CDD 021
CDU 02-052.32.004.1
UM MODELO PARA ANALISE DO CONCEITO DE BIBLlOTECA*zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
RESUMO
Pesquisa realizada para verificar o con-ceito de biblioteca entre escolares, no sentido de avaliar a influência de variá-veis do ambiente escolar, quanto ao tipo de escola freqüentada (pública ou privada) e à existência ou não de biblio-teca no educandar io. Serviram como informantes 200 crianças de ambos os sexos, com idade variando entre dez a treze anos, matriculados na quinta série do ensino público e privado, na cidade de João Pessoa (PB). Os sujeitos foram sele-cionados de modo a constituirem quatro grupos de 50 elementos cada um: sujei-tos de escolas públicas com bibliotecas, sujeitos de escolas particu lares com biblioteca, sujeitos de escolas públicas sem biblioteca, sujeitos de escolas parti-culares sem biblioteca, Aos escolares selecionados foi apl icada, em suas
pró-50
Maria das Graças Targiuo ""
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
" B i b l i o t e c a s c r r e p a r a q u a n d o n o s IUII/O,I
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
( '. \ '/ > 1 1 1 , 1 0 1 d e : da,Is e o u q u a n d o 1 1 ! 1 I 1 a u l a
v a g a . . . . ,
(Criança de 11 anos, participante da pesquisa),
" I . á n a b i b l i o t e c a v a i g e n t e d e q u a l q u e r c l a s s « , t u a s a m a i s p r e f e n r c t ( ; a c l a s s «
m e d i a ' :
(Criança de 12 anos, participante da pesquisa) ,
'P a f a r u i m d i z c r p a r a ( 1 " ( , . \ ( 'f l'e u n ia b i -b l i o t c c a C m u i t o d i {i d l p a r a n iir n p o r q u e
e u s o u c r i a n ç a . :
(Oiança de 10 anos, participante da pesquisa),
'i' Ila'l'adn l'11I di"l'rta\:üu de IlIl'" r.ulo aprc-Sl'Il!ada ao Curso de ~I,',!""do ':111llibliu!,'l'uIlO-111ia da Ullih'rsidade h'd\'r:1I da Par.ub».
",,;, \lcstr,' rru lliblluh'l'OIHl1llia l' I'rol""'1I'a \djunta da lIlIivI'rsid:llk h',kr:1I do l'i.ru I,
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50-65, dez./1986
prias salas de aula, um questionário sucinto que além de questões de identi-ficação, pedia que escrevessem .o que, era biblioteca e para que servia, Os resulta-dos mostraram que as diferenças entre os grupos estatiscamente insignificantes e. que, de modo geral, os conceitos foram elementares, muito aquém dos propostos pelo referencial teórico, consubstanciado na apresentação de paradiqrna. Isto pode significar que, tanto nas escolas públicas como particulares, independente destas possuirem ou não biblioteca, a criança pode não estar tendo ambiente prop icio
à formação e/ou aprimoramento do
conceito da mencionada instituição, Fo-ram apresentadas sugestões visando ao de-senvolvimento da biblioteca como insti-tuição social,
Palavra-Chave: Bibliotecas - Conceitos Bibliotecas e Usuários
ABSTRACT
To verify the concept of library arnonq school cl1ildren, the influence of some variables (School environment, type of school public or private, the existence 01' not of a school library) was analyzed. After oresenting theoretical notions on the concept of concept andt its learning a model was establ ished to evaluate the degree of warness to the concept stated by the childten. A questionnaire was used and the respondentes were 200 chi Idren from both sexes. ten to thirteen years old, in fifth year in public
INTRODUÇÃO
Sentindo a necessidade de se conhecer a valorização da biblioteca através da opinião dos usuários, e com o objetivo básico de detectar seus conceitos em rela-ção a esta instituição, foi realizada a presente pesquisa. Isto porque, a análi-se de toda e qualquer profissão pressupõe o conhecimento do que a comunidade pensa sobre a instituição,
à
qual o profis-sional está vinculado, como condição fundamental para uma reformulação, se necessário, dos conceitos que constam da literatura técnica predominante e para maior dinamização das atividades profis-sionais.Para tanto, considerando-se a relevân-cia da atuação do bibliotecário, a ruvel de criança, e a receptividade desta aos pro-gramas educacionais, foram selecionados,
dentre os membros da comunidade,
escolares da Sa. série. Face ao significa-tivo contraste entre os estabelecimentos de ensino da rede pública e privada, bem como, à possrvel interferência da biblioteca escolar na formação do concei-to desta instituição, foram consideradas tais variáveis do ambiente escolar, Como decorrência, de forma sucinta, os obje-tivos deste trabalho podem ser enuncia-dos:
Objetivo Geral
Verificar o conceito de biblioteca mantido por escolares da Sa. série.
