• Nenhum resultado encontrado

Capital humano e crescimento econômico nos municípios do estado do Ceará – 1991 a 2000

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Capital humano e crescimento econômico nos municípios do estado do Ceará – 1991 a 2000"

Copied!
46
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- UFC

Curso de Pós-Graduação em Economia-CAEN

CAPITAL HUMANO E CRESCIMENTO ECONÔMICO

NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ – 1991 A

2000

Antonio Inácio Vilela

(2)

Antonio Inácio Vilela

CAPITAL HUMANO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NOS

MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ – 1991 A 2000

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração em Economia de Empresas, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia.

Orientador: Prof Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto

(3)

ANTONIO INÁCIO VILELA

CAPITAL HUMANO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NOS

MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ – 1991 A 2000

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração em Economia de Empresas, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia.

Aprovada em: 20 de abril de 2005

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Prof. Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto – Orientador

__________________________________

Prof. José Raimundo Carvalho de Araújo Júnior Membro da Banca Examinadora

______________________________________ Prof. Marcelo Lettieri

(4)

AGRADECIMENTOS

A elaboração desta dissertação contou com a colaboração de várias pessoas, pelas quais guardo profunda gratidão. Mesmo correndo o risco de uma inevitável omissão.

Agradeço a Deus pela força e iluminação dadas para vencer os obstáculos impostos pelo dia-a-dia.

Aos meus familiares que foram solidários e compreenderam a minha ausência.

Ao professor Flávio Ataliba, por ter aceito ser meu orientador, seja com suas sugestões para leitura de trabalhos e novos artigos de sua biblioteca particular ou através do seu apoio e compreensão nos momentos difíceis que me deram a tranqüilidade necessária para o êxito deste trabalho.

Ao professor José Raimundo, que gentilmente aceitou participar da banca examinadora desta dissertação, contribuindo com suas oportunas sugestões.

Ao professor Ronaldo Arraes, pela confiança depositada na indicação para líder da turma, as suas providenciais observações quando da apresentação do projeto da dissertação.

Aos funcionários da secretaria, biblioteca, cantina e serviços gerais que estiveram sempre prontos a ajudar.

A todos os colegas que se tornaram amigos pelo companheirismo, estímulo e a agradável convivência.

E por fim, manifesto minha sincera gratidão, respeito e admiração a todos aqueles que

foram meus professores, pela convivência, auxílio e companheirismo que tanto contribuíram para

(5)

RESUMO

Este trabalho se propõe analisar à luz da teoria de Solow através do artigo Contribution to the Empirics of Eonomic Growth de Gregory Mankiw, David Romer e David Weil (1992) quais os fatores que determinam o nível e renda per capita no estado estacionário em Solow (1956), e se o mesmo tem consistência empírica.Assim buscaremos verificar empiricamente as informações obtidas para os municípios do Estado do Ceará, coletadas no Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil elaborado pelo IPEA e PNUD a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE. A variável dependente é a renda total dos municípios, e as independentes são o estoque de capital físico e humano, estoque de emprego e esperança de vida ao nascer, e uma variável binária, esta variável busca captar as empresas que foram beneficiadas pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial, e que assume valor igual a 1 para os municípios com empresas incentivadas, e 0 caso contrário. As variáveis foram coletadas para os anos de 1991 e 2000, para os municípios do Estado do Ceará.Para a análise das informações utilizaremos o modelo de Solow ampliado desenvolvido por Mankiw, Romer e Weil (1992), que buscavam evidências se a inclusão do capital humano poderia alterar a análise da diferença de renda per capita entre países, já que no modelo de Solow tradicional foram encontradas algumas falhas na estimação dos parâmetros do modelo, aqui buscaremos utilizar o modelo ampliado em busca de evidências para os municípios cearenses.O resultado desse estudo poderá servir de base para a identificação de estratégias e formulação de políticas que venham a beneficiar os setores de educação e de produção das empresas dos municípios do estado do Ceará.Os resultados evidenciam a importância dos fatores educação saúde e emprego para a explicação da renda per capita para os municípios do Estado do Ceará, apenas a variável FDI não apresentou o resultado esperado.

(6)

ABSTRACT

This work intends to analyze the light of the theory of Solow through the article Contribution to the Empirics of Eonomic Growth of Gregory Mankiw, David Romer and David Weil (1992) which the factors that determine the level and per capita income in the stationary state in Solow (1956), and if the same has empiric consistency. We will look for like this to verify empiricamente the information obtained for the municipal districts of the State of Ceará, collected in the Atlas of Human Development of Brazil elaborated by IPEA and PNUD starting from data of the Demographic Census of the IBGE. The dependent variables is the total income of the municipal districts, and the independent ones are the stock of physical and human capital, employment stock and life hope when being born, and a binary variable, this variable looks for to capture the companies that they were benefitted by the development Fund Inustrial, that variable it assumes value the same to 1 for the municipal districts with motivated companies, and 0 otherwise. Those varied they were collected for the years of 1991 and 2000, for the municipal districts of the State of Ceará. For the analysis of the information we will use the model of enlarged Solow that was developed by Mankiw, Romer and Weil (1992), that looked for evidences if the inclusion of the human capital could alter the analysis of the difference of per capita income among countries, since in the model of traditional Solow they were found some flaws in the estimate of the parameters of the model, here we will look for to use the model enlarged in search of evidences for the municipal districts from Ceará.The result of that study can serve as base for the identification of strategies and formulation of politics that come to benefit the education sections and of production of the companies of the municipal districts of the state of Ceará. The results evidence the importance of the factors education health and employment for the explanation of the per capita income for the municipal districts of the State of Ceará, variable FDI didn't just present the expected result.

(7)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………8

CAPITULO 1 – A Teoria do Capital Humano e suas Dimensões……….12

1.1Abordagem Macro da Teoria do Capital Humano………...12

1.2Abordagem Micro da Teoria do Capital Humano………16

CAPÍTULO 2 – Capital Humano e Crescimento………...24

2.1 Introdução……….24

2.2 Metodologia………..27

2.3 A Hipótese de Convergência………31

2.4 Variáveis Dependentes……….33

Fontes de Dados………..33

Conclusão………...41

Referencias Bibliográfica………...42

LISTA DA TABELA TABELA 1 – Brasil – Contribuição Relativa dos Componentes na Evolução do IDH (em % da Variação do IDH)………...13

TABELA 2 – Contribuição dos Componentes para a Evolução do IDH segundo Regiões (1970/1996) em %………..14

TABELA 3 – Estatísticas Descritivas das Variáveis………..35

TABELA 4 – Matriz de Correlações das Variáveis………...35

TABELA 5 – Estimativas de MQO para a Taxa de Crescimento da Renda por Trabalhador…...38

LISTA DE GRÁFICO GRÁFICO 1 – Participação Setorial do PIB Total – Ceará 1998………..15

GRÁFICO 2 – Diagrama de Dispersão entre o Ln da Renda Total e o Ln de Estoque de Capital Humano para os Municípios do Ceará………..34

(8)

Introdução

O cenário mundial vem sofrendo significativas transformações desde a década de 80,

envolvendo aspectos e dimensões políticas, tecnológicas, organizacionais, informacionais,

comerciais e financeiras, institucionais, culturais, sociais e outras, que se relacionam de maneira

dinâmica. Acrescenta-se ainda a aceleração dos processos de liberação econômica, evolução

tecnológica, assim como a crescente competição e globalização como manifestações mais

visíveis de tais transformações ao nível da economia mundial. Assim, há a necessidade da

formulação de políticas diferenciadas para o desenvolvimento industrial e inovativo.

No mundo contemporâneo observa-se uma enorme discrepância nas economias

capitalistas em termos de renda per capita, tecnologia, acumulação de capital, capacidade de

investimento e produtividade do fator trabalho. O contraste se torna mais evidente quando são

comparadas as economias do primeiro mundo em relação às economias subdesenvolvidas do

terceiro mundo, embora tais diferenças se manifestem no interior de cada uma delas.

