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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LUZIA VIEIRA DA SILVA MOREIRA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: O CASO DA CIDADE DE JOINVILLE-SC CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LUZIA VIEIRA DA SILVA MOREIRA

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: O CASO DA CIDADE DE JOINVILLE-SC

CURITIBA 2014

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LUZIA VIEIRA DA SILVA MOREIRA

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: O CASO DA CIDADE DE JOINVILLE-SC

Trabalho apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de MBA em Gestão Ambiental no curso de pós-graduação em Gestão Ambiental, Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias da Universidade do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Dimas Agostinha da Silva.

Co-orientadora: MsC. Cymara Regina Oshiro.

CURITIBA 2014

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RESUMO

O ser humano necessita, para se manter saudável, de um ambiente equilibrado como nos primórdios das civilizações: antes de ser aviltado pelo excesso de resíduos sólidos descartados, resultante do consumo desenfreado e inconsequente, incentivado pelo marketing em nome do progresso. Os resíduos sólidos produzidos de maneira desordenada e descartado sem responsabilidade, tornou-se alavanca para possíveis catástrofes ambientais que poderiam ser minimizadas através do esforço coletivo da população na reavaliação de suas práticas e hábitos de consumo. A cidade de Joinville tem aproximadamente 546.981 habitantes e no ano de 2012, produziu 118,256 mil toneladas de resíduos sólidos. A coleta seletiva das cooperativas de reciclagem recolheu apenas 11.046 toneladas neste mesmo ano. O presente estudo teve por objetivo avaliar as alternativas de deposição final dos resíduos sólidos coletados na cidade de Joinville-SC. Para tanto foi realizado o levantamento conceitual e legal sobre resíduos sólidos, incluindo suas classificações, diferenças, periculosidade, possibilidade de reciclagem e quais produtos não são, por conta da sua apresentação química ou estrutural, possível de reciclagem. Esta pesquisa observou os progressos alcançados com a coleta seletiva que em 2008 apresentou uma média de 180 toneladas/mês e que em 2012 passaram para 920 toneladas/mês. A administração pública da cidade, busca em caráter emergencial, propostas que viabilizem um melhor aproveitamento desses resíduos sólidos recicláveis produzidos em vários segmentos que poderiam render, através de tratamento adequado, créditos de carbono para a municipalidade.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Reciclagem. Coleta Seletiva.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 06

2 OBJETIVOS ... 08

2.1 OBJETIVO GERAL ... 08

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 08

3 REVISÃO DA LITERATURA ... 09

3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS... 11

3.1.1 CONAMA: Resíduos Sólidos... 12

3.1.2 ABNT: Normas Técnicas... 13

3.2 FONTES GERADORAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 14

3.3 COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 17

3.4 CAPACIDADE DE DEGRADABILIDADE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 18

3.5 CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SOLIDOS... 3.5.1 Características Físicas dos Resíduos Sólidos... 3.5.2 Características Químicas dos Resíduos Sólidos... 18 19 19 3.5.3 Características Biológicas dos Resíduos Sólidos... 19

3.6 RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS ESPECIAIS... 20

3.7 RESÍDUOS SÓLIDOS: REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA NO BRASIL... 3.7.1 Constituição Federal... 3.7.2 CONAMA: Legislação... 3.7.2.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos: Algumas Considerações... 3.7.3 Outras Normativas Brasileiras ... 21 21 22 24 25 3.7.4 Legislação do Estado de Santa Catarina... 26

3.7.5 Legislação Municipal... 27

3.8 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS... 30

3.8.1 Processos de Destinação dos Resíduos Sólidos... 34

3.8.1.1 Reduzir, Reutilizar e Reciclar (Princípio dos 3Rs)... 34

3.8.2 Reciclagem... 36

3.8.2.1 Conceitos Básicos: ‘Reciclagem’... 39

3.8.2.2 Importância da ‘Reciclagem’... 39

3.8.2.3 Resíduos Recicláveis e Não Recicláveis... 41

3.8.2.3.1 Material Reciclável: Alumínio... 43

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3.8.2.3.2 Material Reciclável: Papel e Papelão... 43

3.8.2.3.3 Material Reciclável: Plástico... 44

3.8.2.3.4 Material Reciclável: Vidro... 47

3.8.3 Resíduos Orgânicos: Compostagem... 49

3.9 PRINCIPAIS FORMAS DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS... 51

3.9.1 Coleta Seletiva: Resíduos Sólidos Urbanos... 52

3.9.1.1 Coleta Seletiva: Modelos... 53

3.9.1.2 Coleta Seletiva: Pontos Positivos... 54

3.9.1.3 Coleta Seletiva: Pontos Negativos... 55

3.10 PROCESSOS DE TRATAMENTO DOS RESÍDUOS COLETADOS.…….... 56

3.10.1 Usinas de Incineração...……… 56

3.10.2 Usinas de Reciclagem... 57

3.10.3 Usinas de Compostagem... 57

3.11 DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 58

3.11.1 Aterro Sanitário... 58

3.11.2 Aterro Controlado... 60

3.11.3 Lixões a Céu Aberto... 61

4 MATERIAL E MÉTODO... 63

4.1 JOINVILLE-SC: O CAMPO DE ESTUDO... 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES... 5.1 RESÍDUOS SÓLIDOS: REALIDADE JOINVILENSE... 63 66 69 5.2 ALTERNATIVAS PARA MELHOR APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ... 80

6 CONCLUSÕES... 83

REFERÊNCIAS... 85

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1 INTRODUÇÃO

Grande parte dos municípios brasileiros não possui qualquer controle sobre os resíduos sólidos urbanos ou rurais produzidos sobre sua jurisdição, não oferecem a opção da coleta seletiva no período urbano o que configura prática grave além de oferecer sérias consequências ao meio ambiente como por exemplo a contaminação extrema do solo, lençóis freáticos, poluição do ar, favorecendo o aparecimento de focos de doenças desencadeadas por organismos patogênicos, transmissores de doenças infectocontagiosas, causando problemas de ordem pública.

O trato inadequado dos resíduos sólidos, sejam eles de qualquer procedência, acarreta grande desperdício, além de contribuir para a ampliação das desigualdades sociais e econômicas, revelando ser uma forte ameaça à saúde publica contribuindo cada vez mais com a degradação do meio ambiente, colocando em risco a qualidade de vida de grande parte da população, mais especificamente as dos centros urbanos.

Observando o progresso desenfreado, percebe-se a eminente urgência em se obter processos adequados para o manejo dos resíduos de todas as espécies coletadas, então há a necessidade de se definir políticas corretas que norteiem a gestão e o gerenciamento, assegurando uma melhor qualidade de vida a população e ao planeta, onde haja requisitos reguladores para a saúde pública que venha a proteger o ambiente de circunstâncias e elementos poluentes.

Muitos projetos e pesquisas tratam sobre a situação atual e futura do meio ambiente e afirmam que a saúde do planeta está diretamente ligada ao trato correto e a adequação na destinação final dos resíduos sólidos produzidos pela humanidade.