Objetivos Especrficos
Constar o efeito da variável -
ti-Revista Brasileira de Biblioteéonomia e Documentação 19 (1/4):S0-65, dez./1986
51
Mariadas Graças Targino
and private school in the city 01 João Pessoa (state of Paraiba, Braz il).
Sa",
I'"p es
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
of
50
persons each were selected frorn public schools with libraries Pr' t' Iva e
schools with libraries, public SCools without libraries and private SChool
s without libraries. Ouestions were inclu, ded to identi fy the respondentes d ' an they were asked to state what is a libra, rv and for what it is used The t. It
' -Su s
present no significant differences
a",
'"ong
the four qroups. The concepts eXPtessed
were rudimentarv, beneath thoss Pt
,
,
opo-sed rn theorv. This shows that, if)both types of schools, with or without libra. ries, the children
seern
not to have da e· quate environment to develop POS't'
Irve
concepts about libraries, SuggestioT1S
were
presented to help develop better COf)te
libr ari '", pts
on I r anes as SOCial rnstrtunons.
52
po de escola freqüentada (pública e/ou privada) ~ na conceituação da biblioteca, mantida por alunos da
Sa.
série,Verificar, nas mesmas condições descritas anteriormente, a influência da variável - freqüentar escola com ou sem biblioteca.
2 CONCEITO
DO CONCEITO
UM MODELO PARA ANÁLISE DO CONCEITO DE BIBLIOTECA
I,
cognitivistas.
Diante dessa diversidade, optou -se pe 10 referencial teórico defendido pelo
beha-viorista
GAGN É (1973), para.quern,
conceito
li
uma mddalidade de aprendi, zagem, e, como tal, sujeito a todas as nuances que caracterizam o processo de aprendizagem em si -, Para ele,a
aprendi-zagem de conceitos se refereà
capaci-dade de dar uma resposta comum a' uma classe' deestúnulos
que podem diferir uns dos outros, de maneira mais profunda, quantoà
aparência fisica. Trata-se de responder aosesnrnulos
como um todo, agrupando-os em uma classe e/ou de reco-nhecer novos objetos como pertencentes a esta categoria. Assim, se um indiv iduo aprendeu a diferir uma biblioteca de uma livraria, ao se defrontar com uma bibl io-teca para crianças. Presidiários, cegos etc., não vaci lará em agrupar estasvaria-ções na classe"
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
b ib liodcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
t e c a " ,ponsável então, pelo caráter singular e único que envolve todo e "quatquer
processo de aprendizagem, mesmo diante de estímulos idênticos.
Cada conceito possui caracterrsticas próprias, dimensões próprias ou proprie-dades particulares em relação apropria-da.
As
dimensões que agem como elemen-to controlador do comportamento, são denominadas de dimensões relevantes, enquanto que, as desnecessárias em um dado conceito, se contituem em dimen-sões irrelevantes ou propriedades não-cr rticas.Contudo, este caráter de re lev ânci a e/ou irrelevância vai sendo estabe'lecido gradativamente e em consonância com o processo de desenvolvimento do indiv í-duo , relevando, pois, sua experiência de vida, tanto no aspecto educacional, como profissional.
Assim é que, se há perceptt'veI dife-rença entre as conceituações emitidas por um leigo e um bibliotecário face ao estí-mulo biblioteca, mesmo entre os especia-listas da área, podem ocoper 'divergên-cias quanto ao destaque atribu ído a uma ou outra dimensão. Decerto, as dimensões apontadas como relevantes por um bi-bliotecário do começo do século diferem as selecionadas pelo profissional recém-graduado, da mesma forma que não são simi lares as dimensões relevantes, em se tratando de bibliotecários de nações extremamente diferentes, sócio-cultural e economicamente. Porém, as variações não se dão apenas face aos fatores espa-ciais e temporais. E Ias podem resultar de elementos outros, tais como, a
amplitu-Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50-65, dez.11'886
53
Para a consecução de tais objetivos, procedeu-se à revisão de literatura, abor-dando-se, dentro da psicologia da aprendi-zagem, conceito do conceito e sua apren-dizagem, comprovando-se então, toda a complexidade que 'envolve o tema, a qual está vincu lada a fatores diversos. Entre eles, a ampla variedade de fenômenos que podem sei tidos como conceitos e também o fato de a procura de atributos comuns a esta variedade ser desencora]a-dora, uma vez que o número de an ibutos é pequeno, sua aplicabilidde a toda gama de entidades abrangidas é quase sempre incerta, como também o é, a cornpreen-são que oferecem a respeito da natureza essencial dos conceitos.
Acrescido a tudo isto, é importante ressaltar que as entidades diferem muito entre si, assumindo as diferenças uma relevância bem maior que as semelhanças.
