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CUIDADOS PARA A COMPRA DE IMÓVEIS

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CUIDADOS PARA A COMPRA DE IMÓVEIS

Antes de comprar um imóvel é necessário verificar:

Que pertence a quem se apresenta como dono, (ou seja, que não está sendo vendido a non domino, por quem não é dono ou pessoa autorizada);

Que o dono é moral e financeiramente idôneo;

Queo negócio não é viciado ou nulo.

Isso pode ser feito por meio de certidões:

Do imóvel

Da pessoa do vendedor (pessoa natural ou jurídica)

CERTIDÃO DE PROPRIEDADE EM

NOME DO VENDEDOR:

CÓPIA DA MATRÍCULA

Fornecida pelo Oficial do Registro de Imóveis da circunscrição imobiliária

competente

REGISTRO DE IMÓVEIS

REFERENTES AO IMÓVEL:

A matrícula:

A CERTIDÃO DEVE

SER RECENTE

O imóvel já pode ter sido vendido entre a data da certidão e a data do negócio.

A certidão é válida por 30 dias. Sendo assim, é possível que um estelionatário venda o mesmo imóvel diversas vezes.

(2)

A matrícula é importante para saber:

Se já foi prometidopara outra pessoa - nesse caso, essas pessoas terão direito real de aquisição;

Se há vários donos(condomínio)- importante em razão da adjudicação do condômino preterido em 180 dias da venda – CC, art. 504;

Se ovendedor é casado(exceto no regime de separação de bens, mister se faz a outorga conjugal CC, art. 1.647);

Quem é odono do imóvel;

Se o bem está gravado com cláusula de inalienabilidade, se háusufrutoou estápenhorado ou hipotecado;

Se foi efetuada venda a descendente(CC, art.

496), hipótese em que se faz mister a anuência dos demais descendentes e do cônjuge do vendedor - a doação não prejudica o adquirente (CC, art. 544), exceto doação da parte inoficiosa (CC, art. 549) ;

Se há contrato de locação com cláusula de vigência ou registrado – hipótese em que o adquirente terá que aguardar o prazo para o despejo ou o locatário preterido na preferência terá o direito de adjudicar no prazo de 6 meses, desde que o contrato esteja averbado pelo menos 30 dias antes da alienação (LI, arts. 8º, 27 e 33);

Se houve venda com lesão – art. 157 do CC – que poderá anular o negócio em 4 anos (art.

178 do CC).

Características da Lesão (CC, art. 157) Pressupostos:

Premente necessidade ou inexperiência;

Prestação desproporcional (de acordo com os valores vigentes à data do negócio

jurídico).

Conseqüência:

Anulaçãodo ato jurídico, se requerida em 4 anos (CC, art. 178), exceto se houver compensação(por parte de quem recebeu menos) ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito(aquele que

recebeu mais do que o valor corrente).

OUTRAS CERTIDÕES REFERENTES AO IMÓVEL

CERTIDÃO NEGATIVA DE TRIBUTOS MUNICIPAIS, FORO E

LAUDÊMIO.

São despesas “propter rem”

As Prefeituras recebem o valor do imposto mesmo havendo débitos

anteriores!

CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS CONDOMINIAIS E DO PRÓPRIO CONDOMÍNIO

QUANTO AOSDÉBITOS PREVIDENCIÁRIOS E TRABALHISTAS

O art. 4°, parágrafo único, da Lei n.

4.591/64, exige acertidão de débitos condominiais.

É preciso lembrar, também, que a despesa condominial é “propter rem (CC, arts. 1.334, § 2º, 1.336, I e 1.345):

Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante,

em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.

Nesse sentido, de acordo com João Nascimento Franco (Condomínio. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p.

224),para garantir o equilíbrio econômico e financeiro do condomínio, a lei considera dívida “propter rem” a cota-parte atribuível a cada apartamento nas despesas

ordinárias e extraordinárias.

Posta assim a questão, complementa:por se tratar de débito vinculado ao imóvel, o adquirente responde

pelas despesas não pagas pelo alienante, embora possa regressivamente voltar-se contra este reclamando o respectivo reembolso, caso a escritura

de venda tenha estabelecido este direito.

Por fim, conclui queo próprio arrematante responde, pois a lei é genérica e abrange todas as formas de

alienação (JTACSP 12160).

(3)

Revelará se o imóvel não foi declarado de interesse público ou social para fins de

desapropriação ou foi tombado como patrimônio histórico, artístico ou ambiental.