O painel das desigualdades internacionais demonstra que apenas 31 nações alcançaram a

renda per capita de US$ 5.000 a 18.000 mil dólares. Mais de 111 nações detêm renda per capita

inferior a US$ 5.000 dólares, das 57 encontram-se abaixo de US$ 1.000. As nações ricas

concentram 78,5% da renda mundial, com uma população de 812,4 milhões de habitantes e, as

nações pobres do terceiro mundo concentram 4,6 bilhões de habitantes e detêm apenas 21,5% da

renda mundial.1

Neste contexto, são muitas as controvérsias envolvendo as desigualdades mundial e

brasileira. Existe grandes diferenças entre os estados e os municípios brasileiros, principalmente

os municípios da região nordeste e no caso do estudo, os municípios do estado do Ceará.

Enquanto as regiões sul e sudeste do Brasil concentraram a sua produção em bens

industrializados de alto valor agregado as demais regiões e em especial a região nordeste que

concentrou a sua produção em produtos primários. A isso se atribuiu o fato à propagação desigual

do progresso tecnológico que pode ser encontrada na teoria do crescimento econômico, que

enfatiza os desequilíbrios regionais, as condições geográficas e climáticas, como prováveis

causas das desigualdades econômicas.

(9)

No cerne do debate, surgem duas visões diametralmente opostas sobre a dinâmica do

desenvolvimento. A visão convergente, que vê no crescimento econômico a solução para a

redução das desigualdades e a visão divergente, para a qual as desigualdades são inerentes ao

crescimento econômico e próprio do sistema de mercado, requisitando a participação do Estado a

fim de corrigir as enormes diferenças regionais.

Os esforços realizados pelo governo no sentido de alavancar o processo de atração,

transferência e difusão de conhecimento para o setor produtivo industrial, ainda não atingiram a

meta esperada. Verifica-se uma discrepância acentuada entre a produção acadêmica e a

correspondente produção tecnológica.

Aspectos políticos (ineficiência da máquina do estado) e culturais (ausência do setor

empresarial) têm sido considerados na justificativa do, ainda, modesto desempenho dos Sistemas

de Inovação, sejam eles locais, regionais ou setoriais. O que implica, entre outras medidas, na

necessidade de estimular o uso do capital de risco para investimentos em pesquisa e

desenvolvimento.

Independente da tendência adotada, retratar a situação da população dos municípios e a

baixa escolaridade, limitação da idade e a participação da mulher no mercado de trabalho são o

ponto de partida para compreender a extensão das clivagens sociais e raciais existentes no país.

No Brasil, e em particular a região Nordeste ainda podemos verificar a permanência de

um hiato considerável entre a situação dos indivíduos e em especial nos municípios do estado do

Ceará, independente de sua raça/cor, idade, sexo e anos de estudos. As estatísticas mostram que,

mesmo no nível mais elementar de educação o acesso ao trabalho qualificado o hiato entre os

grupos raciais apesar de menor hoje do que em épocas anteriores, ainda persiste.

Faz-se necessário o desenvolvimento de programas visando à integração do setor

acadêmico com o setor produtivo, seja através de projetos cooperativos, seja apoiando a formação

de pólos e parques tecnológicos, seja apoiando a formação de pessoal qualificado.

Mesmo com o grande número de estudantes com curso superior concluído, ainda é

inexpressivo o montante de conhecimentos transferidos ao setor produtivo, provocado pela baixa

inserção dos indivíduos ao mercado formal de trabalho.

A conquista alcançada com a graduação, se analisada pela ótica do desenvolvimento

tecnológico, não produziu os resultados práticos esperados em termos de benefícios

(10)

foram criados novos grupos de pesquisa, mas a aplicação do conhecimento na prática ainda é

incipiente.

Na verdade um dos problemas cruciais que afeta o desenvolvimento tecnológico do país é

o desconhecimento da oferta de mão-de-obra técnica e as parcerias que podem ser firmadas com

parte do setor produtivo, aliada a pouca motivação das Academias, os setores produtivos e os

Órgãos Governamentais, supostamente devido à quase ausência de investimentos aplicados

adequadamente e que venha a desenvolver condições básicas necessárias à integração produtiva.

Dadas estas questões, buscaremos neste trabalho enfatizar a importância do capital

humano na explicação do crescimento econômico numa perspectiva restrita aos municípios

cearenses. Para isto utilizaremos o modelo neoclássico ampliado de Solow desenvolvido por

Mankiw, Romer e Weil (1992) incluindo o capital humano como fator explicativo do crescimento

econômico.

No primeiro capítulo faremos uma breve análise das principais correntes ou escolas

econômicas acerca da teoria do capital humano. Abordaremos também a importância de aspectos

econômicos, sociais, infra-estruturais, demográficos e a sua influência sobre o crescimento, numa

perspectiva restrita aos Municípios mais relevantes do Estado do Ceará.

E, dentro destas dimensões, ressaltar-se-ia a importância da educação como força

impulsionadora e decisiva para o desenvolvimento nos dias atuais para a coletividade,

principalmente nos países subdesenvolvidos.

Assim, o capítulo 1 abrangerá aspectos teóricos da teoria do capital humano abordando o

assunto da educação de uma forma macro, mostrando a sua importância com a formação de

riqueza e também a sua relação com outras variáveis, fato este que já tem sido bastante

trabalhado por Schultz (1973).

Em relação a análise micro enfocaremos o lado do trabalhador observando pela teoria da

Segmentação até que ponto a educação é importante na aferição de melhores salários.

Já no segundo capítulo buscaremos fazer uma análise do modelo de Solow ampliado no

que se refere às questões ligadas ao crescimento da renda per capita e também sobre

convergência só que esta análise ficará restrita aos municípios cearenses.

A extensão das idéias apresentadas no modelo de Solow (1956) mostrava que o ritmo de

crescimento dos países tenderia a se reduzir gradualmente na medida em que os investimentos se

(11)

crescer mais rápido que os mais ricos. Assim, a tendência da renda per capita dos países de

convergir para um valor de estado estacionário apresentada por Solow (1956) poderia implicar

em uma tendência à convergência da renda per capita dos países a um valor comum desde que os

referidos países contassem com parâmetros de preferências, tecnologias e políticas similares.

Embora importante o modelo de Solow os estudos empíricos não tiveram aderência desta

teoria a realidade dos números e das estatísticas, então a partir deste ponto foram desenvolvidos

inúmeros trabalhos avançando na questão deixada por Solow.

A base teórica a partir da qual se desenvolve o trabalho é um conjunto de estudos que

tratam primordialmente de como a desigualdade de renda em determinado ponto afeta o

crescimento e a renda per capita de um país.

Por fim, depois de analisados os dois capítulos que compõem o trabalho será feita a

(12)

CAPITULO 1 - A Teoria do Capital Humano e Suas Dimensões

1.1. Abordagem Macro da Teoria do Capital Humano2

O conceito de Capital Humano vem ao longo do pensamento econômico ganhando

adeptos em razão da sua importância para o crescimento econômico e também devido a sua

relevância como variável estratégica.

Logo, os países desenvolvidos já perceberam ser esta variável altamente relevante em

face das transformações que ocorrem e ocorrerão durante todo o século XXI, devido ao grande

avanço tecnológico e a busca incessante que estes países vêm fazendo para dominar a economia

internacional neste período de globalização.

Contudo, para as economias menos desenvolvidas, como no caso do Brasil, onde ainda

persistem taxas de analfabetismo bastante consideráveis combinadas com outros fatores, tais

como: desemprego, falta de moradia, sistema de saúde ineficiente, etc. Fato estes que se

considerarmos apenas a região Nordeste poderá observar de maneira mais acentuada este

problema, é preciso então buscar urgentemente uma reforma educacional através da ação

conjunta do Governo com o setor privado, de forma a atender os anseios básicos da cidadania,

sem contudo, esquecer a importância que tem o mercado de trabalho como fator importante para

a melhoria dos indicadores de crescimento e desenvolvimento que tem por finalidade melhorar o

bem-estar da população.