É também necessário erríatizar que a controvei sia que envolve o conceito do conceito, se deve, em parte, às diferentes condições experimentais de que se utili-zam os estudiosos da área, bem corno, à variedade de teorias concernentes ao assunto, agrupadas em behavioristas e
Revista Brasileira de li'
Iblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50-65, dez./1986
3 CONCEITO
DE BIBLIOTECA
Então, ao se analisar o conceito de biblioteca, é preciso a compreensão de que este se constitui em um processo de aprendizagem, e, como os demais, englo-ba três' elementos. São eles: a s it u a ç ã o
e s t i m u l a d o r a , concernente à soma dos fa-tores que estimulam os órgãos dos senti-dos e denominada de estímulo, quando focaliza um único elemento; a r e s p o s t a ,
ou seja, a ação .resultante da estimulação e da atividade nervosa subseqüente;
o a p r e n d iz . No que tange ao aprendiz,
res-Maria das Graças Targino
de
que o profissional
pretender
dar a
sua atuação, filosofia de trabalho,
forma-ção acadêmica,
experiência
de trabalho
etc.
Por outro
lado, além das limitações
geradas pelo próprio aoreadiz , a
comple-xidade e variedade
de elementos
que a
biblioteca
pode ter, concorrem
para que
a conceituação
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
dabiblioteca
seja uma
tarefa
difícil.
Esta dificuldade
persiste,
segundo ANGLlN (1982).
mesmo
consi-derando-se
este
conceito
como
uma
perspectiva
probabil
rsticade uma
repre-sentação
abstrata
ou uma descriçao
resu-mida que tende a destacar
as dimensões
de
freqüência
mais
central,
ou
mais
comum
em
cada
elemento
da classe.
Aliado
a tudo
isto,
há uma
outra-dificuldade,
relacionada com o aspecto
di-nâmico que caracteriza a biblioteca como
institução
social, e, como tal, uma
ins-tituição
em contínua
e incessante
evolu-ção.
Mesmo assim, há um m (nirno de
identidade
e de constância
que permite
dispor na mesma categoria
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
" b i b l i o t e c a " ,tanto
os achados
dos
arqueólogos
na
Babilônia, como a Biblioteca do Senado·
Federal,
em
Brasília,
.ouuma
simples
biblioteca
escolar
situada
no
distante
sertão piauiense.
De fato, cada pessoa, por um processo
de
aprendizagem
essencialmente
indivi-dual chega
ao seu prórpio
conceito
de
biblioteca,
o que, no entanto,
não
invia-biliza a que se chegue a um
comporta-mento consensual
e se delineiem
dimen-sões
relevantes
para
uma
concepção
atual da
biblioteca,conforme proposta de
TARGINO (1983).
Desta forma, considerando,
fundamen-talmente,
que há vários n (veis na
apren-dizagem de um conceito e que, como
con-seqüência,
a indicação
de um número
maior ou menor de caracterrstlcas
rele-vantes dependerá
do
nrvelde cada
infor-mante, a mencionada
autora apresentou,
como
esforço-tentativa,
um
paradigma
englobando dimensões do conceito
biblio-teca. Tais dimensões
deveriam
ser
iden-tificadas
para que o mesmo permita
a
generalização
necessária,
que
abranja
todas as bibliotecas, sem perda de
especi-ficidade.
Esta operaclonalizaçãoj
foi feita,
deli-mitando-se
seis grandes
dimensões
ou
características
cr íticas,
para
as
quais
se especificaram
subdimensões
ou
sub-caracterrsticas.
A distribuição
ficou assim
representada:
1
1.1
1.2
1.3
Instalação
Iluminação
Manutenção
Sinalização
2
2.1
2.2
2.3
Recursos
Humanos
Materiais
Financeiros
3
3.1
3.1.1
3.1.2
3.1.3
3.1.4
3.1.5
3.1.6
Coleção
Apresentação
Livros
Obras de
referênciaPublicações periódicas
Folhetos
Materiais audiovisuais
Outros materiais
3.2
3.2.1
3.2.2
3.2.3
Conteúdo
Assuntos diversos
Assuntos espec íficos
Livros infanto-juvenis
do entre
10 a 13 anos, matriculadas
na
quinta
série de escolas públicas e
priva-das, com e sem biblioteca,
na cidade de
João Pessoa-PB.
Os 10 únicos estabelecimentos
de
en-sino
com
biblioteca
e com
5a.
série
do Município
-
quatro
públicos
e seis
particulares
- foram arrolados e
numera-dos,
para
efeito.
de
sorteio
aleatório,
visando à composição da amostra (FISHER
&
YATES,
1971).
Sortearam-se
40%
dessas instituições,
sendo 50% das
esco-las públicas e 33% das escoesco-las
particula-res, ou seja, duas escolas públicas com
biblioteca
(Grupo
PU-C) e duas
esco-las particulares
com
biblioteca
(Grupo
PA-C).
