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ASILO POLÍTICO

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FACULDADES INTEGRADAS

“ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO”

FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

ASILO POLÍTICO Adrian Alan Francisquini

Presidente Prudente/SP

Outubro de 2011

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FACULDADES INTEGRADAS

“ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO”

FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

ASILO POLÍTICO Adrian Alan Francisquini

Monografia apresentada como requisito parcial de Conclusão de Curso para obtenção do Grau de Bacharel em Direito, sob orientação do Prof. Sérgio Tibiriçá Amaral.

Presidente Prudente/SP

Outubro de 2011

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ASILO POLÍTICO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Direito

___________________________

Sérgio Tibiriçá Amaral Orientador

____________________________

Marivaldo Gouveia Examinador

____________________________

Daniel Gustavo de Oliveira Colnago Rodrigues Examinador

Presidente Prudente/SP, __ de ____ de 2011

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Epígrafe

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AGRADECIMENTOS

Nesta etapa de minha vida, concluo o Ensino Superior em Bacharelado em Direito, e me lanço ao mercado de trabalho, iniciando nova fase, pretendendo sempre galgar, passo a passo, o lugar que mereço.

Agradeço primeiramente a DEUS, que me abençoou por toda a minha vida, e que propiciou e permitiu a conclusão de mais uma etapa dela, sendo o mestre dos mestres, me direcionando sempre no caminho do bem.

Agradeço aos meus pais, José Antonio Francisquini e Sônia Mara Martins Francisquini, sábios, sempre presentes em minha vida, derramando suor para a minha formação e de meus irmãos, bem como ao apoio, paciência, confiança e dedicação de toda minha família, em especial dos meus irmãos Aislan, Alieson, Aian e Alik, e ainda “in memorian” de meus avós, que com absoluta certeza, seria um sonho para a vida tão modesta deles.

Agradeço especialmente o meu Orientador, o Doutor Sérgio Tibiriçá Amaral, pela confiança e dedicação prestada e este orientando, bem como na parcela de minha formação para a vida.

Agradeço a Faculdades Integradas Antonio Eufrásio de Toledo, que me proporcionou uma formação, não só acadêmica, porém de caráter, e a todos os Professores e Funcionários que fazem parte dela.

Agradeço aos meus amigos, aqueles que fizeram estes cinco anos passarem voando, repleto de momentos alegres e que contribuíram para que este laço de amizade se perpetuasse no tempo. Em especial ao meu querido amigo Lucas Nalini Paschoalin, que já não se encontra mais conosco, mas que ao mesmo tempo em que sinto sua falta, sei que ele gostaria muito de estar aqui para comemorar esta etapa que se finda. “Saudades”. Jamais os esquecerei!

Agradeço finalmente, a todos que fazem parte de minha vida, direta e indiretamente, que contribuíram para que este sonho se realizasse. Muito obrigado!

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RESUMO

O instituto do “Asilo Político” é um assunto de suma importância pelo fato de ser um Direito Con stitu ciona l a qua l pode se r compreendido como forma de expressão dos Dire itos Humanos, tendo respaldo na Decla ração Un ive rsal dos Direito s do Homem, a Carta d a ONU, como sendo um coro lário do princíp io à defesa dos Direito s Humanos, tendo pre visão em nossa Carta Ma gn a de 1988, em seu artigo 4º, X;

importância a qua l se torna e vidente também haja vista o esforço doutriná rio objetivando uma fundamentação que se su stente por si só. O pre sente a rtigo trará o con ceito de Asilo Político, suas modalidades e re spectivos re quisitos de ap lica ção bem como a função quanto aos Dire itos Human os. Esse in stituto hoje ainda é visto como um d ire ito não do ind ividuo, mas do Estado, sendo a este último, dado a faculdade de concessão de Asilo Po lítico, não sendo, portanto obrigado, o que fere os p rincíp ios que re gem os Tratados Internacionais que se pautam na esfera dos Dire itos Humanos. O objetivo de ste trabalho é aprese ntar este instituto, o qua l é polemicamente discutido nos caso s fáticos, devido às dive rsas opiniões e entend imentos doutrinário s, bem como ana lisar h ipótese s de aplicação em casos rea is à lu z da doutrina majoritá ria. O s métodos a serem utilizados no p resente trabalho se rã o o histórico como também, o dedutivo, citando a importância da concessão de Asilo Po lítico aos estran geiros que necessitarem, b em como o método comparativo onde serão analisadas as d iferentes posiçõe s até mesmo com relação à s le is e stran geiras que regulamentam referente ao tema em estudo. O assunto em questão se faz necessário atribuir o adjetivo de Direito s Humanos e não de problema de ordem pública d itados po r Go ve rnos e Estad os.

Palavras–chave: Asilo Político. Dire itos Hum anos. Dire ito Internacional. Constituição Fede ral .

.

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ABSTRACT

The institute's "Asylum" is a matter of great importan ce because it is a constitutional la w wh ich can be u nderstood as an e xp ression of Human Rights, and supported b y the Unive rsa l De cla ration of Human Rights, the UN Ch arter , as a co rolla r y of the principle of protectin g human rights, ha ving forecast in ou r 1988 Constitution, in Article 4 , X; importance which also becomes evident conside rin g the effort aimed at a doctrinal foundation that stands b y itse lf. This article will brin g the concep t of political asylum, their methods and their application re quire ments as well as function as human rights. The institute toda y is still seen as a righ t, not the individual b ut the State, the latter bein g given the po wer to grant po litica l asylum, and therefore not re quired, which violates the principles go vern in g international treaties wh ich are based in the sphere of Human Rights.

The objective of this pape r is to p resent th is in stitute, wh ich is contro ve rsially d iscussed in factual cases, due to differe nt opin ions and understandin gs of doctrine, and to analyze cases for application in rea l cases in th e light of the doctrine of majority. Th e methods to be used in this study as we ll as the histo ry, the deductive, citin g the importance of gran tin g political a sylum to foreigne rs wh o need, and the comparative m ethod which sha ll describe the d ifferent positions even with respe ct to foreign la ws that re gulate for the p resent stud y.

The issue is ne cessary to assign the adjective for Human Rights and non-prob lem o f public orde r dictated b y go vernments and states.

Ke yw ords: Political Asylum. Human Rights. Inte rna tional La w.

Federal Constitutio n.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...08

CAPÍTULO I 1 – O Instituto Asilo Político...10

CAPÍTULO II 2 – Escorso histórico do Asilo Político...12

2.1 – Asilo Político no Constitucionalismo...19

2.2 – Século XX: Segunda Dimensão de Direitos...22

2.3 – O Asilo Político na Terceira Dimensão de Direitos...24

2.4 – Conceituação, Modalidades e os requisitos de aplicação...26

CAPÍTULO III 3 – O Direito de Asilo Político à luz da legislação brasileira ...30

CAPÍTULO IV 4 – Análise e estudo de casos reais...34

4.1 – Césare Battisti ...35

4.2 – José Manuel Zelaya Rosales...37

CONCLUSÃO...39

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...41

ANEXO A – Decreto n° 42.628/1957...44

ANEXO B – Convenção Sobre Asilo Diplomático...45

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ANEXO C – Decreto n° 55.929/1965...52

ANEXO D – Convenção Sobre Asilo Territorial...53

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1 INTRODUÇÃO

O presente traba lho de Conclusão de Curso trou xe e m cada cap ítu lo uma nova compreensão no que d iz respe ito ao in stitu to juríd ico do Asilo Político, bem com o discu ssões sobre os vários entendimentos acerca do assunto e posicionamento s em vários momentos da história mundia l. Fo i feita uma pesqu isa bibliográfica, mas também com análises na jurisprudência, a fim de ava lia r a amplitude do in stituto escolh ido co mo tema. Foram utilizados o s métodos, histó rico e indutivo. Também buscou usar n este traba lho científico o método dedutivo.

O Instituto Asilo Político foi apresentado no primeiro capítu lo, dando a idéia con ceitua l do que se ria e d e como ele é tratado, elencando a sua importância para o Direito Inte rnacional dos Direito s Humanos.

