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Os espaços de inclusão de afrodescendesntes da Universidade Estadual de Ponta Grossa: Espaços luminosos de integração docentes e funcionários

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Academic year: 2021

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Os espaços de inclusão de afrodescendesntes da Universidade Estadual de Ponta Grossa: Espaços luminosos de integração

docentes e funcionários

Anna Paula Lombardi Orientadora: Cecilian Löwen Sahr

ap.lombardi@bol.com.br Eixo temático: Geografia cultural Resumo

A política de afirmação vem buscando a inclusão do afrodescendende em diversos segmentos da sociedade. Nas universidades tal política é evidenciada tanto no ingresso de docentes, discentes e funcionários, como na sua inserção nos espaços de ensino, pesquisa e extensão, além dos espaços administrativos. Portanto busca-se identificar os espaços de inclusão de negros.

Palavras chaves: Afrodescendentes; Política de cotas; Inclusão social.

Introdução

Os espaços luminosos de integração de funcionários e docentes negros na Universidade Estadual de Ponta Grossa se encontram tanto nos espaços de ensino, pesquisa e extensão e quanto nos espaços administrativo. Neste sentido os espaços que possuem a presença de funcionários e docentes pode ser compreendido como um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes nos espaços internos e externos e na mentalidade de todas as pessoas e também dos próprios negros e afrodescendentes. (SASSAKI, 1997).

Segundo Kauchakje (2000), as lutas sociais pelo direito a diferença pelos negros foram determinantes para que a política de cotas se tornasse lei e o resultado fosse contribuir para formação das sociedades e mentalidades

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inclusivas, adquirindo fortemente o sentindo progressista que estaria no procedimento deste direito com o principio da igualdade na ocupação e na reconstrução do espaço social, principio que funda padrões de civilidade nas relações sociais.

Os chamados espaços luminosos de integração de funcionários e docentes negros da UEPG são favorecidos pelo próprio esforço e dedicação, tendo pouca intervenção da política de cotas da lei estadual n°14274/03.

Embora tal política tenha caráter específico, ou seja, não possa ser enquadrada como uma política homogeneizante, pois a mesma deveria fazer parte do plano de metas para a inserção socioespacial de profissionais afrodescendentes aumentando a presença desse grupo nos mais diversos espaços. Portanto, essa política não garante sua abrangência espacial na Instituição. Na UEPG apresenta-se em sua grande maioria profissionais de características brancas.

Neste sentido, “o processo de integração entre grupos de brancos e não brancos deveria ser como principio fundador da civilidade nas relações sociais, nos mais diversos espaços”. Portanto deveriam proporcionar um reconhecimento as diferenças e a diversidade humana que até o momento esse processo de integração ainda é lento. (KAUCHAKJE, 2000, p.13).

Segunda a autora os espaços sociais nos levam a afirmar que diversos grupos sociais e identidades presentes numa sociedade, “passa tanto pelo fortalecimento e pelo estreitamento da relação, sendo essa bela, conflituosa e complexa, entre o direito da igualdade e o direito a diferença entre a integração entre grupos”. (KAUCHAKJE, 2000, p.13).

Assim os espaços luminosos de integração podem ser entendidos como:

A história do homem se faz, em todos os tempos, da sucessão de momentos de obscuridade e cegueira e momentos de

“luminosidades”. Entende-se que a divina centelha do poder criativo ainda está viva entre nós, e se a graça nós é dada de transformá-la em uma chama, então o curso das estrelas não poderá derrotar nosso esforço para atingir o objetivo do projeto humano. (SANTOS 1987, P. 52).

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Assim a constatação da desigualdade espacial na UEPG nos remete ao geógrafo Milton Santos (2004, 2007), que como negro apregoava uma justiça socioespacial em que as diferenças culturais fossem respeitadas. Adotando uma visão social crítica, ele buscava uma sociedade sem distinções entre os

"espaços que mandam" e os "espaços que obedecem“. Espaços estes denominados pelo autor, respectivamente, como "espaços luminosos" e

"espaços opacos”.

Os espaços luminosos de integração que estão estabelecidos na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no que diz respeito à inclusão de afrodescendentes e negros, no âmbito de funcionários e docentes vêm permitindo uma pequena visibilidade desse grupo no espaço universitário.

Neste sentido o objetivo desse trabalho é identificar os espaços de inclusão espacial dos afrodescendentes na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Materiais e métodos

Para a realização deste trabalho, foram utilizados levantamentos de dados secundários junto às diferentes Pró-Reitorias da UEPG; consulta a legislação que regulamenta as políticas de ações afirmativas; entrevistas junto aos funcionários e docentes afrodescendentes da Instituição bem como, pesquisa a literatura já produzida intra e extra “muros” relacionada ao tema.

Resultados e discussões

Nos resultados a seguir foram utilizados entrevistas que geraram dados quantitativos e qualitativos juntos aos funcionários e docentes e afrodescendentes dessa Instituição. Através desses dados foi possível responder a seguinte pergunta: quais são os espaços “luminosos” na implantação das políticas afirmativas desenvolvidas na UEPG.

Portanto foram entrevistados 16 funcionários, resultando na espacialidade dos funcionários afrodescendentes que se encontram nos cargos de nível médio da qual alguns desses começaram exercendo suas atividades

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nos serviços gerais da UEPG. Os espaços que representam ausências em sua maior parte acontecem nos cargos de nomeação, no que diz respeito à administração. (Quadro-1).