A seguir, como a pesquisa previa
tam-bém a influência
da variável freqüentar
escola com ou sem biblioteca
- e para
não gerar discrepáncias
de resultados em
face
das
diferenças
advindas
do
fator
localização,
foram selecionadas dentre as
escolas
públicas
e particulares
com 5a.
série
e
sem
biblioteca,
mais de
duas
escolas
de cada categoria,
locadas nos
mesmos bairros das quatro anteriormente
sorteadas,
ou, pelo
menos,
nos bairros
circunvizinhos.
As duas escolas públicas
sem biblioteca passaram a integrar o
Gru-po
-
PU-S, enquanto
as duas escolas
particulares
sem biblioteca compuseram o
Grupo PA-S.
Após a seleção das oito escolas,
pro-cedeu-se ao sorteio em cada um dos
edu-candários, de uma das suas turmas da 5a.
série, independente
do número de alunos
matriculados,
turno,
sexo predominante
ou de outros elementos.
54
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50.e5, dez./1886 Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50.65, dez.l198655
4
4.1
4.2
4.2.1
4.2.2
4.2.3
4.2.4
4.2.5
Características
Funcionais
Preservação
Disseminação
Informação
Educação
Recreação
Atividades de extensão
Serviços ao público
5
5.1
5.2
Finalidades
Pessoais
Sociais
6
6.1
6.2
6.3
6.4
6.5
6.6
6.7
6.8
Tipos
Bibliotecas públicas
Bibliotecas
infanto-juvenis 'Bibliotecas ambulantes?
Bibliotecas escolares
Bibliotecas universitárias
Bibliotecas especializadas
Bibliotecas especiais
Bibliotecas particulares.
4 MATERIAL
E MÉTODOS
Serviram como informantes
200
crian-ças de ambos os sexos, com idade
varian-(1) Neste trabalho as expressões b i b l i o t e c a s
i n fa n t i s e b i b l i o t e c a s
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
in f a n t o - f u v e n is estãosendo usadas como sinônimos.
Maria das Graças Targino
Em uma realidade escolar,onde as tur-mas são numericamente heterogêneas, a fim de garantir a homogeneidade quantitativa dos grupos, tornando mais amplas as possibilidades de tratamento estatrstico , adotou-se o critério de exclu ir
aleatoriamente (N E ISWANGE R,
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1956)os sujeitos nos grupos, cujo número de componentes ultrapasse
50.
A seleção acidental de50
pesquisadores em cada um dos quatro grupos, resultou de este número corresponder ao menor grupo constitu (do, antes do sorteio aleatório.Aos escolares selecionados, foi apli-cado, em suas próprias salas de aula, pela pesquisadora, após contatos prévios, man-tidos com diretores e professores, questio-nário sucinto, composto de duas partes. A parte inicial A - continha nove ques-tões para identificação dos sujeitos. A segunda parte
B -
pretendia extrair dos pesquisadores o conceito e as funções da biblioteca como instituição, através de duas únicas perguntas a serem respondi-das subjetivamente e sem limitaçãoquanto ao número de palavras e/ou
linhas. Ei-Ias: "O que é biblioteca?", "Para que serve biblioteca?".
5 RESULTADOS
De fato, a tabulação dos itens da parte B do instrumento de coleta foi que pro-piciou a possibilidade de se categorizarem as dimensões do conceito de biblioteca expresso pelos informantes, ao mesmo tempo em que permitiu o estudo da dis-tribuição dos pontos pelos grupos de su-jeitos.
56
Ressalte-se que a cada dimensão citada correspondeu um ponto, considerando-se
o modelo apresentado por TARGINO
(1983). Exemplificando: para um dos
escolares entrevistasos: " ... biblioteca é um
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
l u g a r onde g u a r d a os l i v r o s . " Esta criança recebeu três pontos, desde que se referiu a três dimensões, quais sejam:l u g a r (Instal ação) g u a r d a (Caracter rsticas
Funcionais - preservação)
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
liv r o s (Cole-ção-apresentação frsica).No que concerne
à
emissão de concei-tos de bibl ioteca, conforme demonstra a Tabela 1,a análise dos resultados globais conduziuà
comprovação de que,dentre
as seis grandes categorias, houve proxi-midade de concentração entre as classes
C o l e ç ã o e C a r a c t c r t s t i c a s F u n c i o n a i s ,
com, respectivamente, os percentuais de
31,68% e 31,48%. Também foi expressiva
a diferença constatada entre F in a lid a d e s
B á s i c a s ( 1 4 , 9 8 'J O
e
I n s t a l a ç ã o (14,17%),observando-se que as tendências menos marcantes de preferência foram T i p o s d e B i b l i o t e c a s (4,85%) e R e c u r s o s ( 2 , 8 4 ( lr ; ) . Quanto às dimensões que alcançaram os percentuais de mais destaque, verificou-se e d u c a ç ã o ( 1 9 , 2 3 ( lr ) , l i v r o s ( 1 8 , 1 2 % ) ,
fi n a l i d a d e s b a s i c a s s o c i a i s (14,88%) . I n s t a -l a ç â o (14,17%), a s s u n t o s d i v e r s o s (7,49%)
e r e c r e a ç ã o (6,18'1<,). O lndice de incidên-cia para os demais itens foi relativamente baixo, observando-se quatro dimensões
- fi n a l i d a d e s b á s i c a s p e s s o a i s , b i b l i o t e c a s a m b u l a n t e s , b i b l i o t e c a s u n i v e r s i t d r i a s e
bi-b l i o t e c a s e s p e c i a l i z a d a s - receberam uma única menção. Seis tópicos foram omitidos por todos os grupos: i l u m i n a ç ã o , m a n u t e n ç ã o , s i n a l i z a ç ã o . r e c u r s o s f in a n
-Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):50-65, dez./1986
UM MODELO PARA ANÁLISE DO CONCEITO DE BIBLIOTECA
c e t r o s . fo l h e t o s e b i b l i o t e c a s e s p e c i a i s .
