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A representação de Corumbá em Poemas Concebidos Sem Pecado, de Manoel de Barros 1

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Guavira Letras (ISSN: 1980-1858), Três Lagoas/MS, v. 15, n. 29, p. 451-462, jan./abr. 2019.

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A representação de Corumbá em Poemas Concebidos

Sem Pecado, de Manoel de Barros 1

The representation of Corumbá in Poemas Concebidos Sem Pecado, by Manoel de Barros

La representación de Corumbá en Poemas Concebidos Sem Pecado, de Manoel de Barros

Mariana Silva SANTOS

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Rauer Ribeiro RODRIGUES

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RESUMO: Este artigo tem por objetivo estudar o significado de Corumbá nos poemas do livro Poemas Concebidos Sem Pecado (1937), de Manoel de Barros, tendo por referencial teórico Bachelard, em Poética do Espaço, e as noções básicas sobre o tema coligidas por Massaud Moisés, em A criação literária: Poesia. Fizemos, para alcançar tal objetivo, levantamento bibliográfico da fortuna crítica do poeta, além de análise dos poemas que compõe sua primeira obra. A conclusão alcançada aponta para a ideia de que a cidade, na poesia de Manoel de Barros, se apresenta como a primeira casa do poeta, o que Bachelard define como O país da infância.

PALAVRAS-CHAVE: Bachelard. Espaço. País da Infância. Poesia Brasileira.

ABSTRACT: This article aims to study the meaning of Corumbá in the poems of the book Poemas Concebidos Sem Pecado, by Manoel de Barros, with Bachelard's theoretical reference in Poética do Espaço and the basic notions on the subject collected by Massaud Moisés in A criação literária: Poesia. In order to reach this objective, a bibliographical survey of the poet’s wealth of critical acclaim was made, as well as an analysis of the poems that make up his first work. The conclusion reached points to the idea that the city, in the poetry of Barriana, presents itself as the poet's first house, which Bachelard defines as The country of childhood.

KEYWORDS: Bachelard. Space. Country of the Childhood. Brasilian Poetry.

RESUMEN:Este artículo tiene por objeto estudiar el significado de Corumbá en los poemas del libro Poemas Concebidos Sem Pecado, de Manoel de Barros, teniendo por referencial teórico Bachelard en Poética do Espaço y las nociones básicas sobre el tema recogidas por Massaud Moisés en A criação literária: Poesia. Para alcanzar tal objetivo se hizo un levantamiento bibliográfico del poeta, además de análisis de los poemas que compone su

1 Este artigo é o resultado final de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado no Curso de Letras (Habilitação Português/Inglês) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Campus do Pantanal (UFMS/CPAN), sob a orientação do Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues.

2 Graduada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Campus do Pantanal (UFMS/CPAN).

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Bolsista CNPq. Maringá – PR – Brasil. CEP: 87021-980. E-mail: marianassantos687@gmail.com

3 Universidade de Federal de Mato Grosso do Sul/Campus do Pantanal – UFMS/CPAN. Professor do Curso de Letras da UFMS/CPAN e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMS/CPTL. Corumbá – MS – Brasil.

CEP: 79304-902. E-mail: rauer.rodrigues@ufms.br

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452 primera obra. La conclusión alcanzada apunta a la idea de que la ciudad, en la poesía barriana, se presenta como

la primera casa del poeta, lo que Bachelard define como El país de la infancia.

PALABRAS CLAVE:Bachelard. Espacio. País de la infancia.Poesía Brasileña

Introdução

Manoel de Barros é o escritor mais aclamado da região pantaneira, reconhecido por criar imagens infantis, encantadoras e originais, além de ousar ao construir, em seus poemas, estruturas sintáticas diferentes das normas do português culto. O escritor tinha o dom de ressignificar palavras e enaltecer os desvalorizados; e também de dar valor ao lúdico, ao que arrosta a lógica da normalidade, ao que impacta o real com a subjetividade lírica: “Tenho uma confissão: noventa por cento do que / escrevo é invenção; só dez por cento que é mentira.”

(BARROS, 2010, p. 389).

