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Proc.Nº 6012/10.9TBMAI.P1 Tribunal recorrido:1º Juízo Competência Cível do Tribunal Judicial da Maia Recorrente: B, Ld. Recorridos: C e D.

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Tribunal da Relação do Porto Processo nº 6012/10.2TBMAI.P1 Relator: RITA ROMEIRA

Sessão: 20 Janeiro 2014

Número: RP201401206012/10.2TBMAI.P1 Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: APELAÇÃO

Decisão: CONFIRMADA A DECISÃO

EXAME CRÍTICO DA PROVA

DECISÃO SOBRE A MATÉRIA DE FACTO

LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA

Sumário

I - A exigência do exame crítico das provas, prevista na parte final do artigo 659º, nº 3 do CPC, é diversa daquela que deve ter lugar, aquando da decisão sobre a matéria de facto, nos termos do nº 3, do artigo 653º do mesmo Código.

II – Nesta última situação está em causa o julgamento dos factos sujeitos à livre apreciação do julgador, enquanto que na primeira situação está em causa o exame das provas com força pleníssima, plena ou bastante,

independentemente dos factos respectivos terem sido ou não dados como assentes na fase de condensação.

Texto Integral

Proc.Nº 6012/10.9TBMAI.P1

Tribunal recorrido:1º Juízo Competência Cível do Tribunal Judicial da Maia Recorrente: B…, Ld.

Recorridos: C… e D….

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

I - RELATÓRIO

A A., “B…, Ld.ª”, com sede na …, ….., no Porto intentou acção declarativa, sob a forma de processo sumário, contra os RR., C… residente na Rua …, nº … …,

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Maia e D… residente em parte incerta do Luxemburgo, onde pede que seja julgada a presente acção procedente, por provada e, em consequência, condenados os Réus, solidariamente, a pagar à Autora a quantia de € 22.139,04, a que acrescem juros de mora à taxa legal para as dívidas

comerciais, até integral e efectivo pagamento, a título de indemnização pelo prejuízo sofrido pela actuação dos Réus.

Para o efeito alegou o que consta dos artigos “1.” a “92.”, da petição inicial junta de fls. 4 a 16, que aqui se dão por integralmente reproduzidos.

Citado pessoalmente, o R. C… apresentou a contestação de fls. 125 verso a 127, que aqui se dá por reproduzida.

Termina que deve improceder a acção, absolvendo-se o R. do pedido.

Citado editalmente, o R. D… e nos termos do art. 15º, nº 1, do CPC, o Mº.Pº.

não apresentaram contestação.

A A. apresentou resposta à contestação do R. C… de fls. 142 a 145, que aqui se dá por integralmente reproduzida.

Termina pugnando pela improcedência do alegado pelo R. C…, concluindo como na petição inicial pela condenação dos RR. no pedido aí formulado.

A fls. 178 a 190, foi proferido despacho saneador tabelar, foi fixado o valor da causa e foram seleccionadas a matéria de facto considerada como assente e a incluída na base instrutória, sem reclamações.

Instruídos os autos, procedeu-se à realização da audiência de discussão e julgamento, foi proferida decisão sobre a matéria de facto incluída na base instrutória, relativamente à qual não foi apresentada qualquer reclamação.

Por fim foi proferida a seguinte:

“ - DECISÃO

Nos termos e com os fundamentos supra referidos, julgo a acção

improcedente e, em consequência, absolvo os R.R. do peticionado pela A..

*

Custas pela A. - cfr. artº 446º, nºs 1 e 2, do C.P.C..”.

Inconformada a A. recorreu e terminou as suas alegações com as seguintes CONCLUSÕES:

A. Não se conformando a aqui Apelante com a decisão proferida na sua globalidade que conduziu à improcedência da sua pretensão, quer quanto à matéria de facto em crise nos autos, quer quanto ao respectivo

enquadramento jurídico-legal, terá o presente recurso por objecto a sentença apelada in totum.

B. Ponderada criticamente a prova documental junta aos autos, bem como a

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testemunhal produzida em audiência, mormente os depoimentos do Apelado C… e da testemunha E…, impunham-se decisões diversas quanto aos factos constantes dos quesitos 8.º, 11.º a 13.º, 15.º, 16.º, 17.º, 19.º, 20.º, 21.º, 24.º, 30.º, 31.º, 32.º, 33.º, 37.º, 38.º e 58.º todos da base instrutória, que deveriam ter sido dados como provados e, por outro lado, quanto aos factos integrantes dos pontos 54.º e 55.º, igualmente da base instrutória, os quais cremos não deverem ter sido dados como provados.

C. Quanto aos quesitos 8.º, 11.º, 12.º, 13.º e 15.º da base instrutória, afigura- se-nos que os mesmos resultam do teor do depoimento da testemunha E…, Técnico Oficial de Contas (TOC) da F… desde a sua constituição, além de irmão do Réu C… e tio do Réu D… (gravado digitalmente através do sistema Média Studio com registo temporal de 26-10-2012, das 10:17:44 e 12:33:56, aos minutos 17.º até ao 29.º, 33.º minuto), bem como das declarações

prestadas pelo Réu C… e a dita testemunha E… no âmbito do processo crime, cujo inquérito correu os seus termos sob o n.º 538/07.9TAMAI (vide autos de inquirição de 11-01-2008 e 16-01-2008, subscritos pelos mesmos), pelo que deveriam ter sido julgados integralmente como provados.

D. Relativamente aos quesitos 16.º e 17.º da base instrutória, mal andou igualmente o tribunal a quo ao decidir dar como não provado que a partir de 2001, a sociedade F…, começou a reunir dívidas cujo pagamento não podia assegurar e que disso mesmo bem sabiam os Réus/Apelados, porquanto isso resultou cabalmente do depoimento da já referida testemunha E…, TOC da F…, que referiu que a “machadada” final se verificou em 2004, sendo que clarificou que mesmo em 1997 já a empresa apresentava dificuldades, tanto que não pagava impostos – ao 2.º minuto do segundo registo da inquirição da testemunha E… de 16-11-2012 entre 11:01:51 e 12:33:56 e entre o 35.º min. e o 37.º min.

E. Por outro lado, a prova documental constante dos autos aponta para isso mesmo: os documentos contabilísticos da F…, juntos aos autos a fls. 331 e seguintes, reportam em 2002 um prejuízo de € 98.000,00 que foi designado pela testemunha E… como fatal.

F. Já quanto ao conhecimento de tal situação deficitária por banda dos Réus/

Apelados: Eu fui o primeiro a saber da situação, [Eu] ia transmitindo os prejuízos aos Réus, com certeza que eles sabiam que em 1997 e 1998 já não havia dinheiro, quando havia dinheiro, o gabinete de contabilidade recebia cheques para pagamento”; “Era o senhor D… quem decidia o que se pagava e quando” – cfr. depoimento da testemunha E… entre o 17.º e o 21.º minuto.

G. Para mais, vislumbra-se das certidões de dívida referentes a quotizações para a segurança social e tributos fiscais, que as dívidas da F…, a título de contribuições para a segurança social, reportavam-se a 1996 até Novembro de

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2004 – cfr. fls. 465, sendo que, em relação a IVA, IRC e imposto de selo, remontam aos anos de 1998 a 2011 – cfr. fls. 476 a 488;

H. O que só nos pode levar a concluir que resultou da prova produzida que “A partir de meados do ano de 2002, a sociedade referida em A) ficou

impossibilitada de cumprir as suas obrigações, reportando-se as dificuldades financeiras daquela a 1997” e “Os R.R. tinham conhecimento da factualidade referida em 16º”.