Para uma análise mais profunda do desempenho dos grupos, face
à
natureza dos elementos, optou-se pela estatrsticanão paramétrica (FERRARI, 1982).
Uma vez que o nível de mensuração era ordinal e as amostras eram indepen-dentes, utilizou-se para comparação o Teste U de Mann - Witney (SI EGE L, 1956). Estabeleceu-se, como hipótese nula, a igualdade entre ás grupos compa-rados dois a dois (Ho : G1 = G2).
Defi-niu-se como hipótese alternativa a de que os grupos comparados entre si seriam diferentes. Como a hipótese alternativa não estabeleceu, neste caso, a direção da diferença, usou-se uma região de rejeição bidirecional. Dadas as condições de coleta de dados e instrumento empre-gado, aceitou-se, como margem de erro para o presente estudo, o nível de signi-ficância
0,05.
Os resu Itados obtidos aparecem expres-sos na Tabela 2,a seguir.
DIMENSOES DO CONCEITO DE BIBLIOTECA: FREouENCIA E PERCENTUAIS (N
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
=601'fABELA 1
~
ESCOLAS PúBucAS ESCOLAS PARTICULARES
TOTAL
ComBiblioteca - PU-C SemBiblioteca - pu·S ComBiblioteu -PA-C SemIibIJotcu -PA-S
DIMENSÕES
FI"
IF
I"
FI"
I FI"
N.I "
1 INSTALACÃO
1.1 lIuminaçlo
1.2 Manutençio
1.3 5i"111Zaçio
2 RECURSOS
2.1 Recursos HUmlnos
2.2 R.cursos Financeiros
3 COLECÃO
3.1 Apr.sentaçio f(sica
3.1.1 Livros
3.1.2 Obrasde referência 3.1.3 PubliclÇÕes periódicas 3.1.4 Folheto<
3.1.5 Materiais audiovisulis
3.1.6 Outros materiais
3.2 Conteúdo
.3.2.1 Assuntos diversos
3.2.2 Assuntos espec(ficos
3.2.3 livros infanto·jevenis
4 CARACTERISTICAS FUt-ICIONAIS 4.1 Preservaçio 4.2 OisseminlÇlo 4.2.1 Inlormoçlo 4.2.2 Educoçio 4.2.3 Recrooçio
4.2.4 Atividades de extenslo
4.2.5 Serviços 10público
5 FINALIDADES BÁSICAS
5.1 Pessoais
5.2 Sociais
6 TIPOS
6.1 Biblioteca, públicas
6.2 Bibliotecas Infante-juvenis
6.3 Bibliotecas ambulantes
6.4 Biblioteca, escolar.s
6.5 Bibliotecas UniversiUrias
6.6 BibliotlCas especializada
6.7 Bibliotecas e5peciais
6.8 Bibliotecas particulares
TOTAL
32 13,17 34 14,29 42 16,41 32 12,76 140 14,17
4 1,64 6 2,52 10 3,90 8 3,19 28 M4
2 O,B2 4 i,68 4 1,56 2 0,80 12
',~
-
-
-
-
-
-
-
-70 28,83 69 2B,99 88 34,37 88 34,26 313 31,.
49 20.16 53 22,27 69 23,04 ,66 22,30 217 21,17 (/)
41 16,87 46 19,33 46 18,75 44 17.53 171 11.12 Oo..