Os versos do poema “Autorretrato”, originalmente publicado em Ensaios Fotográficos, pode até desanimar o leitor a pesquisar sobre a biografia de Barros, ou de entrelaçá-la à sua obra, já que tantas vezes o próprio poeta enfatizou que tudo o que não inventava era falso. O Pantanal, contudo, é espaço constantemente mencionado por Barros, principalmente em seu primeiro livro, assim como a cidade de Corumbá, considerada a pérola urbana deste ecossistema. Em PCSP

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, por exemplo, Barros rememora, recria ou inventa eventos de sua vida desde o nascimento até sua ida para o Rio de Janeiro, onde morou por 30 anos.

A análise da significação dos espaços encenados pelo eu-lírico na obra foi feita a partir dos conceitos concebidos por Gaston Bachelard (1993), em Poética do Espaço, o qual faz um apuramento sobre as significações que a espacialidade pode assumir como símbolo humano, e de estudos de Massaud Moisés (2000), em A criação literária: poesia.

Debruçamo-nos sobre a narração poética e a descrição da infância de Barros, e como essa fase da vida era vista pelo poeta; para isso, faremos uma sucinta revisão bibliográfica sobre o autor e a fortuna crítica

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que recepcionou sua obra, e uma análise do livro PCSP. Em resumo, buscamos contribuir para a fortuna crítica do poeta, buscando deslindar a influência e a contribuição do espaço natural e humano da cidade de Corumbá, e de algumas de suas personalidades reais, para a criação poética de Manoel de Barros.

O autor

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu no dia 19 de dezembro de 1916, em Cuiabá (MT). Era conhecido como “Nequinho” para os íntimos. Aos dois meses de idade, sua família

4 PCSP é a sigla utilizada para se referir ao livro Poemas Concebidos Sem Pecado.

5 Pesquisa consolidada sobre a biografia e a fortuna crítica sobre Manoel de Barros encontra-se no blog do Grupo de Pesquisa Literatura e Vida (GPLV), disponível em http://gpmanoeldebarros.blogspot.com.br/ (ver, em especial, as abas ―Barros e ―Fortuna crítica). A revista Guavira Letras publicou um número especial (v. 13, n. 24, 2017), intitulado Manoel de Barros: 80 anos fora da asa, sobre a poesia de Manoel de Barros. Neste número, encontramos entrevistas, artigos científicos, cartas trocadas entre Barros e Adalberto Müller e uma biografia do poeta “por datas, relação completa de seus livros no Brasil e no exterior, e ampla fortuna crítica da recepção a sua obra”.

O número está disponível em: http://websensors.net.br/seer/index.php/guavira/issue/view/31/showToc

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mudou-se para Corumbá, e depois para uma fazenda na Nhecolândia, pertencente ao pai do

autor, João Venceslau Barros.

Corumbá era então uma das cidades mais populosas do Mato Grosso, deixando de ser vila em 1878. Desde o início do século XX ficou marcada pela integração com o mercado europeu e americano, importância obtida através da abertura da navegação internacional

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pelo Rio Paraguai, em 1856, o que também proporcionou a redução do tempo expendido para transitar entre a região e a Corte, no Rio de Janeiro.

Aos oito anos, Barros mudou-se para Campo Grande a fim de aprimorar seus estudos;

em seguida, foi para o Rio de Janeiro pelo mesmo motivo. Em 1934, iniciou o curso de Direito;

no ano seguinte, entrou para o Partido Comunista. Formou-se, mas resolveu não exercer a profissão, para conhecer outros lugares, viajando pela Bolívia, Peru e Estados Unidos.

Após herdar a fazenda do pai, retorna ao Pantanal; dez anos depois consegue fazer com que o lugar lhe dê renda para “ficar à toa que significa o seguinte, eu ficar à disposição da poesia, então eu comprei o ócio, aí que eu pude ser o vagabundo profissional, como eu sou agora.” (BARROS, 2009).