No Esco rso Histó rico foi abordado, mais espe cificamente no capítulo “Conceito e as Mudanças”, por meio de pesquisas na doutrina, o conce ito e a mudança que o instituto asila r foi tendo com o passar do s tempos, desde os p rimó rdios, passando -se por diversos tipos de po vo s e n ações , em período s distintos .

Ao traba lhar no capítulo “Asilo no Constitucionalismo”, foi-se tecendo com entários a respe ito do Asilo, à lu z do movimento do Constitucionalismo e do Jus Positivismo de Han s Kelsen, disco rrendo -se ainda a previsão do Instituto na Ma gna Carta brasileira de 1988 . Além disso, são feitas comparaçõ es com a s constitu ições ante rio res. Sendo, p ortanto, os métodos usados na pesqu isa b iblio gráfica também são comparativos.

O capítulo “Século XX, Segunda Dimensão de Direitos”

procurou aborda r o tema em questã o sob a égide da inf luência dos Direito s Socia is, d isco rrendo sob re o Instituto, abordan do teses de diferentes autore s sobre a po ssíve l interferência na soberania e

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administração estatal de cada Estado englobado no caso prático asila r.

Trabalhando o capítulo “O Asilo na Terceira Dimensão de Direitos” foi abordado à questão do abrigo asilar nesta época, a qual tem como obra m arcante a do ju rista No rberto Bobb io, A Era dos Direito s, comentan do -se a p re visão da Decla ração Un iversal do s Direito s do Homem, bem como na nossa Constit uição Fe deral e ainda a abordagem comu m entre o território sul -ame ricano.

O capítulo “as Modalidades”, procurou discorrer sobre as diversas modalidad es e xistentes na h istória do mundo, b em como as necessidade s de cada po vo no qu e diz respe ito à concessão d o dire ito asilar. Abordou -se aqu i, as modalidades e xisten tes nos dias atuais, e suas pecu lia ridades.

Quanto ao capítulo “Requisitos de Aplicação”, trabalhou - se todos os re qu isitos para efetiva r a concessão de cada tipo de Asilo , sendo ele Territo ria l, Dipl omático e/ou Militar.

Nas Conclu sões, o que se pod e notar a gran de importância que está intrín seca no dire ito Asilar dentro dos direito s humanos, bem como no que diz respe ito à concessão ou não do Asilo político no caso p rático, quando hou ver preench imento d os re quisito s para a concessão, devem -se p re va lecer os direitos do in divíduo, ha ja vista o Instituto de Asilo se r Direito Constituciona l Inte rnaciona l que exp ressa os Dire ito s Humanos, sendo que estes de vem pre vale cer de re gra.

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CAPÍTULO I

1 – O Instituto Asilo Político:

O asilo po lítico é um ato de soberania inte rna, que envo lve o Direito Público Inte rn o, em especial do Dire ito Constituciona l, mas está relacionad o com o Direito Internacional Público e Privado, entre outro s. A importância des te Instituto pa ra o Direito Interna cio nal e para o s Direito s Humanos será mais aprofundada nos capítu los se gu inte s deste trabalho , bem como o surgimento do mesmo, e de suas várias facetas no decorre r do s tempos.

O Asilo Po lítico é um instituto que tem por finalidade acolher o refugiad o que tem seu s Direito s Fundamentais suprimidos ou expo stos a a meaça gra ve rea l ou presumida . Desta rte é, a necessidade da e xistência de cará ter político na perse gu ição, mesmo que em instância secundária. Po rtanto, embora seja um instituto juríd ico, tem um viés político, uma ve z que a definição fica por conta da discriciona rieda de dos go vernante s de determinado Estado.

Em relação à conceituação do asilo, Vicente Ráo fundadament e e com ra zão , comenta:

[ . . . ] a c im a d e s s a s c o n c e p ç õ e s p a r t ic u la r e s , u m a c o n c e p ç ã o g e r a l d o d ir e i t o e x is t e , q u e a t o d o s o s p o v o s s e im p õ e , n ã o p e l a f o r ç a d e c o e r ç ã o m a t e r i a l , m a s p e l a f o r ç a p r ó p r i a d o s p r in c í p i o s s u p r e m o s u n i v e r s a i s e n e c e s s á r i o s, d o s q u a is r e s u l t a , p r in c í p i o s e s t e s in e r e n t e s à n a t u r e za d o h o m e m , h a v i d o c o m o s e r s o c i a l d o t a d o , a o m e s m o t e m p o , d e v id a f í s ic a , d e r a zã o e d e c o n s c i ê n c i a . [ . . . ] u m c o n j u n t o d e p r in c í p i o s s u p r e m o s , u n i ve r s a is e n e c e s s á r i o s q u e e x t r a í d o s d a n a t u r e za h u m a n a p e la r a zã o , o r a i n s p ir a m o d ir e i t o p o s it i v o , o r a p o r e s t e d ir e it o s ã o im e d i a t a m e n t e a p l ic a d o s , q u a n d o d e f i n e m o s d ir e it o s f u n d a m e n t a is d o h o m e m . ( R ÁO , 1 9 5 2 , p . 7 5 e 7 6 ) .

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No tocante ainda do que seria o Instituto Asilar, na esfera dos Direitos do Homem, Diego López Garrido diz:

[...] é um problema, como vimos, profundamente político. Porém, projetou-se na vida jurídica, e se projeta dia a dia, através de normas jurídicas, que são interpretadas e aplicadas pela administração e pelos tribunais. (GARRIDO, 1991, p. 12).

Sendo encarado como uma saliência do Dire ito, pela sua incompatib ilidade com os diplomas do ramo penal, o asilo político foi ganhando seu de vido respeito deixando de ser p rin cíp io apena s costumeiro , para ganhar status de Direito fundamental na normatização, junto aos direito s individuais do homem, po dendo falar em Direito de Asilo, fazendo parte integrante do grup o seleto dos Direito s Inte rnacio nais de ca ráte r hu manitário.

A atividade dip lom ática p ropicia a atu ação no caso típico, mesmo que fora difícil se gundo argum enta Júlio Ma rino d e Carvalho:

À d ip l o m a c i a p r o p ic i a - s e o e n s e j o d e a t u a r s o b u m c a s u í s m o q u e , e m b o r a p e n o s o e e s t a f a n t e , é a s s i n a la d o p e l a m a is n o b i li t a n t e c o n t r a m a r c a d a s o l i d a r i e d a d e h u m a n a . H o j e , e m q u a l q u e r lu g a r e s e m p r e q u e n e c e s s á r io , p r e s e n t e e s t á , p o r n a t u r e za u b í q u a , o D ir e it o i n t e r n a c i o n a l d o s d ir e i t o s h u m a n o s , p a r a a c o lh e r p e r s e g u i d o s e c o n f o r t a r d e s e s p e r a d o s . O s i n t e n t o s p o s i t i vo s d o h o m e m a c a b a m p o r c o n c r e t a r - s e n a p e r e n id a d e . É q u e t o d o m u n d o p e n s a n d o g e n e r o s o , s e m p r e e x is t e u m f u n d o d e v e r d a d e [ s ic ] . ( C AR V A L H O , 2 0 0 0 , p . 2 7 ) .

Na rea lidade conte mporânea em que vivemos, a natu re za onipresente do Direito In ternacio nal dos Direitos Humanos é efusivamente notá vel, haja vista os ca sos rea is e xistente s, que se rão estudados mais ad iante, bem como a inda a ne cessidad e humana de se ter a de vida proteção quando se é necessário e imprescind íve l.

Como mesmo nas democracias há possib ilidades de viola ções dos dire itos humanos p elos grupos majo ritários, o asilo é um a maneira de abrir a salvo opin iões po líticas d ive rgentes e contra majoritá rias,

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deixando-a s a salvo de retali ações e persegu içõe s. É uma maneira de coloca r a sa lvo de toda a sorte de perse guiçõe s, prisões e tortura s as pessoas que possuem entendimento político d iferente daquele s que estão no poder. Serve pa ra as democracias, mas também para proporciona r as pesso as que estão em Estados não democrático s, uma possib ilidade de se coloca rem a salvo. O asilo também pode alcançar os familiare s d esse persegu ido po lítico.

