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STRESS E A ESCLEROSE MÚLTIPLA

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Academic year: 2022

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STRESS E A

ESCLEROSE MÚLTIPLA

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Enf.ª Ana Catarina Silva Ferreira Enf.ª Ana Catarina Martins Garrett Enf.ª Conceição Fernandes da Silva Neves Centro Hospitalar Baixo Vouga

Serviço de Neurologia

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O stress é caracterizado por um conjunto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que dele exija um esforço para se adaptar. Não é uma doença, é apenas a preparação do organismo para lidar com as situações que se apresentam, sendo uma resposta do mesmo a um determinado estímulo.

A vulnerabilidade individual e a capacidade de adaptação são muito importantes na ocorrência e na gravidade das reações ao processo de stress.

O desenvolvimento do processo de stress depende tanto da personalidade da pessoa como do estado de saúde em que esta se encontra (equilíbrio orgânico e mental), por isso nem todas desenvolvem o mesmo tipo de resposta perante os mesmos estímulos.

Ocorrem reações ao stress quando é posta à prova a capacidade normal de adaptação às exigências da vida. Os fatores de stress podem ser acontecimentos, situações, uma pessoa ou objeto percebido como elemento stressante que induz à reação de stress; é tudo que cause uma quebra da homeostase interna,

STRESS E A

ESCLEROSE MÚLTIPLA

“Ninguém está livre de stress”

Vaz Serra, 2005

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que exija alguma adaptação. Podem variar quanto à sua natureza, desde fatores culturais, psicossociais e comportamentais, como frustração, ansiedade e sobrecarga, até fatores químicos, biológicos e físicos, incluindo o ruído, a poluição, temperatura e nutrição.

A imaginação e a antecipação também podem agir como fatores que desencadeiam stress.

A reação ao stress inclui componentes de carácter intelectual, comportamental e emocional, como por exemplo, atos de tomada de decisão, diminuição da capacidade de concentração ou maior rapidez de pensamento, baixa autoestima, tristeza, sensação de medo, recusa, raiva ou agressividade; bem como componentes fisiológicos. Perante uma situação de stress é comum que uma pessoa apresente taquicardia, palidez, sudorese, respiração ofegante, boca e garganta secas, sensação de enfraquecimento, tonturas, fadiga, tremores, insónias, mãos frias e suadas, cefaleias e cervicalgias devido à tensão suportada, falta de apetite ou ansiedade por comer, etc.

Uma pessoa sente-se em stress quando está perante um acontecimento que para si é significativo e o qual não controla e/ou que as exigências impostas por este ultrapassam as suas aptidões e os recursos pessoais e sociais para enfrentá-lo.

Estudos recentes revelam que aprender a lidar com situações de stress pode ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de Esclerose Múltipla, retardando a progressão da doença e evitando novos danos cerebrais.

Acredita-se que o stress possa afetar o momento em que os surtos ocorrem, sem alterar a evolução da doença. Na prática clínica diária é comum observarmos que as pessoas portadoras de Esclerose Múltipla relatam situações de stress como desencadeantes de agravamento do estado de saúde.

No entanto, é necessário considerar que, apesar de uma possível relação entre o sistema imunológico e o stress, não é fácil classificar o tipo ou o efeito do stress sobre uma determinada pessoa.

Embora o stress possa agravar os sintomas da Esclerose Múltipla, na verdade, acredita-se que não aumenta o risco de aparecimento da doença.

A investigação recente aponta para uma relação entre a forma como as pessoas, e sua família/

prestador de cuidados, lidam com os acontecimentos de vida e os episódios de remissão e exacerbação da doença. O diagnóstico de Esclerose Múltipla é uma poderosa fonte de stress para qualquer pessoa. A impossibilidade de previsões para o futuro, o lidar

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com vários sintomas, as expectativas pouco reais sobre os efeitos das terapêuticas, a aquisição de novos conhecimentos, a alteração de tarefas de vida diária, a sobrecarga familiar e os desafios de lidar com a doença de forma eficaz, são apenas algumas das muitas origens de stress que acompanham o diagnóstico.

