Laboratório de Raios Cósmicos
Slides das Aulas Teóricas: particle detection
Fernando Bar ˜ao
barao@lip.pt
Departamento de F´ısica
IST - Instituto Superior T ´ecnico
Métodos de detecção de
partículas
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -3- particle detection
Métodos de detecção de partículas
✔
Detectores de Cintilação
✔
Detectores de Radiação de Cerenkov
✔
Detecção de Fotões
✔
Detectores de partículas
◮
detectores no espaço e em anéis de colisão
◮
medida de velocidade
◮
medida do momento linear
◮
medida da energia
Detecção por Cintilação
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -5- particle detection
Cintiladores
Materiais cintiladores caracterizam-se por fazerem a conversão da energia perdida pelas partículas incidentes em energia luminosa (fotões).
✔
pertencem à categoria dos materiais luminiscentes : absorvem energia (radiação, calor, ...) e reemitem-na na forma de luz visível✔
fluorescência : componente de reemissão rápida da luz visível (∆t < 10
nsec)✔
fosforecência : componente de reemissão mais lenta Tipos de Cintiladores✔ Inorgânicos
◮ grande densidade e Z : cristais NaI, CsI, BGO, BaF2, ...
◮ materiais higroscópicos (absorvem água)
◮ bom light yield
◮ emissão de luz lenta : componente elevada de fosforecência (∼ 500nsec)
✔ Orgânicos
◮ low Z materials
◮ poliestireno dopado com moléculas fluorescentes ; monocristais : naphatlene, anthracene, ...
◮ menor light yield que nos cintiladores inorgânicos
◮ emissão de luz rápida
Bom Cintilador
✔ grande eficiência na conversão de energia
✔ grande transparência para a radiação fluorescente
emitida
✔ espectro de emissão adaptado aos detectores de
fotões
Cintiladores
Material eV/fotão Tempo (nsec)
λ
max (nm)ρ
(g/cm3) dEdx (mip) (MeV/cm) nAnthracene 60 (100%) 30 447 1.25 1.62
Plástico NE104 88 (68%) 1.9 406 1.032 1.58
NaI 26 (230%) 230 413 3.67 4.8 1.85
BGO 173 300 480 7.13 9.2 2.20
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -7- particle detection
Detecção por emissão de
radiação de Cerenkov
Perda de energia por radiação de Cerenkov
particula v>c/n θ
v θ
Constante de estrutura fina (α) Mede o poder da interação electromagnética ; α = e 2 4 π ε0hc = 1 137 Chromaticidade :n(λ) 1 n2 = 1− C ω2 0 − ω2 ω = 2 π c λ ω0 ≡freq. do meio Quando uma partícula carregada de energia
E
atravessa um meio materialcom uma velocidade
v
maior que a velocidade da luz no meiov
c= c/n
, existe a emissão de frentes de onda coerentes na direcçãocosθ
c=
βn1 . número de fotões emitidosO número de fotões emitidos por unidade de comprimento (
x
) e por unidade de energia dos fotões radiados (E
γ) :d
2N
dE
γdx
=
α
2z
2r
em
ec
2sin
2θ
c=
α
2z
2r
em
ec
2„
1
−
1
β
2n
2«
≃
370 z
2sin
2θ
c(E)
[eV
−1.cm
−1]
N
γ≃ z
2370 L
R
Eε(E)
“
1
−
β2 n(E)1 2”
dE
ε(E)
≡
eficiência de detecção dos fotõesespectro dos fotões emitidos dN dEγ
≃ cte
⇒
dN dλ=
dN dEγ dE dλ⇒
dN dλ∝
h c λ2Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -9- particle detection
Radiação de Cerenkov
10 20 30 40 50 60 10 7.5 5 4 3 2 1 0Momentum per nucleon (GeV/c/n)
Cerenkov angle (degrees)
0.01 0.1 1 10 7.5 5 4 3 2 1
Momentum per nucleon (GeV/c/n)
Cerenkov signal
aerogel agua plastico
Fotões radiados fazem um ângulo
θ
c com direcção da partícula. c θ ângulo de aberturaθ
ccos θ
c=
1
β n
=
1
n
s
1 +
„ mc
p
«
2Número de fotões radiados
N
γ∝
sin
2θ
c∝
„
1
−
1
n