A busca pelo bem-estar de uma população passa sem duvida pelo fluxo de rendimentos

que cada indivíduo recebe, porém do outro lado as empresas precisam se capacitar para enfrentar

os novos desafios devido à globalização e a abertura econômica terem forçado os países, neste

caso o Brasil, principalmente os menos desenvolvidos, a buscar novas tecnologias com vistas a

não perder a competitividade no cenário internacional.

Entretanto, estas novas tecnologias têm como requisitos à existência de um trabalhador

mais qualificado e flexível com capacidade de atender as novas exigências do mercado.

Dada a importância das revoluções científicas, a educação foi se convertendo em uma

variável essencial à produtividade do trabalhador.

2

(13)

Diante do exposto, percebe-se a importância dos investimentos em capital humano

enquanto fator essencial nos dias hodiernos por ser elemento determinante da competitividade e

do crescimento.

Tomando como referência o IDH brasileiro entre 1991 e 1996 podemos observar que

metade do aumento do IDH é explicado pelo aumento do índice de educação da população

brasileira (49%), como podemos verificar abaixo:

TABELA 1: Brasil – Contribuição Relativa dos Componentes na Evolução do IDH (Em % da Variação do IDH)

DIMENSÕES 1970 - 1980 1980 - 1991 1991 - 1996 1970 – 1996

LONGEVIDADE 21 45 19 25

EDUCAÇÃO 13 38 49 21

PIB (RENDA) 66 16 32 54

Fonte: IPEA, FJP, IBGE e PNUD (1998).

Para o período como um todo (1970 – 1996) o crescimento da renda explica 54% do

crescimento do IDH, o da longevidade explica 25% e o da educação os 21% restantes. Cumpre

destacar que a dimensão educação aumentou continuamente sua contribuição para o IDH ao

longo de todo o período: de 13% para 38% e, finalmente, para 49%.

Assim, a análise do peso das três dimensões (Longevidade, Educação e Renda) na

explicação da evolução de longo prazo do desenvolvimento humano no Brasil permite concluir

que entre 1970 e 1996 o aumento do PIB per capita foi o maior responsável pelo crescimento do

IDH. O aumento dos índices de Educação e Longevidade respondeu pelo restante, em partes

aproximadamente iguais.A análise por estados e regiões revela notáveis diferenças em relação à

média nacional como veremos na tabela abaixo.

Assim é que, por exemplo, para o período 1970-96 como um todo, a participação da

dimensão Renda para o IDH total é consideravelmente maior nas regiões Sul (62%) e

Centro-Oeste (60%) do que nas demais: na região Norte o peso é de 53%, no Sudeste o peso é de 48%, e

no Nordeste de apenas 33%. Nesta região, por outro lado, o peso das dimensões Longevidade e

Educação na formação do IDH é substancialmente maior do que no Brasil. De fato, as

participações aqui são de 36% e 30%, ao passo que a média do Brasil é de 23% e 21%, como

(14)

importantes nos estados mais pobres quanto a essas dimensões do que quanto aos ganhos de

renda per capita. Mas mesmo as médias regionais encobrem grandes diferenças entre os estados

que a compõem.

No que diz respeito aos subperíodos, as diferenças em relação à média nacional são menos

marcantes. Na década 1970-80, por exemplo, a componente Renda foi a maior responsável pelo

crescimento do IDH em quase todas as regiões. A exceção é, novamente, o Nordeste, onde a

contribuição da Renda para o IDH foi de apenas 39%, bem abaixo da média brasileira de 66%.

No extremo oposto tem-se a região Sul, onde a contribuição foi cerca de 79%.

Evidentemente, a contrapartida disso foram contribuições diferenciadas para as demais

dimensões. No que toca à Longevidade, por exemplo, em torno da média nacional de 21%

situam-se contribuições que vão de 10% no Sul a 40% no Nordeste. Isso mostra que a esperança

de vida no Nordeste era tão baixa em 1970 que os ganhos na década seguinte aumentaram o

índice de Longevidade mais do que nos estados ricos do Sul. O mesmo ocorre no longo prazo.

TABELA 2: Contribuição dos Componentes Para a Evolução do IDH Segundo Regiões (1970-1996) – (Em %)

PERÍODOS NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO

OESTE

1970 – 1980 LONG 20 40 23 10 15

EDUC 16 21 14 11 15

PIB 64 39 63 79 70

1980 – 1991 LONG 37 37 51 53 24

EDUC 28 34 49 47 25

PIB 34 28 0 0 51

1991 – 1996 LONG 18 19 25 27 25

EDUC 41 59 60 54 62

PIB 41 22 15 19 13

1970 – 1996 LONG 25 36 28 18 18

EDUC 22 30 24 20 22

PIB 53 33 48 62 60

Fonte: IPEA, FJP, IBGE e PNUD (1998).

A década 1980-91 caracterizou-se por um quadro totalmente diferente da década anterior.

A contribuição da Renda para o IDH variou enormemente entre regiões, em torno da média

nacional de 16%. Assim, as contribuições de cada região vão de valores próximos a zero, no caso

(15)

Educação foram elevadas em todas as regiões, mas menores no Centro-Oeste. No Sudeste e Sul,

por exemplo, essas contribuições situaram-se em cerca de 50% cada uma, em cada região.

Quanto ao qüinqüênio 1991-96, os dados regionais destacam, uma vez mais, o papel da

dimensão educação. Todas as regiões apresentaram participações muito altas a Educação para a

formação do IDH: 62% no Centro-Oeste, 60% no Sudeste, 59% no Nordeste, 54% no Sul e 41%

no Norte. A dimensão Longevidade teve um desempenho de pouca expressão, especialmente no

Norte e no Nordeste. Coube a Renda o restante, com destaque para a região Norte, onde a

participação do crescimento da renda para o aumento do IDH foi de 41%.

Fazendo agora um breve retrospecto dos indicadores para o estado do Ceará podemos

verificar que o Estado vem crescendo a taxas maiores que o Nordeste e Brasil. O PIB brasileiro

cresceu, de 1985 a 1998, 38,13%, o Nordeste 37,55% e o Ceará 59,24%. Em 1998, o Estado

possuía um PIB corrente a preços de mercado de 18,8 bilhões, gerando um PIB per capita de R$

2.691 ou 47,52% do Brasil. De acordo com esses resultados, o Ceará caracterizou-se por ocupar a

3a. economia da região Nordeste e a 10a. do País. Para a formação do PIB cearense, a agropecuária participou com 5,62%, a indústria, com 40,08% e os serviços, com 54,30%,

conforme pode ser observado no Gráfico 1.

GRÁFICO 1 - Participação Setorial do PIB Total - Ceará - 1998

Fonte: Anuário Estatístico do Ceará 2000.

No âmbito educacional, os principais indicadores para o estado do Ceará, nos últimos anos,

vêm apresentando resultados satisfatórios. Em 1999, a taxa de analfabetismo, para as pessoas

(16)

a taxa de escolaridade foi de 95,35%, a taxa de evasão, 11,49% e de repetência 9,24% (Anuário

Estatístico do Ceará, 2000).

1.2. Abordagem Micro da Teoria do Capital Humano

Em relação ao aspecto micro enfocaremos duas vertentes que buscam explicar as

decisões individuais dos investimentos em educação, uma é a teoria do crescimento (ou do

Capital Humano) e a outra a teoria da Segmentação.

A teoria do crescimento (ou do Capital Humano) busca compreender quais fatores são

determinantes para que o trabalhador possa investir em educação. Essa teoria afirma de forma

irrestrita que existe uma relação positiva entre salários e nível de escolaridade.

Então o que levaria as pessoas investirem em educação, segundo Ehrenberg & Smith

(2000), é que elas esperam ter no futuro um rendimento mais alto e benefícios maiores no longo

prazo. Para se calcular os retornos dos benefícios da educação podemos abordar dois aspectos

que são comumente utilizados para mostrar tal relação.

A primeira visão geral dos benefícios é a de que os indivíduos levarão em conta o valor

presente (V.P.) dos benefícios como um fluxo de investimento de longo prazo que pode ser mais

bem visualizado pela seguinte expressão:

( ) ( )

( )

C

r B r

B r

B r B

T

T

+ + + + + + +

+ 1 1 ... 1

1 2 3

3 2

1

(1)

onde r é a taxa de juros (ou taxa de desconto) e Bt são os benefícios recebidos ao longo do tempo,

onde t = 1, ... ,T.

