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PROJECTO DE RELATÓRIO

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PR\805797PT.doc PE431.024v02-00

PT Unida na diversidade PT

PARLAMENTO EUROPEU 2009 - 2014

Comissão do Controlo Orçamental

2010/0810(NLE) 26.2.2010

PROJECTO DE RELATÓRIO

sobre a proposta de nomeação de Milan Martin Cvikl para o cargo de membro do Tribunal de Contas

(C7-0022/2010 – 2010/0810(NLE)) Comissão do Controlo Orçamental

Relatora: Inés Ayala Sender

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PR_CNS_art108

Í N D I C E

Página

PROPOSTA DE DECISÃO DO PARLAMENTO EUROPEU ... 3

ANEXO 1: CURRICULUM VITAE DE MILAN MARTIN CVIKL ... 4

ANEXO 2: RESPOSTAS DE MILAN MARTIN CVIKL AO QUESTIONÁRIO ... 7

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PROPOSTA DE DECISÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre a proposta de nomeação de Milan Martin Cvikl para o cargo de membro do Tribunal de Contas

(C7-0000/2010 – 2010/0000(CNS)) O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta o n.º 2 do artigo 286.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, nos termos dos quais foi consultado pelo Conselho (C7-0022/2010), – Tendo em conta, na sua reunião de xx de Março de 2010 a Comissão do Controlo

Orçamental ouviu o candidato indigitado pelo Conselho para o cargo de Membro do Tribunal de Contas,

– Tendo em conta o artigo 108.º do seu Regimento,

– Tendo em conta o relatório da Comissão do Controlo Orçamental (A7-0000/2010), A. Considerando que Milan Martin Cvikl preenche/não preenche os critérios estabelecidos no

n.º 1 do artigo 286.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia,

1. Dá parecer favorável/negativo à proposta de nomeação de Milan Martin Cvikl para o cargo de membro do Tribunal de Contas (e solicita ao Conselho que retire a sua proposta e apresente uma nova candidatura ao Parlamento);

2. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente decisão ao Conselho e, para

conhecimento, ao Tribunal de Contas, bem como às restantes Instituições da União

Europeia e às instituições de auditoria dos Estados-Membros.

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ANEXO 1: CURRICULUM VITAE DE MILAN MARTIN CVIKL

MILAN MARTIN CVIKL,

Pós-graduado em Ciências Económicas

Indigitado para o cargo de membro do Tribunal de Contas Europeu, República da Eslovénia

Correio electrónico: milan.cvikl@gov.si e milan.cvikl@gmail.com

Milan Martin Cvikl nasceu em 1959, em Velenje (Eslovénia). Licenciou-se em 1983, tendo efectuado estudos de pós-graduação ("Master") (1990) na Faculdade de Economia da Universidade de Liubliana.

De 1983 a 1991, exerceu funções no Banco Central Esloveno (Banka Slovenja). Até 1986 exerceu funções de analista procedendo a análises circunstanciadas de dados monetários, fiscais e em matéria de balança de pagamentos. Participou também na criação de bases de dados e de bases analíticas. De 1986 a 1990, realizou, enquanto analista principal, análises independentes das politicas monetárias e fiscal, da evolução da balança de pagamentos e do sector da economia real e preparou informações sobre a evolução económica destinadas às mais altas instâncias governamentais e parlamentares.

De 1990 a 1991 exerceu as funções de assistente do director do Banco da Eslovénia com vista à elaboração de legislação em matéria de independência monetária e bancária, bem como das medidas práticas tendo em vista a instauração da independência monetária e do estabelecimento de um banco central independente da República da Eslovénia no quadro da criação de um Estado independente e soberano.

A partir do Outono de 1991 e até 1997, trabalhou como economista no Banco Mundial em Washington D.C. (Estados Unidos da América). As suas actividades incidiram nas reformas bancárias e empresariais em diversos países de transição da Europa Central e Oriental e em projectos de relançamento económico na Macedónia e de reconstrução da Bósnia-Herzegovina no período pós-conflito. Fez parte de uma equipa de peritos responsável pelo reescalonamento da dívida de diversos países e recebeu neste âmbito um prémio de excelência atribuído pelo Banco Mundial.

De 1997 a 2000, trabalhou na qualidade de economista destacado pelo Banco Mundial

na Eslovénia. De 1998 até meados de 2000, exerceu o mandato de Secretário de

Estado do Orçamento e das Finanças Públicas no seio do Ministério das Finanças

responsável pela introdução de reformas das finanças públicas na Eslovénia tendo em

vista a adesão à União Europeia em 2004. Empenhou-se nomeadamente na

elaboração de nova legislação e metodologia em matéria de finanças públicas, quer

enquanto chefe de projecto, quer enquanto colaborador, incluindo a legislação sobre

finanças públicas, concursos públicos e auditoria desses mesmos concursos,

responsabilização democrática e instrumentos metodológicos necessários à

elaboração e à execução do orçamento.

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Dirigiu as negociações de adesão à UE no domínio da união económica e monetária e os preparativos tendo em vista estabelecer um orçamento nacional moderno para permitir a transição de um orçamento alicerçado em custos para um orçamento programático e funcional tendo em vista uma utilização específica dos fundos públicos.

No quadro destas actividades, dirigiu, do lado esloveno, um projecto de cooperação interinstitucional entre a República da Eslovénia e o Ministério das Finanças sueco destinado a reforçar a eficácia da elaboração orçamental. Fez parte das equipas de negociação dos outros capítulos do processo de negociação ligados às finanças públicas, nomeadamente no domínio da “supervisão financeira”.

Durante o mesmo período exerceu igualmente funções de gestor orçamental nacional para os fundos comunitários e chefiou directamente a unidade central de finanças e de concursos que, no quadro do sistema de gestão financeira descentralizada, era responsável pela utilização dos fundos de pré-adesão da União Europeia. A adesão prevista e bem sucedida da Eslovénia à União Europeia foi também viabilizada pela criação do sistema de utilização eficaz dos fundos de pré-adesão da UE na qual participou de forma estreita enquanto Secretário de Estado para as finanças públicas e o gestor orçamental nacional. Em 2000, participou nos trabalhos preparatórios tendo em vista a criação de um centro de excelência financeira.