2β
2«
∝
"
1
−
1
n
2"
1 +
„ mc
p
«
2##
γ
ththresholdγ
th2=
1
1
− β
2=
n
2n
2− 1
⇒
γ
th=
n
√
n
2− 1
Radiação de Cerenkov : meios radiadores
meio
tipo
n
θ
c(max)
[
o]
sin
2θ
c(β = 1)
He
gás
1.000035
0.48
Ar
gás
1.000283
1.36
Isobutano
gás
1.001270
2.89
Freon
líquido
1.233
35.8
Água
líquido
1.333
41.25
Aerogel
sólido
1.025-1.075
12.7-21.5
NaF
sólido
1.334
Quartz
sólido
1.46
46.7
Plexiglas
sólido
1.5
48.19
0.5556
Plástico cintil
sólido
1.581
50.76
0.5999
BGO
sólido
2.15
62.3
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -11- particle detection
Radiação de Cerenkov na água e PMMA
45
40
35
30
25
20
15
10
300
250
200
150
100
50
0
kinetic energy (MeV)
Cerenkov angle (deg)
agua (n=1.33) pmma (n=1.49)
600
500
400
300
200
100
300
250
200
150
100
50
0
kinetic energy (MeV)
Number of Cerenkov photons/cm
mu (agua) mu (pmma)
e (agua) e (pmma)
✔
The number of photons (/cm) is calculated taking into account∆E
∼ 2.5
eV✔
The photomultiplier mean efficiency forλ : [270, 650]
nm and cerenkov (1/λ
2) spectrum is∼ 10
%Detecção de fotões
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -13- particle detection
Detecção de fotões
O objectivo é converter o sinal luminoso gerado pela passagem de partículas em meios opticamente transparentes num sinal eléctrico detectável.
✔
photomultiplier (PMT)os fotões incidentes são convertidos em electrões por efeito fotoeléctrico num fotocátodo ; a carga é amplificada por um sistema de dínodos.
✔
hybrid photomultiplier (HPMT)os fotões incidentes são convertidos em electrões por efeito fotoeléctrico num fotocátodo ; a amplificação de carga é realizada através da aceleração do electrão num forte campo eléctrico (
∼ 20
KV), incidindo este num díodo semicondutor.✔
silicon photodiodes✔
avalanche photodiodes (APD)os fotões incidentes criam pares electrão-lacuna sendo a carga amplificada na região da junção p-n onde existe um forte campo eléctrico.
✔
geiger-mode avalanche photodiodes (MPPC)os fotões incidentes criam pares electrão-lacuna sendo a carga amplificada na região da junção p-n onde existe um campo eléctrico muito forte.
Detecção de fotões : requisitos
✔
efeito fotoeléctrico
os fotões incidentes são convertidos em electrões - fotoelectrões (p.e)
✔
grande sensibilidade
A sensiblidade expressa-se através de :
quantum efficiency :
εQ
=
Np.e Nγcathode radiant sensitivity :
Razão entre a corrente de cátodo e o fluxo de radiação incidente
S =
PI=
Np.e e/t Nγ hν/t=
Np.e Nγ λ hc/e= εQ
λ [µm] 1.24[A/W]
uma vez que :
hce= 12.4
× 10
−7[J/s]
✔
low noise
o ruído corresponde a emissão espontânea de electrões (PMTs)
✔
gain stability
✔
high active area
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -15- particle detection
Detecção de fotões : fotomultiplicador
Os fotões emitidos pelos cintiladores ou pelo efeito de Cerenkov podem ser detectados por
Photomultiplicadores (PMT). Estes dispositivos são compostos de :
✔
janela de entrada transparente (quartzo ou vidro)
✔
película de fotocátodo depositada na parte interna da janela de entrada, sensível à luz e onde se
realiza a conversão de fotão em electrão (fotoelectrão)
Fotomultiplicador : imagens
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -17- particle detection
Fotomultiplicador : janela de entrada
A transmissão na janela de entrada do
fotomultiplicador depende do comprimento de onda
do fotão.
