem, o que não se realizará plena e finalm ente enquanto não se der a glo׳ rificação deles (1J0 3.2; Fp 3.20,21). Tem-se dito acertadam ente que a imitação é a mais alta forma de louvor, pois esta será o supremo tributo dado ao Filho - Ele será o Primeiro e o Principal entre muitos que terão sido feitos semelhantes a ele. Os eleitos refletirão a sua bondade, porque serão semelhantes a ele, e proclama- rão a sua grandeza quando o servirem incessantemente, por toda a eternidade.

A ELEIÇÃO DIVINA E O PAPEL DO FILHO

Em lC oríntios 15.25-28, vemos uma notável conclusão de toda essa dis׳ cussão. Ali Paulo diz:

Pois é necessário que ele [Cristo] reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O últim o inimigo a ser destruído é a m orte. Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”. Ora, quando se diz que “tu d o ” lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo subm eteu a Cristo. Q uando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujei- tará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.

Referindo-se ao fim dos séculos, esta passagem nos revela que virá o dia em que Cristo, o Rei dos reis, assumirá seu legítimo trono e reclamará o universo, que lhe pertence. Nesse tempo, tudo será posto em sujeição a ele, a m orte inclu- sive, e todos os redim idos serão reunidos na glória, alegrando-se na plenitude da adoração eterna. Q uando tudo isso for feito, “então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou [referindo-se ao Pai], a fim de que Deus seja tudo em todos”. Noutras palavras, quando o presente de am or completo, de uma hum anidade redim ida, tiver sido dado a Jesus Cristo, ele tom ará essa hum anida- de redimida e, incluindo-se neste presente, dará tudo de volta ao Pai, como uma expressão recíproca do am or infinito do Pai. Naquele m om ento, os propósitos redentores de Deus serão concretizados plenamente.

Segue-se, pois, que a doutrina da eleição está no verdadeiro coração da his׳ tória da redenção. Não se trata de alguma doutrina insignificante, esotérica, que

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poderia ser trivializada ou relegada a debates nas salas de aulas dos seminários. Antes, ela é o centro pelo qual podem os entender a salvação e a igreja. A doutrina da eleição informa, instrui, modela a nossa evangelização, a nossa pregação e a nossa identidade como corpo de Cristo.

Também nos ajuda a entender por que Cristo leva tão a sério a sua noiva, a igreja - esta é o presente de am or que o Pai lhe deu. A igreja é tão preciosa para Cristo, que ele se dispôs a suportar grandes tribulações e finalm ente a sofrer a m orte para receber o presente. “[O Filho) sendo rico, se fez pobre por am or de vocês, para que por meio de sua pobreza, vocês se tornassem ricos” (2C0 8.9; cf. Fp 2.5-11). Ele deixou de lado infinitas riquezas espirituais para que os seus elei­ tos herdassem essas mesmas riquezas (cf. Rm 8.17). Ele acatou a mais profunda pobreza possível, despindo-se de tudo o que lhe propiciava perfeito bem-estar e do uso independente dos seus atributos divinos, escolhendo abraçar a penalidade do pecado m ediante seu sacrifício na cruz. C om o Paulo explica: “Deus [o Pai] tornou pecado por nós aquele [o Filho] que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2Co 5.21).

Jesus não era culpado de coisa alguma. C ontudo, na cruz, o Pai o tratou como se ele tivesse com etido pessoalmente todos os pecados cometidos por to­ dos os indivíduos que creram ou que viriam a crer. Apesar de isento de culpa, enfrentou a fúria total da ira de Deus, sofrendo a penalidade do pecado em favor daqueles que veio salvar. Desse m odo, o Filho de Deus, sem pecado, tornou-se o substituto perfeito dos filhos dos hom ens, pecadores.

Com o resultado do sacrifício de Cristo, os eleitos se tornaram a justiça de Deus nele. Do mesmo modo como o Pai tratou o Filho como pecador, mesmo sendo ele sem pecado, o Pai agora trata os crentes, mesmo pecadores, como justos. Jesus trocou sua vida pelos pecadores a fim de cumprir o plano eletivo de Deus. E o fez para que, no fim, pudesse dar de volta ao Pai o presente de amor que o Pai lhe deu.