Por ser a maior cidade do Estado de Santa Catarina em população, por conter um polo industrial bastante diversificado e ser um importante gerador de renda para o Norte do Estado, a cidade de Joinville, precisa também apresentar todos os cuidados necessários para com os descartes processados por sua população, por suas indústrias e demais segmentos a elas ligados. Além de segurança ambiental é preciso diversidade de tecnologias, modernidade dos processos e opções de manejo a fim de preservar a vida saudável que a cidade e sua população possuem e almejam para o futuro.

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O objetivo deste estudo é o de identificar as alternativas de deposição final dos resíduos sólidos coletados em Joinville.

Para tanto, foi preciso um levantamento teórico sobre os resíduos sólidos, conhecer sua classificação, natureza, manejo, possibilidades de reaproveitamento e deposição final, também os tipos de coletas, a periculosidade dos resíduos especiais. Os aspectos legais que envolvem as responsabilidades de manejo e destinação dos resíduos sólidos urbanos em âmbito federal, estadual e municipal, as Leis ambientais que protegem o meio ambiente e regulam sua ocupação e preservação.

Na pesquisa de Sergio Miers defendida em 2010, há uma análise da situação dos resíduos sólidos urbanos acontecida no ano de 2008, na cidade de Joinville e, a partir desta leitura, foi possível promover um comparativo com dados registrados em 2012.

Em todo processo espera-se sempre um crescimento, a conscientização, a mudança, o progresso e em quatro anos, Joinville, alcançou resultados bem significativos em se tratando principalmente da coleta seletiva domiciliar.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar as alternativas de deposição final dos resíduos sólidos coletados em Joinville-SC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

— Conhecer as Leis ambientais que norteiam as práticas de coleta e destino dos resíduos sólidos em Joinville.

— Avaliar os aspectos legais pertinentes aos resíduos sólidos para o município de Joinville-SC e as metodologias legalmente aceitas para contenção e destinação destes.

— Avaliar os dados municipais, quantitativos, do sistema de coleta dos resíduos sólidos urbanos de Joinville-SC

— Caracterizar os pontos de deposição final dos RSU do município.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No decorrer dos anos 60 e 70, com o aumento acelerado da industrialização e uma elevação considerável também no número de habitantes no planeta, por consequência e necessidade, aumenta na mesma proporção o consumo desenfreado de bens duráveis. Com essa procura as indústrias desenvolvem ainda mais suas linhas produtivas e modernizam os processos, para agregar maior qualidade a seus produtos. Para sustentar todo esse processo há um consumo maior de energia, uma maior utilização de matéria prima, de produtos químicos, mas sem qualquer preocupação com o impacto ambiental, sem planos de recuperação dos recursos extraídos da natureza, rios, dejetos, saúde dos trabalhadores e da coletividade que reside no entorno dessas indústrias. (PASSOS, 2002)

Os rejeitos dispensados por esse consumo desenfreado é conceituado como

‘Resíduos Sólidos (RS) e de acordo com as Norma Brasileira Registrada/NBR 10004/ 1987, são:

[...] aqueles resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível.

Esse conceito deixa claro que há uma diversidade e também uma complexidade na concepção de resíduos sólidos. Os resíduos sólidos derivados de processo humano acontecidos nas áreas urbanas são os produzidos em locais onde há maior concentração de pessoas no município, envolvendo resíduos de outras e diferentes origens, como os domésticos, comerciais, de órgãos da saúde, industriais, entre outros. (ZANTA e FERREIRA, 2003)

De acordo com a Lei Ordinária Municipal Nº 5.306/2005 – Joinville – SC, no artigo 3º, “resíduo sólido é o conjunto heterogêneo de materiais e substâncias orgânicas ou não, produzidas pelas diversas atividades domésticas e comerciais do Ser Humano”.

Nos registros de Rodrigues (1998, p. 170) há uma definição para lixo urbano (ou resíduo sólido urbano) que: “corresponde aos agregados de materiais de

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consumo da população – lixo doméstico e o das atividades essenciais da dinâmica urbana”.

A dinâmica urbana pode ser compreendida como o processo da produção de resíduos sólidos urbanos resultantes do cotidiano do homem, de suas ações para adaptar seu local de vivência, a fim de alcançar melhor qualidade de vida, maior conforto.

Conforme Faria (2002, p. 24) o resíduo sólido/lixo pode ser definido, também, como todo e qualquer “resíduo resultante de alguma atividade diária do homem, que são basicamente sobras de alimentos, papéis e papelões, vidros, plásticos, madeira, couros, trapos, gases, sabões, detergentes e outras substâncias descartáveis de forma consciente”.

Para Amorim et al (2010, apud HEMPE e NOGUERA, 2012, p. 685), a produção de resíduos é consequência do modo de vida, cultura, trabalho, também ao modo de como as pessoas se alimentam, praticam sua higiene e outros consumos praticados por elas. Seus estudos registram que o “desenvolvimento de tecnologias e a produção de materiais artificiais, porém a preocupação com a reintegração desses materiais ao meio ambiente não tem sido alvo de preocupação pelas indústrias que a produzem”.

Segundo Layrargues (2002 apud GUANABARA et al, 2008, p.126) “para cada tonelada de lixo gerada pelo consumo, vinte são geradas pela extração dos recursos e cinco durante o processo de industrialização”. Na realidade consome-se muito mais do que há a necessidade, deste modo, “o desperdício que vem junto com o excesso de consumo, também contribui com o aumento dos resíduos gerados”.

Assevera Rodrigues (1998, p. 23), que:

Um grande problema, da intensificação da produção/destrutiva, senão o maior está no que se convencionou chamar de problemática ambiental, na criação de novas necessidades que não satisfazem necessidades humanas enriquecedoras, mas apenas correspondem a modos de vida da sociedade do descartável. E, na sociedade do descartável, o tempo e o espaço são tidos como separados, produzem-se cada vez mais e mais mercadorias que duram cada vez menos – , e utiliza-se de forma intensiva o espaço para produzir mais.

Nesta sociedade evidentemente consumista, todos os dias, são apresentados a população através de grandes campanhas publicitárias, produtos considerados como indispensáveis para aqueles que querem primar pela boa qualidade de vida. Porém, acompanham este produto outros resíduos, como por

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exemplo, a embalagem, ‘composta por vários tipos de papeis, papelão, isopor, plásticos, grampos, fita adesiva, entre outros’ e com o passar de alguns dias, este produto já passa a ser considerado com ultrapassado, pois provavelmente já existe outro mais moderno no mercado e a mídia incentiva a troca. (SANTOS, 2008)

Convém esclarecer que os conceitos de resíduo, rejeito e lixo assumem diferentes significações de acordo com a situação em que sejam aplicadas. Os resíduos são todo e qualquer material de composição sólida utilizada nas operações produtivas, as sobras. O lixo é também material de estrutura sólida, mas sem perspectiva de reutilização, sem qualquer utilidade e que é descartado pelo proprietário. Já o rejeito é o material também de constituição sólida que tenha passado por algum processo de seleção ou reaproveitamento e é descartado.

(CALDERONI, 1997 apud DONADEL, 2008)

3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Norma Brasileira (NBR) 10004/2004: os resíduos sólidos podem ser classificados dependendo de seu processo ou atividade pela qual foi originado, de sua composição e também de acordo com suas características, da comparação entre as constituições, com outras listagens de resíduos e substâncias, causadoras de impactos a saúde e ao meio ambiente. (ABNT, 2004)

As categorizações mais comuns, dos resíduos sólidos, são as que determinam os riscos potenciais que podem causar contaminação de grandes proporções ao meio ambiente, também quanto à origem e a composição dos resíduos sólidos.