A análise do valor presente pode ser vista da seguinte forma: um indivíduo só decidirá

investir mais em educação se o valor de seu beneficio futuro for maior do que o beneficio futuro

das diversas aplicações existentes no mercado, dado ser bastante razoável as pessoas preferirem

consumir hoje a amanhã o que também envolve custos psicológicos para o indivíduo, pois a

(17)

Em segundo lugar, os indivíduos também fazem uma análise trazendo para o presente as

diversas aplicações existentes no mercado, logo para que o indivíduo possa aplicar seus ativos em

educação a taxa de retorno dessa aplicação deve ser ao menos tão boa quanto às taxas de retorno

dos diversos ativos existentes no mercado.

No entanto como afirma Schultz (apud Medeiros, 1973, pg. 26-27), que a maior

dificuldade para identificar os investimentos que o ser humano incorpora não deve basear-se na

educação formal como uma melhoria do seu desempenho. Apesar de existirem outros

investimentos que modificam a qualificação dos indivíduos, este passa a possuir uma capacidade

produzida pelo investimento, que se torna parte integrante dele e, por isso mesmo, não pode ser

vendida. Todavia, está capacitação esta ‘em contato com o mercado’ na medida que proporciona

salários para o ser humano.

A segunda visão que os indivíduos levam em consideração pode ser observada pela

seguinte expressão:

( ) ( )

1 1 ...

( )

1 0

1 2 3

3 2

1 − =

+ + + + + + +

+ r C

B r

B r

B r B

T

T

(2)

onde C são os custos incorridos pelo indivíduo. Este é o método da taxa interna de retorno (TIR),

que indica quanto maior for a TIR maior será as chances do indivíduo investir em educação. Essa

expressão em comparação com a do valor presente (VP) nos mostra qual a diferença entre os

benefícios e custos trazidos ao VP seja igual a zero, ou seja, nos mostra qual a taxa que iguala os

benefícios e os custos em termos de valor presente.

Assim, como anteriormente, os indivíduos só incorrerão em custos se a TIR superar os

outros retornos alternativos no mercado e o custo individual na decisão de cada indivíduo for

menor ou no máximo igual aos benefícios trazidos ao valor presente.

Porém, alguns autores como Ehrenberg (2000),Becker (1964), Schultz (1960 e 1961)

argúem que a análise usando a TIR ou VPL apresenta problemas, pois, além desse modelo ser

estático, as taxas de retorno estão mudando ao longo do tempo.

De acordo com LIMA (1980) o raciocínio da teoria do capital humano é o seguinte:

(18)

b) a educação tem como principal efeito mudar suas ‘habilidades’ e conhecimentos;

c) quanto mais uma pessoa estuda, maior sua habilidade cognitiva e maior sua

produtividade; e.

d) maior produtividade permite que a pessoa perceba maiores rendas.

No entanto, esta argumentação foi sendo contestada ao longo do tempo, alguns estudos3 mostraram que para diversos níveis de educação a relação entre as habilidades adquiridas na

escola independe da forte relação positiva entre renda e educação.

Daí outras teorias foram surgindo, como a teoria da socialização que argumenta ser a

escola apenas um tipo de sinal observado pelo mercado na qual pessoas de diferentes origens vão

assumir pápeis distintos dentro do mercado de trabalho de acordo com seu nível educacional.

A ligação entre investimentos em capital humano e o funcionamento do mercado de

trabalho se dá segundo Lima (1980), por:

a) o mercado de trabalho é continuo; e.

b) maior habilidade cognitiva (equivalente a maior produtividade).

Contudo, existe uma outra corrente que está mais preocupada onde de fato a renda dos

trabalhadores é gerada e como funciona este mercado, diminuindo assim a ênfase do papel da

educação nos diversos tipos de renda.

Esta corrente é conhecida como a Teoria do Mercado Dual de trabalho4, e argüi que o papel da educação sobre a distribuição de renda é bastante limitado, e com isso também rompe a

hipótese de que o mercado de trabalho é continuo. Existe agora mercados distintos, e que de

acordo com os diferentes níveis educacionais eles emitem sinais que em última instância

determinam o seu acesso a um ou outro mercado.

Para a teoria do dual (op. cit.) a literatura passa agora a analisar dois mercados; o

primário e o secundário. O mercado primário caracteriza-se por trabalhadores com alta

qualificação, produtividade alta do trabalho, salários mais altos em relação ao outro mercado,

existência de um plano de carreira mais atrativo, progresso técnico mais dinâmico, acesso a

3

Stepan Michelson. “Rational Income Decisions of Blacks and Everbody Else”, in Martin Carnoy (ed.). Schooling in a Corporate Society (Nova York: David McKay Co., Inc., 1972).

4

(19)

treinamentos que exigem maior qualificação, e neste mercado uma característica comum é que os

empregos oferecidos estejam associados a grandes empresas que têm uma alta relação capital /

produto.

Já no mercado secundário pode-se observar agora trabalhadores com baixa qualificação,

alta rotatividade da mão-de-obra, falta de um plano de carreira, baixa produtividade, tecnologias

atrasadas, exigência de pouco treinamento da mão-de-obra, mercados mais restritos para os

produtos acompanhados de demanda instável e pouco acesso a financiamento.

Dentro da teoria da segmentação ou do mercado dual existem três correntes teóricas que

apontam causas diferentes para esse processo que explica a divisão do mercado de trabalho nestes

dois segmentos vistos anteriormente.

As principais características das três correntes podem ser descritas como:

a) Ajuste Alocativo – empregadores procuram ter equipes diversificadas de

trabalhadores para adaptar a produção à demanda, de forma a obter a

eficiência produtiva. Ou seja, é uma característica da mão-de-obra.

b) Demanda de Mão-de-Obra – a estrutura industrial de mercado determina a

segmentação, admitindo-se a existência de um centro oligopolista e uma

periferia capitalista.

c) Luta de Classe – a segmentação surge a partir da transição de um

capitalismo competitivo para um capitalismo monopolista, dominado pelas

grandes empresas, numa tentativa de controlar o processo de trabalho.

A primeira corrente que determina a segmentação defende o que podemos chamar de

ajuste alocativo de Doeringer e Piore apud Lima (1980) Eles argúem que as diferentes condições

internas no mercado de trabalho que as firmas enfrentam é que determinam os tipos de empregos

que os empregadores estão dispostos a oferecer. Logo, os empregadores dependendo do tamanho

da empresa e dos níveis de demanda estarão dispostos a oferecer empregos que exijam diferentes

níveis de treinamento, por exemplo, firmas grandes e com demanda estável tenderão a oferecer

melhores condições internas de trabalho, enquanto as firmas pequenas e com níveis de demanda

(20)

Argumentam também que os diferentes tipos de emprego existentes dentro do mercado

estão associados a diferentes pessoas de acordo com as suas características intrínsecas tais como

anos de escolaridade, experiência pessoal e profissional, sexo e raça que irão determinar sua

evolução futura.

Logo, podemos verificar que tais características intrínsecas de cada trabalhador

determinarão o tipo de mercado que cada um irá atuar e também se observa que existe um certo

ciclo, pois verificamos que neste contexto a probabilidade é altíssima de um trabalhador que atua

no mercado secundário, por exemplo, ter seus herdeiros atuando também neste mercado e que a

mobilidade apesar de existir tem uma probabilidade bastante pequena neste fluxo.

Em resumo, estes autores consideram que o tipo de mercado que cada trabalhador atua

está determinada pelas características pessoais de cada um, também atribui que o treinamento é

um grande fator de mobilidade e ascensão, mas que dificilmente os trabalhadores do secundário

terão acesso a treinamento dado as características deste mercado devido à falta de incentivo que

os empregadores tem para investir. Então se percebe que existe na visão de Doeringer e Piore

apud Lima (1980) um mercado de trabalho estratificado baseado no lado da oferta de trabalho.