M editando nestas verdades, nós nos vemos atirados nas imensuráveis profundezas dos planos e dos propósitos de Deus. C om o Paulo exclamou em Romanos 11.33-36:

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Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecim ento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! “Q uem co- nheceu a m ente do Senhor? O u quem foi seu conselheiro?” “Q uem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?” Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre. Amém.

Tomados de temor e maravilhados, aqueles que amam a Deus só podem reagir com profundo desejo de adoração e hum ilde submissão. Eles sentem neces- sidade de louvá-lo por sua misericórdia, graça e glorioso propósito, que planejou isso tudo desde o início do tempo. E sentem necessidade de submeter-se à sua soberania, não som ente no universo em geral, mas também nos m ínim os porme- nores de suas vidas diárias. Esse é o papel que eles desem penham com o parte do presente de amor dado pelo Pai ao Filho. Q ue o adorem e o sirvam é o propósito estabelecido para eles desde a eternidade passada. E é isso que eles continuarão a fazer perfeitamente, no inefável gozo da glória eterna.

A realidade é, pois, que os crentes são simplesmente uma diminuta par- te de um plano divino muito maior. O Pai, por causa do seu amor pelo Filho, determinou-se, antes do princípio do tempo, a escolher uma comunidade redimida que louvaria o Filho por toda a eternidade. E o Filho, devido a seu amor pelo Pai, aceitou este presente de amor do Pai, considerando-o precioso a ponto de entregar sua vida por ele. O Filho protege aqueles que o Pai escolheu para lhe dar, e promete levá-los para a glória, em conformidade com o predeterminado plano de Deus.

A LONGA LINHA DE VULTOS PIEDOSOS

A história é o desdobramento deste plano de Deus - pois aqueles que ele escolheu são chamados, justificados e glorificados por m eio da pessoa e obra do Filho. A história com eçou quando Deus criou 0 tem po e o espaço de acordo com o seu plano redentor eterno. E terminará quando todos os seus propósitos para a sua criação forem concretizados de acordo com esse m esm o plano eterno.

N ão surpreendentem ente, os servos de Deus, através de toda a história, têm entendido e abraçado essa realidade. Desde Moisés até 0 presente, tem havi­

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P r ó l o g o — A I m u t a b i l i d a d e D i v i n a e as D o u t r i n a s d a G r a ç a | 27 |

do, verdadeiramente, uma longa linha de vultos piedosos que demonstram essa certeza tanto com suas palavras com o com suas vidas. Tais servos de Deus são os nossos heróis da fé. Mas não é sua grandeza inerente que aplaudimos. Antes, é a grandeza e a glória do seu soberano Deus, refletidas em suas vidas e em seu ensino, que som os constrangidos a aplaudir. O tema destes volum es é, então, o caráter e a fidelidade de D eus nas doutrinas da graça.

N o Volume 1, Steven Lawson, clara e compreensivamente, lança o alicerce escriturístico para as doutrinas da graça. Este volume nos dá a base bíblica de tudo

0 que se segue. Os Volumes 2 a 5 erguenvse com o colunas sobre aquele firme fun׳ damento - registrando os ecos da revelação divina através da história da igreja. N o transcurso da obra, logo se torna patente que os escritores da Escritura, e os intér- pretes que se lhes seguiram, sustentaram e ensinaram os mesmos dogmas imutáveis que constituem a salvação divina e soberana. Quando você ler os relatos sobre esses hom ens piedosos, ficará maravilhado, não pelo talento e pela habilidade deles, nem pelas circunstâncias singulares em que se achavam, mas por sua coerência em praticar e proclamar a mesma divina verdade das doutrinas da graça.

Por conseguinte, a obra Longa Linha de Vultos Piedosos não é primariamente sobre hom ens, mas sim sobre o D eus de quem esses hom ens testificam. Enquan- to que os hom ens piedosos vêm e passam, com o qualquer exame da história mostra claramente, o Deus que falou através deles nunca muda, e tampouco muda a sua mensagem. E isso que torna a obra produzida por Lawson tão rica e edificante. O Deus de Moisés, o Deus de Pedro, o Deus de Crisóstom o, o Deus de Lutero, o Deus de Edwards, o Deus de Spurgeon, e o Deus a quem servimos atualmente, manda׳nos proclamar as verdades imutáveis firmadas no passado. A imutabilidade de Deus e a eternidade das suas verdades, particularmente da doutrina da eleição soberana, formam a pedra angular dessa história.