CAPÍTULO II

2 – Escorso histórico do Asilo Político:

Em uma rápida passa gem pela história antiga ve rem os vá ria s espécies do Instituto de Asilo utilizados pe los m ais diferentes povo s, que acaba ram servindo como base do que se tornou esse Direito no s dia s atu ais.

Nos p rimó rdios do s tempos, de ve -se le va r em conta a maneira em que o povo Egíp cio trata va do Asilo, que se gundo Egid io Reale (1938, p. 477) “os Ptolomeus aceitavam imunidade resguardante aos que, por p rática delituosa, se abriga vam no supedâneo das estátuas de rei [sic]”. Mesmo sabendo que os egípcios não ace it avam que os de lituosos ficassem impunes há relato s em que ho uve a con cessão d o dire ito asilar co mo o caso do faraó Assiroferne, o qua l é comentado pelo escrito r belga Thonissen, dizendo que o rei ao construir um mausoléu para seu filho decla rou ser lo cal d e refúgio para qua lquer qu e ali se ache gasse . A proteção dos crimino sos, neste po vo, era influenciad a pelos inte resses políticos e econômicos, sendo que as cidades, as quais e ram conside radas locais de a silo, a ngaria vam mais pessoas e fomentavam o comércio loca l.

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Na Mesopotâm ia, têm -se vá rios re latos a respeito da admissão do asilo , reconhecendo -o. Ha via também na antiguidade asiática um acordo de reciprocidade no tocante a “extradição”, entre o rei dos Hititas, Hattusil e Ramsé s II, o faraó. Esse acordo pr e via que qua lquer do povo egípcio que se refugia sse em terra s Hititas, não poderia sofrer nenhum castigo, d e nenhuma espécie, devendo o mesmo ser devo lvido ao faraó. A recípro ca também se fazia necessária, ha ja vista o princípio de recip rocidade intrínseco a este instituto, re servan do o direi to de pu nir ao Estado de origem, como tra z Raul Carranca y Tujillo:

S e u m h o m e m – dois ou tr ês – fugir do Egito e c hegar ao p a í s d o g r a n d e m o n a r c a d e H a t t i, q u e s e a p o d e r e d e l e e o d e v o l v a a R a m s é s , o g r a n d e s e n h o r d o E g it o . P o r é m , q u a n d o is t o a c o n t e c e r , q u e n ã o s e c a s t i g u e o h o m e m a s e r d e v o l v id o a R a m s é s I I , g r a n d e s e n h o r d o E g it o , q u e n ã o s e d e s t r u a s u a c a s a , n e m s e f a ç a o m e n o r d a n o à s u a e s p o s a , n e m a s e u s f i l h o s e q u e n ã o o m a t e m , n e m l h e a r r a n q u e m o s o lh o s , n e m l h e m u t i l e m a s o r e l h a s , n e m a l í n g u a , n e m o s p é s , e q u e n ã o s e j a a c u s a d o d e n e n h u m c r im e . ( T U J I L L O , 1 9 7 6 , p . 1 9 1 - 1 9 2 )

O po vo Ind iano, re gido pelo Có digo de Manu, n ão aceita vam o institu to asila r, sendo co nsiderado uma forma de burlar a “lei do carma” (quem erra, tem de pagar, o pecador tem que sofrer), sendo , po rtanto , visto com maus olhos por ele s. Um exemplo contemporâneo de Asilo Político na Índia foi aquele d ado ao Dalai Lama e mais milha res de tibetanos, nos últimos cinqüenta anos.

Os Hebreu s, se gun do as escritu ras d e Moisé s, utiliza va m o asilo como forma de proteção da antiga vin gança p riva da, não para que se tivesse impunidade ou injustiça para com os ofendidos, mas para to rná -la mais branda possível. Na época da Bíb lia ha viam cidades que eram conside radas locais de asilo, conforme comenta Carva lho:

S e g u n d o o s t e x t o s d a s Es c r i t u r a s , p r im e i r a m e n t e s ó e m J e r u s a l é m e r a a d m it i d o a s il o . M a s , o n ú m e r o d e c i d a d e s a s il a r e s f o i m a is t a r d e a m p l i a d o p a r a s e is : 1 . C e d e s , n a G a l il é i a , s o b r e o m o n t e N a f t a l i ; 2 . S i q u é m , s o b r e o m o n t e d e Ef r a im ; 3 . C a r ia t a r b e ( H e b r o n ) , n o m o n t e d e J u d á ; 4 .

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B o s o r , n o d e s e r t o d e R u b e n ; 5 . R a m o t , e m G a la a d ; 6 . G o la n , e m Ba s a n d a t r i b o d e m a n a s s e s . ( C A R V A L H O , 2 0 0 0 , p . 3 9 ) .

Relacionadas às cidades acima e a respeito do método a qual o asilo e ra co locado em prática, Greenberg te ce o comentário:

Es t a s f o r a m à s c id a d e s c o n s t i t u í d a s p a r a t o d o s o s f i lh o s d e I s r a e l, e p a r a o s a l i e n í g e n a s q u e h a b it a v a m e n t r e e l e s . A q u e l e q u e h o u ve s s e t ir a d o a v i d a d e a l g u é m s em in t e n ç ã o p o d e r ia r e f u g i a r - s e n e l a s , e n ã o m o r r e r i a à s m ã o s d o p a r e n t e q u e q u is e s s e v i n g a r o s a n g u e d e r r a m a d o , a t é q u e s e a p r e s e n t a s s e a n t e o p o v o e d e f e n d e s s e a s u a c a u s a . ( G R E EN B ER G , 1 9 5 9 , p . 1 2 5 ) .

As Sagradas e scrituras tra zem passagens da atribuiçã o destas se is cidade s como refúgio:

Q u a n t o à s c i d a d e s q u e d a r e is a o s le v i t a s , s e is s e r ã o c i d a d e s d e r e f ú g i o d e s t i n a d a s a o a s i lo d o s h o m ic i d a s , e m a is q u a r e n t a e d u a s c i d a d e s . T o d a s a s c i d a d e s q u e d a r e is a o s l e vi t a s s e r ã o q u a r e n t a e o i t o c i d a d e s , j u n t a m e n t e c o m o s s e u s a r r a b a ld e s . E q u a n t o à s c i d a d e s q u e d e r d e s d a h e r a n ç a d o s f i l h o s d e I s r a e l, d o q u e t i v e r m u it o t o m a r e is m u i t o , e d o q u e t i v e r p o u c o t o m a r e is p o u c o ; c a d a u m d a r á d a s s u a s c i d a d e s a o s l e v i t a s , s e g u n d o a h e r a n ç a q u e h e r d a r . F a lo u m a is o S E N H O R a M o is é s , d i ze n d o : F a l a a o s f i l h o s d e I s r a e l , e d i z e - lh e s : Q u a n d o p a s s a r d e s o J o r d ã o à t e r r a d e C a n a ã , F a z e i c o m q u e vo s e s t e j a m à m ã o c i d a d e s q u e v o s s ir v a m d e c id a d e s d e r e f ú g i o , p a r a q u e a li s e a c o l h a o h o m ic i d a q u e f e r ir a a lg u m a a lm a p o r e n g a n o . E e s t a s c i d a d e s vo s s e r ã o p o r r e f ú g i o d o v in g a d o r d o s a n g u e ; p a r a q u e o h o m ic id a n ã o m o r r a , a t é q u e s e j a a p r e s e n t a d o à c o n g r e g a ç ã o p a r a j u l g a m e n t o . ( N ú m e r o s 3 5 , 6-1 2 ) .

O que percebemos é que na época dos Hebreus, já ha v ia a noção de culpa e dolo que conh ecemos hoje, com as de vidas discrepâncias ao se tratar das penas cominadas para cada caso e hipótese de con cessão de asilo.

O povo pa gão, mesmo antes do cristianismo, utiliza va o instituto do asilo para prote ge r aquele s p ersegu ido s da justiça fundando-se na superstição em seus vá rio s deuses.