I. No modesto entendimento da Apelante resultou manifesto que o montante correspondente ao aumento de capital efectuado pelos Réus não foi utilizado no giro comercial da F…, antes serviu para transparecer uma estável situação financeira, pelo que deveriam ter sido dados como provados os quesitos 19.º e 20.º da base instrutória – vide depoimento do Apelado C… ao 16.º minuto (“para obtenção de subsídios estatais”) e da testemunha E… (“assim a empresa estava em melhores condições para, nomeadamente, o banco emprestar dinheiro, quando a empresa estava num “sufoco”).

J. No que aos pontos 21.º e 31.º da base instrutória concerne, resultaram os mesmos documentalmente provados atento o teor da certidão emitida pelo Centro Distrital do Porto da Segurança Social e Autoridade Tributária e Aduaneira, donde resulta discriminadamente que a F… tinha dívidas às Finanças e Segurança Social até 2001, no montante global de € 100.171,67, quantia que resulta da soma das parcelas descritas e mencionadas certidões;

K. A sobredita prova documental consistente em certidões emitidas pelas entidades competentes para o efeito, no período em causa, deveria ter levado o Tribunal a concluir que “Em finais de 2001, a sociedade referida em A) cumulou dívidas às Finanças e à Segurança Social no valor de € 100.171,67, de cuja existência o R. D… tinha perfeita consciência”.

L. De outra banda, tais documentos permitiam concluir da existência de idênticas dívidas à data da declaração de insolvência da F…, 14.09.2009 – quanto à prolação da sentença de insolvência vide ponto 6.º dos factos provados (alínea F) dos factos assentes).

M. Quanto aos artigos 24.º e 30 da base instrutória, relativos à venda de

património da F…, vislumbra-se ter resultado do depoimento do Réu C… que o próprio vendeu quatro veículos da F… a preço inferior ao comercial (vide respectivo depoimento a partir do 19.º minuto, bem como ao minuto 29.º), pelo que sempre teria de resultar provado que “O Réu C… procedeu à venda de quatro veículos da propriedade da F… – Renault … e duas carrinhas de caixa aberta da marca Mazda – a preço inferior aos respectivos valores comerciais”;

N. Igualmente os quesitos 32.º e 33.º da base instrutória deveriam ter sido julgados provados: mal andou pois a Mma. Juiz a quo que não se ateve à prova

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documental junta aos autos (certidão que atesta da existência de dívidas a título de IVA) e, bem assim, não se ateve às regras da experiência por forma a dar como provada tal factualidade;

O. resulta à saciedade que se dívidas a F… tinha respeitantes a IVA e

contribuições para a Segurança Social e não as pagou nunca, foi porque os respectivos montantes que deveriam ter sido entregues nos cofres do Estado, não obstante terem sido retidos, foram utilizados no giro da empresa;

P. A mencionada testemunha E…, TOC da F…, referiu expressamente que os pagamentos nomeadamente de impostos eram efectuados pelo próprio, conforme instruções do Réu D… para o efeito, decidindo o mesmo o que se pagava e quando.

Q. O quesito 37.º da base instrutória resultou provado documentalmente pela junção aos autos dos mapas de vencimento dos Réus, emitida pelo Instituto da Segurança Social, donde resulta que os mesmos auferiram vencimentos da F…

no período compreendido entra 1994 e 2005, vislumbrando-se os respectivos montantes anuais e número de dias, o que não foi infirmado pela demais prova produzida;

R. Pelo que igualmente deveria ter sido julgado provado que os “Os R.R.

sempre receberam da sociedade referida em A) os seus vencimentos na qualidade de gerentes”.

S. Resulta da certidão permanente da sociedade obtida em 14-02-2012, oficiosamente obtida pelo tribunal a quo, que somente em 1999 foram prestadas contas (vide ap. 27/19990521 – PRESTAÇÃO DE CONTAS

INDIVIDUAL), sendo que daí em diante nada mais se vislumbra quanto às contas da sociedade.

T. Desta feita, afigura-se resultar cabalmente provado que “Relativamente à sociedade referida em A), os Réus somente efectuaram o depósito das contas em 1999.” (quesito 38.º da base instrutória).

U. O teor do quesito 58.º da base instrutória contende directamente e coincide em grande parte com o ponto 17.º dos factos provados integrantes da

fundamentação de facto da sentença recorrida, pelo que, na mesma senda, o mesmo deveria ser integralmente dado como provado.

V. Por sua vez, no que diz respeito aos quesitos 54.º e 55.º da base instrutória, muito se estranha que a factualidade integrante dos mesmos haja sido dada como provada quando nenhuma prova resultou quanto aos mesmos.

W. A testemunha E… esclareceu que não obstante o saldo de 2003 ter sido positivo, em cerca de € 3.600,00, isso não significa que a empresa tenha recuperado totalmente; esclarecendo ”estamos a falar em valores, essa

empresa nunca mais podia levantar a cabeça; o que afundou a empresa foi em 2002; em 2003 e 2004 foi a última tentativa”.

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X. Em suma, decidindo de forma diversa da que vem expendida, fez o Tribunal a quo tábua rasa do disposto nos arts. 653.º n.º 2 e 659.º n.º 3, ambos do CPC, pelo que se impõe decisão diversa da tomada, nos sobreditos termos.

Y. Alterada como se espera a matéria de facto dada como provada, nos preditos termos, outra decisão não podia ser tomada que não a da total procedência da acção intentada pela Apelante contra os Apelados.

Z. Verificam-se todos os pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (art. 483.º do CC): a ilicitude (traduzida no incumprimento das obrigações legais que o CSC, designadamente, lhes impunha como gerentes da sociedade, como sejam a dissipação de património, manutenção da laboração e forma altamente deficitária, ausência de registo das contas – cfr. art. 78.º); a culpa (explícita no conhecimento da situação patrimonial da empresa e na

manutenção da laboração quando já não havia possibilidades de melhoria); o dano (que para a Apelante/Autora se traduz em não poder cobrar, da

sociedade, o seu crédito) e o nexo de causalidade entre este dano e a conduta ilícita e culposa dos réus sócios-gerentes.

AA. Considerando a matéria dada como provada, com as precisões que se afloraram e subsumindo-a às normas legais aplicáveis, ter-se-ia de julgar integralmente procedente, por provada, a acção intentada pela Apelante contra os Apelados e, consequentemente, condenar-se no pedido formulado.

Nestes termos e nos melhores de direito que Vossas Excelências mui doutamente suprirão, deve o presente recurso ser julgado totalmente

procedente, revogando-se a sentença ora recorrida, substituindo-a por outra que julgue totalmente procedente a acção intentada pela Apelante contra os Apelados e, em consequência, sejam estes condenados no pedido contra si formulado, em consequência, alterando a douta sentença recorrida, farão como sempre Vossas Excelências, inteira e sã JUSTIÇA.

E.R.D.