A partir do Outono de 2000 até à Primavera de 2004, trabalhou para a Nova Ljubljanska Banka d.d, Liubliana, primeiro banco da Eslovénia e uma das principais instituições financeiras da região. De 2001 a 2002, assumiu as funções de director executivo responsável pela elaboração e pelo seguimento das políticas e medidas de gestão financeiras do banco e do grupo financeiro Nova Ljubljanska Banka (NLB). De 2002 a 2004, foi director do centro de gestão financeira e assistente no seio do Conselho de Administração da Nova Ljubljanska Banka d.d e director financeiro desta última responsável pela elaboração e pelo seguimento das politicas e medidas de gestão financeira do banco e do grupo financeiro NLB.

Em 2004, na qualidade de Ministro sem pasta responsável pelos assuntos europeus no governo da República da Eslovénia, coordenou os trabalhos relativos aos assuntos europeus no momento da adesão da Eslovénia à União Europeia.

De 2004 a 2008 foi deputado da Assembleia Nacional da República da Eslovénia e presidente da Comissão Parlamentar para o Controlo das Finanças Públicas. Durante este mesmo período, dirigiu um projecto de cooperação interinstitucional com o NAO (National Audit Office) britânico, o que permitiu introduzir modificações significativas no respeitante à cooperação entre a Assembleia Nacional e o Tribunal de Contas da República da Eslovénia em matéria de elaboração e de tratamento dos relatórios de auditoria inspiradas nas boas praticas da Comissão das Contas Públicas do parlamento britânico. Foi dada ênfase ao controlo da boa utilização do erário público.

Foram adoptadas normas aplicáveis aos trabalhos da Comissão do Controlo das Finanças Públicas, que permitiram reforçar o papel de fiscalização do governo em relação ao executivo graças a um processo de debate dos relatórios de auditoria do Tribunal de Contas esloveno. Desse modo exerceu directamente as funções de supervisor das finanças públicas.

Desde 2008, é Secretário-Geral do Governo esloveno e, em conformidade com o

regulamento do governo e a resolução sobre o secretariado geral, vela pela realização

dos trabalhos técnicos de preparação e de organização das reuniões do governo e das

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suas comissões, dos conselhos e peritos e outros órgão governamentais.

No decurso da sua carreira profissional contribuiu para o desenvolvimento dos conhecimentos em matéria de gestão eficaz das finanças públicas na Eslovénia sendo co-autor de duas obras, nomeadamente “Zakon o javnih financah s komentarjem” (Lei de Finanças Públicas comentada) (Milan Martin Cvikl e Petra Zemljič, primeira edição em 2000, Bonex, e edição revista em 2005, Bonex) e "Proračunsko pravo – Priprava, izvrševanje in nadzor proračunov” (Lei Orçamental – Preparação, execução e controlo dos orçamentos) (Milan Martin Cvikl e Etelka Korpič-Horvat, GV Založba 2007).

Enquanto perito em questões europeias, publicou igualmente uma obra sobre o direito da União Europeia intitulado “Prenovljeno pravo Evropske unije” Milan Martin Cvikl, Jornal Oficial da República da Eslovénia, 2008”. As publicações referidas fazem parte da sua obra bibliográfica e dos seus trabalhos de publicação que contam 41 títulos eslovenos e estrangeiros incluídos no sistema COBISS (Sistemas e Serviços Bibliográficos em Linha Cooperativos).

Liubliana, Novembro de 2009

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ANEXO 2: RESPOSTAS DE MILAN MARTIN CVIKL AO QUESTIONÁRIO

Experiência profissional

1. Refira, por favor, os aspectos principais da sua experiência profissional nos domínios das finanças públicas, da gestão ou da auditoria financeira

Adquiri a minha experiência profissional no domínio das finanças públicas ao longo da minha carreira enquanto economista e perito em finanças públicas. De 1983 a 1991, fiz parte de uma equipa do Banco da Eslovénia incumbida de analisar as dificuldades

macroeconómicas enfrentadas pela antiga República Federal da Jugoslávia, nomeadamente as questões relativas às finanças públicas do Estado federal. Nessa época, o sistema económico alicerçava-se numa maior liberdade a nível da contenção orçamental e, consequentemente, em empréstimos não supervisionados a nível nacional e no estrangeiro. Foi necessário modificar as relações económicas de base entre a Federação e as repúblicas, entre os sectores económico e financeiro e adoptar uma política monetária restritiva e uma política responsável em matéria de finanças públicas. Contribuí directamente para a transição económica e para a

independência da Eslovénia no decurso dos anos 1990-91 elaborando legislação fundamental em matéria bancária e financeira, a qual desempenhou um papel capital na estabilidade macroeconómica e das finanças públicas nos primeiros anos da independência da Eslovénia.

De 1991-97, enquanto economista junto do Banco Mundial responsável por projectos de assistência económica, participei na elaboração de condições sistémicas para o relançamento económico de alguns países da Europa Central e do Sudeste Europeu. Entre as missões figurava a criação de enquadramentos em matéria de finanças públicas tendo em vista a obtenção de empréstimos para a recuperação económica e os ajustamentos estruturais necessários à respectiva transição económica.

Após regressar à Eslovénia assumi, de 1998 a 2000, as funções de Secretário de Estado responsável pelas finanças públicas no seio do Ministério das Finanças e introduzi um quadro metodológico e legislativo moderno aplicável às finanças públicas. Introduzi nomeadamente um ciclo orçamental tendo em vista uma planificação orçamental moderna e alicerçada nos resultados, a execução orçamental e controlo moderno dos fluxos e processos em matéria de finanças públicas. A lei de finanças públicas (lei orgânica orçamental da Eslovénia e

respectivos actos de aplicação), proposta por uma equipa por mim dirigida, foi adoptada no Outono de 1999. Esta legislação modernizou a elaboração orçamental na Eslovénia e permitiu concluir com sucesso a adaptação da legislação eslovena à legislação europeia em diversos capítulos relativos à adopção do acervo comunitário. Enquanto Secretário de Estado, dirigi directamente o grupo de trabalho sobre o capítulo "União Económica e Monetária" e participei nos trabalhos relativos a capítulos conexos, nomeadamente no domínio da

"supervisão financeira".