O povo Pe rsa atrib uía ao refugiado u ma espécie de asilo, conforme comenta e exemplifica Jú lio Marino de Ca rva lho :

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N a Pé r s i a , e x is t i a a i n s t it u iç ã o d e n o m i n a d a b a s t, s e m e l h a n t e a o a s i l o , a t r a v é s d o q u a l e r a p o s s í v e l u m a b r i g o i n vi o l á ve l d e c r im i n o s o s e q u e s e l o c a l i za v a n a p o r t a d o p a l á c io r e a l, n a s m e s q u i t a s e , c o m o e m o u t r o s t e m p o s , n a s c a va l a r iç a s d e N a d ir S h a . O a s i la d o p o r é m n ã o s e t o r n a v a im p u n e . D e s f r u t a v a d e u m s is t e m a m a is e q u i d o s o e m e l h o r i n s t r u í d o d o s e u c a s o p e r a n t e a s a u t o r i d a d e s j u r is d ic i o n a is . C o m o s a b u s o s a d v e n i e n t e s , a o u t o r g a d e a s i lo s o f r e u l im it a ç õ e s n o s é c u l o X I X , r e s e r v a n d o - s e p a r a e s s e f im a p e n a s a s m e s q u it a s . I n t r o s a d o n a t r a d iç ã o m u ç u lm a n a , o a s il a d o c o n t i n u o u a s e r r e s p e it a d o d u r a n t e o s é c u l o X X , a t é m e sm o p o r a u t o r id a d e s o c id e n t a is , c o m o f o i o c a s o d o G r ã o - M u f t i ( H a d j i A m in e l H u s s e i n ) , q u e h o m i zi o u n a m e s q u it a O m a r , e m J e r u s a l é m . As f o r ç a s b r it â n ic a s r e s p e it a v a m e s s e a s il o r e l ig i o s o , o q u e f a v o r e c e u p o s t e r i o r m e n t e a f u g a d o a s i l a d o p a r a o L í b a n o . O e p is ó d i o o c o r r e u d u r a n t e a s r e f r e g a s p a l e s t i n a s d e 1 9 3 7 [ s ic ] . ( C AR V A L H O , 2 0 0 0 , p . 4 1 ) .

Herodoto re ve la n a sua obra sob re histó ria denominad a

"No ve Livros da História" que na corte Persa havia vários soldados espartanos, que in clusive teria acomp anhado Dario na sua campanha grega . A Pérsia teria recebido esses espartanos como perse guido s políticos.

Na Idade Média, o s grandes Senhore s Feudais con cedia m o Instituto Asila r, baseando -se nas normas do poder absolutista , como por exemplo, o capitalismo comercia l, a política mercantilista, a intole rância re ligio sa , podendo re vo ga r este in stituto a qualque r momento, respeitando apenas, os lugares sa grado s como mosteiros, cemitérios, con ven tos que e ra uma forma de vive r em h armonia com as determinaçõe s canônicas .

Em terras Islâmica s, o instituto asila r era e xtremamente cultuado, conforme tece seu comentá rio e e xemplifica Júlio Ma rino de Carva lho:

A p e n a s p a r a r e f e r ir u m e x e m p lo d e s t e s é c u l o , d u r a n t e t r o p e l i a s o c o r r id a s n o M a g r e b , c o m b a t e n t e s a r g e l in o s s e r e f u g i a v a m n o M a r r o c o s , o n d e e n c o n t r a r a m a s i l o a b s o l u t o , e m c o n d iç õ e s f r a t e r n a is , f a v o r e c id o s c o m o e r a m p o r s im il i t u d e s é t n ic a s , r e li g i o s a s , l in g ü í s t ic a s e p o l í t ic a s . At r a v é s d e s u a h is t ó r i a , s e m d ú v i d a a s p r á t ic a s a s i l a r e s n u t r ir a m - s e in v a r i a ve l m e n t e d a e s p ir i t u a l id a d e d o s p o v o s , a d e s p e it o d a s d if e r e n ç a s d e r a ç a o u r e li g i ã o . N u m a c o n j u n t u r a c o m o e s s a é q u e o h o m e m d e m o n s t r a q u e é

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ir m ã o d e o u t r o , is t o é , o r iu n d o d e u m a m e s m a F o n t e c r i a d o r a [ s ic ] . ( C AR V A L H O , 2 0 0 0 , p . 4 2 ) .

Na Grécia Antiga havia a distinção entre iketéia (refúgio em qualque r temp lo de uma dete rminada re gião) e a sylo s topo s (lu ga r rese rvado p ara conce ssão de asilo ). Montesqu ie u comenta que

“Como a divindade é refúgio dos desgraçados e que não há gente mais des graçada que os crimino sos, ocorreu naturalmente a introdução a admitir que os templos eram asilos para eles [sic]”. O refugiado se e ximia da pena, no caso de ter praticado um delito, do pagamento no caso de dívida e o escra vo se livra va de sua servidão , porém não em todas as modalidades que existiam nesta época, como comenta Pierre Tim bal Duclaun x de Martin:

I s s o n ã o a c o n t e c ia n o c a s o d e ik e t é i a ( r e f ú g io e m q u a l q u e r t e m p l o d e u m a r e g iã o ) , m a s t ã o s ó n o a s y l o s t o p o s ( l u g a r e x p r e s s a m e n t e r e s e r v a d o à a d m is s ã o d e a s i lo ) . ( M AR T I N , 1 9 3 9 , p . 1 2 - 1 3 ) .

Nesta épo ca, mais especificamente na tomada de Atena s por Esparta, L isan dro ha via pro clam ado que seria pre so qualque r ateniense, onde quer que fosse encontrado e le vado a sua terra de origem. Proclamação esta repro vad a por Tebas, que d izia se r uma desconside ração a um costume consa grado e pre servado .

Os gre gos ao mesmo tempo em que aplica vam o ostracismo como p ena, davam muita importância ao a silo, sendo uma exte riorização de hospitalidade e piedade, protegendo o inoce nte e mitigando a penalidade do culpado. Essa proteção a o asilo foi preservada durante séculos, mesmo durante as inva sões persa e romana, sendo considerada ofensa aos deuses a tentativa de apoderar -se de um refugiado. 1

O povo Romano, n o momento em que in v adem a Grécia de certa forma respeita va o asilo gre go, porém co locaram uma condição de fidelid ade. Essa rela ção não havia estab ilid ade, pois era cancelado no momento em que os Romanos se sentia m traído s ou

1 Júlio Marino de Carvalho, ob., cit., p. 42 a 47.

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por alguma rebeliã o que os desrespeitassem. Os rom anos pensava m que os asilo s gre gos e e gípcios e ra m extra va gante s e não esta vam de acordo com o intere sse coletivo, sendo que o infrator merecia punição. Com o passar dos tempos e o sentimento humanitário que os dominou, mais do que o dese jo d e se faze r ju s tiça do Império, a prática asila r foi retomada em terras romanas.2 Em rela ção a este povo e seu tratam ento ao asilo, Teo doro Momse n re lata que o asilo grego não os motivou a fazer o mesmo lo go de imediato, mas tece o importante comentário a cerca de sua imp ortância:

[ . . . ] o d ir e it o d e a s il o a d q u ir iu e m R o m a , e m g e r a l e m t o d o o R e i n o , c e r t o v a l o r c o m a m o n a r q u i a e c o m o c u l t o a o im p e r a d o r , q u e a m e s m a t r o u x e c o n s i g o . A o e f e t u a r a c o n s a g r a ç ã o d o p r im e ir o d o s t e m p lo s s im il a r e s , q u e f o i o s a n t u á r i o d e d ic a d o e m R o m a , n o a n o 7 1 2 - 4 2 , a o c o n s a g r a d o d i t a d o r C é s a r , f o i c o n c e d i d o a o r e f e r id o t e m p lo , d e m a n e ir a e x p r e s s a , o d ir e it o d e a s i l o , i n vo c a n d o p a r a is s o a le n d a d e R ô m u lo ; d u r a n t e a m o n a r q u ia , n ã o s ó d e s f r u t a r a m e s s e d ir e it o t o d o s o s t e m p l o s d e d ic a d o s a im p e r a d o r e s , c o m o t a m b é m t o d a s a s e s t á t u a s d o s m e s m o s , s o b r e t u d o a s d o I m p e r a d o r o c u p a n t e d o t r o n o , p o is a i n d a q u e a c o n c e p ç ã o d e o m e sm o s e r u m a d i v i n d a d e v i va n ã o t e n h a lo g r a d o i n g r e s s o n o p a t r im ô n io m e n t a l d o vu l g o , e r a t o d a vi a m a is o u m e n o s a d m i t i d a e c o m u m e n t r e o s j u r is t a s d a é p o c a . ( M O M M SE N , 1 9 7 6 , p . 2 9 1 - 2 9 2 ) .