Na opinião de Vaz Serra (1999) “O stress não tem de ser encarado sempre como nocivo”. Na sua perspetiva, [...] em situações intermédias o stress pode ser útil porque se torna propulsivo, ou seja, constitui uma fonte de impulso que faz com que a pessoa tome decisões e resolva problemas, ajudando-a a melhorar o seu funcionamento e as suas aptidões. O stress, neste sentido, traz algum sabor à vida e pode constituir-se um incentivo de realização profissional e pessoal.

Essa ideia sugere que a existência de algum stress tem uma função protetora e adaptadora, conduzindo a pessoa para a ação. O stress pode constituir-se como um fator de desenvolvimento e promotor de sentimentos de eficácia pessoal (eustress), mas se a pessoa não for bem-sucedida ou se não possuir as competências adequadas para lidar com as exigências, surgem os sintomas de mal-estar (distress).

Quando esta reação aparece de forma muito frequente, intensa ou duradoura, pode produzir um desgaste nos recursos, que conduz ao aparecimento de problemas diversos (por exemplo, diminuição de rendimento, mal-estar físico e emocional, predisposição acentuada para doenças…), que se denominam de maneira genérica, de patologias associadas ao stress.

Para lidar com o stress existem estratégias de coping. Coping não é um conceito simples de definir, mas uma opinião consensual sugere que envolve uma variedade de comportamentos, cognições e perceções que oferecem alguma proteção ao stress e estão relacionadas com o bem-estar da pessoa.

É considerado como os esforços para lidar com situações de dano, de ameaça ou de desafio quando não está disponível uma rotina ou uma resposta automática; é um fenómeno adaptativo que contribui para a sobrevivência e para um adequado desempenho das atividades em diversas vertentes da vida.

Cada pessoa reage de forma diferente perante situações de stress, de acordo com as suas experiências de vida e a personalidade.

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Para gerir situações de stress deve:

1. EViTAR SiTuAçõES quE PROVOquEM STRESS

identifique as fontes de stress na sua vida.

As verdadeiras fontes de stress nem sempre são óbvias. Analise os seus hábitos, atitudes, pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Evite pessoas, conversas e ambientes que lhe provoquem stress.

Aprenda a dizer “não”.

Conheça os seus limites e tente cumpri-los. Seja na sua vida pessoal ou profissional, recuse-se a aceitar responsabilidades adicionais antes de se comprometer com elas.

Organize as suas tarefas por ordem de prioridade.

Estabeleça prioridades, tente perceber o que realmente importa fazer e não aquilo que acha que deveria fazer.

Não

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2. AlTERAR SiTuAçõES quE PROVOquEM STRESS

Se não pode evitar uma situação de stress, tente alterá-la de modo a que o problema não se apresente no futuro.

Expresse, partilhe os seus sentimentos e preocupações.

Fale com um familiar ou amigo de confiança.

Esteja disposto a estabelecer um compromisso.

Quando pedir a alguém para mudar o seu comportamento, esteja disposto a fazer o mesmo.

Seja assertivo.

Tenha uma melhor gestão do seu tempo.

A má gestão do tempo pode causar stress. Organize- se antecipadamente. Se se certificar que não vai ficar sobrecarregado com trabalho face ao tempo disponível, ficará numa situação de controlo e evitará, assim, a acumulação de stress e a perceção de ausência de controlo sobre as tarefas a realizar.

3. AdAPTAR-SE àS SiTuAçõES quE GERAM STRESS

Se não conseguir alterar o fator de stress, mude- se a si próprio. Adapte-se às situações de stress e recupere a sua perceção de controlo, alterando as suas expectativas e atitude.

Aceite o problema.

Tente ver as situações de stress de uma perspetiva mais positiva.

Ajuste a sua atitude.

Perante pensamentos incapacitantes e desesperançados, seja otimista. Elimine palavras como “sempre”, “nunca”, “deverá” e “deve”. Estas são indicadores de pensamentos derrotistas.

4. ACEiTAR AS COiSAS quE NãO POdE MudAR

Algumas fontes de stress são inevitáveis, como uma doença. Nesses casos, a melhor maneira de lidar com o stress é aceitar as coisas como elas são.

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ACEiTE.

A aceitação pode ser difícil, mas a longo prazo, é mais fácil do que lutar contra uma situação que não se pode mudar.

Siga em frente.

Como diz o ditado, “O que não nos mata torna-nos mais fortes.” Quando enfrentamos grandes desafios, devemos tentar olhá-los como oportunidades de crescimento pessoal.