Uma segunda corrente pode ser encontrada nos trabalhos de Bluestone e Harrinson apud

Lima (1980) que agora enfocam as características da demanda por mão-de-obra e vê esta como

responsável pela segmentação do mercado. O aspecto relevante é como se comporta a estrutura

industrial observando as características das firmas e dos empregos e o modo como interagem.

A estrutura industrial é separada em um ‘centro’ oligopolista e uma ‘periferia’

competitiva. As firmas têm algumas características próprias dependendo do setor que atuam. As

do ‘centro’ caracteriza-se por grandes lucros, as firmas tem uma alta utilização de capital com

traços monopolistas, alto grau de sindicalização e alta produtividade. Já as ‘periféricas’

caracterizam-se por serem pequenas e não terem fortes sindicatos organizados, estagnação

tecnológica, baixa produtividade e lucros pequenos.

Harrison e Viectoriz (apud Lima, 1980, pg. 239) afirmam que o dualismo tecnológico,

resultante da concentração capitalista, reforça grandemente a segmentação do mercado de

trabalho.

Como conseqüência à alta produtividade da mão-de-obra decorre não somente pela

qualificação do capital humano em si e sim pelo capital moderno no qual as firmas do ‘centro’

(21)

Decorrente disso a segmentação do mercado de trabalho, a diferenciação salarial e a

mobilidade dentro do mercado primário estão ligados direta e indiretamente a fatores

institucionais que determinam o grau de monopólio dos diferentes segmentos industriais.

A ligação direta com o mercado se da devido ao grau de monopólio das industrias que

podem transferir os aumentos de custos para os consumidores sem reduzir sua margem de lucro

através de preços de mercado maiores ao passo que as industrias competitivas não são capazes de

repassar os seus custos para o mercado devido a aumentos de salários.

Enquanto a ligação indireta ocorre devido ao poder de mercado que ao inserir capital de

alta tecnologia e novas técnicas produtivas acabam por afetar os salários, pois afetam a

produtividade da mão-de-obra tornando-a mais cara.

Então podemos concluir que enquanto no mercado primário o avanço tecnológico é uma

característica típica haverá então interesse da parte tanto dos empregadores como dos

empregados em investir na qualificação do capital humano, enquanto no secundário este fato não

é necessário, pois não existe a necessidade de tais investimentos.

O terceiro enfoque pode ser visto nos trabalhos de Reich, Edwards, Gordon apud Lima

(1980), que a segmentação do mercado de trabalho deve-se ao processo histórico que permite o

controle por certo grupo dos meios de produção da determinação da taxa de acumulação do

capital e participação de capital e trabalho no produto total.

O ponto crucial para a segmentação do mercado de trabalho é dado pela existência de

diferentes classes sociais e também de certa forma pelo tipo de sistema educacional como

responsável pela relativa imobilidade social e intramercado entre as gerações.

Os desenvolvimentos divergentes dos mercados de trabalho são o resultado de um longo

processo histórico que foi se dando a partir da adoção de novas tecnologias que permitiu a um

determinado grupo o controle dos meios de produção definindo assim a participação de cada

grupo no produto total entre capital e trabalho, ou seja, os detentores dos meios de produção é

que passaram a determinar a participação na taxa de acumulação do capital entre os segmentos da

sociedade.

A segmentação segundo estes autores se deu devido o alto grau de conscientização da

classe trabalhadora, pois os empregadores conscientes disso e da ameaça revolucionaria que os

trabalhadores representavam resolveram fazer a segmentação do mercado com o intuito de

(22)

Segundo Lima (1980, pg.245,) a segmentação permitiu a classe capitalista tornar-se

hegemônica de três formas:

a) dividindo trabalhadores, diminui o poder de barganha destes frente a seus

empregadores;

b) estabeleceu barreiras quase intransponíveis à mobilidade entre segmentos, limitando

as aspirações dos trabalhadores; e.

c) Estabelecendo a divisão dos trabalhadores em segmentos, legitima diferenças de

controle a autoridade entre superiores e subordinados.

A argumentação final deste enfoque é que a adoção do modo capitalista de produção

permitiu a segmentação da estrutura industrial gerando assim entraves a mobilidade dentro dos

segmentos e facilitando assim o papel das instituições no sistema.

Para o modelo dual a distribuição de renda dá-se observando alguns aspectos como

veremos a seguir.

Uma primeira questão a ser levantada no modelo dual é que o principal papel da

educação é dar acesso a certos segmentos. Dependendo do nível de escolaridade que a pessoa

adquire ela acena para o mercado de trabalho fornecendo ‘sinais’ e com isso determinando o tipo

de mercado que a pessoa terá acesso.

No entanto devemos observar que o nível de escolaridade para se ter acesso digamos ao

mercado primário vem evoluindo ao longo do tempo e aumentando assim o seu nível de

exigência. O que podemos concluir que ao longo do tempo aumentos nos níveis educacionais

caminham conjuntamente com o aumento da desigualdade nos mercados.

Um outro questionamento pode ser visto em relação aos salários dos trabalhadores nos

diferentes segmentos nos períodos de recessão. Pode-se observar que nos períodos de recessão os

trabalhadores do mercado secundário sofrem mais do que os do primário devido às firmas que

operam neste mercado por serem menores e de baixa tecnologia não podem suportar períodos

maiores de recessão enquanto as firmas que operam no primário são na sua grande maioria

monopolistas além dos trabalhadores deste setor não sofrerem tanto devido ao fato de serem

protegidas pela legislação social ou por sindicatos e estas empresas monopolistas tendem a

(23)

Já nos períodos de crescimento os trabalhadores do mercado primário tendem a se

apropriar de parcelas maiores dos ganhos de produtividade ocasionando com isso o alargamento

dos diferenciais de renda média entre os trabalhadores nos diferentes mercados.

Finalmente observaremos como se dá o impacto das inovações tecnológicas nos

diferentes mercados. Lima afirma que o impacto das inovações tecnológicas nos diferentes

mercados de trabalho é assimétrico.

No mercado primário dado ele ser predominantemente monopolista tem-se uma maior

exigência em adotar tecnologias poupadoras de mão-de-obra aumentando com isso a

produtividade dos trabalhadores já que os empresários precisam de forma continuada estar

sempre investindo na qualificação dos trabalhadores aumentando com isso seus salários que são

maiores em relação ao outro mercado.

Porém no mercado secundário dado ele ser competitivo não existe por parte dos

empresários o interesse em investir no aprimoramento tecnológico, ou seja, existe uma

estagnação tecnológica que tem implicações sobre os salários mantendo os mesmos estagnados a

níveis relativamente baixos em relação ao primário mantendo-se então este ciclo.

Em síntese, postula-se que a teoria do capital humano procura explicar como se dá à

relação entre nível de escolaridade e renda, supondo que o primeiro determina o segundo. Diante

da perspectiva de mercado de trabalho contínuo e igual possibilidades de educação para todos.

Todavia, algumas limitações lhe são impostas, como a existência de segmentação no mercado de

trabalho, apoiado nas diferenciações socioeconômicas dos municípios ou até mesmo da

(24)

CAPITULO 2 - Capital Humano e Crescimento

2.1. Introdução

A teoria Neoclássica de crescimento, representada pelos trabalhos de Solow (1956, 1957),

foi bastante utilizada pelos pesquisadores econômicos após o pós-guerra até os anos 1980. Solow

(1956) mostrava que o crescimento econômico poderia ser explicado a partir de uma função de

produção de retornos constantes de escala e rendimentos decrescentes no fator capital, com

progresso técnico exógeno. Um de seus resultados clássicos mostrava que haveria a tendência a

taxa de crescimento de longo prazo dos países convergir a um valor de estado estacionário e este

trabalho acabou por se tornar um ponto de referência obrigatório para o desenvolvimento da

teoria neoclássica de crescimento.