Combinei a prática e a teoria das finanças públicas na Eslovénia e fui co-autor de dois livros neste domínio, nomeadamente "Zakon o javnih financah s komentarjem" (lei de finanças públicas comentada), publicado em 2001, e "Proračunsko pravo" (lei orçamental), publicado em 2007, primeira obra eslovena consagrada à lei orçamental, ao desenvolvimento das

finanças públicas e à composição dos orçamentos, aos processos de elaboração do orçamento,

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à execução do orçamento, à gestão de activos e empréstimos, aos relatórios orçamentais, à supervisão orçamental e à relação entre o orçamento da UE e o orçamento esloveno. Realizo pontualmente conferências sobre estas questões para os programas desenvolvidos pelo Centro de Excelência, que foi criado na Eslovénia por iniciativa dos ministérios das finanças da Europa do Sudeste, e para o programa de pós-graduação em Direito Fiscal na Faculdade de Direito da Universidade de Maribor. Exerci pontualmente funções de consultor do Banco Mundial e de outras instituições financeiras (por exemplo, Instituto Democrático Nacional nos Estados Unidos e a GTZ na Alemanha) sobre projectos de assistência técnica nos domínios das finanças públicas, da reforma da saúde ou da supervisão parlamentar das finanças públicas nos países do Sudeste europeu.

Tive oportunidade de adquirir a experiência profissional de gestão ao longo da minha carreira, tendo liderado várias equipas de trabalho ao longo de um período de mais de duas décadas. Essas equipas podiam ser constituídas por algumas dezenas de peritos até várias centenas de colaboradores. No período de 1989 a 1991 fui assistente do director de uma equipa de investigação e análise composta por 20 peritos em economia e finanças no Banco Central da Eslovénia. No Banco Mundial fui "task leader" liderando projectos de assistência económica, tendo também sido membro de equipas operantes em projectos na Polónia e na antiga República Jugoslava da Macedónia, bem como em projectos de recuperação pós- conflito na Bósnia Herzegovina. Nesse período chefiei equipas compostas por até 15 economistas que eram responsáveis pela preparação a curto prazo de documentação

necessária à adopção de decisões pelo Conselho de Directores Executivos do Banco Mundial em relação a empréstimos até 100 milhões de dólares. Na qualidade de membro da equipa responsável pelo reescalonamento de empréstimos destinados aos países do Sudeste europeu fui galardoado com o símbolo de excelência do Banco Mundial.

Na qualidade de Secretário de Estado junto do Ministério das Finanças, chefiei uma equipa de 30 peritos em finanças públicas que, em cooperação com consultores do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, bem como com o Ministério das Finanças da Suécia, monitorizaram o processo do ciclo orçamental na Eslovénia. De 1992 a 2004, inicialmente como assistente e, subsequentemente, como Director Financeiro (CFO) da Nova Ljubljanska banka, chefiei uma equipa de mais de 150 funcionários no Centro de Gestão Financeira. Esta equipa desenvolveu actividades no domínio das operações financeiras e da contabilidade de gestão e preparou as contas e as declarações financeiras do banco e do grupo financeiro, que integra mais de 50 empresas (bancos e outras empresas) no grupo financeiro da Nova Ljubljanska banka em vários países da Europa Central e do Sudeste europeu. Em 2004, na qualidade de Ministro dos Assuntos Europeus, chefiei uma equipa de mais de 100

funcionários. Actualmente, na qualidade de Secretário-Geral do Governo esloveno, lidero o trabalho de 500 funcionários nos serviços do "Centro Governamental" que assegura a realização dos trabalhos técnicos necessários à preparação das sessões do governo e respectivas comissões, bem como a aplicação das resoluções governamentais.

Comecei a adquirir experiência profissional no domínio da supervisão financeira no Banco Mundial no qual tive oportunidade, no contexto de projectos específicos, de definir as condições para a obtenção transparente de fundos graças a empréstimos individuais

destinados à recuperação económica e a ajustamentos estruturais. Na qualidade de Secretário

de Estado responsável pelas finanças públicas no Ministério das Finanças, fui o gestor

orçamental nacional (GON) para o pagamento dos fundos da UE. Chefiei directamente a

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Unidade Central de Finanças e de Contratos, na qual, no quadro do sistema de gestão financeira descentralizada, fui responsável pela supervisão financeira e pela utilização

transparente dos fundos de pré-adesão da UE. A adesão, sem quaisquer atritos, da Eslovénia à União Europeia foi viabilizada pelo êxito do sistema de utilização dos fundos de pré-adesão da UE em relação aos quais estive estreitamente envolvido na qualidade de Secretário de Estado das Finanças Públicas e na qualidade de gestor orçamental nacional. Na qualidade de Secretário de Estado colaborei com o Tribunal de Contas da República da Eslovénia em relação à audição da regularidade da aplicação das contas definitivas do orçamento do Governo Central e dos programas orçamentais individuais.

Também adquiri experiência profissional em matéria de supervisão financeira, que constitui uma parte importante da gestão financeira, no sector financeiro privado. Em 1998 e,

subsequentemente, no período de 2002 a 2004, na qualidade de CFO da Nova Ljubljanska banka contribuí para concluir a reabilitação e a privatização da mais importante instituição financeira da Eslovénia. Criei um sistema de supervisão financeiro e de custos e colaborei com investidores e auditores internos e externos. Apresentava relatórios ao Conselho de Administração e ao Conselho Fiscal sobre as demonstrações financeiras da Nova Ljubljanska banka d.d. e do grupo financeiro NLB.