O po vo cristão a dotou o asilo haja vista po r e les ser entendido have r m esmo patamar entre delito e pecado b em como ser entendido ha ver va lor que p rocura o bem da humanidade. Para este povo, ha via luta co ntra o que se chamava de vin ga nça privada , buscando a satisfação da pretensão resistida atra vé s da co mpositio, o que se ria uma forma de conciliação primitiva , muitas ve zes send o impostas penas pe cuniárias.

O asilo cristão visava a não aplicaçã o de penas i gua is as que e ram imposta s na época da ba rb árie, sendo con siderado, um dire ito dos deuse s, haja vista que pa ra o décimo nono Concílio , o de Trento (realizado nos anos de 1545 a 1563) a simples vio laçã o le va va à e xcomun hão lata sententia e. Embora a Igreja C atólica não

2 Júlio Marino de Carvalho, ob., cit., p. 46 a 52.

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se influencia r na b arbárie, no tocante às penas, em re la ção a outros fatores, se influenciou, conforme argu menta Enrique Pessina:

A I g r e j a n ã o p o d ia e s c a p a r d e c e r t a s i n f l u ê n c i a s d a b a r b á r ie , e m c u j o s e io s e e n c o n t r a v a ; p o r é m , c o m o d e p o s it á r ia d o n o v o p r i n c í p io s o c i a l, le v a n t o u u m d i q u e , o m a is f o r t e p o s s í ve l , a o b a r b a r is m o d a q u e l e t e m p o . As s im v e m o s q u e o d i r e i t o d e a s i l o, f r e o u a v i n g a n ç a d e s a n g u e , c o m b a t e u a s o r d á l i a s e o d u e l o j u d ic i á r i o , e e m n o m e d a f r a t e r n i d a d e h u m a n a , p r o c l a m o u a p a z e n t r e o s h o m e n s . ( P E S SI N A, 1 9 3 6 , p . 1 1 3 ) .

Com o fim do Império Romano (Qued a de Constantinopla , em 1453), a legisla ção romana foi usada na Europa, mas de maneira diversa. O período é chamado de “anarquia feudal” (regime despótico e arbitrá rio imposto pelos Senhores Feudais loca is ), o in stituto asila r, por ser uma “cura” desta desordem, se fortaleceu ainda mais, socorrendo a queles que busca va m a prese rvação dos direitos fundamentais. Cid ades como Burges (cidade belga, n a re gião dos Flandre s) e Tolosa (loca li zada na pro víncia de Guipúscoa, nos Paíse s Bascos) po r volta do sécu lo X, eram considera das como um luga r de asilo inco ntestá vel que qualquer e scra vo que adentrasse a elas, era con side ra do livre. Esta época e o que ela prop orcionou no que diz respe ito à in fluência em outros po vos e stá intimamente ligada ao fato de ocorrer que o direito de homiziar -se foi retirado d o Velho Mundo e le vado ao No vo Mund o, este reple to de entusiasmo, acarretando em uma expansão deste instituto nesta s terras, ge rando prestação de serviço em favor dos qu e eram acossados.

Em relação à diferença do instituto na Antigu idade e nos dias de hoje, Júlio Marino de Ca rva lho tece o importante comentário:

O a s il o , c o m s u a f e i ç ã o é t ic o - m o r a l - j u r í d i c a , é o f e r e c i d o p e l o D ir e it o I n t e r n a c i o n a l e x c l u s i v a m e n t e a o s p e rs e g u i d o s p o l í t i c o s e n ã o a o s d e l in q ü e n t e s c o m u n s , c o m o n a a n t i g u id a d e e r a a d m it i d o . Em ve r d a d e , a e x t e n s ã o i n d is c r im in a d a d e h o m i zi o a c r im i n o s o s c o m u n s s e r ia u m m a le f í c io à a d m in is t r a ç ã o d e J u s t iç a , vir t u a l m e n o s p r e zo à h ig i d e z d o D ir e it o p o r s u a g a r a n t ia d e im p u n i d a d e e e s t í m u l o à d e l in q ü ê n c i a t a n g id a p e la c u p i d e z, i n u m a n i d a d e e c o m p u ls õ e s a m o r a is . ( C AR V A L H O , 2 0 0 0 , p . 1 1 ) .

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Todos esses tipo s de asilos são diferentes dos tip os existente s hoje em dia, haja vista o dire ito ser dinâmico, além de o instituto ter ganhado novo s sign ifica dos inicia lmente com as vá rias etapas do constitu cionalismo e tem uma relação importante com a democracia. Portanto, a so cieda de muda, mas também o constitu ciona lismo avan ça no sentido de asse gura r direito hum anos, entre os qua is o asilo aos perse gu idos.

2.1 – Asilo Político no Constitucionalismo:

O Constitu ciona lismo é um movimento o qual te ve seu preâmbulo no sé culo XVIII, com a Constituição Modelo libera l clássico, e sse mo vimento político, so cial, ideoló gico e jurídico pode ser divid ido em dois grandes período s, o Constitu cionalismo Clássico que vai de 1787 a 1918 e Constitucionalismo Mode rno que vai de meados de 1918 até os dias de hoje. De acordo com o Jus positivista Hans Ke lsen, o d ireito de ve ser de s n udo de todo e qualquer conteúdo va lora tivo, mas há a necessidade de respeita r -se a hierarqu ia das normas que tem no cume de sua pirâ mide a Constituiçã o.3

Na América Latina, a aplicação do in stituto asilar te ve su a gênese com a ind ependência das colônias, é como relata Carlos Fernandes:

O s Es t a d o s la t in o - a m e r ic a n o s n a s c e r a m à s o m b r a d o l ib e r a l is m o e q u e , n a o r d e m p o lí t i c o - c i v i l , e r a b á s ic a a n o ç ã o d e q u e a s l i b e r d a d e s d o h o m e m e d o c id a d ã o o t o r n a va m i n v i o l á v e l. ( F E R N A N D E S, 1 9 6 1 , p . 1 2 2 ) .

A Ca rta Ma gna d e 1988, em seus p rimeiros qua tro artigos já faz menção ao instituto de Asilo, mais precisamente em seu artigo 4º, inciso X:

3 Hanz Kelsen, Teoria Pura do Direito, op., cit., p. 4

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Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

X - concessão de asilo político.

Este artigo 4º, portanto ganha status de “coluna de eficácia dos direitos fundamentais” que estão sustentando o Estado Democrático de Direito. Com e sta n orma, fica e vidente que nossa Constituição fundou suas relaçõe s in ternacionais no s p ri ncípios da dign idade da pessoa humana, pre vale cendo os direito s d o homem.

A respeito da s a ssertiva s supra, Valério de Olive ira Ma zzuo li comenta:

O s t r a t a d o s in t e r n a c i o n a is d e p r o t e ç ã o d o s d ir e i t o s h u m a n o s r a t if ic a d o s p e l o Br a s i l p a s s a m a i n c o r p o r a r - s e a u t o m a t ic a m e n t e n o o r d e n a m e n t o b r a s i l e ir o p e l o q u e estabelece o § 1° do artigo 5° da noss a Cons tituição: “As n o r m a s d e f i n id o r a s d o s d ir e it o s e g a r a n t i a s f u n d a m e n t a is tem aplic aç ão im ediata”. ( MAZZUOLI, 2000, p. 179).