Pelo recorrido, C…, foram apresentadas contra-alegações nas quais conclui que deve improceder na íntegra a Apelação, mantendo-se intacta a decisão recorrida, com as legais consequências, por tal impor a JUSTIÇA

Dispensados os vistos legais, aos novos adjuntos, cumpre decidir.

Ter-se-á em conta que o teor das conclusões define o âmbito do conhecimento deste tribunal “ad quem”, e que importa conhecer de questões e não de razões ou fundamentos.

Assim as questões a decidir e apreciar consistem em saber:

- se deve ser alterada a matéria de facto impugnada e, por via disso;

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- se deve ser revogada a decisão recorrida e os RR. condenados no pedido.

II - FUNDAMENTAÇÃO A) OS FACTOS

1º- A sociedade “F…, Ld.ª” tem sede na Rua …, nº …, …, Maia (alínea A), dos factos assentes).

2º- A sociedade referida em A) tem como objecto a elaboração de projectos e instalação de redes de gás e aquecimento central (alínea B), dos factos

assentes).

3º- A sociedade referida em A) tem o capital de € 75.000,00, o qual está dividido em duas quotas, sendo uma delas no valor nominal de € 37.500,00 e titulada pelo R. C… e a outra delas no valor nominal de € 37.500,00 e titulada pelo R. D… (alínea C), dos factos assentes).

4º- Os gerentes da sociedade referida em A) são os R.R. (alínea D), dos factos assentes).

5º- A sociedade referida em A) obriga-se pela intervenção de dois gerentes (alínea E), dos factos assentes).

6º- A sociedade referida em A) foi declarada insolvente por sentença proferida em 14.09.2006 e transitada em julgado (alínea F), dos factos assentes).

7º- O processo no âmbito do qual foi declarada a insolvência da sociedade referida em A) foi encerrado por insuficiência da massa insolvente, por decisão de 17.09.2009 (alínea G), dos factos assentes).

8º- A sociedade referida em A) foi constituída em 1994 e, actualmente, encontra-se em liquidação (alínea H), dos factos assentes).

9º- O R. D… está registado como filho do R. C… (alínea I), dos factos assentes).

10º- A A. é uma sociedade que se dedica à comercialização, para além do mais, de candeeiros e abat-jours (ponto 1º, da base instrutória).

11º- Por escritura pública outorgada em 16 de Março de 2004, os R.R.

deliberaram aumentar o capital da sociedade referida em A) de € 5.000,00 para € 75.000,00 (ponto 3º, da base instrutória).

12º- No exercício da sua actividade, a A. vendeu e entregou à sociedade referida em A), satisfazendo encomenda desta, diversos artigos do seu comércio no valor global de € 10.429,86 (ponto 4º, da base instrutória).

13º- Por sentença proferida em 16.01.2004 no âmbito do processo nº 12541/03.3TJPRT, da 1ª Secção do 2º Juízo Cível do Porto, e transitada em julgado, a sociedade referida em A) foi condenada a pagar à A. a quantia de € 10.429,86, acrescida dos juros vencidos até 21.04.2003 no valor de € 558,36 e dos vincendos, desde essa data, até integral pagamento (ponto 5º, da base instrutória).

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14º- Até à presente data, a A. não recebeu nem a quantia referida em 5º nem os juros referidos em 5º (ponto 6º, da base instrutória).

15º- Na sequência da decisão referida em G), o incidente de qualificação da insolvência prosseguiu com carácter limitado e encontra-se findo por ter sido proferida sentença, já transitada em julgado, que qualificou a insolvência como fortuita (ponto 7º, da base instrutória).

16º- Desde a constituição da mesma, o R. C…, por opção própria, alheou-se completamente da gestão efectiva da sociedade referida em A), confiando-a ao R. D… (ponto 8º, da base instrutória).

17º- O R. C… ignorava voluntária e conscientemente o andamento dos negócios e das contas, da sociedade referida em A), pois não detinha conhecimentos que o dotassem de competências para desempenhar tais funções (ponto 9º, da base instrutória).

18º- O R. C… limitava-se a assinar cheques e a colaborar nas instalações de caldeiras a gás (ponto 10º, da base instrutória).

19º- O R. D… era quem efectivamente geria a sociedade referida em A), sendo que fazia encomendas, recebia clientes, efectuava pagamentos e dava ordens aos funcionários (ponto 11º, da base instrutória).

20º- Em representação da sociedade referida em A), os R.R. não apostaram nas novas tecnologias de energia solar, sendo que o R. C… não se dotou de conhecimentos e técnicas que o permitissem (ponto 14º, da base instrutória).

21º- Em meados de 2001, a sociedade referida em A) tinha dívidas às Finanças e à Segurança Social, de cuja existência o R. D… tinha perfeita consciência (ponto 21º, da base instrutória).

22º- Os R.R. não fizeram com que a sociedade referida em A) se apresentasse à insolvência (ponto 25º, da base instrutória).

23º- Em Janeiro de 2005, foram encerradas as instalações da sociedade

referida em A), a qual deixou de exercer a sua actividade (ponto 28º, da base instrutória).

24º- Aquando da sua declaração de insolvência, a sociedade referida em A) era devedora à DGCI e à Segurança Social, sendo ainda que tinha outras dívidas (ponto 31º, da base instrutória).

25º- O R. D… foi para o estrangeiro em finais de 2004, sendo que consta que se encontra actualmente algures no Luxemburgo (ponto 34º, da base

instrutória).

26º- Os R.R. não fizeram a sociedade referida em A) apresentar-se à insolvência (ponto 41º, da base instrutória).

27º- A sociedade referida em A) não é proprietária de quaisquer bens (ponto 43º, da base instrutória).

28º- Antes de cada um dos fornecimentos a que se alude em 4º, a A.

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desconhecia a existência de dívidas da sociedade referida em A) (ponto 45º, da base instrutória).

29º- Se tivesse conhecimento que a sociedade referida em A) tinha dívidas, a A. não teria acedido em efectuar os fornecimentos a que se alude em 4º (ponto 46º, da base instrutória).

30º- A sociedade referida em A) operava e oferecia os seus serviços no sector económico da construção civil (ponto 49º, da base instrutória).

31º- Em 2003, a sociedade referida em A) tinha créditos sobre clientes no valor global de € 213.558,69 (ponto 54º, da base instrutória).

32º- Se fosse cobrado, o valor referido em 54º equilibraria a tesouraria da sociedade referida em A) (ponto 55º, da base instrutória).

33º- No despacho de arquivamento proferido no âmbito do inquérito nº

538/07.9TAMAI, da 1ª Secção dos Serviços do Ministério Público da Maia, foi reconhecida a natureza fortuita da insolvência da sociedade referida em A) (ponto 56º, da base instrutória).

34º- No apenso do processo referido em G) relativo ao incidente de

qualificação da insolvência, a insolvência da sociedade referida em A) foi qualificada como fortuita por sentença transitada em julgado (ponto 57º, da base instrutória).

35º- O R. C… confiava no R. D… (ponto 58º, da base instrutória).

36º- Após a sua constituição, a sociedade referida em A) prosperou e aumentou o seu volume de negócios (ponto 59º, da base instrutória).

37º- Sempre foi o R. D… que, sozinho, geriu de facto a sociedade referida em A), sendo que era ele quem negociava com fornecedores, com clientes e com bancos e ajustava os contratos e as condições que considerava do melhor interesse para a sociedade referida em A) (ponto 60º, da base instrutória).