1 0.41
-
- 6 2,34 9 3,68 18 1.112::J
2 0.62 6 2,52 3 1.17 3 1,19 14 1,42
a:
-
-
-
-
-
-
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-
-
5 0,&13 1,,23
-
-
-
- --
3 0,30 LUN
a:::
21 B,88 16 6.72 29 11,32 30 11,88 88 8,71
I-14 6,80 15 6,30 18 7,03 27 10,76 74 7,48
«
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6 2.47
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«
o..2 0,62
-
-
1 0,39-
-
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48 19,75 47 19.76 46 17,97 49 19,53 190 19,23
O
16 6,68 16 6,72 9 3,52 20 7,97 61 6,18 U
4 1,66
-
-
1 0.39-
-
5 0,616 2.47 B 3.36
-
-
13 5,18 27 2.7344 lB,10 42 17,66 37 14.46 2& 9.96 146 14.98
1 0,39
-
-
1 0,1044 16,10 42 17,66 36 14,07 26 9,96 147 14,88
13 5,34 8 3,36 18 7,03 9 3,68 46 4,88
1 0,41 1 0.42 6 2,34 3 1,19 11 1,11
l 0,41
-
1 0.39 1 0,40 3 0,30-
1 0,42 --
-
- 1 0,108 3,29 6 2,52 8 3,13 3 1.19 25 2,63
-
-
- 1 0.40 1 0,100.41
-
-
- - 1 0,10-
-
-
-
-
-
-2 0,62
-
-
3 1,17 1 0.40 6 0,61243 100,00 23B 100.00 256 100.00 261 100,00 988 100,00
111 Cedi sujeito podil indicar mlis de uma dimenslo.
FONTE: TARGINO, M. das
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
G . A b i b l i o t e c a n ac o n c e p ç ê o d e e s c o l a r e s : i n fl u ê n c i a d ev a r í d v e i sd o a m b i e n t e t s c o l a r . J o I o Ft.11Oa. 1983. 1fJ1p.58
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentaçlío 19ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
( 1 / 4 ) : 5 0 . 6 5 , dez.l1886N
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Maria das Gr aças Targino
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A comparação entre as escolas públ icas
com biblioteca e as escolas públicas que
não dispõem deste recurso educacional,
levou à rejeição da hipótese de nulidade,
pois ao valor de z z; 0,50 correspondeu
uma probabilidade de 0,62, portanto,
maior que o n(vel de significância aceito
neste 'tr abalho Embora o "Grupo de
Sujeitos de Escolas Públicas com Biblio-teca PU-C", tivesse tido um desempenho
liqeu amon tr, superior (R I = 2.452) I
do "Grupo de Sujeitos de Escolas
Públi-cas sem Biblioteca - PU - S" (R)
=
2.598),a diferença entre eles não foi significante.
No confronto dos conceitos emitidos
pelos alunos vinculados às escolas
particu-lares, verificou-se que o "Grupo de
Su-jeitos de Escolas Particulares com
Biblio-teca - PA-C" conseguiu melhor
de-sempenho (RI ~ 2.477,5) do que o
"Grupo de Sujeitos de Escolas
Particula-res sem Biblioteca - PAS" (R
2= 2.572,5L
Entretanto, a diferença entre eles não foi
expressiva
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
( L c, 0,33; P ~~0,74J.Em se tratando dos "Grupos de
Su-jeitos de Escolas Públicas com Biblioteca
- PU-C" e de sujeitos de Escolas
Parti-culares com Biblioteca PA-C", observou
se um desempenho um pouco mais
re-presentativo por parte do Grupo PA-C
(R) = 2.435,5) do que do Grupo PU-C
(R; = 2.614,5).
Desta forma, a hipótese de nulidade
não foi rejeitada haja vista que ao valor
de z = 0,62 equivaleu uma probabilidade
(I) Co11I'C:'11 lvmb rur
'lI'"
<]11"1110 maior o v.rlor dI' R. pior o d"'C'lllIWllllo do ( iru po.60
de 0,54, como nos casos anteriores,
maior que o nlvel de significância (0,05)
estabelecido para esta pesqu isa.
A comparação entre o "Grupo de
.Su-jeitos de Escolas Públicas sem Bibioteca
- PU-$" e o "Grupo de Sujeitos de
Escolas Particulares sem Biblioteca -
PA-S" evidenciou a melhor atuação do
PA-S (R2 = 2.390), em contraposição ao
PU-S (RI
=
2.660). No entanto, adis-tinção entre estes grupos não foi
siqni-ficante, cbrrespondendo ao valor de
z = 0,93, uma probabilidade de 0,36.
O confronto entre escolas públ icas e
particulares conduziu à constatação de
que as últimas têm alcançado melhor
desempenho (R)
=
9.589) do que osestabelecimentos-de ensino público (R
L =
10.511 J. No entanto, a hipótese de
nulidade também não foi rejeitada:
z= 1,13;p= 0,26>0,05.
6
DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS
Ao que parece, no caso especifico da
aprendizagem do conceito de
biblio-teca, as dificuldades estão relacionadas
basicamente com a deficiência do
proces-so educacional e com a dissociação do
trabalho conjunto professor/bibliotecário,
este último, desconhecido por t o d a s
as 200 crianças entrevistadas.