No que diz respeito a espaço-temporalidade desses funcionários da UEPG apresentam no geral de 15 a 33 anos de serviço na Instituição. A análise do espaço-temporalidade dos funcionários em relação aos cargos apresentados foram anos de dedicação e principalmente de superação de diversas barreiras.

Cargos atuais e espaço-temporalidade dos funcionários negros e afrodescendentes da UEPG

Cargos Espaço-

temporalidade

Cargos Espaço-

temporalidade 1

Técnico

administrativo 16 anos 9 Serviços Gerais 18 anos 2

Técnico

administrativo 20 anos 10 Serviços Gerais 21 anos 3

Técnico

administrativo 33 anos 11 Segurança 20 anos

4

Bibliotecária 16 anos 12 Carregado da central

de salas 18 anos

5

Bibliotecária (Chefe) da Sub- sessão de empréstimos

15 anos 13 Técnico audiovisual 20 anos

6

Bibliotecária 16 anos 14 Secretária 16 anos

7

Técnica de

laboratório 20 anos 15 Impressor Gráfico 30 anos 8

Técnica em

laboratório 20 anos

16

(Chefe) Seção de

apoio e convênios 19 anos

*Não houve ofertas pela política de cotas lei estadual n° 14274/2003

Quadro-1 Cargos atuais e espaço-temporalidade dos funcionários negros e afrodescendentes da UEPG

Fonte: Lombardi, 2011

Dos 16 funcionários, oito, começarem desempenhando suas atividades em outros cargos, e em outros órgãos administrativos da Instituição. Dessa maneira, destacaremos uma funcionária que integrou diversos espaços de trabalho na UEPG, da qual hoje possui um cargo de chefia, conquistando os espaços luminosos de integração da UEPG. Neste sentido os cargos ocupados pela funcionária foram: função de recepcionista, trabalhou no Caic da UEPG,

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no conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e na divisão financeira.

Atualmente como já foi relatado, está na seção de divisão de apoios e convênios, exercendo a profissão de Técnica de assuntos Universitários.

No entanto temos ainda sete funcionários que começaram desempenhando cargos diferentes do que exercem na atualidade. Uma funcionária ocupou o cargo de técnica em laboratório, no departamento de Química, e atualmente exerce o cargo de secretária de mestrado. Os outros seis funcionários desempenharam suas funções nos cargos de serviços gerais da Instituição. Em conversas informais juntos aos mesmos, relataram que, para poderem mudar de cargos e exerceram as atividades atuais, alguns tiveram que estudar e fazer a graduação, e posteriormente tiveram que prestar outros concursos.

E em relação aos docentes da UEPG há uma minoria, num total de nove Professores. Porém foram entrevistados apenas sete, pois duas Professoras estavam de licença e não participaram das entrevistas. Assim foram entrevistados cinco docentes homens e duas docentes mulheres. Os docentes foram localizados através das indicações dos próprios docentes. Portanto, nas entrevistas realizadas com os docentes, tivemos a participação de um professor contemplado pela política de cota lei n° 14274/03.

Os espaços luminosos de integração dos docentes negros e afrodescendentes da UEPG encontram-se, em grande maioria, no setor de Ciências Exatas e no Setor de Ciências Biológicas da UEPG. Em relação aos Departamentos, são o Defis e Dedufis, onde cada um, tem a presença de 2 Professores. Em relação ao espaço-temporalidade dos docentes licenciados apresentam-se no geral de 2 a 32 anos de serviços prestados para a Instituição. Nas entrevistas com os docentes tive a oportunidade de conhecer o primeiro Professor negro da Instituição, onde este integra a 32 anos no setor de Ciências Biológicas no Departamento Dedufis da UEPG. (Quadro-2).

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Setores e Departamentos dos Docentes afrodescendentes da UEPG Espaço e temporalidade 1 Setor de Ciências Humanas / Departamento DELIN (Possui Doutorado) 2 anos 2 Setor de ciências Exatas /Departamento DEFIS (Possui Doutorado) 6 anos 3 Setor de Ciências Exatas /Departamento de GEOCIÊNCIAS (Possui

mestrado) 7 anos

4 Setor de Ciências Biológicas/ Departamento DEDUFIS (Possui Mestrado) 10 anos 5 Setor de Ciências Exatas/ Departamento de Química (Possui Doutorado) 15 anos 6 Setor de Ciências Exatas/Departamento DEFIS (Possui Doutorado) 17 anos 7 Setor de Ciências Biológicas/ Departamento DEDUFIS (Possui Pós

Graduação).

32 anos Quadro-2 Setores e departamentos de docentes afrodescendentes na UEPG

Fonte: Lombardi, 2011

Os Professores além de lecionarem no ensino para os cursos superiores da Instituição exercem também outros tipos de atividades como pesquisa, extensão e administração. Dessa maneira pudemos constatar que todos os docentes possuem espaços luminosos de integração no que diz respeito às respectivas atividades.

Considerações finais

No Brasil ainda a inclusão relacionada a negros e afrodescendentes vem sendo praticada em pequena escala. Na UEPG não é diferente, persistem ainda numa maioria dos espaços de integração e os melhores cargos são destinados a elite branca.

Referências

KAUCHAKJE, S. Riscos e possibilidades sociais da demanda pelo direito à diferença apresentada pelos movimentos sociais. Revista Publicatio UEPG, ciências humanas, 2000.

SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: Ed. Wva, 1997.

SANTOS, M. O Espaço do cidadão. São Paulo: Editora Nobel, 1987.

Referências

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