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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2022

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0024.10.137633-3/001

Número do Númeração 1376333-

Des.(a) Walter Luiz Relator:

Des.(a) Walter Luiz Relator do Acordão:

11/03/2014 Data do Julgamento:

21/03/2014 Data da Publicação:

E M E N T A : R E C U R S O E M S E N T I D O E S T R I T O - E X T I N Ç Ã O D A PUNIBILIDADE DECRETADA - IIMPOSSIBILIDADE - RÉU CITADO POR EDITAL QUE NÃO COMPARECEU E NEM CONSTITUÍU ADVOGADO - ART. 366 DO CPP - SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO PROCESSO E DO PRAZO PRESCRICIONAL - DESNECESSIDADE DE DECISÃO EXPRESSA - PRESCRIÇÃO NÃO VERIFICADA - RECURSO PROVIDO 1. Nos termos do art. 366 do CPP não se exige decisão expressa de suspensão do feito e do prazo prescricional, até mesmo porque, eventual decisão neste sentido, teria conteúdo meramente declaratório. 2. O réu foi citado por edital, mas não compareceu, e nem constituíu advogado (fls. 74), sendo que neste caso, aplica-se o disposto no art. 366 do CPP, ficando, automaticamente, suspenso o processo, e o curso do prazo prescricional, por força de disposição legal.

REC EM SENTIDO ESTRITO Nº 1.0024.10.137633-3/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - RECORRENTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - RECORRIDO(A)(S): ERCILIO GOMES DE SOUZA

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, por maioria, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDO O 2º VOGAL.

DES. WALTER LUIZ DE MELO RELATOR.

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DES. WALTER LUIZ DE MELO (RELATOR) V O T O

Tratam os autos de recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais contra decisão proferida pela MMª. Juíza de Direito, fls. 75 a qual extinguiu a punibilidade do recorrido pelo decurso do prazo prescricional da pretensão punitiva do Estado, com fulcro no art. 107, IV do Código Penal e art. 30 da Lei de Tóxicos.

Em suas razões recursais, fls. 76/83, requer o ilustre Parquet, em síntese, que seja cassada a decisão que extinguiu a punibilidade do recorrido, por entender que a suspensão do processo e o decurso do prazo prescricional são efeitos automáticos, sendo desnecessária qualquer decisão judicial.

A defesa do recorrido, em suas contrarrazões, fls. 85/88, requer seja conhecido e desprovido o recurso interposto, mantendo-se a decisão ora combatida por seus próprios fundamentos.

Nos termos do artigo 589 do CPP, em sede de juízo de retratação, o MM. Juiz de Direito manteve a decisão por seus próprios fundamentos, fls.

89.

A d. Procuradoria-Geral de Justiça, pelo parecer da eminente Procuradora, Dra. Maria da Conceição Moura, fls. 95/96v, opina pelo conhecimento e provimento do recurso interposto.

É O RELATÓRIO.

PASSO A PROFERIR O VOTO:

Observa-se que o réu foi denunciado pelo art. 28 da Lei 11.343/06, sendo que o processo teve início no Juizado Especial Criminal da Comarca de Belo Horizonte.

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O réu não foi localizado para intimação pessoal, encontrando-se em local incerto e não sabido. Como na Lei dos Juizados Especial não se mostra possível a citação editalícia, o d. Representante do Ministério Público pugnou pela remessa os autos à Justiça Comum, nos termos do art. 66 da Lei 9.099/95 (fls. 58), sendo acolhido o pleito às fls. 60.

Às fls. 71 o Parquet ratificou os termos da denúncia, requerendo a citação do réu por edital.

O d. Juiz da 1ª Vara de Tóxicos recebeu tacitamente a denúncia (fls. 72), e determinou a citação do réu por edital, o que foi feito conforme certidão de fls.73

Portanto, nesta ocasião, passou a valer o rito comum e com a legalidade e a regularidade da citação editalícia, ficaram suspensos, automaticamente, o processo e o curso do prazo prescricional, conforme o artigo 366 do Código de Processo Penal.