A classificação que visa o manuseio e destinação final do resíduos sólidos, observando-se a potencialidade de contaminação ao meio ambiente, podem ser classificadas em duas classes:

 Resíduos Classe I – Perigosos;

 Resíduos Classe II – Não perigosos:

Resíduos Classe II A – Não inertes;

Resíduos Classe II B – Inertes.

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De acordo com as recomendações da ABNT NBR 10004/2004 (apud DONADEL, 2008), os resíduos sólidos relacionados na Classe I (Perigosos) são os que podem oferecer riscos para a saúde pública ou danificar consideravelmente o meio ambiente, recebendo esta caracterização por conter uma ou mais das seguintes composições ou propriedades: apresentar alto grau de periculosidade, ser inflamável, corrosivo, oferecer reatividade, toxidade ou patogenicidade.

Destaca Valle (2002 apud DONADEL, 2008, p. 25) que “os resíduos não perigosos são aqueles em que a disposição final é feita de maneira simples e com baixos custos”.

Os resíduos de Classe II (não perigosos), são organizados em inertes e não inertes.

Os resíduos sólidos classificados na Classe II A: Não Inertes, são os que podem ser enquadrados por conter propriedades como: ser biodegradável, possuir característica combustível ou solubilidade em água.

Os resíduos sólidos classificados na Classe II B: Inertes, são os que ao serem associados com a água de forma dinâmica ou estática, seja ela destilada ou deionizada, em temperatura ambiente e não oferecerem qualquer reação de dissolução de seus elementos constitutivos em concentrações superiores aos padrões constituídos pela água potável, com exceção do aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

3.1.1 CONAMA: Resíduos Sólidos

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), classifica os resíduos sólidos através da Resolução Nº 005/93 alterada pela Resolução 385/2005, dispõe em seu Art. 1º que esta Resolução aplica-se a todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo:

— Grupo A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior violência ou concentração podem apresentar risco de infecção. Neste grupo a Resolução discorre em vários outros sub títulos, sobre todo o material ou resíduo resultante de procedimentos e intervenções hospitalares ou veterinários realizados, organizando o grau de periculosidade infecciosa.

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— Grupo B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Neste grupo há outras subdivisões classificando produtos e resíduos sólidos e líquidos derivados de procedimentos realizados pela saúde pública e privada.

— Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEM e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

— Grupo D: Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

— Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas;

lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

3.1.2 ABNT: Resíduos Sólidos

A ABNT, realiza suas normatizações com base na NBR Nº 10.004 – específica para resíduos sólidos, onde organiza a classificação de procedimentos que possibilitam identificar os riscos potenciais à saúde pública e também ao meio ambiente, observando o teor e grau de periculosidade destes resíduos.

Esclarece Faria (2002, p. 29) que versa nesta ‘Norma’, que um resíduo é considerado perigoso quando suas propriedades físicas, químicas e infectocontagiosas representam:

— Risco para a saúde pública: caracterizado pelo aumento de mortalidade ou incidência de doenças;

— Risco ao meio ambiente: quando manuseados de forma inadequada;

— Dose Letal50 (oral, ratos), que representa a dose letal para 50% de uma população de ratos, quando administrada por via oral;

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— Concentração Letal50 (concentração letal 50), que representa a concentração de uma substância que, quando administrada por via respiratória, acarreta a morte de 50% da população exposta;

— Dose Letal50 (dérmica, coelhos), que representa a dose letal para 50% da população de coelhos testados, quando administrada em contato com a pele.

Os resíduos considerados de alta periculosidade, são os que podem vir a causar ou contribuir para a mortalidade, ou a propagação de forma epidêmica de doenças irreversíveis ou até tornar irreversível outras doenças, ou apresentar perigo eminente ou em potencial para a saúde pública, ou ao ambiente quando de seu transporte, armazenamento, tratamento ou dispostos de forma irregular e inadequada. “Deverão, por isso, sofrer tratamento ou acondicionamento adequado, no próprio local de produção, e nas condições estabelecidas pelo órgão estadual de controle da poluição e de preservação ambiental”. (FARIA, 2002, p. 29)

3.2 FONTES GERADORAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Faria (2002, p. 25), a origem dos resíduos sólidos poder receber a seguinte classificação:

 Domiciliar:

Resíduos provenientes dos domicílios residenciais. Geralmente é composto por material orgânico, reciclável e outros itens.

A tempos atrás esses resíduos eram considerados inofensivos ao meio ambiente. Mas na modernidade, por causa do alto grau de projeção e utilização dos materiais, os produtos derivados destes processos já são considerados como ameaçadores da integridade do meio ambiente.

No lixo doméstico são encontradas em pequenas quantidades, pilhas e baterias, óleo de motor, tintas, pesticidas, embalagens de inseticidas, solventes e produtos de limpeza, termômetros, lâmpadas, frasco de aerosol. Muitos destes resíduos podem ser extremamente nocivos e tóxicos para a saúde humana tanto quanto para o meio ambiente. (DONADEL, 2008)

Outros resíduos encontrados nos lixos domiciliares, contém microrganismos como fraldas descartáveis, lenços de papel, papel higiênico, curativos, preservativos, seringas e material de suturas, podem ocasionar a transmissão de algumas doenças

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consideradas infectocontagiosas como no caso de agulhas das seringas descartadas. (FARIA, 2002)

 Comercial:

São os resíduos sólidos utilizados e descartados pelos estabelecimentos com atividades comerciais ou de prestação de serviços. São de composição variada dependendo do tipo de atividade que a geradora possui. (FARIA, 2002)

Por serem de proveniência comercial os resíduos descartados no lixo são basicamente, papeis, plásticos, embalagens de diversas composições e resíduos resultantes do asseio dos funcionários, tais como papel toalha, papel higiênico entre outros. (DONADEL, 2008)

 Industrial:

São os resíduos ocasionados pelas indústrias e dependendo a atividade exercida, será a composição desses resíduos industriais. Dentro das empresas de fabricação e manufatura existem inúmeros resíduos sólidos que podem ser reconhecidos como detritos urbanos, que devem ser apartados dos demais resíduos derivados das atividades industriais que podem ser coletados sem qualquer restrição. (FARIA, 2002)

Os resíduos industriais são bastantes diferenciados, alguns são cinzas, Iodo, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borrachas, cerâmicas etc., inclusos nestes, grande parte de resíduos considerados tóxicos.

(DONADEL, 2008)

 Atividades públicas:

Resíduos compostos por sobras ou descartes de atividades desenvolvidas pela administração pública municipal, estadual e federal, tais como, poda de árvores e gramados, resíduos de construções ou demolição de obras públicas, também os considerados como feria, varrição e outros, constituídos por papeis, cigarros, restos de alimentos, cartões e embalagens etc. Também resíduos provenientes do translado de pessoas em vias públicas, por diversos motivos, seja lazer, trabalho, esporte etc. (FARIA, 2002)

 Portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários:

São os resíduos que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos, oriundos de atividades portuárias, trânsito em rodoviárias e aeroportos.