38º- Na sociedade referida em A), o R. C… colaborava nas instalações de caldeiras a gás por ser electricista de profissão (ponto 62º, da base

instrutória).

39º- O R. D… saiu do país em finais de 2004 (ponto 65º, da base instrutória).

40º- O R. C… subscreveu e entregou na Esquadra da Maia da PSP um

documento igual ao de fls. 515, que, aqui, se dá por integramente reproduzido (ponto 67º, da base instrutória).

41º- No despacho de arquivamento referido em 56º, refere-se, para além do mais, o seguinte: “a falta de elementos contabilísticos, com excepção de um balancete referente a 30.11.2004 junto pelo TOC-cfr. fls. 84 e 85, prejudicaram irremediavelmente a obtenção de elementos de prova essenciais á

prossecução da investigação do ilícito criminal de falência, dolosa, negligente”

e “Inquirido a fls. 76 a 79, C… disse … Esclareceu que a insolvência da

empresa teve origem na inexperiência empresarial, e, eventualmente, na má

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gestão do seu filho, devido a negócios que não tiveram rentabilidade

económica por os orçamentos serem irrealistas, efectuados na ânsia de ganhar clientes.” (ponto 72º, da base instrutória).

42º- Na sentença referida em 57º, refere-se, para além do mais, o seguinte:

“parece-nos que, não pode o regime de qualificação da insolvência previsto no CIRE aplicar-se retroactivamente aos factos ocorridos antes da sua entrada em vigor.

Assim, e pelo exposto e concordando com a posição da Sra. Perita, qualifico a insolvência como fortuita.” (ponto 73º, da base instrutória).

B) O DIREITO

Da impugnação da matéria de facto

Pretende a apelante que seja alterada a resposta que foi dada pela primeira instância aos quesitos 8.º, 11.º a 13.º, 15.º, 16.º, 17.º, 19.º, 20.º, 21.º, 24.º, 30.º, 31.º, 32.º, 33.º, 37.º, 38.º e 58.º todos da base instrutória, que entende deveriam ter sido dados como provados e, por outro lado, quanto aos factos integrantes dos pontos 54.º e 55.º, igualmente da base instrutória, os quais entende deveriam ter sido dados como não provados, caso tivesse sido ponderada criticamente a prova documental junta aos autos, bem como a testemunhal produzida em audiência, mormente os depoimentos do apelado C… e da testemunha E…, que considera impunham decisão diversa daquela que foi dada àqueles quesitos.

Vejamos.

A modificabilidade da decisão de facto pelo Tribunal da Relação, está prevista no artº 712, nº 1 do CPC.

Nos termos desta disposição legal, na versão resultante das alterações introduzidas pelo DL nº 303/2007, de 24 de Agosto, aplicável ao caso, a

decisão do tribunal de 1ª instância sobre a matéria de facto pode ser alterada pela Relação:

a) Se do processo constarem todos os elementos de prova que serviram de base à decisão sobre os pontos da matéria de facto em causa ou se, tendo ocorrido gravação dos depoimentos prestados, tiver sido impugnada, nos termos do artigo 685º-B, a decisão com base neles proferida;

b) Se os elementos fornecidos pelo processo impuserem decisão diversa, insusceptível de ser destruída por quaisquer outras provas.

c) Se o recorrente apresentar documento novo superveniente e que, por si só, seja suficiente para destruir a prova em que a decisão assentou.

Conforme se refere no Ac. STJ, de 14.3.2006, in www.dgsi.pt, “… havendo, ao abrigo do artigo 522º-B do CPC, gravação dos depoimentos prestados na audiência final, se a decisão, com base neles proferida, tiver sido impugnada

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nos termos do artº 690º-A, a Relação reapreciará as provas em que assentou a parte impugnada (…). O objectivo desta reapreciação é, não o de proceder a um novo julgamento da matéria de facto, mas apenas o de – pontualmente e sempre sob a iniciativa da parte interessada – detectar eventuais erros de julgamento nesse âmbito.”

Como se refere no preâmbulo do DL nº 39/95, dado que “ A garantia do duplo grau de jurisdição em sede de matéria de facto nunca poderá envolver, pela própria natureza das coisas, a reapreciação sistemática e global de toda a prova produzida em audiência… Não poderá, deste modo, em nenhuma

circunstância admitir-se como sendo lícito ao recorrente que este se limitasse a atacar, de forma genérica e global, a decisão de facto …. A consagração desta nova garantia das partes no processo civil implica naturalmente a criação de um específico ónus de alegação do recorrente, no que respeita à delimitação do recurso e à respectiva fundamentação … Daí que se estabeleça no artº 690-A, que o recorrente deve, sob pena de rejeição do recurso, para além de delimitar com toda a precisão os concretos pontos da decisão que pretende impugnar, motivar o seu recurso através da transcrição das passagens da gravação que reproduzam os meios de prova que, no seu entendimento, impunham diversa decisão sobre a matéria de facto.”

É dentro destes parâmetros que nos temos de mover, no que se refere à

impugnação da matéria de facto, maxime, quando esteja em causa a valoração de depoimentos prestados oralmente.

Do processo constam todos os elementos em que se baseou a decisão do tribunal “a quo” sobre a matéria de facto, documentos e depoimentos

testemunhais, registados através do sistema digital disponível na aplicação informática em uso naquele tribunal.

Há, então, que averiguar se a recorrente cumpriu ou não, relativamente aos pontos de facto abrangido pela impugnação deduzida, os ónus impostos pelo art. 685º-B do CPC a cargo dos recorrentes que impugnem a decisão proferida sobre a matéria de facto.

Analisando o corpo das alegações e as suas conclusões, não há dúvida que a recorrente cumpriu os ónus impostos pelo nº 1 daquele artigo, indicando os concretos pontos da matéria de facto que considera incorrectamente julgados, com referência ao que foi decidido na sentença recorrida e, refere os

concretos meios de prova que, em seu entender, impunham decisão diversa da recorrida, depoimentos testemunhais que transcreveu, resumidamente, bem como os documentos que refere.

Perante a questão da modificabilidade da matéria de facto, atenta a incorrecta avaliação da prova testemunhal, cabe à Relação, ao abrigo dos poderes

conferidos pelo artº 712 do CPC, e enquanto tribunal de 2ª instância,

(12)

reapreciar, não apenas se a convicção expressa pelo tribunal de 1ª instância tem suporte razoável naquilo que a gravação da prova e os restantes

elementos constantes dos autos revelam, mas, também, avaliar e valorar, de acordo com o princípio da livre convicção, toda a prova produzida nos autos em termos de formar a sua própria convicção relativamente aos concretos pontos da matéria de facto objecto de impugnação, modificando a decisão de facto se, relativamente aos mesmos, tiver formado uma convicção segura da existência de erro de julgamento da matéria de facto.

A jurisprudência tem vindo a evoluir no sentido de se firmar um entendimento mais abrangente no que se refere aos poderes de alteração da matéria de facto pela Relação, considerando-os com a mesma amplitude que a dos tribunais de 1ª instância. Nessa medida, e no que se refere à questão da convicção, já não estará em causa cingir apenas a sua actividade de

apreciação ao apuramento da razoabilidade da convicção do julgador da 1ª instância, mas antes formar a sua própria convicção nos elementos

probatórios disponíveis nos autos, veja-se neste sentido, entre outros, o Ac. do STJ de 16.12.2010, in www.dgsi.pt.