Sobre a possibilidade de recebimento tácito da denúncia a Jurisprudência deste Tribunal, bem como a do Supremo Tribunal Federal já se manifestou:

"PROCESSO PENAL - PRELIMINARES - AUSÊNCIA DE RECEBIMENTO EXPRESSO DA DENÚNCIA - INÉPCIA DA PEÇA ACUSATÓRIA - PRELIMINARES REJEITADAS - PRONÚNCIA - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - IMPOSSIBILIDADE. 1. A ausência de menção expressa quanto ao recebimento da denúncia. Trata-se de mera irregularidade, pois não há qualquer norma exigindo que a peça inicial acusatória seja recebida por despacho judicial expresso, constando a consagrada expressão "recebo a denúncia". 2. [...] Recurso desprovido."

(TJMG - 1.0332.03.006135-9/002(1) - Rel. Des. ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS - Data da Publicação: 14/10/2008)

"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - INCONFORMISMO MINISTERIAL - DECISÃO QUE, ACOLHENDO PRELIMINAR SUSCITADA PELA DEFESA

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SEDE DE ALEGAÇÕES FINAIS, DECLAROU A NULIDADE DE PARTE DO PROCESSO PENAL, EM VIRTUDE DA INEXISTÊNCIA DE RECEBIMENTO EXPRESSO DA DENÚNCIA - DESCABIMENTO - POSSIBILIDADE DE JUÍZO IMPLÍCITO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO - CITAÇÃO PESSOAL DO ACUSADO - COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO E INTERROGATÓRIO - PROSSEGUIMENTO REGULAR DO FEITO - [...] RECURSO MINISTERIAL PROVIDO. 1. A jurisprudência emanada do Supremo Tribunal Federal não deixa dúvida acerca da possibilidade, do ponto de vista jurídico, de a denúncia não ser recebida em despacho judicial expresso, já que, não havendo qualquer regra veiculando tal exigência, a designação de interrogatório e a ordem de citação do réu são atos que efetivamente denotam o juízo implícito de admissibilidade da acusação. 2. Ainda que assim não fosse, a ausência do recebimento expresso da exordial acusatória ""in casu"" não passaria de mera irregularidade, ou, no máximo, de nulidade do tipo relativa, sendo certo, pois, que, para ser reconhecida e acolhida, haveria de estar inexoravelmente acompanhada de prova de prejuízo (art. 563 do CPP), o que não se verifica na hipótese sob exame." (TJMG - 1.0093.02.001512-4/001(1) - Rel. Des.

SÉRGIO BRAGA - Data da Publicação: 21/07/2006).

"HABEAS CORPUS - ESTUPRO - DENUNCIA - RECEBIMENTO TACITO - DEFENSOR QUE ADMITE A CONDENAÇÃO DO RÉU - ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA - APLICAÇÃO DA PENA - CRITÉRIO TRIFASICO - FIXAÇÃO DE PENA-BASE ACIMA DO MINIMO LEGAL - FUNDAMENTAÇÃO - ANALISE DAS CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS (CP, ART. 59) - INVIABILIDADE - PEDIDO INDEFERIDO. - O oferecimento da denuncia pelo Ministério Público submete se, após a sua formalização, a estrito controle jurisdicional. Essa atividade processual do Poder Judiciário, exercida liminarmente no âmbito do processo penal condenatório, objetiva, em essência, a própria tutela da intangibilidade do

"status libertatis" do imputado. - O Código de Processo Penal não reclama explicitude ao ato DE recebimento judicial da peca acusatória. O ordenamento processual penal brasileiro não repele, em conseqüência, a formulação, pela autoridade judiciária, de um juízo implícito de admissibilidade da denuncia. - O mero ato processual do Juiz - que designa, desde logo, data para o

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interrogatório do denunciado e ordena-lhe a citação - supõe o recebimento tácito da denúncia. (...)" (STF - HC 68926/MG - Rel. Min. CELSO DE MELLO - PRIMEIRA TURMA - DJ 28-08-1992 PP-13453).

Portanto, a citação do réu, ainda que por edital, como no caso dos autos, implica em um juízo implícito de admissibilidade da ação penal, e, obviamente, no recebimento tácito da denúncia.