Originam-se de atividades higiênicas, asseio pessoal e restos de alimentação que

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podem potencialmente veicular doenças provenientes de outras localidades, cidades, estados e países.(DONADEL, 2008)

 Serviços de saúde e hospitalar:

Constituem-se como resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas, farmácias, laboratórios, etc. São agulhas, seringas, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, etc. Estes resíduos sólidos são provenientes de clínicas médicas e veterinárias, de centros de saúde, de consultórios odontológicos e de farmácias. Nestes locais existem formas diferenciadas de separação e coleta desses materiais. (DONADEL, 2008 / FARIA, 2002)

A Resolução CONAMA Nº 005/93, determina a classificação dos resíduos de acordo com seu estado físico e a separação dos materiais que entram em contato, daqueles que não entram em contato com o paciente. Já os resíduos que não tiveram contato com o paciente, que perfazem 70% em peso dos resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2012), serão tratados como resíduos comuns e poderão inclusive ser encaminhados à reciclagem. (FARIA, 2002)

Consta na Normativa NBR 12.808/1993 da ABNT – resíduos de Serviços de Saúde dividem-se em classes:

o Classe A: resíduos como sangue, tecidos, órgãos, materiais perfucortantes, fluidos orgânicos. Resíduos sépticos;

o Classe B: resíduos farmacêuticos e resíduos químicos. Resíduos sépticos;

o Classe C: resíduos das limpezas de jardins etc. Resíduos assépticos.

(FARIA, 2002)

Esta modalidade de resíduos não podem ser descartados em aterros sem que antes sejam tratados. Essa descontaminação pode ser feita por micro-ondas, que é um sistema capaz de prover a eliminação dos microrganismos, promovendo a descontaminação, ou outro processo final é por incineração.

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Existem no mercado brasileiro algumas tecnologias apropriadas, disponíveis para executar o tratamento destes resíduos provenientes de hospitais, clínicas e postos de saúde e são:

o Autoclave/ esterilizador: são processos em que há total eliminação de todas as formas de vida microbiana;

o Desinfecção: é um processo de eliminação dos microrganismos patogênicos;

o Incineração: é um processo de oxidação a altas temperaturas, que transformam materiais, reduzindo seu volume e destruindo microrganismos.

(FARIA, 2002)

 Resíduos Urbanos:

A definição para resíduos urbanos depende de cada município porque é função de coleta de cada região. Geralmente estes resíduos compõem-se de lixo domiciliar, comercial, de atividades públicas, oriundos de vias públicas e de serviços de saúde. (DONADEL, 2008)

 Resíduos Radioativos:

São os resíduos de origem atômica, cujo controle/gerenciamento está, de acordo com a legislação brasileira, sob tutela do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). (FARIA, 2002)

 Resíduos Agrícolas:

São resíduos sólidos provenientes das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, etc. Também as embalagens de agroquímicos, em geral, altamente tóxicos.(DONADEL, 2008)

3.3 COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

 Excedente sólido orgânico (úmido): composto por restos de comida, restos de frutas, legumes e verduras, cascas de ovos, folhagens, plantas mortas, papel higiênico, guardanapos, toalhas de papel, absorventes, cinzas, pó de café, poda de árvores, gramados, ossos, alimentos, etc.(DONADEL, 2008)

 Excedente sólido inorgânico (seco): composto por produtos manufaturados, como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais, isopor, lâmpadas, velas, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiça, etc.(DONADEL, 2008)

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3.4 CAPACIDADE DE DEGRADABILIDADE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos podem ainda ser classificados quanto ao processo de degradação na natureza e de acordo com Pessin (1998 apud FARIA, 2002, p. 28):

— Facilmente degradáveis: são as matérias orgânicas presentes nos resíduos sólidos de origem urbana, que apresentam degradação biológica através de bactérias e fungos;

— Moderadamente degradáveis: são os papeis, papelão e material celulósico, cuja decomposição por via biológica ocorre em um período de duas a quatro semanas;

— Dificilmente degradáveis: são os pedaços de pano, retalhos, aparas e serragens de couro, borracha e madeira, os quais possuem degradação biológica desprezível;

— Não-degradáveis: resíduos resistentes à biodegradação, incluem-se aqui os vidros, metais, plásticos, pedras, terra, etc.

Todo e qualquer tipo de resíduo precisa de um determinado período de tempo para se decompor na natureza. Convém ilustrar, de acordo com a COPEL (2000 apud CRUZ, 2002, p. 28), alguns resíduos bem populares e o tempo que precisa para que sua composição se desfaça no meio ambiente, como por exemplo, os jornais: 2 a 6 semanas; embalagens de papel: 1 a 4 meses; guardanapos de papel: 3 meses; resíduos orgânicos: 2 a 12 meses; ponta de cigarros: 2 anos;

chicletes: 5 anos; nylon: 30 a 40 anos; latas de alumínio, tampas de garrafas e pilhas: 100 a 500 anos; fralda descartável: 600 anos; sacos e copos plásticos: 200 a 400 anos; garrafas pet/plástico, vidro, pneu e borrachas: tempo indeterminado.

3.5 CARCTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Donadel (2008, p. 27), os resíduos sólidos possuem características diferenciadas “conforme a cidade, fatores como atividade dominante, clima, hábitos, costumes e renda da população, sendo que estas variações podem ocorrer no decorrer do ano ou de ano em ano”.

Segundo Fonseca (2001 apud SANDRINI, 2005, p. 18-19-20), as características dos resíduos sólidos podem dividir-se em físicas, químicas e biológicas.

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3.5.1 Características Físicas dos Resíduos Sólidos:

 Composição gravimétrica: corresponde ao percentual de cada componente, comparado com o peso total do lixo.

 Peso específico: expresso em Kg/m3 é o peso do lixo em relação ao volume.

 Teor de umidade: sua determinação se faz submetendo a amostra a um processo de pesagem e posterior secagem a 150° C., o peso perdido na secagem representa o valor de água existente na amostra.

 Resíduo seco: é o material remanescente do processo.

 Grau de compactação: indica a redução do volume que a amostra do resíduo sólido sofre, quando sua massa atua a uma pressão determinada.

 Volume per capita: quantidade de resíduos sólidos que cada pessoa gera em um dia.

3.5.2 Características Químicas dos Resíduos Sólidos:

 Poder calorífico: serve para indicar a capacidade de um material, através do desprendimento da quantidade de calor quando submetida a queima.

 Potencial Hidrogeniônico (pH): determina se o material do resíduo sólido é de natureza ácida ou básica.

 Teores diversos: determina os teores de: nitrogênio, fósforo, potássio, carbono, cálcio, resíduo mineral, cinzas, matéria orgânica. Resíduo mineral solúvel e gorduras.

 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N): essa relação serve para indicar o grau de decomposição da fração orgânica do lixo.

3.5.3 Características Biológicas dos Resíduos Sólidos:

Os resíduos sólidos apresentam em seu processo de decomposição, matérias orgânicas contendo considerável fonte de energia permitindo a alimentação de mecanismos de ventilação e possibilitando a movimentação e locomoção dos organismos. Deste modo, os resíduos sólidos são fonte para o desenvolvimento, produção e reprodução da vida animal e por consequência do ciclo vital, também

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sujeito a decomposição. Os microrganismos que desencadeiam a decomposição dos resíduos sólidos são as bactérias e os fungos. O estudo e monitoramento da população microbiana, bem como os agentes patogênicos existentes no lixo, justamente com as características químicas, permite que se estabeleçam métodos de tratamento e disposição final do lixo de maneira adequado.