De 2004 a 2008 adquiri experiência a nível da supervisão financeira parlamentar enquanto membro da Assembleia Nacional da República da Eslovénia e membro/presidente da

Comissão Parlamentar do controlo das finanças públicas. Por minha iniciativa, e com a ajuda de um projecto de cooperação interinstitucional com o Tribunal de Contas do Reino Unido e a Comissão das Contas Públicas da Câmara Baixa do Parlamento britânico, foi introduzido um sistema moderno e eficaz de supervisão parlamentar das finanças públicas no período entre 2005 e 2007. Com base nos trabalhos desenvolvidos no âmbito desse projecto, foram adoptadas novas regras aplicáveis aos trabalhos da Comissão do Controlo das Finanças Públicas, permitindo aos membros dessa comissão trabalharem de forma independente em relação à filiação partidária. Os membros da comissão, em cooperação estreita com o Tribunal de Contas, levam a efeito controlos, com base em relatórios, sob a forma de audições públicas dos titulares responsáveis pelos utilizadores do orçamento objecto de auditoria. Tal permitiu tornar mais eficiente e mais específico o trabalho desenvolvido pelos supervisores

parlamentares e pelo Tribunal de Contas da República da Eslovénia, que constitui a

instituição suprema de auditoria. Ao mesmo tempo, com base no princípio da separação de poderes, tal viabiliza e exige uma resposta mais apropriada por parte do poder executivo na aplicação das recomendações do Tribunal de Contas e permite uma utilização mais

económica, eficiente e eficaz dos fundos públicos solicitados pelo Parlamento esloveno

2. Quais foram as três decisões mais importantes em que participou ao longo da sua vida profissional?

As três mais importantes decisões da minha carreira profissional reportam-se à experiência profissional atrás descrita. Passo a apresentá-las por ordem cronológica (e não por ordem de importância):

Em primeiro lugar, a preparação da independência económica e, especialmente, da

independência monetária da República da Eslovénia, que incluía condições prévias de

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carácter técnico (calcular a massa monetária enquanto requisito para determinar o valor nominal e a quantidade de notas denominadas na nova moeda do país independente) e a elaboração da legislação financeira e bancária central destinada ao país independente no período de 1990 a 1991.

Em segundo lugar, a transposição da legislação europeia em matéria de finanças públicas para o direito esloveno com a introdução de um enquadramento legislativo moderno e

metodológico no domínio das finanças públicas, incluindo um ciclo orçamental de

preparação, execução e supervisão orçamental no período de 1998-1999, que teve início com a preparação e a aprovação da lei das finanças públicas e a introdução de uma abordagem moderna da preparação do orçamento de Estado. Tal incluiu a introdução de nova

classificação institucional, económica e de programação do orçamento em conformidade com a metodologia da GFS e da COFOG e com a planificação a médio prazo das receitas e

despesas públicas. A nova classificação e o novo quadro legislativo permitiram também estabelecer uma supervisão financeira interna e externa, bem como reforçar a transparência das finanças públicas na Eslovénia.

Em terceiro lugar, o estabelecimento de condições para introduzir a supervisão das despesas públicas pela Assembleia Nacional da República da Eslovénia, o que permitiu que as conclusões do Tribunal de Contas da República da Eslovénia (instituição suprema de auditoria) sobre as despesas públicas incorridas por utilizadores concretos do orçamento objecto de auditoria fossem analisadas independentemente das filiações partidárias e que a supervisão do Tribunal passasse a centrar-se na correcta utilização dos fundos.

Independência

3. O Tratado estipula que os membros do Tribunal de Contas exerçam as suas funções "com total independência". Como aplicaria esta obrigação às funções em que poderá

eventualmente vir a ser investido?

Entendo que a "total independência" dos membros do Tribunal de Contas Europeu está estritamente relacionada com a independência de base dos auditores, que devem ser

independentes para que as suas apreciações sejam tão objectivas e justas quanto possível. Por essa razão, entendo que a independência dos membros do Tribunal de Contas Europeu

implica a independência institucional (independência face aos governos dos Estados- Membros e independência face a toda e qualquer instituição europeia ou nacional), a

independência me relação ao país de origem do membro (daí a necessidade de uma supervisão particularmente atenta das acções desenvolvidas pelo membro para que, na apreciação dos casos objecto de auditoria, as mesmas se pautem pelos princípios da independência e da objectividade) e independência política e financeira.

Destacaria, em particular, o facto de, ao longo da minha carreira profissional na Eslovénia no

Banco Central, em instituições financeiras ou no Ministério das Finanças, ter envidado todos

os esforços para criar mecanismos auto-restritivos e para reforçar a transparência das despesas

públicas. Entendo, por isso, que o procedimento - as regras do jogo - assume importância

crucial, constituindo a trave mestra da democracia. Tal foi também o princípio que norteou os

trabalhos que desenvolvi no estrangeiro, nomeadamente no Banco Mundial, na qualidade de

perito independente e de tecnocrata. Assim sendo, na qualidade de membro do Tribunal de

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Contas Europeu honrarei o requisito de total independência e evitarei toda e qualquer situação que possa comprometer essa independência. Velarei, em especial, por tratar todos os casos de irregularidades graves exactamente da mesma forma, independentemente das pessoas,

instituição ou país em causa.

4. Recebeu quitação das funções de gestão que desempenhava anteriormente, caso esse procedimento se lhe aplique?

Não existiam procedimentos de quitação da gestão em relação à maior parte das missões que desenvolvi no sector público. No período em que fui Director Financeiro (CFO) da Nova Ljubljanska banka d.d., foi-me concedida a quitação, na qualidade de membro de uma vasta equipa de gestão, em relação à adopção das demonstrações financeiras objecto de auditoria relativas a determinados exercícios financeiros por ocasião das assembleias gerais anuais do Banco.