Jo h n M acA rthur

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Prefácio

A VERTENTE

CONTINENTAL DA

TEOLOGIA

C )f

^ — / ^ - ^ /través das regiões ocidentais da América do N orte, corre um a linha ge- ográfica im aginária que determ ina o fluxo das correntes para os oceanos. Essa linha é conhecida pelo nom e de V ertente C ontinental. Em últim a instância, a precipitação que cai n o lado oriental desta grande vertente flui para o Oce- ano A tlântico. De igual m odo, a água que cai nos declives que ficam a oeste, avoluma-se na direção oposta até esvaziar-se finalm ente no O ceano Pacífico. E desnecessário dizer que um vasto continente separa essas imensas massas de água. Parece um tanto forçado ponderar que um a gota de chuva que cai no topo de um a m on tan h a no C olorado fluirá para

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Pacífico, ao passo que outra gota, caindo a um a dim in u ta distância da prim eira, fluirá para o Atlântico. Não obstante, um a vez que a água se derram e num lado particular desta grande vertente, seu trajeto está determ inado e sua direção é imutável.

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ו 0 ן

ו I I I N D A M H N T O S DA G R A Ç A

A geografia não é o único lugar em que encontram os uma grande ver- tente. Há, tam bém , um elevado terreno que corre através da história da igreja - um a V ertente C o n tin e n ta l da teologia. Esta grande vertente separa duas correntes d istin tam e n te diferentes de pensam ento que fluem em direções opostas. Para ser específico, este elevado terreno determ inativo é a teologia que se adota sobre Deus, o hom em e a salvação. Este é o mais alto de todos os pensam entos, e divide toda a d o u trin a em duas escolas. H istoricam ente, os dois m odos de pensam ento acerca de Deus e de sua graça soberana têm recebido vários nom es. Alguns os identificam com o agostinianismo e pelagia- nismo. O utros os têm deno m in ad o calvinismo e arminianismo. A inda outros os definem com o reformados e católicos, en q u a n to outros têm em pregado os term os predestinação e Íiwe-arbítrio. Mas, seja qual for o nom e, estas correntes são determ inadas pela V ertente C o n tin e n ta l da teologia.

Esta vertente metafórica difere da V ertente C o n tin en tal geográfica em um aspecto-chave. Ao passo que as correntes que fluem para oeste e para leste, vindas das M ontanhas Rochosas, descem gradativam ente às planícies e às terras baixas onde encontram os oceanos, o terreno nos dois lados da vertente dou- trinária é m uito diferente. Em um lado, encontram os as sólidas terras altas da verdade. No outro estão os declives íngremes e escarpados das meias verdades e do erro total.

Através dos séculos, os períodos de reform a e de avivam ento da igreja surgem q u an d o a graça soberana de Deus é proclam ada ab ertam ente e ensina- da claram ente. Q u a n d o um alto conceito de Deus era in fu n d id o nos corações e nas m entes do povo de Deus, a igreja se assentava nos elevados planaltos da verdade transcen d en tal. Essa alta base é o calvinism o - a alta base para a igre- ja. As excelsas verdades que fluem da soberania de Deus propiciam a m aior e mais grandiosa visão de Deus. As d o u trin as da graça se prestam para elevar a vida da igreja em todos os seus aspectos. O grande teólogo de P rinceton, B enjam in Breckenridge W arfield, escrevendo há mais de um século, observou perceptivam ente: “O m undo deve com preender com m aior clareza que o m o­

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P r e f á c i o A Vertente C o n t i n c n h i l ilti I'colof/iu | 31 |

vim ento realm ente evangélico perm anece ou cai no calvinism o”.1 À prim eira vista, essa declaração su rp re en d en te pode parecer um exagero, ou até uma hi- pérbole. Mas, q u an to mais o interessado p o n d erar sobre ela, mais perceberá que o legítim o m ovim ento evangélico - essa parte do corpo de C risto que cor­ retam ente adere à inerrância da Escritura, com plena aceitação das d outrinas da depravação total do hom em e da soberania de Deus em todos os aspectos da vida - sem pre tem necessidade das do u trin as ligadas à soberania de Deus para poder ancorar em base firm e e elevada. Pois, sem os ensinos da verdade reform ada co n cernente à soberania de Deus na salvação do hom em , a igreja se enfraquece e se to rn a vulnerável, para logo com eçar

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inevitável declínio, descam bando para crenças inferiores, q uer se dê conta disso q uer não.