✔
Borosilicate window
λ > 300
nm
✔
UV glass
λ > 180
nm
Fotomultiplicador : fotocátodo
Fotões incidentes no fotocátodo do fotomultiplicador interagem com este e por efeito
fotoeléctrico, um electrão é emitido (fotoelectrão).
✔
fotoelectrão emitido isotropicamente
Bialkali photocathode
+
borosilicate window :
✔
Eficiência máxima :
λ = 390
nm
✔
Sensibilidade :
λ
∼
[300,700] nm
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -19- particle detection
Fotomultiplicador : grelha de dínodos amplificadora
✔
existe campo eléctrico no interior do tubo fotomultiplicador em resultado da diferença de potencial aplicada entre os vários dínodos.✔
o fotoelectrão incide no primeiro dínodo, focado pelo campo eléctrico, existindo uma emissão secundária de electrões.✔
a geometria interna do fotomultiplicador optimiza a eficiência de colecção do fotoelectrão no primeiro dínodoη
.✔
amplificação sucessiva da carga electrónica ao longo dos vários dínodos do tubo.◮ g
i, número de electrões secundários emitidos:g
i∼ 3 − 4
Ganho do fotomultiplicador
O ganho do fotomultiplicador consiste no rácio entre a corrente de ânodo e a corrente de cátodo,
G =
IIak e obtem-se :
G = η
Y
i
g
i∼ η (3 − 4)
12∼ 10
6 ondeη
é a eficiência de colecção do 1odínodo.Fotomultiplicador : photoelectron signal
Um fotão incidente na janela do fotomultiplicador é convertido em um fotoelectrão eamplificado na cadeia deNdínodos.
✔
amplificação média em cada dínodogregulada por uma distribuição de PoissonP (g; n) =
e−gn!gn✔
sinal médio de carga obtido obtido para o sinal de 1 photoelectrão, no ânodo :S
p.e= e g
× g × · · · × g
|
{z
}
N dinodos
= e g
N≡ e G
G = g
N✔
dispersão da amplificação do sinal obtido para 1 photoelectrão, resulta da incerteza estatística (σ
i) na amplificação de electrões existente em cada dínodo i (g
i).“
σSp.e Sp.e”
2=
`
σG G´
2=
P
i“
σi gi”
2tendo em conta que a incerteza estatística associada ao andar de amplificação i depende do número de electrões emitidos nesse andar (
g
i),σ
i=
p
g
i, vem :`
σG G´
2=
“
√gg”
2+
„
√
g2 g2«
2+
· · · +
„
√
gN gN«
2=
g1+
g12+
· · · +
g1N σG G∼
1 √gcatodo
dyn 1
g
e
g 2
g 3
g N
anodo
2
3
N
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -21- particle detection
Fotomultiplicador : photoelectron signal
ID Entries Mean RMS 101 25717 1223. 45.03ADC
Run 611, ch 100
Gain=95.93
Sigma=59.93
1
10
10
210
31200
1300
1400
1500
1600
Espectro obtido pelo fotomultiplicador Hamamatsu R5900 para uma quantidade de luz incidente residual. Pode-se obervar a componente do pedestal e fofoelectrão. Para estatísticas de pequenos números (média
µ
esperada pequena), a distribuição seguida é uma Poisson,P (n; µ) =
e−µn!µnA probabilidade de termos um número de fotoelectrões nulo (n=0) vem então :
P (n = 0) = e
−µDonde o valor médio de photoelectrões detectados neste caso é :
µ = ln P (n = 0)
µ =
NNpedtot
∼
8000Fotomultiplicador : ganho do fotomultiplicador
A tensão total
V
aplicada entre o fotocátodo e o ânodo é repartida
entre os diferentes dínodos através de um divisor de tensão
acoplado ao tubo. Esta repartição de tensões depende das
resistências usadas no divisor de tensão. É habitual exprimir-se a
relação de resistências atribuindo o valor 1 à menor tensão
inter-dínodos,
Vi
=
V
Ri
O factor de amplificação em cada dínodo é proporcional à energia
cinética dos electrões,
gi
= α V /Ri
.