Outro ponto que d emonstra a importância deste assunto para o nosso orde namento jurídico , inclusive constitucionalmente, é justamente o trata mento que é dado para os tratados e conven ções internacionais sob re Direito s Humano s, mais especifica mente no § 3°

do inciso L XXVIII d o Artigo 5 ° da Con sti tu ição Fede ral de 1988:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

A Constituição Fe deral do Bra sil de 1988, é comenta da por Flá via Pio vesa n à luz do s princípios que norte iam as relaçõe s internacionais:

N a r e a l i d a d e , t r a t a - s e d a p r im e ir a C o n s t it u i ç ã o b r a s i l e ir a a c o n s a g r a r u m u n i v e r s o d e p r in c í p i o s a g u i a r o Br a s i l n o c e n á r i o i n t e r n a c i o n a l , f ix a n d o v a l o r e s a o r i e n t a r a a g e n d a i n t e r n a c i o n a l d o B r a s il in ic i a t i v a p a r a l e l o n a s e x p e r i ê n c i a s c o n s t it u c i o n a is a n t e r io r e s . ( PI O V E S AN , 2 0 0 0 , p . 5 9 ) .

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Em relação à afirmação acima , o posicionamento de Paulo Roberto de Almei d a reforça, e ainda amplia :

C a b e , a n t e s d e m a i s n a d a , m e n c i o n a r a c o n t r i b u iç ã o o r ig i n a l , n o c a m p o d a s r e l a ç õ e s i n t e r n a c i o n a is d o Br a s i l, f e i t a p e l a C o n s t i t u i n t e C o n g r e s s u a l d e 1 9 8 7 - 1 9 8 8 , n o s e n t id o d e c o d if ic a r a l g u m a s o r ie n t a ç õ e s g e r a is e m m a t é r i a d e p o l í t ic a i n t e r n a c i o n a l. ( AL M EI D A, 1 9 9 0 , p . 5 7 ) .

A Constituição de 1988 queb ra com a ditadura e com o formalismo do costume e hábito das cartas ante riores consagrando os dire itos fundamentais do homem como sendo matéria de ordem internacional, ensejando na pr ática a busca de adoção de uma postura de prote ção aos direito s humanos em suas relações exte riores.

A respeito do Asilo Político na esfera mundial, Júlio Marino de Ca rva lho acrescenta :

M o d e r n a m e n t e , d e i x o u d e s e r p r i n c í p io t ã o - s ó c o n s u e t u d i n á r io , p a r a e n t a l h a r - s e n a le g i s l a ç ã o e s t a t a l, a s c e n d e n d o m e s m o a o p i n á c u l o d o D ir e i t o F u n d a m e n t a l o n d e p a r t ic i p a o s e l e t o e le n c o d o s d ir e i t o s i n d i v i d u a is d e g r a n d e n ú m e r o d e n a ç õ e s . As s im , u m a ve z f ir m a d a a p e r s p e c t i v a j u r í d ic a d o a s i lo , n a g a r a n t ia d e s u a n a t u r e za c o n s t it u c io n a l, o a s i l o f o i in v e s t i d o d a s g a l a s j u r í d ic a s . E n f im , j á s e p o d e f a l a r e m d ir e it o d e a s il o , s e m e n g u l h o s c u lt u r a is e s e m a i n s u r g ê n c ia d u m a u l t r a p a s s a d a o r t o d o x i a j u r í d ic a , m e s m o q u a n d o a m e n t a l id a d e r e s t r it i v a d e a lg u n s Es t a d o s n ã o q u e ir a m a c e it á - l o n e s s e s t a t u s. C o n f o r m e a lu s ã o j á f e it a , n o s d i a s q u e c o r r e m , o a s il o e r e f ú g io f a ze m p a r t e i n t e g r a n t e d o D ir e i t o I n t e r n a c io n a l d o s d ir e it o s h u m a n o s e p o u c o s E s t a d o s a in d a n ã o o i n c lu í r a m n a s u a C a r t a p o l í t ic a [ s ic ] ( C AR V A L H O , 2 0 0 0 , p . 2 2 ) .

Com os com entários acima, vê-se qu e o instituto do asilo político está contid o numa esfera quase que mundial e que em quase sua totalidade d e nações há a pre visão em suas ca rtas correspondentes, ou seja, a importância e stá sendo reconhe cida.

Insta salientar qu e a aplicação deste instituto não é obrigató ria a nenhum Estado, sendo que este ato deverá depende r de vá rias análise s do caso fá tico em questão.

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2.2 – Século XX: Segunda Dimensão de Direitos:

Bath, em 1950 definiu este instituto como sendo “a proteção que u m Estado outorga em seu território ou em outro luga r dependente de algum de seus órgãos a um indivíduo que o solicita”

(Annuaire de L’Institut de Droit International).

O Asilo Po lítico, ao lo go do s tempos foi sofrendo altera ções substan ciais de maneira din âmica conforme mudanças na sociedade, passan do desde a época dos sace rdotes, ép oca esta em que o único meio de se contro lar a ferocidade dos p rimitivos e ra n a base da religião, criando -se um asilo para os delin qüentes, lu ga r que os ofendidos por estes não tinham a bravu ra de persegui -los. Este instituto, portanto passa por modifica ções desde a época em que a religião era o p rin cipal alice rce até os tempos de hoje , que vá rio s autores o defendem como um Dire ito Internaciona l que demonstra a exp ressão dos Dire itos Humanos.

Muito s pensam qu e o Asilo só e xiste no América Latina, Júlio Marino de Ca rvalho enfatiza o contrário e tece o comentário a respeito de outra s nações que se fize ram necessá rio a utilização do instituto asila r :

J á s e t o r n o u a b s u r d a a i d é i a q u e a n e c e s s i d a d e d e a ç õ e s h u m a n i t á r i a s d e s o c o r r o a p e r s e g u i d o s p o l í t ic o s s ó e x is t e n a Am é r ic a L a t i n a , c o m s e u s a p e g o s p e r s o n a lí s s im o s e r e b e l i õ e s i d e o l ó g ic a s e p a r t id á r i a s . N a d e r r a d e ir a d é c a d a d o s é c u l o X X , p r e s e n c ia m o s o a t r o p e l o d e m il h a r e s d e d e s e s p e r a d o s m u ç u lm a n o s , b o s n i a n o s e c r o a t a s , la n ç a r e m - s e s o b u m a r e f r e g a d e f o g o p e l a s f r o n t e ir a s c o n f u s a s d o s B á lc ã s , e m b u s c a d e s e g u r a n ç a e r e f r i g é r i o . C o m o a B ó s n i a - H e r ze g o v i n a é u m a r e g i ã o e u r o p é i a , c o n c lu i - s e q u e o d ir e it o d e r e f ú g i o , c o m o im p le m e n t o d e g a r a n t ia d e d ir e i t o s h u m a n o s , n ã o é d e f a ze r - s e p r e s e n t e t ã o - s ó n o n o v o C o n t in e n t e , m a s a c a t a d o u n i v e r s a lm e n t e e m t o d o s o s t e r r i t ó r i o s o n d e h a j a h o m e n s o d i e n t o s e m lu t a c o n t r a h o m e n s f r a g i li za d o s . ( C A R V AL H O , 2 0 0 0 , p . 2 1 ) .

Ponto contro ve rtid o está ao pensar no instituto asilar como sendo um meio pelo qu al um Estado interfere na

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“Administração Íntima” de outro, o que não é de todo verdade, haja vista o Asilo se r u ma interferência in ternacional sim, porém para que se e vite a con sumação da violação d os direito s do hom em. Como diz José Ma ga lhães Godinho:

N ã o d e v e e s q u e c e r - s e q u e o d ir e it o d e As i lo é u m d ir e it o a u t ô n o m o f u n d a m e n t a l d o h o m e m o u , s e p r e f e r e , o e x e r c í c io , o m e i o d e d e f e s a d e u m d ir e i t o e s s e n c i a l, o d ir e i t o à v id a , à li b e r d a d e , à j u s t iç a e à s e g u r a n ç a , c o m v is t a a o p l e n o d e s e n v o l vim e n t o d a p e r s o n a li d a d e h u m a n a . ( G O D I N H O , 1 9 7 3 ) .