5. AdOTAR uM ESTilO dE VidA SAudáVEl COM TEMPO PARA A diVERSãO E

RElAxAMENTO.

Socialize com os outros.

Aproveite algum tempo com as pessoas de quem gosta. Um forte sistema de apoio será um ótimo inibidor dos efeitos negativos do stress.

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Motive-se para fazer atividades que aprecie.

Faça atividades de lazer que lhe trazem bem-estar e alegria: caminhadas, atividades na natureza, com amigos e familiares, exercício físico moderado; tome um bom e relaxante banho, ouça música calma, veja programas de televisão ou filmes de comédia, leia um bom livro, envolva-se em pequenas tarefas. Não se esqueça das suas próprias necessidades, foque-se no que o faz sentir calmo e em controlo.

Mantenha o seu sentido de humor.

Isto inclui a capacidade de rir de si mesmo. O ato de rir ajuda o organismo a combater o stress. A libertação de endorfinas na corrente sanguínea é um excelente inibidor dos sintomas lesivos do stress.

Faça exercícios de relaxamento.

Pode controlar os níveis de stress com técnicas de relaxamento (ex.: massagem, yoga, respiração, meditação, musicoterapia). As componentes básicas das técnicas de relaxamento são um ambiente tranquilo, uma posição confortável, atitude passiva e um exercício mental para afastar os pensamentos. A prática regular destas técnicas promove o bem-estar físico e emocional.

dispense tempo para o repouso.

O repouso é essencial para a manutenção de um nível de energia das funções metabólicas. Durma um sono calmo e, em média, de 8 horas diárias. Não permita que outras obrigações o impeçam de fazer esta excelente atividade. Os períodos de repouso são benéficos para diminuir o stress e a fadiga.

Faça uma dieta saudável, reduza a cafeína e o açúcar.

Os níveis temporariamente “altos” de cafeína e açúcar, na maioria das vezes têm um efeito negativo, diminuem a energia e o humor. Ao reduzir a quantidade de café, refrigerantes, chocolate, salgados e açúcar na sua dieta, vai sentir-se mais relaxado, promovendo igualmente um bom sono.

Evite bebidas alcoólicas, tabaco e drogas.

O álcool ou drogas podem proporcionar sensação de relaxamento, mas o alívio do stress é apenas temporário. Enfrentar os problemas com uma mente clara é a melhor estratégia a implementar.

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6. PROCuRAR AjudA PROFiSSiONAl.

Recorrer à ajuda de um profissional de saúde, como médico, enfermeiro ou psicólogo, não significa que seja físico e emocionalmente mais fraco dos que os outros. Perceber que não tem controlo sobre o stress é fundamental. Aconselhe-se sobre: terapias individuais e/ou de grupo, ações de sensibilização/

formação, atividades com jogos de promoção cognitiva e dinâmicas de grupo.

NãO existe uma receita para combater o stress.

Existem formas de o evitar.

Existem formas de lidar com ele.

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BARBOSA, Ana Cláudia Pimenta et al., - O estresse como possível fator desencadeante de surtos de Esclerose Múltipla de acordo com 48 pacientes. Outubro/Dezembro 2004. [Consult. 8 Outubro 2012].

Disponível em: http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/

vol12_4/esclerosemultipla.htm/

INTRODUÇÃO Á ESCLEROSE MÚLTIPLA, elaborado pelo Grupo de Estudos de Esclerose Multipla da Sociedade Portuguesa de Neurologia, 2010. ISBN 978-989-95693-3-2.

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maio/ago. 2009,

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http://veja.abril.com.br/noticia/saude/controlar-o-stress-ajuda- no-tratamento-da-esclerose-multipla

http://esclerosemultipla.wordpress.com/2012/07/12/controlar-o- stress-ajuda-no-tratamento-da-esclerose-multipla/

BiBliOGRAFiA

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PRÓXIMO FASCÍCULO

BIIB-POR-0042d

Dor e Esclerose Múltipla Enf.ª Lídia Velez

Biogen Idec

Av. Duque de Ávila 141, 5º E 1050-081 Lisboa

Tel.: +(351) 213 188 450 Fax: +(351) 213 188 451 Site: www.biogenidec.pt

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