A maioria dos sujeitos apresentou
dificuldade em conceituar biblioteca,
apesar de, presumidamente, sua faixa
etária Ihes propiciar
fazê-to,
tanto pelodom mio adquirido da leitura, como pela
possibilidade de desenvolver os hábitos
de leitura e de freqüência às bibliotecas.
R e v i s t a B r a s i l e i r a d e B i b l i o t e c o n o m i a e D o c u m e n t a ç ã o 1 9 ( 1 / 4 ) : 5 0 - 6 5 , d e z . / 1 9 8 6
I r
-UM MODELO PARA ANÁLISE 00 CONCEITO DE BIBLIOTECA
Mesmo quando estavam próximos ao
asnrnulo. contrariando SELL TIZ e
cola-boradores (1975), o número de desvios
conceituais foi significativo. A
identifi-cação da biblioteca com outras entidades, feitos e ciências foi comum, tais como:
livraria, arquivo, bibligografia, clube de
leitu ra etc.
Também foram detectados casos de
memorização, substituindo o
conhecimen-to efetivo do conceiconhecimen-to, através do
empre-go de frases estereotipadas. Entre elas:
' " , b i b l i o t e c a é u m a m i g o d o h o m e m . . . "
ou, segundo outro entrevistado, " ...u m a
fo n t e d e s a b e r . . .r r
Hetornando o exposto ante rio rmen te,
na identificação da biblioteca, com
varia-ções apenas quanto à ordem de
priori-dade, para todos os quatro grupos, as
seis propriedades c r,i'ticas mais citadas
foram: e d u c a ç ã o ,
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
liv r o s , fi n a l i d a d e s b d si-c a s s o c i a i s , i n s t a l a ç â o , a s s u n t o s d i v e r s o s e r e c r e a ç ã o .
A relevância da e d u c a ç ã o parece
de-correr da caracterização dos sujeitos, na condição de escolares e do fato de a coleta
ter sido feita nas escolas. Também são
prováveis fatores, a escassez e
precarie-dade das bibliotecas infantis brasileiras,
desde que, só em idade escolar as
crian-ças têm seus primeiros contatos com a
biblioteca, vinculando-se, então, a deveres
e Obrigações, o que pode conduzir a um
distanciamento gradativo da instituição,
e quiçá, da própria leitura.
Os l i v r o s constituiram a segunda
di-mensão mais citada pelos informantes
desta pesquisa. Como justificativas,
pare-cem estar: a hegemonia do livro durante
longo tempo; a limitação dos acervos das
atuais bibl io tecas. onde o Iivro continua sendo o material mais comum; o fato de
que o conceito de biblioteca tem como
precursos o de livros, haja vista o próprio ensino da lingua portuguesa (bibl ioteca -coleção de livros) e a etimologia do termo
(biblion-livro, the ke-caixa, depósito).
fi n a l i d a d e s b á s i c a s s o c i a i s toi a pro-priedade cr rtica que alcançou, no presente
estudo, o terceiro lugar, observando-se
maior incidência entre as crianças de
es-colas públicas (35,7 5 ( /r ) do que entre as
de escolas particu lares (24,03';"). Talvez
isto decorra do fato de serem os inteqi
an-tes do primeiro grupo, em geral,
econo-micamente mais carentes que os do outro grupo. Esta carência pode ser responsável
pelo amadurecimento psicológico mais
acentuado, no domlnio do social, do
compartilhar, do ser assistido, desde que
eles são afetados, mais de perto e preco-cemente, pela realidade sócio-econômica
e cultural, a partir do próprio
con-texto da escola pública. De qualquer
for-ma, embora inúmeras tenham sido as
colocações externando LIma preocupação
social, nenhum dos sujeitos insinuou
sequer a existência da biblioteca popular,
nos moldes previstos por FREI RE
(1982), FLUSSER (1980 e 1982) e LIMA (1982) .
l n s t a t u ç â o foi a di mensão que ocupou
o . quarto lugar na ordem de preferência
dos entrevistados. Porém, o que indica
uma postura conceitual bem tradicional,
tal dimensão esteve quase sempre
vincu-lada à perspectiva de um local, onde
pre-dominaram elementos, como: silêncio,
il
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
respeito, disciplina, educação, etc. Na rea-lidade, muitas das bibliotecas brasileiras,por sua própria instalação e normas de
funcionamento não motivam a
fre-qüência, especialmente de crianças e jo-vens. O excesso de vigi lância e de proi bi-ções concorrem para que a criança não extrapole os vários níveis na formação do conceito de biblioteca, desde que impeli-da a ir caimpeli-da vez menos à referida institui-ção, não identifica novas propriedades críticas, permanecendo seu repertório conceitual limitado e estático.
