OSSIÊ "INFÂNCIA E EDUCAÇÃO INFANTIL"
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í I i a H e l e n a V i e i r a C r u z '
[ B C H - U F C ]
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O S artigos Q ue inauguram a nossa seção tem ática
- rarn produzidos a partir de pesouísas realizadas pelo
, c1eo D esenvolvim ento. Linguagem e E ducação da
ríança. do P rogram a de P ós-G raduação da
Faculda-de E ducação da U n í v e r s í d a d e Federal do C eará.
E stas pesouísas expressam o esforço desta
universida-de conhecer m elhor e contribuir para superar os
zrandes desafios postos para a educação no nosso
estado. N o referido N úcleo. baseadas num a
concep-- com um de desenvolvim ento e educação da
crían-em espaços coletivos. as linhas de pesouísa abrangcrían-em
o as áreas de E ducação Infantil com o de E ducação
cial. N este m om ento. estam os apresentando
tra-lhos da área de E ducação Infantil.
A partir da evidência da im portância das
expe-. ncias iniciais para o desenvolvim ento da pessoa.
: m havido um interesse crescente pela Q ualidade das
. êncías oferecidas nas creches ep r é - e s c o l a s . A
cons-- ç ã o da identidade da E ducação Infantil enouanto
cam po de atuação profissional é um processo
- cabado e m arcado por controvérstas-a P edagogia
Infância não é ainda um a realidade entre nós. N o
tanto. já é consenso entre os pescuísadores da área
e estas instituições devem ter com o foco a
crian-. com suas antes insuspeitadas capacidades de
in eração e com preensão; m últiplas possibilidades de
linguagem . form as características de entender e se
elacíonar com o seu contexto social e cultural. E
n-fim . a criança. com todas as suas necessidades e
de-sejos. tom ada na sua inteireza - o Q ue significa Q U e
odos os aspectos do seu desenvolvim ento devem
ser igualm ente privilegiados. Tam bém se acredita Q ue.
devido às características peculiares desta etapa do
desenvolvim ento. há um a necessária í n t e r - r e l a ç ã o
entre educação e cuidado Q ue a criança peouena
pre-cisa. E . através do oferecim ento de oportunidades
" D o u t o r a e m P s i c o l o g i a p e l a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o . p r o f e s s o r a d a F a c u l d a d e d e E d u c a ç ã o d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o C e a r á e i n t e -g r a n t e d o G r u p o G e s t o r d o F ó r u m d e E d u c a ç ã o I n f a n t i l d o C e a r á .
E D U C A Ç Ã O E M D E B A T E ••• F O R T A LE Z A
diversificadas para a am pliação dos seus conhedm
-tos e a expressão de suas idéias e sentim en-tos. tal
trabalho deve contribuir firm em ente para a
autono-m ia da criança e para a construção da sua
identida-de. E videntem ente. estas concepções de criança e
de E ducação Infantil dem andam o trabalho Q U
alifica-do de professores com form ação específica para o
trabalho educativo com esta faixa etária: além de
for-m ação inicial. torna-se im prescindível Q ue tenham
acesso a diferentes form as de aperfeiçoam ento
pro-fissional. inclusive o acom panham ento freoüente e
contínuo da sua prática.
A s práticas pedagógicas desenvolvidas com
as crianças. têm sido alvo de grande interesse no
núcleo D esenvolvim ento Linguagem e E ducação da
C riança. V ários trabalhos têm enfocado as ações
de-senvolvidas pelos órgãos públicos responsáveis pela
E ducação no estado do C eará e no m unicípio de
Fortaleza e as suas repercussões nas oportunidades
educacionais oferecidas às crianças. N o núm ero
anterior desta revista (n.? 43). a prática pedagógica
desenvolvida nas salas de pré-escolas da rede m
u-nicipal. vinculadas à C oordenadoria de E ducação da
S ecretaria M unicipal de E ducação e A ssistência
S ocial- S E D A S . foi enfocada por Fátim a M aria A
ra-újo Sabóla Leitão. Q ue procurou conhecer a Q ue
concepções elas recorrem . cuaís recursos práticos
dispõem para tom ar suas decisões e Q ue apoios
re-cebem nesse sentido. S andra M aria de O liveira
S chram m tam bém apresenta a sua in esngação do
cotidiano da escola. em Q ue buscou com preender
com o as experiências escolares es - c ~. . o
para a form ação de s 'e' os
m ero. Inês 1am ede. analisou
do cham ado • redi easkJ : 1 a : n
alfabetização" nas co ce ões e
fessoras ai abetiza oras e B e e e de S ouza P
or-to defe e a i -~ cía a I dicidade para o
processo de ai a ü z a ç ã o de crianças.
o está io de ransição em Q ue vivem os.
ainda há -áríos eQ l ipam entos destinados ao
m ento em creche e
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p r é - e s c o l a ? sob aresponsabili-dade da área assistencial. A ssim . no âm bito do
go-verno estadual. as creches com unitárias. Q ue se
constituem em Q uase única oportunidade de
aten-dim ento em período integral para as populações
pobres da nossa cidade. são subordinadas à S
ecre-taria do Trabalho e A ssistência S ocial - S E TA S .