A primeira obra

Poemas Concebidos Sem Pecado foi o primeiro livro publicado de Manoel de Barros;

em 1937, quando o autor tinha 21 anos; é dividido em três grandes partes: “Cabeludinho”,

“Postais da Cidade” e “Retratos a carvão”, que trazem os grandes pilares do livro, como interpreta Alan Torres:

O autor utilizou três pilares: o primeiro seria uma suposta autobiografia, na qual são narrados os principais acontecimentos de sua vida de até então num poema dividido em onze partes: “Cabeludinho”. O segundo pilar é o regionalismo – linguagem coloquial, costumes locais –, o que impregna de verossimilhança a representação do Pantanal. Por fim, temos o resgate de pessoas “desimportantes” que fizeram parte da infância de Cabeludinho e que se tornaram mitos pessoais do início de sua vida.

(TORRES, 2011, p. 15).

O primeiro poema do livro retrata o nascimento de Cabeludinho, que se acredita ser o alter-ego do autor (cf., por exemplo, Kelcilene Grácia-Rodrigues, 2006, e Luciene Lemos de Campos, 2010):

Sob o canto do bate-num-quara nasceu Cabeludinho bem diferente de Iracema

desandando pouquíssima poesia o que desculpa a insuficiência do canto mas explica a sua vida

6 “A navegação proporcionou um grande impulso à região. Além da redução no tempo do transporte e da maior tonelagem de cargas transportadas pelos vapores, o governo imperial instituiu subsídios e isenção de tributos.

Com isso, várias mercadorias chegavam por preços bem mais acessíveis do que em períodos anteriores, e novos produtos passaram a estar disponíveis para consumo. Houve também impulso às exportações. [...] É significativo que a navegação internacional, que tinha seu ponto terminal em Corumbá e era realizado por navios de maior calado, já na primeira década após a guerra com o Paraguai, contribuiu para que a cidade se tornasse polo de distribuição de mercadorias para a capital, Cuiabá, bem como para outras regiões da província.” (SOUZA, 2008, p. 34-36).

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454 que juro ser essencial.

-Vai desremelar esse olho, menino!

-Vai cortar esse cabelão, menino!

Eram os gritos de Nhanhá.

(BARROS, 2010, p. 11).

Exibindo sua origem humilde, pois o “canto do bate-num-quara” pode ser interpretado como o som feito pelo trabalho das lavadeiras, o poema compara a personagem consagrada de José de Alencar, Iracema, que teve a beleza melodiosa da jandaia como eterna companheira, com Cabeludinho. O eu-lírico se desculpa pela falta de poesia no surgimento do último, mas afirma seu valor, apesar disso. Ao final, duas falas de Nhanhá, a avó de Manoel, são acrescentadas, exibindo o que seria o cotidiano da criança.

Ao longo desse grande poema dividido em 11 partes, o poeta já se utiliza da fala coloquial representando a maneira simples de se comunicar de sua terra; mas essa peculiaridade no modo de escrever, recurso utilizado para criar palavras e transpor as regras da linguagem culta, não se limita ao mero objetivo de representação da fala popular; na verdade, ela ganha outros significados: exposição da fala infantil, utilização da linguagem popular, evocação da espontaneidade infantil, liberdade de pensamento, rejeição do parnasianismo empolado, entre outros

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. Para construir essa idiossincrasia, Manoel muito estudou, para poder errar a língua “ao dente” (BARROS, 2009), como o poeta revelou em entrevista.

Como geralmente ocorre, PCSP, sendo o primeiro livro do autor, traz o que seria a semente ou os princípios e bases dos seus próximos lançamentos; como um dos elementos recorrentes é a autobiografia, os poemas têm geralmente como espaço a região Pantaneira; nessa primeira parte, “Cabeludinho”, o espaço da natureza é contrastado com o espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro

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:

Poemas concebidos sem pecado é um livro autobiográfico. No seu principal poema,

“Cabeludinho”, o poeta conta a história, do nascimento à mocidade. Este é um longo texto que se refere aos fatos essenciais da vida do menino de interior. Divide-se em onze partes não intituladas, mas que representam os seguintes passos: 1. Nascimento, 2.