No estado estacionário, a taxa de crescimento da renda per capita deveria ser igual à taxa

de progresso técnico exógeno. Já em Solow (1957), o autor buscou interpretar os dados sobre o

crescimento norte-americano na primeira metade o século XX à luz de uma função de produção

agregada. Neste trabalho, Solow apresentou evidências de que a acumulação de capital poderia

explicar tão somente uma fração do referido crescimento e, além de definir os fundamentos de

uma metodologia de análise empírica, chamou atenção para o estudo do progresso técnico como

força motriz do crescimento econômico. Os trabalhos de Solow (1956,1957) trouxeram

conseqüências importantes para o estudo do crescimento dos países, tanto sobre a busca por

elucidar a amplitude e o significado do progresso técnico no crescimento econômico, quanto na

forma como veio se desenrolar, na prática, este estudo.

A extensão natural das idéias apresentadas no modelo descrito por Solow (1956) e que se

desenvolveu através da literatura de crescimento neoclássica trazia a mensagem de que o ritmo de

crescimento dos países ricos tenderia a se reduzir gradualmente na medida em que os

investimentos se dirigissem a atividades cada vez menos produtivas e de que os países mais

pobres tenderiam a crescer mais rápido que os mais ricos.

Assim, a tendência da renda per capita dos países de convergir para um valor de estado

estacionário apresentada por Solow (1956) poderia implicar em uma tendência à convergência da

renda per capita dos países a um valor comum desde que os referidos países contassem com

(25)

Embora se pudesse esperar que, dado o alcance e a importância das assertivas colocadas

acima, estudos empíricos viriam mostrar, afinal, a aderência desta teoria à realidade dos números

e das estatísticas, iniciou-se um grande debate sobre a validade e o alcance das conclusões

extraídas dos trabalhos de Solow (1956, 1957) e da literatura deles derivados.Este debate pode

ser exemplificado através de uma rápida excursão por algumas conclusões extraídas de trabalhos

de pesquisadores do crescimento de linhas distintas do pensamento econômico.

Dentro da linha teórica neoclássica, Barro e Sala-I-Martin (1995) descartam a convergência

absoluta5 e concluem que os achados empíricos sobre convergência condicional são consistentes com o modelo de crescimento neoclássico.

Apesar destas diferentes leituras dos dados empíricos como os trabalhos de Barro e Sala

–I-Martin (1995) e Aghion e Howitt (1998) parecerem antagônicas, as mesmas não são

completamente excludentes. Ao se considerar que a convergência condicional se refere ao fato de

que a taxa de crescimento de cada país tende a se aproximar de um nível estacionário relativo e

que este valor de longo prazo pode ser distinto entre países em função de seus fundamentos –

parâmetros de escolaridade da população e variáveis políticas, entre outros – não haveria

incompatibilidade entre este conceito de convergência e o aumento transitório da desigualdade

internacional (De La Fuente, 1996, p. 13).

Embora autores como Barro e Sala-I-Martin (1995), Aghion e Howitt (1998) apontem para

a validade da convergência condicional, a idéia de progresso técnico exógeno permaneceu no

centro de debates entre a comunidade acadêmica tentando se verificar as contradições existentes

entre o crescimento endógeno e exógeno.

A teoria neoclássica passou a contar, então, com modelos de crescimento endógeno.

Entretanto, para que isto fosse possível, foi necessário abandonar o pressuposto de rendimentos

marginais decrescentes dos fatores. Ainda com a suposição de mercado perfeito, caso haja

externalidades, pode-se ter crescimento endógeno, mas não se pode ter investimento em P&D. A

competição imperfeita possibilita a remuneração da inovação intencional dos empresários

privados e os rendimentos crescentes provêm das externalidades resultantes da inovação que, em

última instância, podem acabar por evitar a convergência entre as taxas de crescimento do

produto e da população ativa.

5

(26)

Dentre as possibilidades vislumbradas pela teoria do crescimento endógeno estaria a de

convergência da renda per capita entre os países.

Em um estudo empírico sobre o crescimento dos países, De La Fuente (2000) reafirma a

validade da visão tradicional – em detrimento da teoria do crescimento endógeno – de que a

convergência é o denominador comum da trajetória de crescimento dos países e regiões desde

que se controle algumas variáveis quando da realização da análise empírica.

O debate sobre convergência e divergência prossegue. Se por um lado às evidências

apontam para o fortalecimento da teoria tradicional, esta parece não ter o poder explicativo

necessário para desvendar as raízes econômicas dos movimentos que procura mostrar. Por outro

lado, as tentativas dos teóricos do crescimento endógeno até o presente momento não se

mostraram frutíferas a luz das mesmas evidências empíricas.

Uma linha de pesquisa que vem ganhando força na literatura tenta mostrar que na verdade a

ótica apresentada pelo crescimento dos países é mais complexa que a simples possibilidade de

convergência ou divergência. Segundo esta idéia, cujo mérito estaria em fornecer uma visão mais

geral sobre o fenômeno do crescimento econômico que abarcaria tanto a possibilidade de

convergência quanto de divergência, a convergência poderia se dar em nível local, em grupos ou

‘clubes’ de países (Dosi; Fabiani, 1994).

Embora se possa vislumbrar pontos de contato a cerca dos trabalhos que possam trazer as

diversas linhas de pesquisa sobre o crescimento, tanto de caráter mais tradicional, quanto mais

heterodoxo, a um entendimento comum sobre alguns aspectos mais gerais do crescimento dos

países, existe ao menos um ponto fundamental de divergência – particularmente entre a linha que

questiona o trabalho de Solow e a linha dos seus seguidores – que se assenta sobre a busca das

causas últimas deste crescimento. Nas palavras de Fagerberg (1995, p.281),

(27)

Para Dosi e Fabiani (1994, p.127), “... it seems to us that progress towards a better

unerstaning of the ‘deeper sources’ of growth is hindered by an obstinate adherence to

microfundations and to the attempt by many to incorporate learning within the familiar

framework of optimal allocation by an unboundedly rational representative agent.”

Além disto, uma visão de crescimento que não contemple a análise mais detalhada dos

aspectos estruturais da economia pode obscurecer fatores relevantes para o entendimento da

própria dinâmica do crescimento, pois, como afirmam Dosi, Pavitt e Soete (1990, p.11):

In so far as technology gaps and their changes are a fundamental force in shaping international competitiveness, their impact on domestic income, by inucing an/or allowing a relatively high rates of growth via the foreign trade multiplier, will be significant. However, the ‘virtuous circle’ between technological levels, foreign competitiveness and domestic growth is not entirely automatic and endogenous to the processes of economic development. (...) country-specific and sector-specific innovative or imitative capabilities can be isolated as one of the single most important factors which originate these ‘virtuous circles’ and contribute to explaining the patterns of international convergence or divergence in terms of trade performance, per capita incomes and rates of growth.

O tratamento que se pretende dar a este capítulo quanto aos modelos de crescimento será o

de analisar a luz a teoria de Solow através do artigo Contribution to the Empirics of Economic

Growth de Gregory Mankiw, David Romer e David Weil (1992) que observaram que o modelo

de Solow poderia ser melhorado ao incluir o capital humano.

Buscaremos então explicar através do modelo de Solow aumentado os fatores explicativos

do crescimento per capita para os municípios do Estado do Ceará levando-se em consideração a

acumulação de capital físico, estoque de empregos, esperança de vida, política industrial e capital

humano.

2.2. Metodologia

Mankiw, Romer e Weil (1992), retornam ao clássico estudo realizado em 1956 por Solow

sobre crescimento econômico. Nesse estudo os autores tentam mostrar possíveis problemas de

estimativas viesadas no modelo de Solow (1956) em relação à omissão do capital humano como

(28)

Ambos modelos assumiram uma função de produção que segue o padrão neoclássico. Em Mankiw, Romer e Weil (1992) assume-se o modelo de Solow ampliado, onde considera-se o capital humano como fator de produção.