Q uanto à esfera da m unicipalidade. encontram os
tanto as creches com unitárias m an 'das ela O
pe-ração Fortaleza - O P E FO R co nidades ou ras
tais com o U P . s. C IA C s e c.. inc adasà C
oorde-nado ria de A ssis encia S ocial. ór ão da S ecretaria
M unicipal de E ducação e A ssis ência S ocial S E
-D A S .3 O artigo de aria C elina Furtado B ezerra e
C osta. in estiga o atendim en o oferecido por esta
C oordenadoria. buscando conhecer com o as
pro-fessoras concebem e realizam o trabalho com as
crianças de três e Q uatro anos de idade.
especial-m ente Q uanto à relação entre educação e cuidado.
O trabalho realizado nas creches com unitárias
foi tem a de dois trabalhos. am bos com raízes num a
pesouísa realizada na segunda m etade dos anos
no-venta. "O atendim ento em creches com unitárias da
cidade de Fortaleza: diagnóstico da situação a t u a l " . "
Q l1enos trouxe inform ações iniciais acerca das
carac-terísticas desses eoulparnentos (instalações. m ateriais.
pessoal. rotinas. relações com usuários etc.) e da visão
das professoras e fam ílias usuárias sobre o trabalho ali
desenvolvido. E ntre os aspectos identificados. Q ue
de-m andavade-m de-m aior code-m preensão. estava a rotina a Q ue
são subm etidas as crianças. m arcada por longos
perí-odos de espera e de ociosidade - este foi o tem a a Q ue
R osim eire C osta de A ndrade se dedicou. U m outro
aspecto. igualm ente preocupante. foi a subm issão
ob-servada na m aioria das crianças: assim . a pesouísa Q ue
coordenei procurou com preender m elhor este processo
2 E stam os adotando aQ ui a term inologia adotada nos textos legais: o
atendim ento em creche refere-se à faixa de zero a três anos. enouan-to a pré-escola destina-se as crianças de Q uatro a seis anos.
3A s classes de pré-escola, Q ue funcionam em escolas m unicipais ou
nos cham ados "anexos" destas escolas. se Illlarn à C oordenadoria de E ducação da m esm a S ecretaria.
4Tal pesouísa. financiada parcialm ente pelo C onselho N acional de P
esoui-sa e D esenvolvim ento Tecnológico - C N P Q . envolveu vários alunos do curso de P edagogia da U FC e possibilitou a elaboração de diversos traba-lhos apresentados em encontros locais e nadonais (com o C R U Z et ai. 1998. C R u z . 1999. A N D R A D E e P E R E IR A ) e um artigo (C R U Z. 200 I).
de disciplinam ento e dar m aior visibilidade à
perspec-tiva da criança acerca das suas experiências cotidianas
nestes eouíparnentos. Tam bém C ristiane A m orim
M artins procurou captar e entender as perspectivas
das crianças aceitando o desafio de ouvi-Ias. N o seu
artigo, ela discute as facetas da concepção Q ue ela
pró-pria tem acerca do oue é ser criança.
O artigo de M aria de Fátim a
Vasconcelos
daC osta trata de um tem a especialm ente im portante
para o desenvolvim ento infantil e.
conseoüenternen-te para o trabalho educativo com a criança peouena:
o jogo. E la explora as relações entre jogo e
lingua-gem a partir da com preensão de Q l1e am bos podem
ser aproX im ados enouanto processos de significações.
E m seu conjunto. tais artigos apresentam um
oua-dro preocupante. A creche e a pré-escola deveriam se
constituir em instrum entos de justiça social, am pliando
as possibilidades de desenvolvim ento e de
aprendiza-gem das crianças. o entanto, há evidências de Q l1eas
práticas efetivam ente oferecidas nos estabelecim entos
aQ l1ienfocados contribuem para aum entar o fosso Q ue
já existe entre as crianças Q ue os freoüentam e as Q ue
podem ter acesso a m elhores oportunidades de
educa-ção, expressando e aprofundando a injustiça social.5
H á, portanto, urgência de grandes investim
tos nesta área, a fim de possibilitar o desenvolvim
en-to de práticas pedagógicas de m aior Q ualidade. V ale
destacar Q ue, em Q ue pesem a im portância de um a
estrutura física adeouada e a disponibilidade de bom
m aterial pedagógico em Q uantidade suficiente. estes
estudos ressaltam a necessidade de Q ualificar e
valo-rizar o trabalho das professoras da E ducação Infantil
(neste sentido. tam bém trazem elem entos im
portan-tes para em basar a elaboração de program as de
for-m ação iniciada e continuada desses profissionais).
A pontar estas necessidades com base em
tra-balhos pautados no rigor científico tam bém é parte
da contribuição Q ue a universidade deve dar para Q ue
a E ducação Infantil tenha, efetivam ente, a Q ualidade
Q ue todas as crianças precisam e m erecem .
5 V ale lem brar Q ue o princípio da acessibi/idadeé condição para um atendim ento igualitário. O acesso a serviços de Q ualidade não pode depender da capacidade dos pais de pagarem pelo serviço. m uito m enos em um a sociedade onde a m aioria da população não tem um a renda Q ue viabilize isso. A ssim . cabe ao E stado garantir um atendi-m ento de Q ualidade.