Primeira paixão, 3. Jogos infantis, 4. A partida, 5. A escola, 6. Correspondência familiar, 7. Iniciação à poesia, 8. Iniciação sexual, 9. A academia, 10. O retorno do bugre e 11.

Situação atual. O poema representa, em essência, os principais itinerários da vida de Cabeludinho, do nascimento no Pantanal até o curso universitário no Rio de Janeiro, revelando um forte sentimento de perda. (SANCHES NETO, 1997, p. 6).

Analisando mais detalhadamente, da primeira parte à terceira, o alter-ego do autor se mostra feliz. O campo, apesar de ligado a essa alegria, desempenha esse papel por ser, principalmente, onde o escritor passou seus primeiros anos de vida, a etapa da vida mais exaltada por ele, mas isso não o torna cego para os problemas sociais enfrentados pela população, como é elucidado em “Antoninha-me-leva”:

7 No artigo “Manoel de Barros: A palavra é um punhal que brilha, rasga e fere”, a estudiosa Kelcilene Grácia- Rodrigues (2017) evidencia a ars poetica de Manoel e Barros.

8 Na tese de Goiandira Ortiz de Camargo (1997) e de Kelcilene Grácia-Rodrigues (2006, p. 44-70), encontramos, também, análises detidas sobre os poemas de “Cabeludinho”. Para Grácia-Rodrigues (2006, p. 70), PSCP

“constitui, por meio de jogos figurativos, um “romance de formação” que é uma plataforma, um manifesto, uma

‘profissão de fé’ metapoética”.

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455 Outro caso é o de Antoninha-me-leva:

Mora num rancho no meio do mato e à noite recebe os vaqueiros tem vez que de três e até quatro comitivas

Ela sozinha!

[...]

A fome não é invenção de comunistas, titio.

Experimente receber três e até quatro comitivas de boiadeiros por dia!

(BARROS, 2010, p. 30).

Este poema é a representação da precariedade da vida de uma prostituta, uma figura desprezada pela a sociedade. Mas Barros vai a favor Antoninha, porque ela não é só uma prostituta, ela tem nome e importância na vida do poeta, é um dos “Retratos de carvão”, é uma figura conhecida, uma das suas lembranças memoráveis, o que exemplifica o terceiro pilar da obra, a evocação das pessoas “desimportantes”.

É interessante também perceber a discussão social presente no texto: “A fome não é invenção de comunistas, titio. / Experimnte receber três e até quatro comitivas de boiadeiros por dia!”. Manoel é um poeta que valoriza o desvalorizado (CAMPOS, 2011); por outro lado, dois anos antes da publicação de PCSP, entrou para o Partido Comunista (DUARTE, 2016), ou seja, era engajado politicamente, a favor das camadas populares. Em “Antoninha-me-leva” ele expõe sua opinião, mostrando a periculosidade do trabalho, ao descrever a morte da mulher que ao tentar ajudar a personagem acaba morta ─ “Um dia a preta Bonifácia quis ajudá-la e morreu.

/ Foi enterrada no terreiro com o seu casaco de flores” ─ pois não aguenta receber, como Antoninha-mel-leva, tantos homens seguidamente para o coito.

Em “Postais da Cidade”, Manoel, mais uma vez, aborda a fome e a que atos essa sensação pode levar; trata-se da exibição em praça pública de uma jovem de pelos pubianos anormalmente grandes em troca de dinheiro, “espetáculo” promovido pelo pai da criança:

Maria-pelego-preto, moça de 18 anos, era abundante de pelos no pente.

A gente pagava pra ver o fenômeno.

A moça cobria o rosto com um lençol branco e deixava pra fora só o pelego preto que se espalhava quase até pra cima do umbigo.

Era uma romaria chimite!

Na porta o pai entrevado recebendo as entradas…

Um senhor respeitável disse que aquilo era uma indignidade e um desrespeito às instituições da família e da Pátria!

Mas parece que era fome.

(BARROS, 2010, p. 22).

O poema mostra a estigma por parte da sociedade corumbaense à camada mais pobre, um cenário composto pelo preconceito e pela coerção. Nos arquivos compilados pelo historiador João Carlos de Souza (2008) encontramos exemplos de críticas ferozes feitas às camadas sociais menos favorecidas:

À condenação da vadiagem, se seguia a dos vícios, da prostituição, da embriaguez.