Feitas estas considerações, debrucemo-nos, então, sobre o caso.

Pretende a apelante, como já se disse, que os factos contidos nas respostas dadas aos quesitos supra referidos, sejam alterados, dando-se todos como provados excepto os quesitos 54º e 55º que devem dar-se como não provados, alegando que isso resulta da ponderação critica, da prova testemunhal junta e dos depoimentos do apelado C… e da testemunha E…, que em seu entender a Mª Juíza “a quo” não fez.

Alega que ao ter decidido do modo que o fez o Tribunal “a quo” fez tábua rasa do disposto nos art.s 653º, nº2 e 659, nº3, ambos do CPC, pelo que se impõe decisão diversa nos termos que propõe.

Com vista a apurar se assim foi, vejamos o teor dos quesitos impugnados, resposta dada e resposta pretendida pela recorrente:

Quesito 8º - Desde a constituição da mesma, o R. C…, por opção própria, alheou-se completamente da gestão efectiva da sociedade referida em A), confiando-a ao R. D…, apesar de saber que este pouco ou nenhum

conhecimento tinha do sector em que a mesma se inseria?

Resposta dada - Desde a constituição da mesma, o R. C…, por opção própria, alheou-se completamente da gestão efectiva da sociedade referida em A), confiando-a ao R. D….

Resposta pretendida - Provado

Quesito 11º - Apesar da sua inexperiência no sector do gás, o R. D… era quem efectivamente geria a sociedade referida em A), sendo que fazia encomendas, recebia clientes, efectuava pagamentos e dava ordens aos funcionários?

(13)

Resposta dada - O R. D… era quem efectivamente geria a sociedade referida em A), sendo que fazia encomendas, recebia clientes, efectuava pagamentos e dava ordens aos funcionários.

Resposta pretendida - Provado

Quesito 12º - Por não os saber realizar, o R. D… incumbia terceiras pessoas de realizarem orçamentos?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 13º - Em representação da sociedade referida em A), os RR.

celebraram negócios dos quais não resultava qualquer lucro ou que acarretavam prejuízos, os quais se baseavam em orçamentos irrealistas efectuados na ânsia de ganhar clientes?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 15º - Em representação da sociedade referida em A), os RR. não procuraram novos mercados nem novos serviços que pudessem oferecer com características mais competitivas de mercado de modo a relançar a sociedade referida em A)?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 16º - A partir de meados do ano de 2001, o património da sociedade referida em A) tornou-se insuficiente para o pagamento das dívidas da mesma?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 17º - Os RR. tinham conhecimento da factualidade referida em 16º?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 19º - O montante correspondente ao aumento de capital a que se alude em 3º não foi utilizado no giro comercial da sociedade referida em A), nomeadamente para pagamento dos credores sociais?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 20º - O aumento de capital a que se alude em 3º serviu como uma forma de fazer transparecer aos credores e aos potenciais credores que a sociedade referida em A) se encontrava numa situação economicamente estável, o que, como os RR. sabiam, não correspondia à verdade?

Resposta dada – Não Provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 21º - Em meados de 2001, a sociedade referida em A) tinha dívidas às Finanças e à Segurança Social que ascendiam a € 80.000,00 de cuja existência

(14)

os RR. tinham perfeita consciência.

Resposta dada – Em meados de 2001, a sociedade referida em A) tinha dívidas às Finanças e à Segurança Social, de cuja existência o R. D… tinha perfeita consciência.

Resposta pretendida – Provado.

Quesito 22º - Os RR. receberam todos os créditos da sociedade referida em A), integrando-os no seu património?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 24º - Todos os bens propriedade da sociedade referida em A) foram vendidos a preço inferior ao de custo pelos RR. no sentido de fazerem dinheiro fácil, que dissiparam em proveito próprio?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 30º - Os veículos e as carrinhas, referidos em 29º, foram

posteriormente vendidos pelos RR. a preços inferiores aos respectivos valores comerciais?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 31º - Aquando da sua declaração de insolvência, a sociedade referida em A) era devedora à DGCI de quantia não inferior a € 200.000,00 e à

Segurança Social de quantia não inferior a € 153.000,00, sendo ainda que tinha outras dívidas cujo montante global era não inferior a € 45.000,00?

Resposta dada – Aquando da sua declaração de insolvência, a sociedade referida em A) era devedora à DGCI e à Segurança Social, sendo ainda que tinha outras dívidas.

Resposta pretendida – Provado

Quesito 32º - Os RR., na qualidade de gerentes da sociedade referida em A), deduziram no vencimento dos funcionários as quotizações para a Segurança Social, bem como procediam à retenção na fonte do IRS e não procediam à entrega dos montantes em questão, fazendo-os seus?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 33º - Os RR., na qualidade de gerentes da sociedade referida em A), recebiam o IVA dos fornecimentos efectuados pela sociedade referida em A) e não entregavam o mesmo junto da entidade respectiva, fazendo suas tais quantias?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 37º - Os RR. sempre receberam da sociedade referida em A) os seus

(15)

vencimentos na qualidade de gerentes e determinadas quantias sem qualquer título que as justificasse?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 38º - Relativamente à sociedade referida em A), os RR. não

mantiveram contabilidade organizada nem efectuaram depósito das contas?

Resposta dada – Não provado Resposta pretendida – Provado

Quesito 58º - O R. C… nunca teve nem tem conhecimentos ou capacidades para gerir financeira e economicamente empresas e confiava cegamente no R.

D…?

Resposta dada – O R. C… confiava no R. D….

Resposta pretendida – Provado

Quesito 54º - Em 2004, a sociedade referida em A) tinha créditos sobre clientes no valor global de € 181.000,00, que nunca conseguiu cobrar?

Resposta dada – Em 2003, a sociedade referida em A) tinha créditos sobre clientes no valor global de € 213.558,69.

Resposta pretendida – Não provado

Quesito 55º - Se fosse cobrado, o valor referido em 54º equilibraria a tesouraria da sociedade referida em A) e permitiria solver as suas responsabilidades com terceiros?

Resposta dada – Se fosse cobrado, o valor referido em 54º equilibraria a tesouraria da sociedade referida em A).

Resposta pretendida – Não provado

*

Comecemos por transcrever, em síntese, o modo como a Mª Juíza “a quo”

fundamentou a douta decisão de facto e, concretamente, nos pontos objecto de impugnação:

“(…)

No que concerne aos factos dos pontos 8º a 11º, 14º, 28º e 43º, o convencimento alicerçou-se no depoimento de parte do R. C….

Isto posto, cumpre deixar consignado que, no que concerne aos R.R., está em causa uma situação de litisconsórcio voluntário.

Sendo que, quanto aos factos dos pontos 8º a 11º, 14º, 28º e 43º, o

depoimento de parte do R. C… foi valorado ao abrigo do disposto no artº 361º, do C.C..