3.6 RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS ESPECIAIS

Nos resíduos sólidos produzidos no meio doméstico, alguns podem oferecer grande risco de contaminação e poluição ao meio ambiente e saúde pública.

De acordo com o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Pilhas, Baterias e Lâmpadas (PGIRPBL) de autoria de Pinheiro et al (2009, p. 7) afirmam que é preciso haver um gerenciamento bastante cuidadoso e correto para pilhas, baterias e lâmpadas, “o primeiro passo é conhecer as características desses produtos, pois, uma vez descartados, podem originar resíduos potencialmente perigosos à saúde humana e ao meio ambiente”.

 Pilhas e Baterias:

São pequenos repositórios portáteis capazes de transformar “energia química em energia elétrica e se apresentam sob vários formatos (cilíndricas, retangulares, bastões), conforme a finalidade e a que se destinam. São Classificadas de acordo com seus sistemas químicos”. (PINHEIRO, 2009, p. 7)

Cada vez mais pilhas e baterias, são fonte de energia para os aparelhos funcionais a disposição no mercado doméstico, porém são compostos por metais de alta periculosidade e que quando depositados na natureza, por vazamento da embalagem ou qualquer outro rompimento de seu invólucro, contamina os arredores de onde está exposta, seja solo, ou qualquer fonte de água em sua proximidade. Por causa dessa exposição pode contaminar e causar grandes problemas de saúde, danificando o organismo humano.

Esclarece Faria (2002, p. 31) que “a disposição final de pilhas e baterias é regulamentada por leis específicas, como a resolução CONAMA Nº 257/1999, que dispõe sobre a reciclagem, a reutilização e disposição final de pilhas e baterias”.

 Lâmpadas Fluorescentes:

A lâmpada fluorescente também chamada de ‘lâmpada fria’, é parte integrante da vida cotidiana brasileira. Estas lâmpadas oferecem eficiência e

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economia em seu desempenho. Contudo há um perigo presente nesse tipo de lâmpada, a existência de mercúrio, conhecido como metal pesado e altamente tóxico. Ao serem “descartadas em grandes quantidades, o mercúrio liberado passa a evaporar e em épocas chuvosas pode contaminar o solo e corpos d’água. Se ingerido pelo ser humano, o mercúrio atinge o sistema nervoso, podendo causar lesões e levar a morte”. (FARIA, 2002, p. 31)

 Pneus:

A borracha é a principal matéria prima da composição do pneu, representando 41% e se classificam em borracha natural e borracha sintética. Além destas são utilizadas também na produção dos pneus: negro de carbono ou negro de fumo, arame de aço, fibras orgânicas (nylon e poliéster), extender oil e outros produtos químicos. (BNDS, 1998)

Segundo Faria (2002, p. 32) após a utilização o pneu poderá ser descartado, ser reutilizado ou destinado à reciclagem. “Porém, o seu descarte constitui um grave problema ambiental, causando assoreamento de rios e lagoas, ocupando grandes espaços nos aterros sanitários, ou quando amontoados em terrenos baldios, favorecem a proliferação de insetos e de incêndio”.

3.7 RESÍDUOS SÓLIDOS: REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA NO BRASIL

3.7.1 Constituição Federal

A Constituição Federal do Brasil, em 1988, deu ênfase aos assuntos ambientais, organizando os aspectos legais e determinando o meio ambiente como

‘patrimônio nacional e das futuras gerações’, o que pode ser comprovado no Capítulo VI, Artigo 225 em seus parágrafos e incisos:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

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III - definir, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

IV - exigir, para instalação de obra ou atividade, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental;

VII - proteger a fauna e a flora.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, a sanções penais e administrativas.

Na Constituição Federal do Brasil de 1998, “o saneamento básico ganhou importância e os resíduos sólidos foram considerados com maior destaque, recomendando-se maior fiscalização e ação dos órgãos públicos e privados responsáveis pelo setor”. (DONADEL, 2008, p. 61)

As determinações que dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos, com amparo legal, está dispersa em outros dispositivos de ordem federal e estadual. Há a Lei Nº 9.605/1998 – Lei de Crimes e Penalidades Ambientais, que dispõe sobre algumas normas relativas a área de resíduos sólidos, contudo estas dão enfoque maior ao resíduos produzido pelas indústrias.

3.7.2 CONAMA: Legislação

 Lei Nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de formulação e aplicação.

 Lei Nº 9.605/1998, ‘Lei dos Crimes Ambientais’: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

 Decreto Nº 3.179/1999: Regulamenta a Lei 9.605/98 (Crimes Ambientais): Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

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 Decreto Nº 6.514/2008: Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações.

 Decreto Nº 6686/2008: Altera e acresce dispositivos ao Decreto Nº 6.514/2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações

 Lei Nº 12.305/2010: Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei Nº 9.605/1998 e dá outras providências.

 Decreto Nº 7.404/2010 que, entre outras providências

‘Regulamenta a Lei Nº 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos entre outras providências’, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa.

Estas Leis e Decretos, segundo Donadel (2008, p. 62) versam “sobre aproveitamento dos resíduos sólidos, onde considera que a reciclagem dos resíduos sólidos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias primas, recursos naturais não renováveis, energia elétrica e água”.

Existem algumas Resoluções específicas:

 Resolução CONAMA Nº 006/1991: Dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.

 Resolução CONAMA Nº 005/1993: Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. Foi alterada pela Resolução Nº 358/2005.

 Resolução CONAMA Nº 275/2001: Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.

 Resolução CONAMA Nº 308/2002: Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte. Foi alterada pela Resolução Nº 404/2008.

 Resolução CONAMA Nº 313/2002: Dispõe sobre Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.

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 Resolução CONAMA Nº 404/2008: Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

 Resolução CONAMA Nº 416/2009: Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada.

3.7.2.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos: Algumas Considerações

A Lei Nº 12.305/2010, que em seu Artigo 1º: Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem com sobre as diretrizes relativas a gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

Para Sinott (2012, p. 2) a Política Nacional de Resíduos Sólidos descreve

“um marco regulatório para a problemática dos resíduos sólidos, traz novas alternativas para a destinação adequada dos insumos, considerando o bem-estar social e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade sob os pontos de vista ambiental, social e econômico”.

Sobre a sustentabilidade, requerida na Lei, de acordo com Freitas (2012 apud SINOTT, 2012, p. 3), “é um dever fundamental de, a longo prazo, produzir e partilhar o desenvolvimento limpo e favorável à saúde, em todos os sentidos, em conjunto com os elementos éticos, sociais, ambientais, econômicos e jurídico- políticos”.

Esta nova Lei, determina a criação, sob aspectos legais, de um ‘Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos’ até Agosto de 2012 e prevê a eliminação dos lixões e a implantação dos Aterros Sanitários, até Agosto de 2014.

Determina, também que até Agosto de 2014, todos os municípios tenham implantado a coleta seletiva em 100% de seus territórios; implantar a compostagem para 100% do lixo orgânico coletado na municipalidade; instaurar programas de Educação Ambiental que privilegiem ações que emanem a responsabilidade pelo meio ambiente e pela conservação do planeta.