Nesse discurso recorrente da apologia do trabalho, mulheres e homens pobres necessariamente deviam ter uma ocupação, o que justificava a exploração desses.

Particularmente com relação aos paraguaios, esse preconceito assumia as formas dos discursos etnocentristas, atribuindo-lhe uma aptidão para os vícios e para a indolência, assim como para a rebelião, como se fossem inerentes à sua nacionalidade. (SOUZA, 2008, p. 202).

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A visão crítica à sociedade também se mostra no décimo primeiro poema da primeira

parte, em que o eu-lírico, já estabelecido no Rio de Janeiro há alguns anos, expressa sua saudade pela terra natal e a infelicidade em que vivia:

A última estrela que havia no céu deu pra desaparecer

o mundo está sem estrela na testa

Foi o vento quem embrulhou minhas palavras meteu no umbigo e levou pra namorada?

Eram palavras de protesto idiota!

Como o vento leva as palavras!

Me lembrar que o único riso solto que encontrei era pago!

É preciso AÇÃO AÇÃO AÇÃO AÇÃO Levante desse topor poético, bugre velho.

Enfim cabeludinho, é você mesmo quem está aqui?

Onde andarão os seus amigos do Porto de Dona Emília?

(BARROS, 2010, p. 17).

A primeira estrofe do poema começa com um tom de melancolia, com o eu-lírico relatando sua impossibilidade de ver estrelas, tirando dele uma visão tão nostálgica e bonita, principalmente para aqueles de regiões interioranas, onde é tão comum vê-las, exibindo nostalgia e um sentimento de inconformidade.

Outro verso marcante é o primeiro da quarta estrofe, em que o eu-lírico revela ao leitor que a única felicidade que obteve no lugar foi comprada, “Me lembrar que o único riso solto que encontrei era pago!”, o que lhe faz olhar para o passado, relembrar seus amigos de infância, em sentimento saudosista das pessoas e sua terra natal. É para preencher esse sentimento de perda que Barros escreve:

O que acontece é o lamento de um adulto que não se reconhece por não ter perto pessoas de que foi cativo na infância. O lamento de alguém que só encontrou a felicidade quando pagou. [...] Então, para não perder de vez a infância usurpada pelo tempo, resta aopoeta reconstruí-la através da poesia. (TORRES, 2011, p. 43).

A parte quatro de “Cabeludinho”, narra a partida do menino do interior para a capital, acontecimento típico entre as famílias abastadas do campo; o que chama atenção é a fala do vaqueiro: “- Já se vai-se, Quério? Bueno, entonces seja felizardo lá pelos rio de janeiros…”.

Nota-se que há uma mistura entre o português e o espanhol, variação linguística conhecida como portunhol, muito presente em regiões de fronteiras, como Corumbá e Bolívia, e “erros”

gramaticais com o falar típico de pessoas sem escolarização.

O Pantanal

O cuidado na conservação das idiossincrasias linguísticas e outras características

peculiares da localidade pelo poeta abre espaço para a confirmação do que seria o segundo pilar

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do livro em questão, o regionalismo. O Pantanal é descrito não só em Poemas Concebidos Sem

Pecado: de modo geral, os demais trabalhos de Manoel de Barros trazem as características do lugar. Apesar dessa afirmação, o próprio Manoel, em várias ocasiões, defendeu sua visão de ele não ser um poeta regionalista, nem ter como objetivo exaltar o Pantanal ─ e o poeta, a nosso ver, tem razão.

Em PCSP, Manoel não se limita a descrever o bioma onde se encontra a maior planície alagada do mundo, mas também se volta para a cidade de Corumbá, retomando várias partes urbanas, informando ao leitor suas características físicas e composição social, relato que ocorre principalmente em “Postais da Cidade”, iniciado com o Poema “Escrínio”, que faz referência a pelo menos quatro pontos do perímetro urbano: o Porto, a Ladeira Cunha e Cruz, a Praça da Independência e o extinto Cine Excelsior:

[...] Porém a cidade era em cima de uma pedra branca enorme E o rio passava lá embaixo com piranhas camalotes

Pescadores e lanchas carregadas de couros vacuns fedidos.