(

K H AL

F

Y = , ,

)

(1)

onde, Y é o produto, K é o estoque de capital físico, H é o estoque de capital humano, A é o nível

tecnológico e L a força de trabalho. Além disso, é possível expressar a função de produção na sua

forma intensiva, onde os fatores de produção estão divididos pelo trabalho efetivo (AL). Não

obstante, faz-se necessário apresentar as propriedades da função de produção, cuja presença é

crucial para a análise do crescimento econômico. Na função de produção assume-se que:

i. Função de produção

( )

=

( )

∞ =∞

→ +

+ R F F

R

F: 0 0

ii. Os produtos marginais dos fatores de produção são positivos, mas crescem a taxas

decrescentes; 0 ; 0 ; 0 > ∂∂ > ∂ ∂ >

∂∂ H

F L F K F 0 ; 0 ; 0 2 2 2 2 2 2 < ∂∂ < ∂ ∂ <

∂∂ H

F L

F K

F

iii. A função de produção exibe retornos constantes de escala, ou seja, é homogênea de grau

um;

(

λKLL

)

F

(

K,L,H

)

∀λ >0

(29)

iv. A função de produção respeita as condições INADA1. 0 lim ; 0 lim ; 0 lim lim ; lim ; lim 0 0 0 = ∂∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ ∞ = ∂∂ ∞ = ∂ ∂ ∞ = ∂∂ ∞ → ∞ → ∞ → → → → H F L F K F H F L F K F H L K H L K

Essas condições são cruciais para garantir a existência de um estado estacionário de

crescimento econômico. Além disso, é possível expressar a função de produção na sua forma

intensiva, onde os fatores de produção estão divididos pelo trabalho efetivo (AL).

(

)

AL f

( )

k h AL H AL K F L

Y = ⋅ , ,1 = ⋅ ˆ,ˆ

( )

k h f

yˆ = ˆ, ˆ (2)

onde, é o produto por trabalho efetivo, é o capital por trabalho efetivo, e é o capital

humano por trabalho efetivo. Uma hipótese importante refere-se a participação da força de

trabalho efetiva, que por sua vez se mantém constante. Além disso, a taxa de crescimento

populacional é dada pelo parâmetro

η, e a taxa de crescimento tecnológico é dado pelo parâmetro x. Isso implica que a taxa de crescimento da força de trabalho efetiva será dada pela

soma das taxas de crescimento

(

η+x

)

, através da seguinte função exponencial:

( ) ( ) ( ) ( )

( )xt

e L A t L t

A = 0 0 ⋅ η+ (3)

η

=

L

L& ; x

A

A& = e

( )

x n

AL

AL = + (4)

onde L

( )

0 é a força de trabalho inicial, A

( )

0 é o nível inicial de tecnologia.

1

(30)

A terceira suposição é quanto a acumulação de capital físico e capital humano, isto é,

ambos possuem a mesma dinâmica e mesma taxa de depreciação.

K Y s K& = K −δ

(5)

H Y s H& = h −δ

onde, é a fração do produto que é investido em capital físico, e é a fração do produto que é

investido em capital humano. Na forma intensiva, as equações de acumulação tornam-se:

k

s sh

( )

k h

(

x n k

f s

kˆ= k ⋅ ˆ,ˆ − + +δ ⋅ ˆ

&

)

(6)

( )

k h

(

x

)

h f

s

hˆ= h ˆ, ˆ − +η+δ ⋅ ˆ

&

No estado estacionário todas as variáveis per capitas crescem a taxa zero, ou seja, o nível

de capital físico e humano por trabalho efetivo convergem para um nível constante e .

Isso implica que o produto por trabalho efetivo também convergirá para um nível constante .

Considerando uma função de produção do tipo Cobb-Douglas:

* ˆ

k hˆ*

* ˆy

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

t =K t αH t β

[

At Lt

]

1−α−β α +β <1

Y (7)

As variáveis de capital físico e humano no estado estacionário se apresentam da seguinte

maneira:

(

)

β α β β δ η − − − ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ + + = 1 1 1 * ˆ x s s

k k h

(

)

β α α α δ η − − − ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ + + = 1 1 1 * ˆ x s s

h k h (8)

(31)

(

)

[ ]

α β α β

β αβ α

δ

η − −

− −+

⋅ ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣

+ +

= 1

1 1

1 *

ˆ sksh

x

y (9)

Diante do exposto, percebe-se que o modelo aumentado de Solow apresenta convergência

das variáveis para um estado estacionário. Isso se deve ao fato de que os fatores de produção

possuem rendimentos decrescentes, e retornos constantes de escala na função de produção

(

α +β +γ =1

)

. Nesse sentido, que fator de produção possui mais influência sobre a taxa de crescimento do produto?

A Hipótese de Convergência

Segundo Barro (1989), nos modelos de crescimento com retornos decrescentes como

Solow (1956) e Ramsey (1928) – Cass (1965) – Koopmans (1965), a taxa de crescimento per

capita entre os países tende a ser inversamente relacionada com o nível de renda per capita

inicial. Nesse sentido, abstendo-se de choques aleatórios, países pobres e ricos tenderiam a

convergir em termos de renda per capita. Ademais, o autor afirma que esta hipótese de

convergência parece ser inconsistente com a evidência empírica entre os países, os quais não

apresentam uma relação entre a renda per capita inicial e sua taxa de crescimento.

A hipótese de que economias pobres tendem a crescerem mais rapidamente do que

economias ricas em termos per capita, refere-se a convergência absoluta. Ou seja, considerando

um grupo de economias com parâmetros similares

(

s ,,xηeδ

)

, o que implica em possuir o

mesmo nível de renda per capita e capital per capita no estado estacionário

(

yˆ*ekˆ*

)

, e se elas diferem unicamente quanto a nível inicial de renda e capital per capita, então os países com baixo

nível de renda per capita inicial possuem taxas de crescimento maiores.

Entretanto, se tais parâmetros diferem entre os países demonstrando a heterogeneidade

dentro do grupo, é possível encontrar convergência condicional entre eles, indicando a forma de

clubes de convergência entre os países. Portanto, que tipo de evidência é possível observar para

os municípios do estado do Ceará quanto a convergência?

No Brasil, os estudos sobre convergência de renda per capita entre os estados brasileiros

(32)

Ferreira e Diniz (1995), Ferreira e Ellery Jr. (1996) encontram β-convergência absoluta e σ

-convergência entre os estados brasileiros. Ferreira (1996) verifica σ-convergência de 1970 a

1985, Ferreira (2000) encontra σ-convergência e β-convergência condicional no mesmo período.

Arraes (1997) encontra convergência entre os estados do Nordeste, particularmente na década de

80.

Alguns estudos ampliaram o período analisado: Zini Jr. (1998) encontra β-convergência e

σ-convergência no período de 1939 a 1994, Ferreira (1999) encontra β-convergência absoluta e σ-convergência no período 1939 a 1995, Barossi Fº e Azzoni (2003) encontram sinais de convergência absoluta no período de 1947 a 1998 utilizando técnicas de séries temporais.

Azzoni e outros (2000), utilizando micro-dados com cohorts por estados e idade, não

detectam convergência absoluta no período 1981 a 1996, porém encontram convergência

condicional muito alta entre os estados brasileiros após controladas as diferenças geográficas

(medida pela latitude), de capital humano e infra-estrutura. De uma forma geral, verifica-se

existência de convergência absoluta entre os estados no período de 1970 a 1985, porém fora

deste período as evidências não são conclusivas. Por outro lado, todos os estudos de cross-section

e painel indicaram β-convergência condicional.

Analisando a convergência em um menor nível de agregação Vergolino e Monteiro Neto

(1996) somente obtém convergência entre as microrregiões do Nordeste, no período de 1970 a

1993, Rocha e Vergolino (1996) encontram β-convergência absoluta entre as microrregiões do

Nordeste no período 1970 a 1980, o mesmo não se verifica, porém, no período seguinte de 1980 a

1990.