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O Decreto 7.404/2010, regulamenta a Lei 12.305/2010, criando através do Comitê de Logística Reversa, grupos Técnicos Temáticos para dar conhecimento a nível nacional da logística reversa para cinco grupos tidos como prioridade máxima:

descarte de medicamentos; embalagens em geral; embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e eletroeletrônicos. (FREIRE e LOPES, 2013)

3.7.3 Outras Normativas Brasileiras

Existindo determinados tipos de resíduos sem que seja possível seu enquadramento nos ditames legais anteriores, a NBR – 10.004 determina que sejam colhidas amostras dos mesmos para posterior análises tecnológicas, para que seja possível delinear as concentrações de elementos que possam configurar periculosidade, partindo de uma listagem já existente, organizada por esta Norma.2

Normas que complementam e auxiliam a NBR – 10.004:

 NBR – 10.005/2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos, ou seja, consiste na separação de determinadas substâncias contidas nos resíduos, através de lavagem ou percolação, principalmente os de origem industrial. Tem por objetivo fixar os requisitos exigíveis pra a obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos classificados pela ABNT NBR 10004, como classe I – perigosos – e classe II – não perigosos.

 NBR – 10.006/2004 – Esta Norma se aplica somente para resíduos sólidos e elenca os procedimentos para obtenção de extrato solubilizado destes resíduos, ou seja, através de uma amostra o resíduo é solúvel em água podendo-se avaliar a concentração dos elementos ou materiais contidos no extrato.

 NBR – 10.007/2004 – Esta Norma fixa os requisitos exigíveis para amostragem de resíduos sólidos. Regulamenta parâmetros e critérios para a coleta e seleção das amostras a serem analisadas.

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3.7.4 Legislação do Estado de Santa Catarina

De acordo com Consoni e Gonzalez (2000 apud DONADEL, 2008, p. 64),

“cada estado precisa ter sua entidade governamental responsável pela execução de programas e projetos de controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras”.

No estado de Santa Catarina a entidade que executa esta fiscalização é a Secretaria Estadual de Meio Ambiente ao qual possui sob sua supervisão a Fundação de Amparo ao Meio Ambiente (FATMA).

“Estas entidades, além da execução de programas, projetos de controle e fiscalização, elaboram resoluções e normas que auxiliam o cumprimento de seus propósitos”. (DONADEL, 2008, p. 64)

Algumas Leis e documentos relacionados com os resíduos sólidos em Santa Catarina:

 Lei Nº 5.793/1980: Dispõe sobre a Proteção e Melhoria da Qualidade Ambiental e dá outras providências.

 Decreto Nº 14.250/1981: Regulamenta dispositivos da Lei Nº 5.793/1980, referentes à Proteção e a Melhoria da Qualidade Ambiental.

 Portaria Nº 1.154/1997/SES: Fixar normas técnicas e parâmetros mínimos necessários para o Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde.

 Lei Nº 11.347/2000: Dispõe sobre a coleta, o recolhimento e o destino final dos resíduos sólidos potencialmente perigosos.

 Lei Nº 12.375/2002: Dispõe sobre a coleta, o recolhimento e o destino final de pneus descartáveis.

 Lei Nº 12.863/2004: Dispõe sobre a obrigatoriedade do recolhimento de pilhas, baterias de telefones celulares, pequenas baterias alcalinas e congêneres, quando não mais aptas ao uso.

 Lei Nº 13.557/2005: Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos.

 Projeto de Lei 571/2007: Dispõe sobre a proibição de despejo de resíduos sólidos reaproveitáveis e recicláveis em lixões e aterros sanitários.

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 Projeto de Lei 0277.6/2008: Proíbe a entrada no Estado de Santa Catarina os resíduos sólidos industriais classe I e II gerados em outros Estados da Federação para acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e ou destinação final.

3.7.5 Legislação Municipal

No final do ano de 2013, o município de Joinville/SC normatiza todas as ações dos órgãos públicos e privados com relação ao RSU e precisamente sobre a

‘Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Urbanos’, através da Lei Complementar 395 de 19 de dezembro de 2013, que substitui a Lei 5.306/2005 e outras normativas anteriores que tratavam dos RSU. Esse recente dispositivo legal abrange toda a dinâmica municipal a respeito do RSU, gerado, tratado e eliminado no município e que está em consonância com as demais normatizações Estaduais e Federais, conforme descrita em partes abaixo:

 LEI COMPLEMENTAR Nº 395, de 19 de dezembro de 2013.

Dispõe sobre a Política Municipal de Resíduos Sólidos de Joinville e dá outras providências.

TÍTULO I: Da Política Municipal de Resíduos Sólidos.

CAPÍTULO I: Das Disposições Preliminares.

Art. 1º - A Política Municipal de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Municipal, isoladamente ou em regime de cooperação com o Estado, com a União, com outros Municípios ou com particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambiental adequado dos resíduos sólidos.

§ 1º Aplicam-se, no âmbito do município, os mesmos princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, classificação dos resíduos sólidos, definições, responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis, tudo conforme Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 e seu regulamento.

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§ 2º As disposições desta Lei serão aplicadas em consonância com as normas federais e estaduais de meio ambiente e saúde pública.

Art. 2º - A Política Municipal de Resíduos Sólidos integra a Política Municipal do Meio Ambiente e articula-se com a Política Municipal de Saneamento Básico, com a Política Nacional de Educação Ambiental, regulada pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 e com as demais normas que envolvam os resíduos sólidos e o meio ambiente. [...]

CAPÍTULO IV: Dos Procedimentos de Coleta Seletiva, Transporte de Resíduos e Logística Reversa.

Art. 36 – Com exceção dos resíduos especiais, a coleta, transporte e disposição final de resíduos sólidos constitui serviço público prestado pelo Município, diretamente ou mediante concessão.

Art. 44 - § 1º Os resíduos sólidos, a partir do momento em que são apresentados à coleta de forma adequada, constituem responsabilidade exclusiva do Município para efeito de coleta e destinação final, inclusive no caso de reciclagem. [...]

Art. 51 – Os resíduos sólidos secos coletados seletivamente serão destinados a entidades sem fins lucrativos ou cooperativas de coletores de resíduos sólidos recicláveis que atuem no Município e possuam infraestrutura adequada para recepção dos resíduos, desde que devidamente credenciadas junto ao Poder Executivo Municipal, para o que se levará em conta a viabilidade econômica do conjunto das entidades ou cooperativas que atuam no setor. [...]

Art. 53 – O Poder Executivo Municipal, em conjunto com a sociedade civil, desenvolverá ações e adoção de hábitos corretos de limpeza pública, coleta seletiva e preservação do meio ambiente, objetivando formar a consciência ambiental de cidadania participativa.

Parágrafo Único: Para dar cumprimento ao disposto nesta lei, serão adotadas as seguintes providências:

I - campanhas educativas através dos meios de comunicação de massa;

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II - produção e distribuição de material de orientação como cartilhas, folhetos, cartazes, filmes, vídeos e outros;

III - cursos de formação continuadas para agentes multiplicadores;

IV - informação, através da educação formal e informal, sobre coleta seletiva, materiais recicláveis e biodegradáveis;

V - realização de atividades recreativas, culturais e esportivas em praças, escolas, locais públicos e outros, objetivando a educação ambiental; ambiental;

VI - convênios com organizações governamentais e não-governamentais, associações de moradores, escolas, postos de saúde, igrejas, clubes de serviços e meios de comunicação, visando a divulgação dos princípios de coleta seletiva de resíduos sólidos e da reciclagem de materiais. [...]