Sempre que a igreja se torna crescentemente centralizada no homem, co­ meça a deslizar ladeira abaixo, muitas vezes sem recuperação, e sempre em seu detrimento. Assim que a igreja desiste da elevada base do calvinismo, uma igreja ab­ sorta em si mesma põe todo o seu peso na escorregadia encosta do arminianismo, resultando na perda da sua estabilidade fundamental. Tragicamente, porém, é raro a descida parar ali. Historicamente, a doutrina centrada no hom em só tem servido como um catalisador que conduz a uma queda ainda maior.

C om a arriscada descida pelos escorregadios declives do arminianism o, logo se vê a igreja afundar cada vez mais num tenebroso atoleiro de ideias heré­ ticas. Inevitavelmente, essa descida abre cam inho para o liberalismo, com sua completa rejeição da autoridade absoluta da Escritura. Do liberalismo - dando-se tempo suficiente - a igreja sempre mergulha mais fundo, indo parar no ecume­ nismo, essa filosofia m ortal que abraça todas as religiões considerando-as como tendo alguma parte da verdade. C o ntinuando essa espiral descendente, a igreja cai no universalismo, a condenável crença em que finalm ente todos os homens serão salvos. Pior ainda, o universalismo abre cam inho para o agnosticismo, a degenerada ideia segundo a qual não se pode nem saber se existe um Deus. Por

i R. B. W arfield, citad o em T ta Sovereignty o f God {A so b eran ia d e D eus), d e A rth u r C . C u stan c e (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & R eform ed, 1979), 8 3 8 4 ׳.

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I η I F U N D A M E N T O S D A G R A Ç A

último, a igreja cai no abismo mais profundo - nas chamas infernais do ateísmo, a crença em que não existe Deus.

A apresentação das sublimes verdades do calvinismo neste livro é uma tentativa de restabelecer o firme alicerce da igreja no excelso fundam ento que outrora ela m antinha e defendia. Os capítulos que se seguem foram projetados es׳ trategicamente para m anterem firmes os pés da igreja no ápice de toda a verdade centrada em Deus: as doutrinas da graça. Em cada porção da Escritura, exami׳ naremos o que historicam ente tem sido identificado como os cinco pontos do calvinismo: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça ir׳ resistível, e perseverança dos santos. Examinaremos virtualm ente todos os textos que ensinam cada uma dessas doutrinas principais e, ao fazê

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׳, fortaleceremos as nossas convicções e consideraremos o seu poder de transform ar a vida do crente. Sopesaremos cuidadosam ente o m odo como elas elevam drasticam ente os minis׳ térios, expandem as missões, e, subsequentemente, alteram o curso da história.

Nunca foi m aior a necessidade de que as verdades relacionadas com a graça soberana sejam estabelecidas firm em ente na igreja. O pensam ento da igreja acerca de Deus necessita desesperadamente fluir na direção certa. Os adoradores pensam como a igreja pensa; e como a igreja adora, assim ela vive, serve e evan׳ geliza. O correto conceito da igreja sobre Deus e sobre a operação da sua graça modela tudo o que é vital e im portante. A igreja precisa recapturar a sua elevada visão de Deus e, com isso, ancorar na sólida rocha da absoluta supremacia divina em todas as coisas. Só então ela terá um a orientação teocêntrica em todas as ques׳ tões do ministério. Esta, creio eu, é a desesperada necessidade da presente hora.

Embarquemos agora nessa busca que visa exaltar Deus e honrar Cristo. Em última análise, o nosso conceito de Deus está em jogo. O conceito que dele temos afeta tudo. Elevemos o nosso Deus em nossos corações ao lugar mais alto, o qual per׳ tence exclusivamente a ele. Somente a Deus seja a glória para todo o sempre. Amém.

Steven Lawson Mobile, 2006

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RECONHECIMENTOS

Q uero expressar a m inha mais profunda gratidão ao Dr. John M acArthur. D urante vinte e cinco anos, o Dt. M acA rthur tem aguçado a m inha m ente e ali- m entado a m inha alma por meio da sua exposição teocêntrica das Escrituras. Seu prólogo para este volume, “A Im utabilidade Divina e as D outrinas da Graça”, é, creio eu, inestimável.