Os resultados de convergência condicional indicam que as variáveis capital humano, o

negativo da distância em relação ao centro econômico formado pelas capitais

Fortaleza-Recife-Salvador e as condições de vida dos indivíduos tem relação positiva com o nível de produto per

capita. Porto Jr. e Souza (2002), ao utilizarem matrizes de transição e o teste de Drenam e Lobo,

não obtiveram convergência entre os municípios nordestinos. Porto Jr. e Ribeiro (2000)

identificam a formação de clubes de convergência entre os municípios da região Sul com a

(33)

Amostra Disponível

As informações obtidas para os municípios do estado do Ceará, foram coletadas no Atlas

do Desenvolvimento Humano do Brasil elaborado pelo IPEA e PNUD a partir de dados do

Censo Demográfico do IBGE. A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE), cujas

informações sobre o mercado formal de trabalho são divulgadas anualmente pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, também foi consultada. A terceira e última fonte de dados foi o Anuário

Estatístico do Ceará elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Ceará (IPECE), que

possui informações referentes a infra-estrutura dos municípios. Nesse sentido, o quadro abaixo

apresenta as informações coletadas e suas respectivas fontes.

Quadro 1: Descrição das Variáveis

Variáveis Dependentes Fonte de

Dados

Y Renda total dos municípios PNUD/IPEA

Variáveis Independentes

K Consumo de energia elétrica (proxy) IPECE/CE

H Media de anos de estudos por município (proxy) PNUD/IPEA

N Estoque de empregos formais RAIS/MTE

S Esperança de vida ao nascer (proxy) PNUD/IPEA

D Dummy representante da política industrial IPECE/CE

Fonte: Pesquisa de Dados (PNUD/IPEA, RAIS/TEM,IPECE e IBGE)

A variável dependente é a renda total dos municípios, e as independentes são o estoque de

capital físico e humano, estoque de emprego e esperança de vida ao nascer, e uma variável

binária. Essas variáveis foram coletadas para os anos de 1991 e 2000, para os municípios do

estado do Ceará.

A variável de estoque de capital físico é constituída por uma proxy, o consumo de energia

elétrica (industrial, comercial e rural) que é bastante utilizada em trabalhos de crescimento

(34)

utilizou-se as informações do ano de 1990 dado que o consumo de energia elétrica varia muito

pouco de um ano para o outro.

O capital humano é baseado na média de anos de estudos da população acima de 25 anos

de idade. Essa proxy se mostrou bastante correlacionada com o nível de renda dos municípios

(ver Gráfico).

Gráfico 2

Diagrama de Dispersão entre o Ln da Renda Total e o Ln do estoque de Capital Humano para os Municípios do Ceará

25.00

20.00

15.00

ln( Y)

10.00

5.00

0.00

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50

Ln(H)

O estoque de emprego, obtido na base de dados da RAIS, apresentaram observações

omitidas para 33 municípios, os quais foram excluídos da amostra. Nesse sentido, foram

considerados os 151 municípios com informações de forma a se obter uma amostra balanceada.

Esta variável foi escolhida justamente por ser uma legitima representante do fator trabalho, na

função de produção. Em geral, utiliza-se a população como uma proxy para a variável trabalho, o

que não é o caso no presente estudo.

Além das variáveis acima citadas, utiliza-se uma proxy para saúde de forma a medir se tal

variável possui efeitos sobre a taxa de crescimento da renda por trabalhador. A proxy escolhida

foi a esperança de vida ao nascer, pois é uma das medidas que melhor exprime as condições de

saúde da população brasileira, e que compõe o índice de desenvolvimento humano.

Em Carvalho e Oliveira (2003), utilizou-se uma variável binária para representar a

(35)

Ceará (FDI) como forma de verificar seu impacto sobre o estoque de emprego dos municípios do

Ceará. Essa variável assume valor igual a 1 para os municípios com empresas incentivadas, e 0

caso contrário. Na presente amostra, 49 municípios receberam pelo menos uma empresa

incentivada. Dessa forma tentar-se-á verificar se essa política industrial contribui para o

crescimento da renda por trabalhador. Abaixo a tabela mostra a descrição das variáveis acima

logaritmizadas.

TABELA 3: Estatísticas Descritivas das Variáveis

Valores Absolutos das Variáveis

Estat

istic

as

H S Y N K D

Média 2.955430 66.40927 7385065. 4287.060 200.8940 0.324503 Mediana 2.870000 66.71000 1615192. 676.0000 6.000000 0.000000 Máximo 6.910000 71.99000 6.57E+08 413938.0 960.0000 1.000000 Mínimo 1.830000 58.74000 279417.2 6.000000 1.000000 0.000000 Desv. Padrão 0.732037 2.813923 53405322 33715.00 305.1067 0.469747

Observations 151 151 151 151 151 151

Cross sections 1 1 1 1 1 1

Fonte: Estimativas feitas pelo próprio autor.

As variáveis foram logaritmizadas como forma de diminuir a escala das variáveis e

amenizar a variância entre as observações. Abaixo, está a matriz de correlações para as variáveis

consideradas no modelo econométrico. Como é de se esperar, as variáveis de capital físico e

trabalho possuem correlação positiva com a renda, assim como o capital humano e a saúde (ver

tabela).

TABELA 4: Matriz de Correlações das Variáveis

Matriz de Correlação entre as Variáveis

Ln(Y) Ln(H) Ln(K) Ln(N) Ln(S)

Ln(Y) 1

Ln(H) 0,597 1

Ln(K) 0,887 0,707 1

Ln(N) 0,829 0,617 0,803 1

Ln(S) 0,362 0,385 0,432 0,259 1

(36)

É possível observar que o coeficiente de correlação entre a variável saúde (representada

pela esperança de vida ao nascer) e renda é positivo, mas com o valor se comparado aos

coeficientes de correlação entre a renda e as demais variáveis. Além disso, nota-se uma elevada

correlação entre o capital humano e capital físico, sendo superior a correlação entre capital

humano e a renda.

O Modelo Econométrico e Resultados

O modelo econométrico é baseado numa função de produção Cobb-Douglas da equação

(7), que além de apresentar os fatores de produção tradicionais (K e L), e a variável de capital

humano (H), inclui um termo exponencial que envolve outras variáveis que podem exercer

influência sobre a taxa de crescimento da renda por trabalho efetivo. Nesse sentido a função de

produção é descrita da seguinte forma:

( )

= α β 1−α−β lnStθ α +β <1

t t t

tK H L e

A t

Y (10)

onde,

Y(t) = renda total;

A(t) = nível tecnológico;

L(t) = estoque de trabalho;

K(t) = capital físico;

H(t) = capital humano;

S(t) = nível de saúde

O modelo assume que o nível de renda da economia seja influenciada pela condição de

saúde de sua população. Segundo Bloom, Canning e Sevilla (2001), trabalhadores saudáveis são

fisicamente e mentalmente mais produtivos, e assim recebem maiores salários.

A logaritmização da equação (10) torna o modelo linear nas variáveis e seus coeficientes

passam a ser as elasticidades entre a variável dependente e suas variáveis explicativas. Além

disso, no modelo logaritmizado é possível reescrevê-lo em termos de taxas de crescimento.

Imagem

TABELA 1: Brasil – Contribuição Relativa dos Componentes na Evolução do IDH (Em %  da Variação do IDH)
TABELA 2: Contribuição dos Componentes Para a Evolução do IDH Segundo Regiões (1970-1996) –  (Em %)
GRÁFICO 1 - Participação Setorial do PIB Total - Ceará - 1998
Gráfico 2
+3

Referências

Documentos relacionados

As mulheres travam uma história de luta por reconhecimento no decorrer do tempo sistematicamente o gênero masculino dominava o feminino, onde prevalecia a hierarquização do sexo

Utilizando a forma funcional de um polinômio de terceiro grau e um modelo em painel (POLS, EF e EA) com os índices de Gini e L de Theil como variáveis representativas da

A primeira a ser estudada é a hipossuficiência econômica. Diversas vezes, há uma dependência econômica do trabalhador em relação ao seu tomador. 170) relata que o empregado

La asociación público-privada regida por la Ley n ° 11.079 / 2004 es una modalidad contractual revestida de reglas propias y que puede adoptar dos ropajes de

Dentro de uma estrutura atuarial, a plataforma do Tesouro Direto é utilizada como fundamento para a implementação de um sistema apto a proteger os valores dos participantes,

Os sete docentes do cur- so de fonoaudiologia pertencentes à FMRP publica- ram mais artigos em periódicos não indexados no ISI, ou seja, em artigos regionais e locais, tais como:

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for