G = η
Y
igi
∼ η
Y
iα
V
Ri
G = a V
bFernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -23- particle detection
Fotomultiplicador : tipos de divisor de tensão
a alimentação de um fotomultiplicador pode ser do tipo :
(+) cátodo à massa e ânodo sob tensão positiva
(-) ânodo à massa e cátodo sob tensão negativa
Diferentes repartições de tensão :
✔
repartição linear
todas as tensões inter-dínodos são iguais ; permite obter um
ganho máximo para uma dada tensão aplicada.
✔
repartição progressiva
as tensões inter-dínodos aumentam progressivamente no sentido
cátodo-ânodo, sendo nos últimos andares muito elevadas. Este
divisor caracteriza-se por um baixo ganho e boa linearidade.
Obtêm-se correntes de ânodo de vários mA.
✔
repartição truncada
repartição progressiva nos últimos andares.
Corrente no divisor (
I
p)
Ip
=
V
RT
∼ 1 mA
Potência consumida
P
P =
V
2RT
Fotomultiplicador : linearidade
A escolha do valor das resistências no divisor de tensão deve ser tal que tenhamos umacorrente no divisorIpsempre muito maior que a corrente média do ânodoIa.
✔ resistência total :RT = PNi=1Ri
✔ corrente eléctrica no divisor :Ip = RTV ∼ 100 × Ia
✔ a multiplicação de electrões em cada dínodo necessita uma corrente de dínodoIdque depende da taxa de fotoelectrões incidentes no dínodo ini = np.e g(i−1), e do factor de multiplicação de electrõesg. Sendo a corrente de electrões incidente no dínodo Iin = ni ee a corrente de electrões emitidaIout = g ni e, vem então a corrente média solicitada pelo dínodo n ao divisor :
Id+ Iin= Iout ⇒ Id = nie (g− 1) = np.e e gn (1− 1g)
✔ a corrente média solicitada por cada dínodo (em especial a do último dínodo, a maior) deve ser muito pequena quando comparada comIp, de forma a não termos variações na tensão de amplificação aplicada ao dínodoVd, que causariam variações de ganho (não linearidade entre a corrente de cátodo e ânodo)
✔ corrente de ânodo para um fotomultiplicador de N dínodos : Ia ≃ np.e e gN
ondenp.e, é a taxa de photoelectrões emitidos pelo cátodo
di+1 di Ip I d V d Ia I d I in I out R (−) ge e R cat anodo
Fernando Barao, Dep. de F´ısica (IST) -25- particle detection
Fotomultiplicador : Dark Current
A dark current de um fotomultiplicador corresponde essencialmente à correntegerada pela emissão espontânea (termoiónica) de electrões nos diferentes andares de amplificação : cátodo e dínodos.
✔ igual probabilidade de emissão de um electrão a partir do cátodo ou dínodos
✔ em primeira aproximação, a distribuição de carga proveniente de “dark current” pode ser obtida a partir da soma de distribuições gaussianas ◮ g(x) = √ 1
2π σe
− 12“x−µσ ”2
◮ a amplificação média do sinal esperada, depende de onde o photoelectrão provém :
cátodo µ = gN 1odínodo µ = gN−1 2odínodo µ = gN−2· · ·
◮ a carga esperada e a largura da gaussiana (σ = √Sg) cátodo e gN σ = e gN√g = gN− 12 1odínodo e gN−1 σ = e gN −1√g = gN− 32 · · ·
Fotomultiplicador : Dark Current
0.01 0.1 1 10 0 0.5 1 1.5 2 number of p.e Dark Current 0.1 1 10 100 1e-04 0.001 0.01 0.1 1 number of p.eDark Current: dynodes contrib
cathode 1st dynode 2nd dynode 3rd dynode