Primeiro vinha a Rua do Porto: sobrados remontados na ladeira, flamboyants, armazéns de secos e molhados E mil turcos babaruches nas portas comendo sementes de abóbora...

Depois, subindo a ladeira, vinha a cidade propriamente dita, com a estátua de Antônio Maria Coelho, heróis da Guerra do Paraguai, cheia de besouros na orelha E mais o Cinema Excelsior onde levavam um filme de Tom Mix 35 vezes por mês.

E tudo o mais. [...]

(BARROS, 2010, p. 19-20).

A começar pelo Porto, símbolo da cidade, e principal responsável pelo apogeu econômico do local durante a virada do século XIX para o XX, foi também a atração para a vinda de tantos grupos étnicos diferentes: “Nas primeiras décadas do século XX, predominava o comércio do varejo, ou também chamado a retalho, que tinha na comunidade sírio-libanesa, vários representantes.” (SOUZA, 2008, p. 145). A constituição de um lugar que atraia imigrantes apenas se intensificou com a guerra do Paraguai, da qual o general Antônio Maria Coelho fez parte, a tal ponto da continuidade do português como língua predominante se tornar uma preocupação até mesmo entre as autoridades:

A questão dessas relações conflituosas com os estrangeiros e o uso da língua vernácula em Corumbá, portanto, pode ser identificada desde a década de 1870 e estende-se pelas primeiras décadas do século seguinte. Trata-se, contudo, de experiência vivida em outras regiões e cidades do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, até a década de 1940, há registros dessa preocupação. (SOUZA, 2008, p. 198).

Por último, “A obra de Barros recria figuras populares da região fronteiriça de Corumbá:

dentre outras, comerciantes, andarilhos, mendigos, loucos, trabalhadores, prostitutas, migrantes, desvalidos, trastes, maltrapilhos.” (CAMPOS, 2010, p. 7). De forma ambivalente, os valores defendidos pela impressa corumbaense, pelos comerciantes e pelas famílias abastadas da época (cf. SOUZA, 2008)

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condenavam o comportamento das pessoas que não se

9 “À condenação da vadiagem, se seguia a dos vícios, da prostituição, da embriaguez. Nesse discurso recorrente da apologia do trabalho, mulheres e homens pobres necessariamente deviam ter uma ocupação, o que justificava

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enquadravam nos padrões estabelecidos pelo sistema social, enquanto o jovem Manoel exalta

aqueles marginalizados pela sociedade.

Como exemplo dessa diferença de valores entre o escritor e o coletivo da comunidade corumbaense da época, é modelar o poema sobre Sabastião, considerado louco, e que é enaltecido pelo poeta pela relação com a natureza.

SABASTIÃO

Todos eram iguais perante a lua

Menos só Sabastião, mas era diz-que louco daí pra fora

— Jacaré no seco anda? — preguntava.

Meu amigo Sabastião Um pouco louco

Corria divinamente de jacaré. Tinha um Que era da sela dele somentes

E estranhava as pessoas.

Naquele jacaré ele apostava corrida com qualquer peixe Que esse Sabastião era ordinário!

Desencostado da terra Sabastião

Meu amigo Um pouco louco.

(BARROS, 2010, p. 21).

Em outras passagens, Barros da voz àqueles cujas vozes haviam sido silenciadas, não só a de Sabastião, mas também de tantos outros estigmatizados. Para o menino Nequinho o rótulo social era descartado e o leitor podia ver através de um olhar inocente o valor daquele ser humano, possuidor de qualidades e peculiaridades reveladas e enfatizadas. Esse olhar atento ao socialmente desprezado é possível de ser percebido também no poema A draga:

A DRAGA

A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, no Porto, como um pé de árvore ou uma duna.

- E que fosse uma casa de peixes?

Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela, enraizados em sua ferragens.

Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega -sapo.