5. Tem negócios, activos financeiros ou quaisquer outros compromissos que possam ser incompatíveis com as funções em que poderá eventualmente vir a ser investido? Está preparado para dar a conhecer todos os seus interesses financeiros, ou quaisquer outros compromissos, ao Presidente do Tribunal de Contas, bem como para divulgá-los

publicamente? Caso esteja neste momento envolvido num processo judicial poderá, por favor, revelar pormenores sobre o caso?

Não possuo quaisquer negócios, activos financeiros, nem quaisquer outros compromissos que possam ser incompatíveis com as funções em que poderei eventualmente vir a ser investido na qualidade de membro do Tribunal de Contas. À semelhança do que sucedeu quando

desempenhava as minhas funções na Eslovénia e era obrigado a prestar contas à comissão nacional competente, também agora estou preparado para divulgar todos os meus interesses financeiros e outros compromissos ao Presidente do Tribunal e para os tornar públicos.

Entendo que tal constitui um elemento fundamental da transparência no exercício destas funções, sendo também um pré-requisito de objectividade.

Não estou envolvido em qualquer processo judicial. O processo civil relacionado com o meu divórcio, que foi formalmente concluído por sentença de Agosto de 2008, encontra-se em fase de conclusão. Recentemente, o antigo Secretário-Geral do Governo anunciou que intentaria uma acção civil contra mim em virtude de uma pergunta que lhe enderecei enquanto membro do Parlamento e em virtude de uma declaração pública sobre irregularidades apuradas pelas autoridades competentes em matéria de arquivos durante o seu mandato.

6. Está preparado para se demitir de um cargo para que tenha sido eleito, para abandonar uma função activa de responsabilidade num partido político, depois da sua eventual nomeação como membro do Tribunal de Contas?

Não exerço qualquer cargo para o qual tenha sido eleito e não sou membro de qualquer grupo político.

7. Como trataria de uma grave irregularidade, ou até mesmo de caso de fraude e/ou

corrupção, envolvendo entidades do seu Estado-Membro de origem?

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Tal como referido na resposta à pergunta 3, trataria esses casos exactamente da mesma forma como trataria qualquer grave irregularidade, fraude e/ou actos de corrupção envolvendo todo e qualquer Estado-Membro. Velaria, em particular, por respeitar estritamente o papel e as normas do Tribunal de Contas. Nomeadamente num caso de fraude e/ou corrupção, velaria certamente por que o OLAF fosse totalmente associado ao processo. Além disso,

acompanharia esses casos (como qualquer outro caso) para assegurar a observação das disposições em matéria de total independência do Tribunal de Contas.

Desempenho de funções

8. Quais deverão ser as características basilares de uma cultura sem gestão financeira no serviço público?

Trata-se de uma questão que abordei na obra "Lei orçamental", publicada em 2007, que se destinava a reforçar a cultura de uma sã gestão financeira nos serviços públicos e a nível das despesas públicas na Eslovénia. A cultura de uma sã gestão financeira constituiu uma cultura (quadro legislativo, metodologia, processos do ciclo orçamental) que permite salvaguardar que os fundos públicos sejam utilizados de forma económica e eficiente em conformidade com os objectivos preconizados pelo legislador e de uma forma que assegure a consecução dos resultados almejados. Nos últimos anos verifica-se uma tendência para colocar uma maior ênfase na minimização do impacto ambiental da despesa pública, tendo em vista garantir um desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental.

Todavia, no exercício quotidiano das responsabilidades políticas, os principais elementos de uma sã gestão financeira no sector público são os seguintes:

- preparação e formulação meticulosas de novos programas e normas, incluindo avaliações de impacto desses programas e normas que incluam uma revisão permanente da lógica subjacente à aplicação dos programas e normas em vigor,

- respectiva aplicação de forma económica, eficiente, eficaz e transparente, bem como a supervisão dessa aplicação mediante um controlo interno e externo e processos de auditoria, com supervisão parlamentar;

- objectivos claramente definidos e resultados pré-definidos com indicadores quantificáveis e atribuição de responsabilidades pelos resultados alcançados.

Os funcionários da administração pública devem reger-se por elevados padrões éticos e possuir um elevado grau de integridade. Devem também estar cientes de que a sua actividade envolve dinheiro dos contribuintes. As suas actividades devem centrar-se na satisfação das necessidades públicas e devem estar orientadas para os resultados.

Nos últimos dez anos participei directamente na introdução de uma cultura de sã gestão

financeira nos serviços públicos da Eslovénia. Para esse efeito, foi necessário antes de mais

criar todo um quadro legislativo, desde a lei das finanças públicas, a legislação em matéria de

concursos públicos e respectiva supervisão, a lei da contabilidade dos serviços públicos até à

harmonização institucional dos fornecedores de serviços públicos. Ao mesmo tempo, foi

introduzida uma nova metodologia, incluindo uma nova classificação orçamental que permite

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fazer face a três importantes questões relacionadas com as despesas públicas: quem utiliza fundos públicos por conta do contribuinte, para que servem os fundos públicos incluindo a questão de saber quem são os receptores do dinheiro pago por determinados bens e serviços e sobretudo por que razão são prestados determinados serviços públicos ou seja, quais são os objectivos e os resultados esperados. Tal tem aumentado a transparência da preparação orçamental, bem como a eficiência, a eficácia e a rentabilidade da execução orçamental e viabilizado a plena aplicação da supervisão financeira da utilização dos fundos públicos.

9. Segundo o Tratado, o Tribunal de Contas assiste o Parlamento no exercício da respectiva função de controlo da execução do orçamento. Como descreveria o seu dever de

transmissão de informações ao Parlamento Europeu e, em particular, à respectiva Comissão do Controlo Orçamental?

