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Academic year: 2022

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Ainda o ensino das Ciências Económicas nas Faculdades de Direito Autor(es): Ribeiro, J. J. Teixeira

Publicado por: Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra URL

persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/26087 Accessed : 18-Oct-2022 00:28:06

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No t as e Documentos

Ainda o ensino das Ciências Económicas nas Faculdades de Direito

1. As Notas de Avelãs NWles no precedente volume deste Boletim (I) trouxeram de novo a terreiro o pro- blema do ensino das ciências econ6micas nas Faculdades de Direito.

Já nos pronunciámos sobre ele em 1966, numas respostas a um inquérito de alunos insertas na publicação estudantil O Badalo e reproduzidas no Boletim da Faculdade de Direito (2). Ainda hoje estamos de inteiro acordo com o que então escrevemos. E visto os nossos argumentos, que supomos ponderosos, não terem sido considerados pelos que perfilham opinião diferente, julgamos útil relembrá-los, reproduzindo a trecho de há vinte e três anos. Ei-Io:

Finalidade do curso. As Faculdades devem pro- por-se formar somente juristas, isto é, pessoas aptas para o exercício das actividades que requerem o conhecimento da dogmática jurídica, ou formar ainda pessoas aptas para o exercício de outras actividades?

O problema põe-se sobretudo a prop6sito do ensino das ciências econ6micas: devem as Faculdades propor-se formar também economistas? Eu entendo que não, dado a formação de economistas exigir hoje que se incluam as matemáticas nas Faculdades de Direito e

(1) Notas sobre o ensino das ciências económicas nas Faculdades de Direito, Boletim de Ciências Económicas, vol. XXXI (1988). pág. 179 segs.

(2) Vol. XLII (1966).

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logo nos primeiros anos, como é 6bvio. Ora, se tal se fizer, uma de duas: ou as matemáticas se tornam obrigat6rias para todos - juristas e economistas-, o que não tem sentido; ou só se tornam obrigat6rias para os últimos, e isso equivale a criar nas Faculdades de Direito, desde o 1. o ano, um curso especial para economistas. Por outras palavras, isso equivale a criar, dentro da mesma escola, duas Faculdades: uma Facul- dade de Direito, frequentada pelos juristas, e uma

Faculdade de Direito e Economia, frequentada pelos economistas. Foi essa, sem dúvida, a solução a que se chegou em França; simplesmente, em França não havia, como há entre n6s, escolas superiores de ciências econ6micas.

Note-se, porém, que o facto de as Faculdades de Direito deverem propor-se formar apenas juristas, nem obsta a que os seus licenciados fiquem particular- mente capazes para o exercício de outras actividades como a da política e a da administração pública, que requerem uma disciplina mental como a que o Direito dá, nem significa, muito menos, que o ensirlO das Faculdades haja de conflllar-se a matérias puramente jurídicas.

Quanto a este último aspecto, não se esqueça que o direito é um elemento da realidade social, tanto na sua génese - nos factores económicos, políticos e sociais que o explicam - , como na sua realização - na influência que as normas efectivamente exercem

sobre a conduta dos indivíduos. Sendo assim, não pode compreender-se devidamente uma ordem jurídica sem a pôr em correlação com os fenómenos que deter- minaram a sua escolha pelo país considerado, e sem tomar em conta as repercussões que tem sobre a vida

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social. Por conseguinte, há que estudar nas Faculdades de Direito, ao lado das disciplinas jurídicas, algumas disciplinas não jurídicas. Mas que estudar estas, logo se vê, não como disciplinas autónomas, e sim como simples auxiliares do direito, isto é, apenas na medida em que o conhecimento delas contribua para esclarecer o mundo das normas. Volto ao caso das ciências econ6micas: há que estudar nas Faculdades uma Economia para juristas e não uma Economia para economistas. Sim, que interessa aos juristas saber se a inflação tem a sua origem na alta dos custos ou no aumento da procura? Se a taxa de juro depende da preferência pela liquidez ou da oferta e procura de fundos? Se os ciclos curtos são inevitáveis? Mais do que a explicação dos fen6menos econ6micos, interessa aos juristas a sua importância social, os quadros e as instituições que a revelam.