Ele de noite se arrastava pela beira das casas como um caranguejo trôpego

À procura de velórios.

Gostava de velórios.

Os bolsos de seu casaco andavam estufados de jias.

Ele esfregava no rosto as suas barriguinhas frias.

Quando Mario morreu, um literato oficial, em

Necrológio caprichado, chamou-o de Mário- Captura- Sapo!

Ai que dor!

Ao literato cujo, se não me engano, hoje é senador pelo Estado.

Se não é, merecia.

A vida tem suas descompensações.

a exploração desses. Particularmente com relação aos paraguaios, esse preconceito assumia as formas dos discursos etnocentristas, atribuindo-lhe uma aptidão para os vícios e para a indolência, assim como para a rebelião, como se fossem inerentes à sua nacionalidade.” (SOUZA, 2008, p. 202).

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459 Da velha draga

Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as Expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem dinheiro, viver na miséria

Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Holanda

Para que as registre em seus léxicos.

Pois que o povo já as registrou.

(BARROS, 2010, p. 20-21).

A draga é uma máquina que remove entulhos e grandes sujeiras do rio, e que servia na cidade como abrigo daqueles à margem da sociedade, bêbados, loucos e andarilhos. O sentimento de desprezo da sociedade por essas pessoas se torna mais evidente neste texto, por seus moradores serem confundidos com o próprio entulho.

Entre todos os “vagabundos e loucos”, um se destaca, “Mario-pega-sapo”, considerado amigo do eu-lírico. Essa relação afetiva exposta desponta uma característica que se tornaria marca de Manoel de Barros: a valorização do que é menosprezado pela sociedade, pois para o poeta “tudo o que nossa civilização rejeita, pisa e mija em cima. Serve para poesia”. (BARROS, 2010, p. 146).

“Mario-pega-sapo” é descrito como um andarilho, que vivia a passear com seu andar de

“caranguejo trôpego”, se esgueirando pelas casas à busca de velórios, e sempre com “jias”, sapos, em seu bolso, a fim de esfregar a barriga deles em seu rosto. Outro fato sobre ele era:

“Só as crianças e as putas do jardim entendiam sua fala de furnas brenhentas.” Por apenas ser entendido pelas putas e crianças, pode-se inferir que Mário só era entendido pelos semelhantes, no sentido de grupo social silenciado pela sociedade, a minoria.

Em razão de já ter se tornado em vida uma figura popular, a morte de Mário é homenageada por um literato, que modifica o apelido pelo qual foi tantas vezes reconhecido, trocando o “pega” por “captura”, o próprio eu-lírico critica essa modificação: “Queria captura em vez de pega para não macular (sic) a língua nacional lá dele...”, ou seja, mais uma vez Manoel sai em defesa do que é desprezado, enaltecendo desta vez o próprio falar popular, a verdadeira forma de se expressar do povo, em detrimento do culto, da norma padrão, apontando ainda que as expressões criadas por esse mesmo povo em relação à draga como “estar na draga, viver na draga”, que remetem a falta de dinheiro ou miséria, deveriam ser registradas pelo conhecido filólogo Aurélio Buarque de Hollanda, autor do dicionário mais vendido do Brasil no século XX, o dicionário Aurélio.

O significado do espaço

Vejamos como Massaud Moisés configura, em termos teóricos, a evocação lírica do espaço referencial em obras poéticas:

A geografia não é chamada para determinar um espaço, mas para servir de ambiente à projeção do “eu”, que constitui a base do fenômeno poético: a geografia está em função do “eu”, atua como seu prolongamento natural. Desse ângulo, se o fenômeno poético percorre algum espaço, é o do “eu”.

Ora, espaço do “eu”, não do “eu” agregado a um ser (o poeta) mas expresso no poema, somente se define por meio da descrição: ageográfico em relação à Natureza e ao

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460 Cosmos, o fenômeno poético poderia ser concebido como a geografia do “eu”.

(MOISÉS, 2000, p. 161-162).