Hugo Moncada enfatiza que o asilo é uma das formas de proteção dos direitos mín imos da pessoa humana, naquele s momentos em que o Estado loca l, d evido á pe rtu rbação de várias ordens, não puder ou não quiser asse gu rar e stes mesmo s direito s.

Há ainda quem seja contra, dizend o que o asilado é aquele que pratica atos contra a própria pátria e por ver -se derrotado nos seus planos foge da persecução estatal, “acovardando -se”.

Charles W iesse é um dos que não ace itam o Asilo e diz que:

S e , e m s u a o r ig e m , e s t e d i r e i t o d e a s il o n ã o f o i s e r i a m e n t e a t a c a d o , d e ve - s e e v id e n t e m e n t e à f r e q ü ê n c i a d a s m u d a n ç a s d e r e g im e r e s u l t a n t e s d e r e v o l u ç ã o . C a d a c h e f e d e p a r t id o , u m a v e z c h e g a d o a o p o d e r , j u l g a r á ú t i l n ã o d e s c o n h e c ê - lo , a f im d e p o d e r u s á - l o , c h e g a d o o c a s o d e q u e e l e p r ó p r i o v e n h a a e s t a r e x p o s t o à p e r s e g u iç ã o d e s e u s a d v e r s á r io s p o l í t i c o s . (W I ES S E, 1 8 9 8 , p . 2 0 2 ) .

O que comenta Otto Kirchheimer é que na ve rdade, o s tribuna is que atua m neste s tipos de delito s (político s), embora os Juízes que fazem parte de les tenha m ilibada conduta funcional, não funcionam adequadamente, haja vista a parcialidade da “Justiça Política”, como comenta Celso D. Albuquerque Mello:

A p a r c i a l i d a d e p o d e - s e d i ze r , é a g r a n d e c a r a c t e r í s t ic a d a j u s t iç a p o l í t ic a e e la é t a n t o m a is a c e n t u a d a q u a n t o m a i o r f o r o a u t o r i t a r is m o d o s is t e m a p o l í t ic o . A j u s t iç a p o lí t ic a v is a a a t i n g i r f i n s p o lí t ic o s . A f in a l i d a d e d e s e s u b m e t e r e m c r im e s p o lí t ic o s a a p r e c i a ç ã o d e u m t r i b u n a l é d a r à p o p u la ç ã o u m a a p a r ê n c ia d e im p a r c i a l id a d e e l e g a l id a d e , o q u e g e r a u m a s e n s a ç ã o d e s e g u r a n ç a . ( M E L L O , 1 9 7 8 , p . 1 5 3 ) .

(27)

Os motivo s da p erse guição, que d ão oportunidade do asilo, em regra são: dissidência política, livre manifestação de pensamento ou, ai nda, crimes re lacionados com a seguran ça do Estado, que não co nfigurem delitos no dire ito penal comum.

O que vemos a qui é o conflito de d ire itos, a soberan ia d o Estado em confronto com os Dire itos Humanos do indivíduo, conflito este que se de ve resolve r p endendo-se para a dign idad e da pessoa humana, e não só visto como um só individuo, mas faze ndo -se assim a concretiza ção da proteção deste s d ire itos a qua lquer ser da face da Terra. Portanto, esse tipo de acolhimento de estran geiro ou apátrida por pa rte de um Estado que não o seu, em virtude de problemas político s, ocorre de vido ação praticada po r seu próprio país ou por te rce iro.

2.3 – O Asilo Político na Terceira Dimensão de Direitos:

Noberto Bobbio diz na obra A era dos direitos que a terce ira ge ração d e dire itos tem in ício com a Declaraçã o dos Dire itos do Homem e do Cidadão, da Orga nização das Na çõ es Unidas. O mais co rreto talve z fosse usar o te rmo dimensão. O a utor diz que mesmo não tendo uma efetividade total nestes d ire ito s de terce ira dimensão, eles são um estado ideal que se de ve almeja r, comentando ainda que os d ireitos nasçam quando podem ou precisam nascer n o momento adequado. É o que acontece com o Direito de Asilo, su rgido nos momentos onde hou ve nece ssidade.4

Esse Direito Con stitucional Int erna cional podendo ser visto como e xp ressão dos Direito s Humanos é de vital importância , grande za esta comentada por Jú lio Marino de Carvalho:

4 Norberto Bobbio, A Era dos Direitos, ob., cit., p. 57.

(28)

As s im é d e m o n s t r a d a a g r a n d e za d o As i lo P o lí t ic o , i n s t it u iç ã o d e a d m ir á v e is p r o p ó s i t o s h u m a n i t á r i o s , u m a ve z q u e t o d o o a c u s a d o f a z j u s a u m j u lg a m e n t o c o n f i á ve l n a s u a im p a r c i a l id a d e . A d m it ir t e s e c o n t r á r i a é t o l e r a r a n e g a ç ã o p u r a e s im p l e s d a j u s t iç a , c o n d u t a f la g r a n t e m e n t e o f e n s o r a d o s d i r e i t o s h u m a n o s , o q u e n ã o é d e t o l e r a r - s e n o s d i a s d e h o j e . ( C A R V A L H O , 2 0 0 0 , p . 2 3 5 ) .

O Direito de Asilo é protegido na Declara ção Universal dos Direito s do Homem, a qual te ve sua proclamaçã o aos 10 de Dezembro de 1948 e reconhece o respeito “universal” da personalidade ju ríd ica do ind ivíduo, reconhecendo este como sujeito de Direito Internacional.

A própria Constitu ição Federa l de 1 988 reconhece este Instituto, dando o devido respa ldo em seu artigo 4°, X conforme já citado acima.

A respeito do te rritório Su l -americano , o pensador Isido ro Moreno Ruiz come nta que “Nas Repúblicas latino-americanas, o asilo diplomático é respeitado como um prin cípio de direito público indiscutível”.5

A respeito dos atuais tempos, no tocante aos Direito s Internacionais e Direito s Humanos, re lata Antonio Au gusto Cançado Trindade:

H o j e s e r e c o n h e c e , - c o m o e x p r e s s a d o n o s d o c u m e n t o s f in a is d o r e c e n t e c i c l o d e C o n f e r ê n c ia s M u n d i a is d a s N a ç õ e s U n i d a s d a d é c a d a d e n o ve n t a e d a p a s s a g e m d o s é c u l o , d e q u e t i v e a o c a s iã o d e p a r t ic i p a r , - q u e c a b e d is p e n s a r u m t r a t a m e n t o e q u â n im e à s q u e s t õ e s q u e a f e t a m a h u m a n id a d e c o m o u m t o d o ( e r r a d ic a ç ã o d a p o b r e za , a p ro t e ç ã o d o s d i r e i t o s h u m a n o s, a r e a li za ç ã o d a j u s t iç a , a p r e s e r v a ç ã o a m b i e n t a l, o d e s a r m a m e n t o , a s e g u r a n ç a h u m a n a ) , e m m e i o a u m s e n t im e n t o d e m a i o r s o l i d a r i e d a d e e f r a t e r n id a d e . O r e c o n h e c im e n t o d a l e g i t im id a d e d a p r e o c u p a ç ã o d e t o d a a c o m u n i d a d e i n t e r n a c io n a l c o m a s c o n d iç õ e s d e v i d a d e t o d o s o s s e r e s h u m a n o s e m t o d a s a s p a r t e s d o m u n d o c o r r e s p o n d e a o n o v o e t h o s d a a t u a l id a d e , d o m e s m o h is t ó r ic o q u e v i v e m o s . ( T R I N D A D E, 2 0 0 6 , p . ix ) .

O instituto histórico nasceu na Antiguidade, mas a “Lei Maior” colocou o asilo como uma norma principiológica, ou seja, as

5 Isidoro Moreno Ruiz, Comandos em Acción, ob., cit., p. 491

(29)

relaçõe s internacio nais se rão re gida s à lu z do princíp io d a concessão de asilo, a rtigo 4°, X da Constituiçã o Federal, bem como que as normas de Dire ito Intern acional que ve rsa rem sob re Dire itos Humanos terão caráter de Emenda Constituciona l, se gundo art. 5°, LXXVIII, § 3° do re ferido documento.