Nada temos que alterar ao que escrevemos em 1966.

Efectivamente, ainda hoje pensamos que as Faculdades de Direito não podem propor-se formar economistas, dado não se ensinarem nelas, nem deverem ensinar-se, as matemáticas superiores. É que o conhecimento destas é essencial para ler grande parte dos textos de Economia. Percorra-se qual- quer número de duas ou três das principais revistas (por exemplo, Arnerican Economic Review, Journal of PoliticaI Economy, Economic Journal) e só se encontrarão artigos em que as exposições são feitas em linguagem matemática;

juntem-se aos números dessas revistas muitas e muitas obras em que a linguagem matemática também é largamente utilizada - e são tudo artigos e obras inacessíveis aos alunos de Direito.

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Perguntar-se-á, porém: então, não é possível ensinar a Economia Política em linguagem literária? Decerto que é.

Pode, portanto, fazer-se nas Faculdades de Direito um curso de Economia ao alcance dos alunos. Mas o que não pode é tomar-se acessível aos alunos a bibliografia em que se tratam as matérias versadas nas aulas. Com duas consequências:

primeira, a de os alunos ficarem impossibilitados de conhecer, através da leitura dos respectivos livros e artigos, a justeza dos pontos de vista perfilhados pelo professor e dos pontos de vista divergentes dos dele; a de, uma vez conclui da a licenciatura, os formados em Direito estarem impossibilitados de acompanhar os desenvolvi- mentos e os progressos da ciência que lhes foi ministrada.

Damos um exemplo: a teoria do valor-trabalho, a qual, bem se sabe, continua a ser vigorosamente afirmada e negada.

Mas como hão-de os alunos de Direito aperceber-se da possível validade do «teorema marxiano fundamental» de Morishima, se este faz a sua demonstração em linguagem matemática? E como hão-de eles aperceber-se de serem porventura compatíveis o valor-trabalho' e o valor-utili- dade, como Leif Johansen pretende, se este também faz a sua demonstração em linguagem matemática?

Ensinar, pois, as ciências económicas nas Faculdades de Direito seria como ensinar ciências médicas nas Faculdades de Medicina a alunos que não soubessem ler os livros e as revistas da especialidade e, uma vez formados, não pudessem acompanhar, nos livros e nas revistas, os progressos da terapêutica e da cirurgia.

Estas considerações, que não explicitámos em 1966, mas que subjaziam ao pensamento então expresso, levaram- -nos e levam-nos à conclusão de que as Faculdades de Direito não devem propor-se formar economistas. O que não significava nem significa excluir totalmente das Faculdades

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de Direito o ensino da Economia Política. É que o conheci- mento dos fenómenos económicos torna-se imprescindível para o entendimento e eventual alteração de muitas das normas jurídicas. Simplesmente, a Economia Política a inserir nos programas das Faculdades de Direito deve ser uma simples disciplina auxiliar, uma disciplina apenas proposta a esclarecer a razão das leis; por conseguinte, uma disciplina despida em grande parte da sua aparelhagem teórica e voltada para as consequências jurídicas dos fenómenos económicos e para os mecanismos e a dinâmica das instituições.

Dizíamos há vinte e três anos que não interessa aos juristas conhecer a causa da inflação - se está no aumento da procura ou na subida dos custos; na verdade, o que lhes interessa é conhecer o efeito da inflação sobre a atitude das pessoas e o cumprimento dos negócios.

Em suma: continuamos a ser pelo ensino da Economia Política nas Faculdades de Direito; mas de um ensino com carácter auxiliar e, portanto, restrito a talvez não mais do que uma disciplina anual-e a uma disciplina com peculiar carácter, onde se cultive Economia para juristas e não Economia para economistas.

Entendemos, pois, que não deve pensar-se em aumen- tar o número de disciplinas económicas nas Faculdades de Direito, mas antes em reduzí-Io ao mínimo imprescindível e em imprimir à disciplina ou, porventura, disciplinas subsistentes a índole adequada.

J. J.

TEIXEIRA RIBEIRO Faculd2de de Direito de Coimbra

Referências

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