(…)

Mais cabe realçar que a testemunha E… referiu, para além do mais:

a) que é técnico oficial de contas, b) que o R. C… é seu irmão,

(16)

c) que o R. D… é seu sobrinho,

d) que prestou serviços como técnico oficial de contas para a “F…” desde a constituição da mesma até por volta de Novembro de 2004,

e) que não sabe em que altura é que a “F…” encerrou as suas instalações, mas deve ter sido depois de ter renunciado ao cargo de técnico oficial de contas da

“F…”,

f) que só mais tarde é que soube que o R. D… foi para o estrangeiro,

g) que renunciou ao cargo de técnico oficial de contas da “F…” porque a “F…”

deixou de lhe pagar a avença mensal,

h) que as dificuldades da “F…” começaram quando a mesma se começou a meter em obras grandes e

i) que a posição do R. C… em relação à gestão da “F…” era nula, sendo que era o R. D… quem geria a “F…”.

Importa também salientar que os depoimentos das testemunhas G…, H… e E…

mereceram credibilidade uma vez que foram prestados, cada um de per si, de forma clara, lógica e objectiva e, no confronto uns com os outros, de modo coerente.

No que concerne aos factos dos pontos 21º, 25º, 31º, 41º, 54º, 55º, 58º, 59º e 62º, foram tidos em conta os documentos de fls. 172 a 174, 198 a 244, 289 a 367, 370 a 390 e 393 a 431, 465 a 471 e 476 a 490 e o depoimento da

testemunha E….

Isto posto, cumpre destacar que o depoimento da testemunha E… mereceu credibilidade uma vez que foi prestado de forma clara, lógica, objectiva e, bem assim, congruente com os documentos de fls. 172 a 174, 198 a 244, 289 a 367, 370 a 390 e 393 a 431, 465 a 471 e 476 a 490.

(…).

As provas produzidas não permitiram que os factos que não foram dados como provados fossem dados como provados.

(…).

Mais cabe realçar que, na parte relativa aos factos que não foram dados como provados, o depoimento da testemunha E… não foi considerado.

Na verdade, em tal parte, o depoimento da testemunha E… foi muito vago e impreciso, sendo que aquela revelou ora nada saber, ora saber apenas aquilo que o R. D… lhe dizia, ora saber apenas o que é fruto da sua opinião pessoal.

É mister também ressaltar que a testemunha I…, que disse ser administrador da insolvência, demonstrou, no decurso do seu depoimento, não ter

conhecimentos precisos e concretos acerca dos factos que não foram dados como provados.

Cumpre outrossim deixar mencionado, a propósito do facto do ponto 38º:

a) que, no âmbito do seu depoimento, a testemunha E… disse:

(17)

aa) que prestou serviços como técnico oficial de contas para a “F…” desde a constituição da mesma até por volta de Novembro de 2004,

ab) que, pelo menos no período a que se alude em aa), a “F…” manteve contabilidade organizada e

ac) que, às vezes, não aparece na certidão permanente de uma empresa a referência à prestação de contas,

b) que, no documento de fls. 172 a 174 - certidão permanente da “F…” -, só existe referência a uma prestação de contas, a qual é relativa ao ano de exercício 1997,

c) que a fls. 352, do documento de fls. 289 a 367, 370 a 390 e 393 a 431, é visível um carimbo com o seguinte teor: “CONFERIDO E ESTÁ CONFORME O .Original exibido. Documento autenticado exibido 2.ª Conservatória do Registo Predial e Comercial da Maia Em 01/10/01 O Ajudante,” e

d) que as fls. 352, do documento de fls. 289 a 367, 370 a 390 e 393 a 431, constituem uma acta relativa à assembleia geral ordinária realizada em 31.03.2001 e destinada à aprovação das contas e do balanço da “F…” à data de 31.12.2000 (ano de exercício 2000).”.

*

Podemos, desde já, adiantar que atenta a nossa total concordância com esta decisão, tornar-se-ía desnecessário consignar, aqui, qualquer síntese, da nossa própria apreensão após a audição dos depoimentos gravados em audiência.

Fazemo-lo, apenas, para rebater as conclusões da recorrente e reforçar a falta de razão que lhe assiste ao pôr em causa a apreciação da prova feita pelo Tribunal recorrido.

Sem dúvida, as respostas restritivas e de não provados dadas aos quesitos impugnados, mostra-se acertada, já que não foi feita prova credível e

convincente quanto aos mesmos para puderem ser dados integralmente como provados, resultando, assim, clara a falta de razão da recorrente, quando refere que o douto Tribunal errou, nestes pontos da decisão da matéria de facto, na apreciação que fez da prova.

Não podemos, de modo algum, corroborar esta conclusão.

O despacho que fundamentou aquela decisão reflecte a postura interventiva que a Mª Juíza “a quo”, revelou ao longo de todo o julgamento, o maior

interesse e cuidado em se esclarecer, colocando as questões pertinentes, que sentia necessidade de ver esclarecidas, sendo disso notório o modo como conduziu o interrogatório feito às testemunhas, de modo a formar uma

convicção correcta e segura que lhe permitisse decidir, com rigor e de modo fundamentado, as questões suscitadas, o que, em nosso entender, conseguiu fazer, de forma subsistente e convincente como espelha a decisão recorrida.

É por demais evidente que, o tribunal “a quo”, na pessoa da Mª Juíza

(18)

julgadora, não se limitou a identificar os meios de prova em que baseou a sua convicção positiva ou negativa, especificou com clareza a razão de ser daquela sua convicção, que de modo empenhado formou através da análise de toda a prova recolhida para os autos, analisando quer os documentos quer os

depoimentos prestados que lhe permitiram responder com segurança aos factos provados, onde se incluem os factos constantes dos quesitos 54º e 55º, que a autora impugna, mas sem que lhe assista, mais uma vez, qualquer razão, perante as provas produzidas quanto aos mesmos.

Donde, não vislumbrarmos qualquer erro na apreciação da prova quanto aos quesitos impugnados, os documentos constantes dos autos e os depoimentos prestados, concretamente, aqueles que a recorrente entende impunham

decisão diversa, não revelaram ter conhecimentos concretos e credíveis sobre aqueles factos, de modo a convencer do modo que a recorrente alega.

Efectivamente é nossa firme convicção, feita a apreciação crítica de toda a prova, que não resultou provada a integralidade da factualidade constante dos quesitos 8.º, 11.º a 13.º, 15.º, 16.º, 17.º, 19.º, 20.º, 21.º, 24.º, 30.º, 31.º, 32.º, 33.º, 37.º, 38.º e 58.º da base instrutória e, por outro lado, resultaram

provados os factos constantes das respostas dadas aos pontos 54.º e 55.º, daquela base instrutória.

Concretamente, quanto à alegada inexperiência do R. D… no sector do gás, nenhum dos depoimentos invocados, ou outros, sustentam tal pretensão. Aliás, os depoimentos do apelado e da testemunha E…, não são de modo algum

neste sentido, o apelado disse que o R. D… não era inexperiente no sector do gás, fez grandes obras aqui na zona Norte e tinha conhecimentos de gás, desde novo sempre trabalhou em firmas de instalação de gás. Já a testemunha E… nada de concreto disse a este propósito de modo a convencer da alegada inexperiência do R. D…, confirmou que este antes de decidir instalar a sua empresa trabalhou noutra empresa de instalação de gás e, no mais, disse que não sabe avaliar os conhecimentos que ele tinha do sector, referindo: “Eu não percebo nada daquilo e para responder tinha de estar a inventar”.