Cumpre salientar que o réu foi citado por edital, mas não compareceu, e nem constituíu advogado (fls. 74), sendo que neste caso, aplica-se o disposto no art. 366 do CPP, ficando, automaticamente, suspenso o processo, e o curso do prazo prescricional, por força de disposição legal.

Ao contrário do entendido pelo d. magistrado a quo, não se exige decisão expressa de suspensão do feito e do prazo prescricional, até mesmo porque, eventual decisão neste sentido, teria conteúdo meramente declaratório.

Nesta linha de entendimento já se pronunciou o Egrégio Supremo Tribunal Federal:

"PRISÃO PREVENTIVA - MATERIALIDADE DO CRIME E INDÍCIOS DE AUTORIA. A materialidade do crime e os indícios de autoria não respaldam, por si sós, a prisão preventiva, surgindo, isoladamente, como elementos para tal fim. PRISÃO PREVENTIVA - AUSÊNCIA DE LOCALIZAÇÃO DO ACUSADO E DE CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADO. Configurada a situação versada no artigo 366 do Código de Processo Penal, tem-se a automática suspensão do processo e do prazo prescricional, mostrando-se exceção a prisão preventiva do acusado, sempre a depender da observância ao disposto no artigo 312 do mesmo Código. CO-RÉU - EXTENSÃO DE LIMINAR E DE ORDEM. Verificada a identidade de situação, presentes parâmetros objetivos, incide a norma do artigo 580 do Código de Processo Penal, quer em relação à medida acauteladora, quer no tocante ao pronunciamento judicial definitivo." (STF - HC 85713 / SP - SÃO PAULO HABEAS CORPUS - Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO - Julgamento:

17/05/2005

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- Primeira Turma - Publicação: DJ 19-08-2005 PP-00047 EMENT VOL-02201 -3 PP-00490).

No caso em tela, vê-se que os fatos se deram em 11/07/2010, e a denúncia foi recebida tacitamente no dia 02/05/2012, com a determinação da citação do réu por edital, sendo que a suspensão do feito e do prazo prescricional se deu em 25/05/2012 (fls. 73), de modo que não decorreu entre tais lapsos temporais prazo superior a dois anos.

Destarte, tendo ocorrido a suspensão do processo e do prazo prescricional, não poderia o MM. Juiz a quo, decretar extinta a punibilidade dos recorridos pela ocorrência da prescrição, tendo em vista que a mesma ainda não se operou.

Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso ministerial, para cassar a decisão proferida, e determinar o prosseguimento regular do feito até julgamento final.

Custas ex lege.

DESA. KÁRIN EMMERICH - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ALBERTO DEODATO NETO

Divirjo do em. Des. Relator para negar provimento ao recurso ministerial, para manter a decisão que decretou a extinção da punibilidade de Ercílio Gomes de Souza em relação ao crime do art. 28 da Lei 11.343/06.

Ao contrário do que afirmou meu nobre colega, entendo que a aplicação do artigo 366, do CPP, não é automática, depende de manifestação judicial. É a data desta decisão que determinará o termo inicial do prazo de suspensão do processo e também da prescrição.

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E, sendo uma decisão que interfere diretamente em uma garantia do réu, ou seja, na prescritibilidade da pretensão punitiva estatal, é imprescindível a decisão judicial sobre o assunto, não bastando simplesmente que o agente não compareça ou constitua advogado após a citação editalícia.

Ademais, quando da determinação da citação editalícia (fls. 72) a i.

Juíza a quo afirmou que posteriormente se manifestaria acerca da suspensão do processo e do prazo prescricional, em obediência ao art. 366, do CPP. Contudo, em nenhum momento houve esta manifestação.

Desta forma, verifica-se que não houve a suspensão do prazo prescricional tendo a nobre magistrada de primeira instância agido acertadamente ao reconhecer a extinção da punibilidade do recorrido.

Diante do exposto, nego provimento ao recurso ministerial, mantendo na íntegra a r. decisão hostilizada.

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDO O 2º VOGAL"

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