TÍTULO IV – DOS MÉTODOS DE TRATAMENTO E DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

CAPÍTULO I – Das Disposições Gerais quanto à Disposição Final.

Art. 147 – O solo e o subsolo somente poderão ser utilizados para armazenamento, acumulação ou disposição final de resíduos sólidos de qualquer natureza desde que sua disposição seja feita de forma tecnicamente adequada, definida em projetos específicos, obedecidas as condições e critérios estabelecidos por ocasião do licenciamento pelo órgão de controle ambiental. [...]

CAPÍTULO II – Da Incineração e do Coprocessamento de Resíduos.

Art. 151 – O emprego ou a implantação de processos térmicos de tratamento de resíduos sólidos, seja qual for a fonte geradora, depende do prévio licenciamento do órgão de controle ambiental.

Art. 152 – Fica vedada a queima de resíduos a céu aberto ou em recipientes, instalações ou equipamentos não licenciados para essa finalidade.

CAPÍTULO III – Dos Aterros.

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Art. 155 – Os aterros devem estar localizados e ser concebidos de maneira a evitar a poluição do solo, do ar, das águas subterrâneas e das águas superficiais, proporcionando, em tempo útil e nas condições necessárias, a retirada eficaz dos percolados, devendo a proteção do solo, das águas subterrâneas e das águas superficiais ser assegurada mediante o cumprimento das normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA. [...]

§ 2º Sempre que tecnológica e economicamente viável, os gases de aterro deverão ser utilizados.

3.8 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Muitos são os fatores que incidem sobre a geração desenfreada de resíduos sólidos no mundo e mais especificamente no Brasil, são questões culturais, hábitos de consumos desordenados, aumento do poder aquisitivo favorecido pelo comércio, também problemas climáticos, grau de estudos em adultos e em algumas análises os fatores sexo e idade de determinados grupos. (LIMA, 1995 apud FARIA, 2008)

Atualmente a sociedade vem sendo pressionada cada dia mais pelos interesses gerados pelo capitalismo, impulsionados pela mídia, que é um veículo comunicativo muito importante, exercendo forte influência nas pessoas impulsionando-as a irem sempre a procura de uma vida mais cômoda e melhor. É o capitalismo que instiga a sociedade a sempre consumir mais e por consequência, modificando os comportamentos, implantando novos hábitos e criando novas maneiras de viver. Esses processos acontecem porque as pessoas tornam-se cada vez mais exigentes em seu consumo, estão sempre a procura de novas tecnologias, conforto.

Essas necessidades desencadeiam, ao mesmo tempo, desafios constantes para os fabricantes que aceleram e aumentam ainda mais sua produção, invadindo os recursos e reservas naturais a fim de suprir essas demandas, exigidas pela sociedade consumista e, por consequência aumentando a produção de resíduos sólidos, “devido ao grande descarte de bens duráveis que poderiam, talvez, ainda serem reutilizados. É nesse sentido que podemos afirmar que o mundo de hoje é da mercadoria”. (RIBEIRO et al., 2013, p. 4)

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Segundo Ortigoza (2010, p. 23) “a mercadoria é responsável pela circulação, pelos encontros e desencontros no cotidiano e no espaço. A troca passa a ser o sentido e o fim de tudo, porque o valor de troca passa a subordinar a si todos os momentos da vida”.

Esclarece Dias (2007, p. 23) que:

A sociedade de consumo tem como principal propulsor o comercialismo, ou seja, o comércio extravagante e espúrio de bens tangíveis e valores simbólicos. Por sua vez, o comercialismo é o resultante da intensificação das práticas de marketing, que induzem o consumo exagerado provocando o aumento da extração de recursos naturais e a geração de resíduos de todo tipo.

A industrialização de alimentos tem disparado nessas últimas décadas, obrigando as empresas a aprimorar cada vez mais seus produtos, adequando as embalagens para que durem mais tempo através de tecnologias e químicas, controlando também a quantidade consumida. Essas embalagens e invólucros dos produtos, principalmente os alimentícios, fazem da mesma forma, aumentar os resíduos sólidos descartados por esses consumidores. Esses alimentos industrializados são dosados e por isso previnem o desperdício, mas suas embalagens aumentam vertiginosamente a quantidade de resíduos sólidos a serem descartados.

As altas tecnologias empregadas nas embalagens seja de alimentos ou outro produto qualquer tem passado por extrema evolução, pois passaram do vidro e metal, para o plástico de diferentes composições, assim o peso do lixo tornou-se menor, mas por outro lado, devido inúmeras utilidades das embalagens plásticas, houve um aumento nos volumes desses resíduos sólidos requerendo um espaço maior para o seu manuseio final.

No relatório intitulado ‘Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos’, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012), há dados que ilustram a evolução do consumo das embalagens produzidas por vários materiais. Fica comprovado a crescente aplicação destes recursos para sensibilizar o consumidor e aumentar o consumo. O Gráfico 1, apresenta a amostragem evolutiva de consumo entre os anos de 2005 e 2008.

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GRÁFICO 1 – CONSUMO APARENTE DE EMBALAGENS (Em 1 mil t) Fonte: IPEA (2012, p. 15).

De acordo com os dados da CEMPRE/CICLOSOFT (2012), pode-se observar a composição do material descartado exemplificado no Gráfico 2, onde configura a média da captação de resíduos sólidos efetuados através da coleta seletiva. O papel/papelão representa parcela maior, talvez porque a maioria das embalagens sejam com este material e na matéria plástica, que aponta como segundo maior volume captado.

GRÁFICO 2 – MÉDIA DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DA COLETA SELETIVA Fonte: CEMPRE/CICLOSOFT (2012).

Conforme Faria (2002, p. 34) um bom exemplo para compreender sobre essa geração desordenada de resíduos sólidos nos grandes centros urbanos, “é o

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hábito de aquisição de alimentos em feiras livres, o qual aumenta a quantidade de matéria orgânica no lixo, quando comparado com o hábito de aquisição de produtos embalados, tendendo a aumentar a quantidade de plástico, latas e papelões no lixo”.

Outro fator importante e que incide diretamente sobre a geração de resíduos sólidos é o poder aquisitivo das pessoas dessas áreas de grande acúmulo populacional, ou seja, em épocas de recessão da economia, a população se ressente diante das dificuldades, por esse motivo diminui a produção e por consequência o montante dos resíduos sólidos coletados, pois as pessoas passam a reutilizar material e racionar o consumo.

Em épocas de festividades coletivas, como as datas comemorativas de final de ano, são também motivos para uma considerável elevação na produção de todo tipo de resíduos, principalmente em quantidade e também de muitas espécies diferentes, o que torna evidente que a complexidade dos resíduos descartados está interligado com os hábitos da vida moderna.