O Tratado de Lisboa estipula claramente as funções do Tribunal de Contas Europeu. O Tribunal é obrigado a apresentar ao Parlamento uma declaração de fiabilidade (DAS) e um relatório anual e a prestar-lhe assistência em relação ao exercício das suas funções de execução e supervisão orçamental. Além disso, incumbe ao Tribunal de Contas prestar ao Parlamento Europeu toda a assistência necessária na apresentação das questões focadas nos relatórios e de todas e quaisquer deficiências graves apuradas, bem como propor soluções de melhoria. Tal é consentâneo com o princípio de base segundo o qual as conclusões em cada parte do ciclo orçamental deveriam ser consideradas como um contributo para a fase

subsequente. Assim sendo, as conclusões resultantes da auditoria da aplicação de programas no contexto das actuais perspectivas financeiras (2007-2013) deveriam constituir a base para uma eventual revisão das próximas perspectivas financeiras.

Pessoalmente, e reportando-me ao disposto noTratado de Lisboa, preconizo a atribuição de uma maior responsabilidade à Comissão a nível da gestão e supervisão dos fundos da UE, responsabilidade essa que deveria fazer-se acompanhar de uma maior responsabilidade da parte dos utilizadores finais dos fundos da UE nos Estados-Membros. Para o efeito, o

Parlamento Europeu constitui um aliado estratégico do Tribunal de Contas, nomeadamente no que respeita à procura de soluções adequadas que permitam efectuar progressos. O mesmo se aplica inversamente. Tal como evidenciado pelas boas práticas dos comités de acção política, o Tribunal de Contas deve também ser um aliado do Parlamento Europeu e apoiá-lo nos trabalhos que desenvolve, nomeadamente o trabalho desenvolvido pela Comissão do Controlo Orçamental.

Na medida em que esta comissão desempenha um papel específico neste processo, afigura-se importante manter um diálogo permanente, aberto e cordial. Assim sendo, estou convicto de que, a par da elaboração de relatórios regulares, uma das minhas funções consiste em estar à disposição para me avistar com membros da comissão e outros membros do Parlamento Europeu que possam necessitar da minha assistência para debater ou preparar posições, bem como para encontrar soluções atinentes ao reforço de uma utilização transparente, eficiente e eficaz do produto dos contribuintes europeus.

10. O que pensa sobre o valor acrescentado produzido pela auditoria de resultados e de que modo deverão as conclusões desse procedimento ser incorporadas na gestão?

Em conformidade com as normas de auditoria da organização internacional das instituições

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superiores de auditoria das finanças públicas (INTOSAI), uma auditoria de resultados inclui uma auditoria da economia, eficiência e eficácia. A estes três aspectos vem juntar-se uma auditoria da conformidade das operações com a regulamentação ambiental.

Uma auditoria de resultados inclui:

- auditoria da economia das actividades administrativas e dos processos de gestão, que devem ser conformes aos princípios e à prática de boa gestão;

- auditoria da eficiência da utilização dos recursos humanos, financeiros e outros, incluindo a verificação dos sistemas de informação, os indicadores de eficiência e actividades de controlo e auditoria de processos para eliminar as lacunas detectadas;

- auditoria da eficácia, nomeadamente a concretização dos objectivos na instituição objecto de auditoria ou ao nível de programas ou auditoria dos efeitos reais das actividades em relação aos objectivos propostos.

Uma auditoria de resultados constitui uma das reformas de os contribuintes, os credores, os legisladores, os administradores e os cidadãos poderem exercer controlo em relação à gestão e aos resultados das várias actividades administrativas. Permite também responder à pergunta:

será que as despesas efectuadas são judiciosas ou será que o produto dos contribuintes poderia ser utilizado de forma mais adequada?

Existem duas questões fundamentais a que procuramos responder com uma auditoria de resultados:

- Será que as actividades são executadas de forma adequada? Esta pergunta reporta-se em primeira análise aos responsáveis pelas actividades e/ou programas e responde à questão de saber se as decisões estão a ser aplicadas de forma correcta (de forma eficaz e eficiente) com base no princípio de que são aplicadas as decisões e os programas "correctos";

- Será que estão a ser aplicadas as actividades e os programas correctos? Por outras palavras estarão a ser cumpridas as orientações ou os objectivos de forma adequada? Este tipo de pergunta reporta-se antes de mais à eficácia, isto é à consecução dos objectivos. Um auditor pode, por exemplo, estabelecer que uma medida ou programa objecto de auditoria não é consentâneo com os objectivos que se propõe realizar. Por exemplo, se o objectivo de um programa consistir em reduzir o desemprego e o programa envolver formação destinada a desempregados, o auditor pode concluir que grande parte das pessoas desempregadas não encontrou trabalho após ter concluído a formação. De uma tal constatação pode concluir-se que o programa não cumpriu o seu objectivo inicial.

A resposta a estas perguntas permite também responder à questão de determinar o valor acrescentado produzido por uma auditoria de resultados. O valor acrescentado de uma auditoria de resultados reside, por conseguinte, nas conclusões e nas recomendações sobre a forma de, num dado caso, utilizar o dinheiro dos contribuintes de forma mais económica, mais eficiente e mais eficaz aumentando a justificação das operações realizadas por uma

determinada instituição ou no âmbito de um programa ou regulamento.

A forma como as conclusões das auditorias podem ser incorporadas na gestão é facilmente

evidenciada no exemplo atrás citado. Se, de acordo com as conclusões do auditor, a formação

destinada aos desempregados não permitiu a consecução dos resultados almejados, poderá ser

necessário que o programa tenha de ter em conta outros programas destinados a reduzir o

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desemprego (por exemplo obras públicas ou outros programas similares). O mesmo se aplica a outros casos em que se conclua que não foram alcançados os princípios da economia, eficiência e da eficácia. Nesse caso, o programa e regulamentação terão de ser revistos.