A seguir, a dimensão que se sobressaiu
foi
dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
a s s u n t o s d i v e r s o s . Em se tratando de uma pesquisa envolvendo escolares da 5a. série, de 10 a 13 anos, não se poderia esperar que estes tivessem contato com acervos restritos a um ou mais assuntos espec íficos. Isto porque, como exposto por WITTE R (1980), a aprendizagem se dá de que uma forma espi ralada, sob a influência de variáveis diversas, entre ·as quais estão a idade e o nível de escolarida-de (PEQUENO, 1981). Logo, o percen-tual de respostas que abordou a diversifi-cação da celeção quanto ao teor das obras foi significativo, como decorrência da própria caracterização do sujeito, preva-lecendo respostas semelhantes a esta:" B i b l i o t e c a fi
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
U n i l u g a r o n d e e s t ã o t i v r o s d e t o d o s o s a s s u n t o s e p a r a t o d a s a s i d a-d e s . . . "
A r e c r e a ç ã o foi uma outra caracter
ís-tica cri'tica mencionada pelos sujeitos,
ocupando o sexto lugar na ordem de pre-ferência. Tal colocação, relativamente baixa, parece comprovar a afirmação de COSTA (1981), concernente à
negli-62
gência da função recreativa em geral, e da oferta de leitura de lazer , em particu-lar, tanto nas programações da biblioteca pública, como nas atividades da escola, da família e dos meios de comunicação de massa. Decerto, programas de apoio
à
educação informal, contribuiram para elevar o número de usuários efetivos.No que diz respeito ao tratamento estatrstico adotado para a comparação intergrupos, este permitiu evidenciar que, no presente estudo, não foram encon-tradas diferenças significantes em relação ao aprimoramento do n Ivel do conceito de biblioteca nos quatros grupos.
Entretanto, embora a variável tipo de escola freqüentada (pública ou particular) não se tenha mostrado suficiente rele-vante, os' dados obtidos mostraram tendência para uma superioridade dos "Grupos de Sujeitos de Escolas Particu-lares com e sem Biblioteca - PA-C e PA-S" sobre "Grupos de Sujeitos de Escolas Públicas com e sem Biblioteca - PU-C e PU-S", respectivamente. Da mesma forma, a variável existência ou não da biblioteca nas escolas não foi suficientemente forte para gerar distin-ções estatisticamente significativas. Não obstante, registraram-se indicios de um melhor desempenho dos "Grupos de Sujeitos de Escolas Particulares e Esco-las Públicas com Biblioteca - PA-C e PU-C" em relação aos "Grupos de Sujeitos de Escolas Particulares e Escolas Públicas sem biblioteca - PA-S e PU-S".
A comprovação, em termos gerais, da predominância de conceitos elementares da biblioteca, independente do tipo de
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 19 (1/4):5G-65, dez./1986
escola freqüentada e/ou da existência da biblioteca no educandário, parece indicar que mesmo a criança de escola particular (provavelmente pertencente a uma classe social favoreci da) não tem encontrado ambiente propício
à
evolução do conceito da instituição em tela. Este fato reforça a opinião de GOMES (1982a) quanto ao estreito relacionamento existente entre biblioteca e cultura. Também evidencia o valor de se verificar não só a influência da biblioteca sobre a sociedade, mas também, desta, sobre o desenvolvimento da biblioteca (JOHNSON & HARRIS,1 9 7 6 , a p u d GOMES, 1982b).
7 CONCLUSÕES
Em síntese, os dados obtidos, anali-sados e discutidos, guardadas as limita-ções de generalização que devem ser to-madas em estudos desta natureza, permi-tiram concluir que:
1) o nível do conceito de bi bl ioteca, mantido por escolares da 5a. série, mos' trou-se pouco desenvolvido, face ao esperado;
2) o tipo de escola (pública ou parti-cular), freqüentada pela criança, embora se faça sentir na formação deste conceito, não alcançou força suficiente para deter-minar diferenças significantes;
3 existir ou não biblioteca na escola também tende a influir na formação do conceito de biblioteca, porém sem chegar a estabelecer diferenças signifi-cantes.
8 RECOMENDAÇÕES
1) Intensificação do trabalho conjunto professor/biboliotecário em programas educativos sobre como usar a bi bl ioteca;
2) Implementação de bibliotecas in-fantis;
3) Diversificação das coleções e pro-gramações das bibliotecas escolares;
4) Estudos para verificar se a ênfase dada pelas bibl iotecas escolares
à
educa-ção formal, tem refletido na conversão do ato de ler e de freqüentar biblioteca em hábito permanente;5) Programas de esclarecimento ao público, em torno da popularização das bibliotecas;
6) Identificação dos motivos que con-duzem ao desconhecimento da profissão de bibliotecário;
7) Manutenção de estruturas organi-zacionais mais acessíveis aos usuários.
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