Também quero agradecer as palavras do Dr. R. C. Sproul, cuja influência pessoal sobre a m inha vida tem sido profunda. D urante os anos dos meus estudos para o doutorado, sentei-me para ouvi-lo, e cada um a de suas aulas ficou vivida- m ente gravada em m inha m ente. Q ue ele tenha contribuído com o epílogo deste volume me torna hum ildem ente e grato.

Um grupo especial de pessoas ajudou a to rn ar realidade a obra Fun- damentos da Graça. Prim eiro, devo m encionar os hom ens da Igreja Batista C o m unidade de C risto (Christ Fellowship Baptist Church), que se reuniam comi- go todas as sextas-feiras de m anhã por um ano inteiro de estudo das verdades destes capítulos. O com prom isso deles com as doutrinas da graça me anim aram grandem ente.

Greg Bailey, editor-chefe da Editora Ligonier’s Reformation Trust, emprestou seus atentos olhos e sua habilidosa mão aos originais, m elhorando a acurácia e tornando a leitura mais agradável. C hris Larson, o criativo diretor do m inistério “Ligonier”, é responsável pelos chamativos gráficos e pela atraente apresentação deste livro.

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ן )י 1

ן I l l N D A M E N T O S DA G R A Ç A

Meu filho James Lawson fez considerável pesquisa no interesse deste livro. Keith Phillips, Chuck Finster, C hris Barksdale e Rick Holland, e seus alu- nos no Sem inário do Mestre (The Master’s Seminary), fizeram, todos eles, úteis contribuições. Kay Allen, m inha assistente executiva, desem penhou um papel especialmente significativo digitando todo o manuscrito e coordenando tudo, do começo ao fim.

Muito im portante: Q uero prestar meus agradecimentos à m inha esposa, Anne, e aos nossos quatro filhos, Andrew, James, Grace A nne e John, por seu im orredouro amor, aguentando-me em m inha pregação destas verdades que exal- tam o soberano Deus.

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?^ào é uma novidade, então, que eu estou pregando: nào é ne- nhuma nova doutrina. Gosto de proclamar essas velhas e fortes doutrinas, que levam o apelido de CALVINISM O, mas que são, certa e verdadeiramente, a verdade revelada de Deus como se vê em Cristo Jesus. Por meio desta verdade, eu faço uma peregrinação no passado, e, conforme vou caminhando, vejo, pai após pai, con- fessante após confessante, m ártir após mártir, se levantarem para apertar minhas mãos.... Assumindo estas coisas como 0 padrão da minha fé, vejo a terra dos antigos cheia de irmãos meus: contem- pio multidões que confessam as mesmas coisas que eu confesso, e reconheço que esta é a religião da igreja de Deus.1

Charles H. Spurgeon

1 C h a r le s H . S p u r g e o n , c ita d o p o r D a v id S te ele e C u r t is T h o m a s e m The Five Points of C a lv in is m (P h illip s b u rg , NJ:

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Ca p ít u l o 1

LONGA LINHA DE

VULTOS PIEDOSOS

SERVOS DA GRAÇA SOBERANA:

DE MOISÉS AO PRESENTE

omeçando com o antigo profeta Moisés e cruzando os trinta e cinco séculos passados até a presente hora, compareceu ao palco da história hum ana uma longa linha de homens piedosos, que mantiveram erguida a bandeira real das doutrinas da graça em suas respectivas gerações. Esses defensores modelares da soberania da graça de Deus compõem uma nobre procissão que se tem mantido inquebrável e ininterrupta durante milênios. Eles se levantam como um só - como um na verdade, na fé, nas doutrinas da graça. Embora tendo divergências em áreas secundárias do entendimento bíblico, não obstante falam com uma só voz sobre os temas principais de interesse doutrinário, a saber, sobre a suprema soberania pela qual Deus designou a graça salvadora para pecadores não merecedores e, contudo, escolhidos. E, o que é mais marcante, cada homem apareceu na história precisamente no tempo determi- nado por Deus, e cada um deles testificou a soberania divina na salvação do homem.