Um problema frequentemente associado à auditoria da eficácia (pelo menos tem sido esta a nossa experiência na Eslovénia) consiste no facto de os objectivos não terem sido claramente avaliados numa fase prévia, ou seja os resultados almejados e os indicadores para a respectiva medição não foram claramente definidos. Em tais casos, afigura-se difícil avaliar a sua

consecução, bem como as acções consequentes. Todavia, tais resultados ou conclusões de uma auditoria de eficácia poderão, em larga medida, ser incorporados numa acção, desde que sejam avaliados tempestivamente e desde que possamos retirar ensinamentos dos mesmos e utilizar a experiência adquirida para programar novas actividades. Nesse sentido, os esforços de reforma das finanças públicas (nomeadamente numa época de exíguos recursos públicos) destinam-se a estabelecer definições mais claras, baseadas nos resultados das auditorias, do conteúdo de programas específicos, objectivos e resultados almejados e uma definição clara dos indicadores destinados a medir esses objectivos. Não é por acaso que foi introduzida recentemente na Eslovénia uma "norma de finanças públicas nominal", segundo a qual o montante nominal fixo da despesa pública deve excluir programas cujos objectivos não estejam bem definidos ou cujos resultados não permitiram satisfazer os objectivos previstos.

Tal permite introduzir novos programas e indicadores para quantificar os resultados obtidos com objectivos claramente definidos.

Em todos estes casos a importância e o valor acrescentado das auditorias de desempenho financeiro no sector público são reforçados, uma vez que a despesa neste sector se centra não apenas numa correcta utilização mas também – devido à sua orientação em função dos resultados – no reforço de uma utilização eficaz do produto dos contribuintes.

11. Como se poderá proceder ao reforço da cooperação entre o Tribunal de Contas, as instituições nacionais e o Parlamento Europeu (Comissão do Controlo Orçamental) no que diz respeito à auditoria do orçamento comunitário?

A cooperação entre o Tribunal de Contas, as instituições nacionais de auditoria e o

Parlamento Europeu (Comissão do Controlo Orçamental) poderá certamente ser melhorada em pelo menos dois domínios:

- aplicação do sistema de controlos internos e externos (auditorias);

- relatórios destinados à Comissão do Controlo Orçamental.

Em relação ao primeiro domínio – aplicação do sistema de controlos internos e externos (auditorias) – importa clarificar que, na Eslovénia, a utilização dos fundos da UE, nomeadamente para a política de coesão, é objecto de auditoria por todas as seguintes instituições:

- Tribunal de Contas da República da Eslovénia;

- gabinete de supervisão orçamental junto do Ministério das Finanças (que prossegue a prática de controlos externos prévios);

- organismos de auditoria interna nos diferentes ministérios;

- Comissão Europeia;

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- Tribunal de Contas Europeu.

Tratar-se-á de um processo excessivamente pesado ou excessivamente simples? Será que o sistema é suficientemente económico, eficaz e eficiente? Trata-se de duas questões bastante importantes. As auditorias realizadas pela Comissão Europeia, pelo gabinete de supervisão orçamental e pelos organismos de auditoria interna de cada ministério constituem parte de um sistema de controlo interno no quadro de controlo integrado no domínio da política de coesão.

Creio que a Comissão Europeia já adoptou medidas específicas visando racionalizar o número de auditorias no quadro de controlo integrado tendo em vista evitar uma duplicação de

esforços e custos excessivos. Será necessário efectuar uma avaliação para determinar se estas medidas são suficientes e apropriadas.

O Tribunal de Contas da Eslovénia, instituição suprema de auditoria na Eslovénia, e o Tribunal de Contas Europeu constituem naturalmente instituições de auditoria externa

independente. Embora não seja aceitável que organismos de auditoria nacional façam parte do sistema de auditoria interna da UE e estejam assim subordinados ao Tribunal de Contas Europeu, tal não significa que não seja necessário reforçar a cooperação e desde logo o aumento da eficácia e da eficiência dessas auditorias. Existem inúmeros bons exemplos de cooperação entre instituições de auditoria nacional no exercício de auditorias específicas: por exemplo, cooperação entre as instituições supremas de auditoria da Polónia, da República Checa e da Lituânia em relação à aplicação de uma auditoria de protecção ambiental em 1999 e cooperação entre as instituições supremas de auditoria da Noruega, Finlândia e Dinamarca no quadro de uma auditoria de cooperação nórdica no domínio do grau de preparação face a emergências eléctricas em 2008.

Existem várias formas e tipos de cooperação, não existindo qualquer razão para que os organismos nacionais de auditoria não cooperem com o Tribunal de Contas Europeu.

Constitui um dado positivo o facto de uma tal cooperação já se encontrar em curso em várias comissões e de existir um fluxo útil de informações em ambas as direcções. Os auditores nacionais supervisionam frequentemente os auditores do Tribunal de Contas Europeu, ou participam eles próprios nas suas auditorias. Também creio que, tendo em vista facilitar a cooperação, foi criado um comité de contacto entre presidentes das instituições nacionais de auditoria, assistido por um comité de agentes de ligação. O Tribunal de Contas procura reforçar as actividades das instituições nacionais de auditoria e evitar duplicação

desnecessária de esforços, no que respeita à observação das normas internacionais em matéria de auditoria.

Não obstante, existe certamente uma margem de manobra para melhorar a cooperação.

Importa promover a procura de soluções tendo em vista eventuais auditorias conjuntas. Um requisito de base das normas internacionais em matéria de auditoria consiste em determinar a responsabilidade por essas mesmas auditorias, que envolve a escolha da metodologia, a formação dos auditores, etc. Todavia, os obstáculos não são inultrapassáveis.

Em relação ao segundo domínio, nomeadamente a prestação de informações à Comissão do Controlo Orçamental do Parlamento Europeu e as possibilidades de melhoria da cooperação entre o Tribunal de Contas e esta comissão, entendo que existe uma margem para efectuar mais melhorias, atendendo nomeadamente a que os dois órgãos têm uma missão análoga.

Creio que o Tribunal de Contas não sentirá dificuldades em emitir uma declaração de

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fiabilidade sobre a regularidade e a legalidade das operações relacionadas com as

demonstrações financeiras do orçamento da UE caso a mesma seja corroborada pelas provas de auditoria. No entanto, tanto quanto me é dado saber, essas provas não são ainda suficientes.