E, se com base nestes depoimentos não é possível responder positivamente àquela alegada factualidade, de igual modo tal não é possível, fazendo a apreciação de toda a documentação junta, relacionada com contas, relatórios de gestão e actas de aprovação de contas, que demonstra o contrário. Verifica- se que a F…, foi constituída em 1994 e até 2002 teve resultados líquidos

positivos e, no ano de 2003 voltou aos lucros, (o que a testemunha E…

confirmou), sendo relevante o facto de ter laborado até ao final de 2004 e, conseguindo pagar os salários aos seus funcionários, (conforme confirma o depoimento da testemunha, H…, que trabalhou na empresa, até àquela data do fecho, como ajudante de gás e aquecimento central, referindo que, na

(19)

altura, tinham ainda umas obras, só que as pessoas para quem as andavam a fazer também não lhes pagavam).

Julgamos que o acabado de expor, infirma de todo a inexperiência do R. D… no sector do gás, como alegou e pretende fazer crer a recorrente.

Relativamente à factualidade constante do quesito 12º, também, nada nos autos permite concluir que o R. D… incumbia terceiros de fazer orçamentos, por incapacidade para os fazer, concretamente, isso não resulta do

depoimento da testemunha E…, nem há documentos que o demonstrem.

E, no que toca ao quesito 13º, de igual modo, nada se apurou de que os RR.

em representação da sociedade celebrassem negócios dos quais não resultava qualquer lucro ou que acarretavam prejuízos, os quais se baseavam em

orçamentos irrealistas efectuados na ânsia de ganhar clientes, ou que em representação da sociedade, os RR. não tenham procurado novos mercados nem novos serviços que pudessem oferecer com características mais

competitivas de mercado de modo a relançar a sociedade. Nenhuma prova produzida se mostra credível e convincente de modo a dizer-se que assim tenha sido.

Quanto à demais factualidade relativa às dificuldades financeiras da F…, quanto ao destino e para que serviu o aumento de capital a que se alude em 3º, quanto aos valores concretos do montante das dívidas da F… às Finanças e à Segurança Social em meados de 2001, ou aquando da sua declaração de insolvência, nenhuma prova documental existente nos autos tem a virtualidade de convencer sobre o alegado a este respeito, nomeadamente, até infirmam que assim tenha sido. O que, também, não resulta dos depoimentos das testemunhas, concretamente, as que a recorrente indica, como a tendo convencido desse modo.

Por outro lado, nenhum depoimento permite concluir que o R. C… tenha

vendido quaisquer veículos por valores inferiores aos seus valores comerciais, desde logo para se poder tirar essa conclusão seria necessário apurar qual o montante deste último, o que não aconteceu. Acrescendo que, o R. C… não disse que tenha vendido as carrinhas por valor inferior ao comercial, o mesmo limitou-se a dizer que se não tivesse necessidade das vender, porque tinha os funcionários à porta que queriam receber, até poderia vender por outro preço.

Também, não foi produzida qualquer prova que permita convencer de que os RR. se tenham apropriado, de quaisquer quantias respeitantes a Segurança Social, retenções de IRS ou IVA e as tenham feito suas. Isto não se apurou e não se apurou a factualidade perguntada no quesito 37º.

A testemunha E…, TOC da empresa desde a sua constituição até Novembro de 2004, respondeu de modo a infirmar isso mesmo. Disse, o R. C… nunca

recebeu vencimentos dessa empresa e o R. D… recebia como gerente, já que

(20)

não tinha outra actividade. Referiu, aliás o que é do conhecimento de todos, que o facto de existirem declarações de vencimentos à segurança social tal não significa que se tenha verificado o seu recebimento efectivo.

E infirma, também, o depoimento da testemunha E… a factualidade que consta do quesito 38º, quando diz que a empresa manteve contabilidade organizada, pelo menos até à sua renúncia em Novembro de 2004.

Por último o depoimento do R. C… e da testemunha E… são credíveis e não infirmam o que consta dos documentos, em relação às respostas dadas aos quesitos 58º, 54º e 55º.

Provou-se, através das suas próprias palavras que o R. C… confiava no R. D…

e provou-se que a R. tinha créditos sobre clientes (nas palavras da testemunha E… “débitos de clientes”) que a serem cobrados possibilitariam equilibrar a tesouraria da empresa. Referindo esta testemunha que o ter valores parados nos clientes não dava “saúde” à empresa.

Face ao exposto é nossa firme convicção, que nem os depoimentos das testemunhas, nem os concretos documentos a que a recorrente alude foram desvalorizados ou erradamente apreciados e, sempre com o devido respeito por outra opinião, é nosso entendimento que da sua análise não resulta outra convicção que não seja a que se formou no Tribunal recorrido, não sendo as provas referidas pela recorrente susceptíveis de gerar convicção diversa de modo a responder-se aos quesitos impugnados do modo pretendido.

Não se vislumbra, qualquer desconsideração da prova testemunhal e

documental produzida, mas sim uma correcta apreciação dessa prova, não se patenteando a inobservância de regras de experiência ou lógica, que

imponham entendimento diverso do acolhido.

Não coincidente foi a convicção da recorrente, a qual, como é evidente, não subscrevemos.

E, é assim, porque o que se verifica dos fundamentos da pretensão da

recorrente é que, esta persegue um entendimento distinto do que foi levado a cabo pelo Tribunal “a quo” no que concerne à credibilidade conferida ao depoimento das referidas testemunhas. Dito por outra palavras, o que para a Mª Juíza julgadora mereceu credibilidade, para a recorrente não.

Ora, este procedimento não se mostra adequado a um perfeito ajuizar e afasta-se do que dispõe o art. 712º, nº 1, al. b) do CPC.

No fundo e essencialmente, o que a recorrente põe em crise é a forma como o Tribunal apreciou a prova produzida em audiência, impugnando dessa forma a convicção assim adquirida e pondo em causa a regra da livre apreciação da prova inserta no art. 655° do mesmo código.

É o que se extrai das conclusões do recurso, já acima transcritas, concretamente, conclusão X.

(21)

Ora, nos termos do disposto naquele art. 655º: “O tribunal aprecia livremente as provas decidindo os juízes segundo a sua prudente convicção acerca de cada facto, sendo certo que, quando a lei exija para a existência do facto jurídico qualquer formalidade especial não pode esta ser dispensada”

A prova há-de ser apreciada no equilíbrio das duas vertentes (prudente convicção acerca de cada facto e livre convicção do julgador).

Segundo se diz no Ac. desta Relação de 6.03.2002 disponível no site

www.dgsi.pt, “O princípio da “livre apreciação da prova” é válido em todas as fases processuais, mas é no julgamento que assume particular relevo. Não equivale a “prova arbitrária”. O juiz não pode decidir como lhe apetecer,

passando arbitrariamente por cima das provas produzidas. A convicção do juiz não poderá ser puramente subjectiva, emocional e portanto imotivável”.

Isso decorre do nº 3 do art. 659º do CPC que dispõe que a “na fundamentação da sentença o juiz tomará em consideração os factos admitidos por acordo, provados por documento ou por confissão reduzida a escrito e os que o tribunal deu como provados, fazendo o exame crítico das provas de que lhe cumpre conhecer”.