Confirma Donadel (2008, p. 30) “a concentração da população nas cidades e seu estilo de vida mudaram levando ao aumento da geração de resíduos em quantidade e diversidade, um problema criado pelo homem ao longo do tempo e que atinge todo o planeta”. Reitera também que o “consumo está exagerado, gerando uma descartabilidade cada vez maior e mais rápida dos produtos adquiridos e vem aumentando de ano a ano”.

No caso dos resíduos sólidos, é muito importante que seja desenvolvidas diversas frentes de esclarecimento e educação, individual e principalmente direcionada para o entendimento coletivo, com suporte conceitual focadas na redução do consumo exagerado e o descarte correto de todo material consumido, configurado principalmente nas embalagens que ofereçam cada vez menos prejuízos ao meio ambiente e também a valorizar mais as aquisições tendo maior cuidado em conservá-los. (FARIA, 2002)

Segundo Donadel (2008, p. 31):

Existe a necessidade da adoção de um consumo ético e sustentável, substituindo o consumismo atual, buscando a harmonia do uso dos recursos naturais pelo homem retirando da natureza apenas o necessário para sua sobrevivência. Esse consumo sustentável levará ao desenvolvimento sustentável satisfazendo as necessidades da população atual sem comprometer as gerações futuras.

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3.8.1 Processos de Destinação dos Resíduos sólidos

Na atual sociedade modera e por isso exageradamente consumista, milhões de toneladas de resíduos sólidos são produzidas a todo ano, sendo que a maioria desse montante poderia ser reaproveitado, como por exemplo, garrafas de vinho, latas de alumínio, papel, plástico etc. Um resultado positivo seria a conscientização de que grande parte desses resíduos poderiam ser transformados em novos produtos, economizando recursos naturais e evitando um futuro obscuro e falido, além de iniciar a conscientização de grande parte da sociedade de que há a necessidade de controlar tanto o consumo desses bens, quanto cuidar com a eliminação desses resíduos. (FACHIN, 2004)

3.8.1.1 Reduzir, Reutilizar e Reciclar (Princípio dos 3Rs)

É um processo de sustentabilidade conhecido como 3Rs que incorporam ações práticas que incentivam o consumidor a repensar as suas práticas consumistas e que estas ações estão relacionadas ao meio ambiente. Ao adotar essas práticas, as pessoas têm a possibilidade de diminuir consideravelmente seu custo de vida uma vez que vai reduzir gastos ao adquirir suas necessidades, ao mesmo tempo em que participa de um desenvolvimento mais sustentável respeitando o ambiente em que vive.

 Reduzir

É preciso atentar para as compras que são feitas para o sustento no dia a dia, e em alguns serviços que utilizamos. Muitos desses itens não são de extrema necessidade, terão pouco uso ou são de vida útil menor do que a necessidade imediata e acabam por não serem consumidos em tempo hábil etc. Este ‘Reduzir’

precisa ser compreendido como uma redução nesses hábitos, significa que há a necessidade de se repensar as reais necessidades de determinadas aquisições para que seja evitado o desperdício. Elevar a aceitação de se praticar um consumo consciente é importante, não somente para o consumidor que vai controlar melhor seus gastos domésticos mas com um olhar sobre os recursos ambientais que serão poupados com atitudes como estas.

Alguns procedimentos que auxiliam a prática do ‘Reduzir’, (SÃO PAULO, 2003, apud DONADEL, 2008, p. 31):

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— Evitar empacotamentos desnecessários, trazendo sua própria bolsa de compras;

— Preferir produtos com embalagens recicláveis;

— Planejar bem suas compras para não haver desperdícios;

— Evitar produtos descartáveis;

— Diminuir o uso de plásticos;

— Sempre que possível, substituir o papel comum por papel reciclado.

Algumas atitudes simples e bem práticas podem ser de grande repercussão, como por exemplo, usar os recursos hídricos de forma racional: evitar o desperdício de água, tomando atitudes simples na hora dos banhos e da escovação dos dentes entre outras. A economia de energia pode ser praticada ao apagar as lâmpadas em partes da casa, escritório, lojas etc.; fazer uso de lâmpadas fluorescentes; controlar o uso de eletrodomésticos e outras atitudes domésticas que contribuem para a economia. O uso racional do combustível também geram economia e diminuem a poluição ambiental.

 Reutilizar

Na lista dos bens duráveis, estão muitos bens de consumo que podem exercer a reutilização. Ao praticar a reutilização, em primeiro lugar, alcança-se uma boa economia doméstica, além de desempenhar papel importante para a conservação do planeta, pois que todo material produzido, dispende em sua construção de energia, matéria prima e dependendo do produto, muita matéria química. Ao descartar esse produto, haverá o desperdício da energia gasta para sua produção, a matéria prima, o combustível empregado para transportá-lo entre outros, e se este produto não for descartado de maneira correta, estará causando danos ambientais.

Para Donadel (2008, p. 32) praticar a reutilização, “é uma forma de evitar que se vá para o lixo aquilo que não é lixo. Além do que o reuso, a restauração e a reforma dos mais variados objetos são atividades que podem significar ocupação para quem tem tempo e trabalho remunerado para quem precisa”.

Algumas atitudes que podem ser tomadas na prática da reutilização:

— Separar sacolas, sacos de papel, vidros, caixas de ovos e papel de embrulho que podem ser reutilizados;

— Utilizar para rascunho o verso de folhas de papel já utilizadas;

— Pensar em restaurar e conservar, antes de jogar fora;

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— Doar roupas, móveis, aparelhos domésticos, brinquedos, etc., que possa ser reaproveitados por outros;

— Não jogar no lixo aparelhos quebrados: podem ser vendidos ao ferro velho ou desmontados, reaproveitando as peças. (FARIA, 2002)

 Reciclar

A reciclagem é um processo de reaproveitamento do material utilizado após o consumo e é definida como atitude de emergência ambiental. Para se reciclar este material é preciso separar os resíduos sólidos proveniente das embalagens que podem ser reaproveitados, reutilizado como o plástico, papel, papelão, metais (latas), vidro etc., do restante que provavelmente é lixo orgânico.

O material que pode ser reciclado precisa ser enviado para locais específicos onde empresas concessionárias e as cooperativas responsáveis pela reciclagem, após a devida reparação, porque só depois desse procedimento é que esse material poderá ser reaproveitado de alguma forma, voltando a ser produtivo, reutilizado.

A reciclagem pode ser um meio de sustento para muitas pessoas que contribui para a limpeza e organização do meio ambiente, pois livra-o do acúmulo de resíduos que provavelmente levarão muitos anos, séculos para se decomporem no meio natural.

Atitudes que promovem a reciclagem:

— Separar todo o resíduos sólido do material orgânico. Os primeiros passos da separação dos resíduos sólidos são efetuados em casa e a pessoa que já possui uma determinada consciência de cuidados ambientais vai tornando esses afazeres em hábitos, praticando sempre que se vê diante de um material, embalagem que pode ser reutilizado.

— Fazer a compostagem doméstica com os restos de jardim e os provenientes da cozinha.(FARIA, 2002)

3.8.2 Reciclagem

Esclarece Bortolossi et al (2008, p. 5) que reciclar “é o aproveitamento de materiais (Resíduos Recicláveis) que são beneficiados como matéria-prima em algum processo produtivo. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir; cycle = ciclo)”.

Referências

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