Assim sendo, entendemos nós que a poesia de Manoel de Barros não descreve necessariamente o Pantanal, pois todos os locais citados pelo poeta seriam extensão do “eu”

poético. No dicionário de símbolos de Agripina Ferreira, baseado nos estudos de Gaston Bachelard, há a seguinte definição:

A casa, primeiro universo do ser humano, é um objeto onírico de fundamental importância numa poética do espaço. Ontologicamente, a casa como um núcleo permanente e como um bem acompanha o ser humano ao longo de sua existência. E no silêncio e na solidão sempre se volta para um outrora que há muito passou, reencontrando a casa nas profundezas de sua alma sonhadora. A casa está nele, e ele está na casa de seu devaneio. (FERREIRA, 2013, p. 35).

Assim sendo, o Pantanal pode funcionar como a casa materna dentro da poesia de Barros, embora não como uma casa tradicional, com paredes, porta e teto, pois segundo Bosi (1994) a casa materna não necessariamente está ligada ao local em que o autor cresceu, mas onde ele passou os momentos mais importantes de sua formação.

Essa característica pode ser verificada especialmente em PCSP, pois foi publicado enquanto o autor ainda vivia no Rio de Janeiro, e assim Corumbá, além de ser a primeira casa, é descrita com teor saudosista, já que o poeta só retornaria para o local anos mais tarde. Nesta obra, em vez de retratar seu cotidiano, o poeta se volta para o passado, principalmente para infância e sua terra natal.

Bachelard, em A poética do espaço (1993), defende que a casa dentro da poesia seria todo espaço realmente habitado, “porque a casa é nosso canto do mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo. É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda acepção do termo.” (BACHELARD, 1993, p. 24). A casa é onde se guarda os “tesouros dos dias antigos”.

No caso de Barros, esses tesouros podem ser inferidos como as pessoas a que faz menção, e à rememoração de suas infâncias: amigos pobres, amigos loucos e as pessoas exploradas, humilhadas.

Devido Poemas Concebidos Sem Pecado ter sido escrito no Rio de Janeiro, essa nova

“casa” serve de palco para o retorno das lembranças da antiga moradia do escritor. Como afirma Bacherlard: “Quando, na nova casa, voltam às lembranças das antigas moradias, viajamos até o país da infância Imóvel, imóvel como o Imemorial.” (BACHELARD, 1993, p. 25). O Pantanal, assim como Corumbá, desempenha o papel de país da infância, a primeira casa de Barros.

Conclusão

Poemas Concebidos Sem Pecado é uma publicação recheada por temas complexos e

delicados, abordados por um, até então, jovem e amador poeta, que conseguiu sintetizar, em

sua primeira obra, questões regionais, sociais, linguísticas e econômicas através de uma

linguagem única que tornar-se-ia uma das mais aclamadas características do poeta maduro

Manoel de Barros.

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Este trabalho, movido pela busca dos sentidos construídos pelo espaço de Corumbá

dentro da poética de Manoel de Barros em PCSP fez um sucinto levantamento de dados sobre o autor, sobre a cidade e sua obra, para então poder correlacionar os poemas selecionados às teorias sobre espaço poético de Gaston Bachelard (1993) e às reflexões sobre o tema de Massaud Moisés (2000).

A conclusão a que chegamos é que não apenas na primeira obra, mas também nas demais, posteriores, os poemas de Nequinho são reflexos de sua vida, em especial de sua infância, fase presente em grande parte dos poemas, sempre abordada com tom lírico, intimista, memorialístico, saudosista.

Corumbá desempenha um importante papel na poesia de Manoel de Barros, pois na cidade pantaneira o poeta viveu boa parte dos seus dias de criança. Por ter estudado e se graduado no Rio de Janeiro, valores citadinos e campestres são confrontados, e, mais ainda, um sentimento de saudade da terra materna impregna as palavras produzidas pelo bugre. O pantanal ganha assim o papel de primeira casa, tornando-se o País da Infância, uma extensão do eu- lírico na construção de sua imagética personalíssima, recriando o espaço em uma clave própria e em Manoelês Archaico.

REFERÊNCIAS

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Recebido em 31/04/2019

Aprovado em 15/06/2019

Publicado em 22/09/2019

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