Será através da fundamentação da sentença que há-de ser possível perceber como é que, de acordo com as regras da experiência comum e da lógica, se formou a convicção do tribunal, num sentido e não noutro, e bem assim porque é que o tribunal teve por fiável determinado meio de prova e não outro. A sentença há-de conter “os elementos que, em razão das regras da experiência ou de critérios lógicos, constituíram o substracto racional que conduziu a que a convicção do tribunal se formasse no sentido de considerar provados e não provados os factos da acusação, ou seja, ao cabo e ao resto, um exame crítico sobre as provas que concorrem para a formação da

convicção do tribunal colectivo num determinado sentido” – Ac. STJ de

13.2.92, C. J. tomo I, pág. 36 e Ac. Trib. Constitucional de 2.12.98 DR IIª Série de 5.3.99.

A decisão do juiz há-de ser sempre uma “convicção pessoal – até porque nela desempenham um papel de relevo não só a actividade puramente cognitiva mas também elementos racionalmente não explicáveis (v.g. a credibilidade que se concede a um certo meio de prova) e mesmo puramente emocionais” – Prof.

Figueiredo Dias, in “Direito Processual Penal”, vol. I, ed.1974, pág. 204.

Aquele art. 655º indica-nos um limite à discricionariedade do julgador: A prudente convicção acerca de cada facto e a livre convicção do julgador.

Regressando à decisão sub judice, a fundamentação da decisão de facto invocada pela Senhora Juíza é perfeitamente esclarecedora, sendo a racionalidade da prova plena e consistente.

O que a recorrente pretende é que a decisão proferida sobre a matéria de

(22)

facto seja diferente, ou, dito de outra forma, que a decisão da matéria de facto lhe seja favorável.

No entanto, pelas razões já acima expandidas, e atento tudo quanto acima já ficou dito, essa alteração da matéria de facto não é possível.

Na verdade, através da fundamentação constante das respostas à matéria de facto fica-se ciente do percurso efectuado pela Mª Juíza “a quo”, para chegar à conclusão que chegou, onde a livre convicção se afirma com apelo ao que a imediação e a oralidade, e só elas, conseguem conceber.

Acresce, para demonstrar a falta de razão da recorrente, quanto ao que conclui em X da sua alegação, que no despacho proferido sobre a matéria de facto incluída na base instrutória, foram enumerados os factos provados e os não provados, bem como fundamentada a respectiva decisão. Esta não se limitou a indicar os meios de prova que considerou, tendo também analisado estes criticamente e especificado os fundamentos que foram decisivos para a convicção do julgador, como se refere naquele citado preceito legal.

Por fim, na sentença proferida, fez-se constar a matéria de facto que foi dada como provada naquele despacho. E, como na sentença foram apenas

considerados os factos constantes do referido despacho, não tinha que ser repetido o exame crítico das provas, já efectuado, quando aquela decisão sobre a matéria de facto foi proferida.

A exigência do exame crítico das provas, prevista na parte final do art. 659º, nº 3, é diversa daquela que deve ter lugar, aquando da decisão sobre a

matéria de facto, nos termos do nº 3, do citado art. 653º.

“Na anterior decisão sobre a matéria de facto (do tribunal colectivo ou do tribunal singular que presidiu à audiência final), foram dados como provados os factos cuja verificação estava sujeita à livre apreciação do julgador (…).

Agora, na sentença, o juiz deve considerar, além desses, os factos cuja prova resulte da lei, isto é, da assunção dum meio de prova com força probatória pleníssima, plena ou bastante (…), independentemente de terem sido ou não dados como assentes na fase de condensação (…)”, cfr. Lebre de Freitas e Outros, in “Código de Processo Civil Anotado”, Volume 2, pág. 643.

No mesmo sentido, o acórdão do STJ, de 10.5.2005, Processo 05A963 in

www.dgsi.pt., refere que “as provas de que fala o artigo 659º, nº 3, cujo exame crítico deve ser feito na sentença, não são as mesmas provas de que fala o artigo 655º do Código de Processo Civil quando decide a matéria de facto onde o julgador aprecia as provas de livre apreciação; quando fundamenta a sentença, o juiz deve examinar as provas de que lhe cabe conhecer nesse momento, e que são as provas por presunção, as provas legais ainda não utilizadas (como as resultantes de documento autêntico, por exemplo, junto posteriormente à elaboração da base instrutória), os factos admitidos por

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acordo na audiência de julgamento e os ónus probatórios” -

A sentença recorrida fundamentou a decisão de facto e de direito, pois, descreveu os factos dados como assentes, fez a subsunção jurídica destes ao direito aplicável, relativamente às diversas questões que foram suscitadas.

Não fez o exame crítico da prova, porque não tinha que o fazer, dado que as provas eram todas de livre apreciação e, no âmbito do art. 659º, nº 3, aquele exame não abrange estas. Limitando-se a sentença a discriminar os factos provados, uma vez que não existiam meios de prova de valor legalmente fixado, nem presunções legais, nem documentos autênticos posteriores, etc., não tinha que se repetir o exame crítico que já havia sido feito, na decisão sobre a matéria de facto, nos termos do art. 653º, nº 2, do Código de Processo Civil.

Para além de especificar os fundamentos de facto, a sentença também especifica os fundamentos de direito que justificaram a decisão.

Em suma, não se verifica a violação de qualquer dispositivo legal,

nomeadamente, dos que a recorrente alude na conclusão X da sua alegação.

Improcede, por isso, a pretensão da recorrente quanto à alteração da matéria de facto apurada em 1ª instância, que se mantém.

*

Mantendo-se a decisão do tribunal “a quo” quanto à matéria de facto dada como provada e não provada, nenhuma censura há, de igual modo, a fazer à decisão recorrida, onde foi feita, correcta e com a profundidade devida, a subsunção dos factos ao direito, acrescendo que, a resposta negativa que foi definitivamente dada àquela matéria constante da impugnação da recorrente acarreta, necessariamente, como bem foi decidido a improcedência da acção com a, consequente, absolvição dos RR. do pedido contra eles formulado, uma vez que como ali referido, dos factos não resulta provada a alegada e

declarada responsabilidade civil por facto ilícito dos réus, não se mostrando verificados os legais pressupostos do artº 483 do Código Civil.

Pelo que se mantém na íntegra a decisão recorrida, para onde remetemos, nos termos do disposto no art. 713º, nº 6, do CPC.

Improcedem, assim, todas as conclusões e a apelação.

*

SUMÁRIO:

I - A exigência do exame crítico das provas, prevista na parte final do artigo 659º, nº 3 do CPC, é diversa daquela que deve ter lugar, aquando da decisão sobre a matéria de facto, nos termos do nº 3, do artigo 653º do mesmo Código.

II – Nesta última situação está em causa o julgamento dos factos sujeitos à

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livre apreciação do julgador, enquanto que na primeira situação está em causa o exame das provas com força pleníssima, plena ou bastante,

independentemente dos factos respectivos terem sido ou não dados como assentes na fase de condensação.

*

III - DECISÃO

Termos em que, face ao exposto, acordam os Juízes desta Relação em julgar improcedente a apelação e manter a decisão recorrida.

Custas pela recorrente.

Porto, 21 de Janeiro de 2014 Rita Romeira

Manuel Domingos Fernandes Caimoto Jácome

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