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ן F U N D A M E N T O S D A G R A Ç A

Q uem são esses grandes hom ens da história? Eles foram os pregadores mais fascinados por Deus do seu tempo, os mestres mais saturados pela Palavra da sua época, os hom ens que, na maior parte, marcaram os seus tempos em sua ênfase na glória de Deus. Eles foram os heróis da fé, as colunas mais sólidas da igreja, hom ens que impactaram nações e influenciaram continentes por e para Cristo, hom ens que fizeram eclodir reformas e que acenderam despertam entos espirituais. Eles foram os valentes guerreiros do reino de Deus, que traduziram as Escrituras para as línguas m aternas dos seus respectivos povos - e que foram presos a estacas e queimados por realizarem esse trabalho. Foram hom ens que fundaram denom inações baseadas na Bíblia e lançaram missões para a propa׳ gação do Evangelho - hom ens que legaram um impacto eterno sobre a vida da igreja. Eles estão entre os mais estimados pastores, os mais distinguidos teólogos e os mais prolíficos escritores das suas respectivas gerações. Eles foram os evange­ listas mais apaixonados, eruditos professores e veneráveis presidentes de colégios e seminários bíblicos - hom ens que defenderam o padrão das sãs palavras. São os hom ens que foram os verdadeiros campeões das doutrinas da graça.

Nós testificamos sua marcha para o palco da história, sendo o m undo o seu teatro e a Escritura as suas linhas repassadas. Incontáveis núm eros desses hom ens apareceram nos m om entos mais prem entes do registro divino, nos dias em que a igreja estava mais fraca. Foi em tais períodos que esta longa linha de vultos piedosos se afinou mais. C o n tu d o , no meio dos tenebrosos dias de erro doutrinário, eles perm aneceram fiéis à Palavra de Deus e à sua mensagem, ousando até m archar fora do passo, destoando da cadência dos tempos. Estes resistentes mensageiros da verdade foram, deste ou daquele m odo, os pequenos gonzos sobre os quais as grandes portas da historia da redenção giraram, levan׳ do a igreja inevitavelm ente de volta ao sol nascente de um a brilhante m anhã. Sim ilarm ente, nos períodos das maiores reformas e dos maiores avivamentos da igreja, eles se puseram resolutam ente à testa como verdadeiros arautos, pro­ clam ando a veracidade da soberania de Deus na salvação dos hom ens para que todos ouvissem. Século após século, a inquebrável sucessão de valentes espiri­

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L o n g a L i n h a d e V u l to s P i e d o s o s | 41 |

tuais foi aum entando suas fileiras até se torn ar um a grandiosa e imensa parada - um a longa linha de vultos piedosos, inin terru p ta e intacta.

U M ALTO C O N C E IT O DA SO B ERA N IA DE DEUS

Qual é esse distante retum bar de tambores pelo qual estes hom ens mar- cham? O que os compele a mover-se para diante mais e mais, por Deus e por suas gerações? Q ue é que os impulsiona a capturar suas horas para Cristo? Q ue é que incendeia suas almas fazendo-as arder de paixão por ele e fazendo delas fulgentes tochas da verdade nas suas respectivas épocas? A resposta é clara e impositiva. Eles foram totalm ente dom inados por um alto conceito da soberania de Deus. Com um a transcendental e triunfante visão de Deus governando suprem am ente todas as coisas, com preenderam um exército de expositores e mestres, trom beteando o reinado sem rival de Deus sobre céu e terra. E isto que os torna extraordina- riam ente grandes. E que eles pregam um Deus infinitam ente grande, grande em santidade e grande em soberania. A grandeza destes hom ens não se acha neles, mas no ser supremo que os cham ou para o seu glorioso emprego.

Esses hom ens creem que Deus é Deus, não m eram ente no nome, mas tam bém num a viva realidade. São eles os fiéis mensageiros que se agarram à ver- dade central de que Deus fala, e o que ele diz certam ente se torna realidade. Eles proclamam que o que Deus se propõe realizar, acontece. Eles declaram que Deus chama, e é atendido. Eles marcham como arautos, anunciando que Deus planeja e cumpre o que planejou. Não há força que possa resistir ao soberano Deus, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra. Ele pronuncia o fim desde o princí- pio. Seu propósito será estabelecido infalivelmente.

A mensagem destes hom ens funda׳se no testem unho inequivocamente claro da Escritura de que Deus é soberano sobre todas as coisas. C om esse fim os salmistas escrevem: “O S enhor desfaz os planos das nações e frustra os propósitos dos povos. Mas os planos do S enhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações” (SI 33.10,11); “O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu׳se o Senhor e armou-se de poder! O m undo está

Referências

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