Esta e volução do Instituto Asilar Po lítico se de ve ao fato das mudanças ocorridas no deco rre r dos tempos, lite ralmente evo luindo junto co m os dire itos humanos para que chegasse aos d ia s atuais, tendo exp licitamente um valor humanitário e ga rantindo a libe rdade de e xpre ssão política contra -majoritá ria.

Essas mudanças le varam em co nta esse va lor em conside ração , ou seja, um direito individual de fa ze r oposição política e manifestar críticas, aplicando-o nos ca sos práticos e acarretando em uma análise à lu z desta influência d o sentimento humanitário que de ve pa irar sobre o a ssunto.

2.4 – Conceituação, Modalidades e os Requisitos de Aplicação:

Há na doutrina inú meras definições, mas o que fica cla ro é que semp re se b usca destaca r a co ndição de um direito individual de expre ssa r as id éias contrá rias , qu e buscou -se garan tir po r meio da colabora ção pre vista na s re gras do Direi to In ternacion al Público. O conceito de Asilo, por Carvalho (2000, p. 01): “[...] sobrevém de um composto gre go, o qual é formado por a (p rivação, ne gação) e siolo s ou silos (violência, à força), ou seja, é o que não pode ser à força, violentamente”.

Nos dia s atuais, encontra -se apena s uma modalidad e deste instituto, é o Asilo Político Internaciona l. Este é destinado à pessoa a qua l busca proteção e seguran ça ju rídica em territó rio estran geiro po r ser considerada, em seu próprio pa ís, so lapadora po r prática de atos po lítico -sociais.

(30)

A conceituação do Asilo po lítico Inte rnaciona l é, por su a ve z, comentada po r Jú lio Marino de Carvalho :

T a m b é m é a s i lo i n t e r n a c i o n a l, o q u e le v a p e s s o a s o u m u lt id õ e s a c r u za r f r o n t e ir a s , p r e m i d a s p o r p r o b l e m a s d e s o b r e v i v ê n c i a m o r a l o u m a t e r i a l . H á m il h a r e s d o s q u e s ã o c r u e lm e n t e t r a n s f o r m a d o s e m e x c r e ç ã o d a s i n t o le r â n c ia s r a c ia is , t r i b a is e r e li g i o s a s e p r i va d o s d a p a z e s e g u r a n ç a . L e v a d o s p o r u m a r é s t e a d e e s p e r a n ç a f r a n q u e i a m f r o n t e ir a s n a c i o n a is , c l a m a n d o p o r s o c o r r o [ s ic ] . ( C A R V A L H O , 2 0 0 0 , p . 2 9 )

.

Este modalidade entendida como Asilo Inte rnacional é subdividida po r algun s autore s em Territo ria l (f orma mais esplêndida ), Diplo mático (ca ráter p rovisó rio ) e/ou Militar (diferença apenas nos loca is de concessão ) .

O Asilo Territo ria l é conceituado como sendo a resignação de um estrange iro por uma nação, em territó rio pátrio a qual é exe rcida sua sob erania, com o intuito de p roteção de direito s fundamentais, ta is como a liberdade e a vida, ha ja vista o risco gra ve inerente em que se e ncontra o asila do do país a qual se origina, devido a grande s tumultos sociais e p olíticos.

Este é um modelo puro, imacu lado, sendo aceito em tod o e qualque r nação internaciona l. O Brasil é signatá rio d esta espécie também e chegou a participa r de uma Conve n ção ocorrida em Caraca s na Venezue la, a qua l o objeto principal era o Asilo Territo ria l em 19 57. Há a p re visã o deste Asilo na Declara ção Unive rsa l dos Direitos do Homem, mais especificamente em seu artigo 14, §§ 1 ° e 2 °:

§ 1 ° : T o d o h o m e m , ví t im a d e p e r s e g u iç ã o , t e m o d ir e i t o d e p r o c u r a r e g o za r a s i lo e m o u t r o s p a í s e s .

§ 2 ° : Es t e d ir e it o n ã o p o d e s e r i n vo c a d o e m c a s o d e p e r s e g u iç ã o l e g i t im a d a m e n t e m o t i v a d a p o r c r im e s d e d ir e it o c o m u m o u p o r a t o s c o n t r á r i o s a o s o b j e t i vo s e p r i n c í p i o s d a s n a ç õ e s u n i d a s .

A concessão do Asilo Territo ria l, se preenche r todos os re quisitos, é inte rn acionalmente inque stioná ve l.

(31)

Quanto ao Asilo Diplomático, Ge isa Santos Sca glia tece o comentário:

I n s t a e s c l a r e c e r , a i n d a , a c o n c e it u a ç ã o p r á t ic a d o a s il o d ip l o m á t ic o , q u e é u m a m o d a l id a d e p r o v is ó r i a e p r e c á r i a d o a s il o p o l í t ic o . D if e r e n t e m e n t e d o a s i l o t e r r i t o r i a l, n o a s i lo d ip l o m á t ic o o Es t a d o c o n c e s s o r d o a s i l o o d e f e r e , a o p e r s e g u i d o , f o r a d o s e u t e r r i t ó r i o , is t o é , n o t e r r i t ó r i o d o p r ó p r i o Es t a d o e m q u e o i n d i v i d u o é p e r s e g u i d o . O s e s p a ç o s , d e n t r o d o p r ó p r i o t e r r i t ó r i o o n d e é c o n c e d i d o a a s il o d ip l o m á t i c o , a b a r c a m a q u e le s q u e e s t ã o is e n t o s d a j u r is d iç ã o d e s s e Es t a d o . N ã o s ã o a p e n a s a s e m b a ix a d a s , m a s t a m b é m s e p o d e m e n g l o b a r a s r e p r e s e n t a ç õ e s d ip l o m á t ic a s , n a v i o s d e g u e r r a , a c a m p a m e n t o s o u a e r o n a v e s m il it a r e s ( S C A G L I A, 2 0 0 9 , p . 3 3 ).

Comentário importante a respeito d esta modalidade do Instituto Asilar é de José Francisco Re zek, que a co nsidera como prática e xclusiva d a América latina:

S ó n o s p a í s e s s u l - a m e r ic a n o s , e m vir t u d e d a a c e i t a ç ã o c o s t u m e ir a d e s t e i n s t i t u t o , p o d e e l e o c o r r e r . N a t u r a lm e n t e , o a s il o n u n c a é d i p l o m á t ic o e m d e f i n it i v o : e s t a m o d a l id a d e s i g n if ic a a p e n a s u m e s t á g i o p r o v is ó r io , u m a p o n t e p a r a o a s il o t e r r i t o r i a l, a c o n s u m a r - s e n o s o l o d a q u e l e m e s m o p a í s c u j a e m b a i x a d a a c o lh e u o f u g i t i v o , o u e ve n t u a lm e n t e e m s o lo d e t e r c e ir o p a í s q u e o a c e it e . ( R EZ E K , 2 0 0 2 , p . 2 0 8 - 2 0 9 ) .

Conclu i-se que e sta modalidade de asilo não é de absoluta aplicab ilidade in questioná vel, haja vista ser apenas uma etapa, pro visória, para o Asilo Territoria l. Insta salientar que esta modalidade está pre vista na Con venção de Ha vana, de 1928, Con venção de Mon tevidéu, de 1933, e na Con venção de Caraca s, de 1954.

O Asilo Milita r é aquele que se d ifere do Asilo Diplomático no tocante aos locais em que é concedido asilo, sendo estes, a bordo de navio s particip antes de certas batalhas no caso de uma guerra declarada , aerona ves de cunho militar ou em acampamento de tropas milita res que se ocuparem em território estran geiro.

Como vimos na p ró pria Carta de D e cla ração Unive rsa l do s Direito s do Home m têm -se os re qu isitos pa ra aplica çã o do instituto asila r, qua is seja a perse gu ição, sendo que esta não seja

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