Creio compreender que, de acordo com as declarações constantes do relatório anual do Tribunal relativo a 2008, a situação tem vindo a melhorar. A comparação com o exercício anterior com base na verificação das operações realizadas no período de 2005 a 2008 mostra que a proporção de domínios de intervenção em que a taxa estimada de erro ultrapassava 5%

(parecer desfavorável) desceu de 60% no total das despesas em 2005 para 31% do total das despesas em 2008. Observou-se, no entanto, um aumento na proporção de domínios de intervenção em que a taxa estimada de erro se situou entre 2 e 5% (parecer qualificado) – de 2% em 2005 para 22% no total das despesas em 2008. A percentagem de domínios de intervenção com uma margem estimada de erro superior a 5% está a diminuir, devido sobretudo aos progressos realizados no domínio de intervenção "agricultura e recursos naturais". Entendo que, no contexto de uma parceria estratégica, o Tribunal e a comissão poderão continuar e a reforçar a sua cooperação sobre a preparação de recomendações destinadas à Comissão Europeia, tendo em vista a emissão de uma declaração positiva de fiabilidade (DAS).

Não estou familiarizado com os procedimentos circunstanciados relativos aos relatórios destinados à Comissão do Controlo Orçamental. Não obstante, de acordo com a minha própria experiência adquirida no âmbito da cooperação entre o parlamento e o Tribunal de Contas da Eslovénia, creio que pode ser estabelecida uma cooperação mais estreita. Para tal, haverá que criar normas aplicáveis à Comissão do Controlo Orçamental segundo o modelo dos comités de acção política, destacando o papel das audições públicas dos utilizadores do orçamento objecto de auditoria por parte de membros da comissão e utilizando os resultados de

desempenho apurados pelo Tribunal de Contas como forma de fazer face ao requisito de uma utilização mais económica, eficiente e eficaz dos fundos públicos.

A título de exemplo refira-se que, nos próximos anos, seria certamente adequado, antes de tomar uma decisão final em relação às novas Perspectivas Financeiras, realizar uma auditoria da consecução dos objectivos em relação às actuais Perspectivas Financeiras e, na sequência de um debate na Comissão do Controlo Orçamental, utilizar esses resultados como base de deliberação no Parlamento Europeu e no Conselho Europeu (ou Conselho dos Assuntos Gerais) para que a Comissão Europeia pudesse utilizá-los como ponto de partida para as próximas Perspectivas Financeiras (2014-2020). Não seria prudente tomar uma decisão final sobre a proposta de novas Perspectivas Financeiras sem um debate aprofundado sobre a auditoria de resultados e a eficácia da aplicação das actuais Perspectivas Financeiras. Assim, tal como evidenciado na experiência adquirida no contexto dos comités de acção política do Reino Unido e da Eslovénia, os membros da comissão poderão trabalhar numa base

transpartidária, uma vez que, em colaboração estreita com o Tribunal de Contas, podem

realizar controlos, baseados em relatórios, sob a forma de audições públicas dos responsáveis

pela utilização do orçamento objecto da auditoria. Entendo que tal poderia certamente reforçar

o papel e a importância da Comissão do Controlo Orçamental na percepção dos contribuintes

europeus e reduzir o défice democrático. Pelo menos no caso da Eslovénia, tal permitiu tornar

mais eficaz o trabalho dos supervisores parlamentares e do Tribunal de Contas da República

da Eslovénia, que constitui a instituição suprema de auditoria. Por fim, tal permitiria que a

Comissão e o Conselho atribuíssem maior importância à função e ao papel do Parlamento

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Europeu, tal como consagrado no Tratado de Lisboa.

O objectivo último é comum e consiste em ter em conta os princípios e o papel desempenhado pelas diferentes instituições europeias, tendo em vista assegurar que os fundos públicos sejam utilizados de forma mais económica, eficiente e eficaz.

Outras questões

Estaria disposto a retirar sua candidatura, caso o parecer do Parlamento sobre a sua nomeação como membro do Tribunal de Contas seja desfavorável?

Tendo em conta a experiência e os conhecimentos especializados que possuo neste domínio, bem como a minha carreira profissional, não vejo qualquer razão objectiva para que o Parlamento emitisse tal parecer. A principal razão pela qual me candidate a membro do Tribunal de Contas consiste no facto de este lugar representar um grande desafio profissional, no facto de possuir uma extensa e variada experiência e conhecimentos no domínio das finanças públicas e no facto de querer contribuir para o desenvolvimento da gestão e controlo financeiros na UE. Creio numa UE reforçada segundo o estipulado no Tratado de Lisboa, especialmente neste momento em que, numa época de crise financeira e económica, o Banco Central Europeu disponibiliza dezenas ou centenas de milhares de milhões de euros

destinados à recuperação económica. Numa época de crise assumem particular importância a criação de processos de elevada transparência e a garantia de que o produto dos contribuintes europeus é utilizado de forma eficaz em relação aos programas e objectivos do orçamento da UE, que constitui um importante instrumento de aplicação das políticas para as quais

trabalhamos em conjunto na UE.

Estou certo de que possuo as qualificações adequadas para me tornar membro do Tribunal de Contas Europeu. Caso fosse um parecer desfavorável, examinaria com toda a prudência todas e quaisquer reservas e envidaria todos os esforços ao meu alcance para, durante a audição, explicar ainda melhor a minha competência e a minha independência profissionais.

Naturalmente em caso de emissão de parecer desfavorável consideraria seriamente a

possibilidade de retirar a minha candidatura, na medida em que, no meu entender, um

membro do Tribunal de Contas Europeu deve merecer plena confiança do Parlamento

Europeu, nomeadamente caso se almeje o desenvolvimento de uma cooperação mais estreita

entre a Comissão do Controlo Orçamental e o Tribunal de Contas Europeu, tal como atrás

referido. Para efeitos de adopção de uma decisão final, sopesaria a formalidade do processo e

o princípio de uma audição justa.

Referências

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