(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – CONDEPHAAT)

CERTIDÃO NEGATIVA DE UTILIDADE

PÚBLICA E TOMBAMENTO

REFERENTES AO VENDEDOR

Certidão negativa da Fazenda Pública Federal (Certidão de Quitação de Tributos e Contribuições Federais - pessoa jurídica e sócios),Estadual(ICMS pessoa jurídica) eMunicipal- Certidão de Tributos Mobiliários – pessoa física, pessoa jurídica e sócios;

Certidão negativa do INSS(pessoa jurídica);

Cópia do CPF (pessoa física, sócios)/ CNPJ (pessoa jurídica);

Cópia do RG oudocumento de identidade(pessoa física e sócios);

Certidão de Nascimentoatualizada (art. 107, § 1º da LRP – interdição, estado e capacidade);

Certidão de regularidade do FGTS(pessoa jurídica)

Certidão da Justiça Estadual Cível – ações civis (pessoa física, sócios e pessoa jurídica);

Certidão da Justiça Estadual Cível- executivos fiscais (sócios e pessoa jurídica);

Certidão da Justiça Estadual Criminal(pessoa física – sócios);

Certidão da Justiça do Trabalho (sócios e pessoa jurídica,INCLUSIVE CONDOMÍNIO);

Certidão da Justiça Federal – Civil, Criminal e executivos fiscais (pessoa física, sócios e pessoa jurídica,– civis; pessoa física e sócios, INCLUSIVE CONDOMÍNIO- criminais);

Certidão dos Tabeliães de Protesto (pessoa física, sócios e pessoa jurídica).

Motivo das Certidões Criminais:

Art. 387 do CPP(Lei 11.719/2008): o juiz “fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido”.

Ação Civil “ex delicto”: o art. 91, do Código Penal, determina que são efeitos da condenação (penal) tornar certa a

obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.

O art. 63, do Código de Processo Penal, preceitua que transitada em julgado a sentença condenatória, poderão

promover-lhe a execução, no juízo cível, para efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou

seus herdeiros.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor

fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano

efetivamente sofrido.

VENDA DE IMÓVEL DE PESSOA MENOR

Os imóveis dos menores só podem ser vendidos com autorização judicial (CC, arts. 1.691 e 1.750), não bastando a representação e a assistência.

O RISCO DE COMPRAR IMÓVEL DE EMPRESÁRIO:

Falência:

Período suspeito, cujos atos são ineficazes (não valem em relação à massa falida)

Data da declaração

judicial de falência Termo

legal da falência

Data do primeiro protesto por falta de pagamento, do pedido de falência ou de recuperação judicial –

art. 99, II da Lei n.

11.101/2005

90 dias

(4)

Comprando imóvel através de procurador do alienante

CC, art. 117: o negócio jurídico celebrado consigo mesmo é anulável, salvo se permitir o contrato ou a lei (p. ex: arts. 684/685 – mandato em causa própriaque é irrevogável e não se extingue pela morte do mandante!).

CC, art. 119: é anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem aquele tratou(em 180 d).

Enfim:

É imprescindível que o vendedor seja capaz e legitimado, além de financeiramente e

moralmente idôneo;

MOTIVO:

Fraude contra credores

Desconsideração da personalidade jurídica (CC, art. 50 – desvio de finalidade – confusão patrimonial).

Certidões

FRAUDE CONTRA CREDORES E À EXECUÇÃO

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Bens Dívidas

Fato

SABE-SE QUE O PATRIMÔNIO DO DEVEDOR GARANTE O PAGAMENTO DE SUAS DÍVIDAS.

Após contrair obrigações, o devedor vende seus bens de tal sorte a não permitir que o

credor possa satisfazer seu crédito, O QUE PODERÁ POSSIBILITAR, POR PARTE

DESSE CREDOR, A PENHORA DO BEM ADQUIRIDO OU A DESCONSTITUIÇÃO DO

NEGÓCIO.

O patrimônio do devedor responde por suas obrigações:

Art. 591 do CPC:

O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens, presentes e

futuros. Art. 391 do novo CC:

Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

Nem sempre foi assim:

Durante um período do Direito Romano, o devedor, pessoalmente, respondia por suas obrigações...

O que é patrimônio?

O patrimônio é o conjunto, a universalidade de bens e dívidas de uma pessoa, podendo ser positivo ou negativo. Sendo negativo, a pessoa não pode alienar, vez que, ESTANDO

INSOLVENTE, comete FRAUDE CONTRA CREDORES OU À EXECUÇÃO

(5)

O devedor que está IMPEDIDO DE ALIENAR, POR FRAUDE, é apenas o

devedor INSOLVENTE:

Note-se, porém, que a fraude contra credores [TAMBÉM À EXECUÇÃO]só se caracteriza quando for insolvente o devedor, ou se tratar

de pessoa que, através de atos malsinados, venha a se tornar insolvente, porque, enquanto solvente o devedor, ampla é a sua

liberdade de dispor de seus bens, pois a prerrogativa de aliená-los é elementar do direito de propriedade. (Silvio Rodrigues.

Ação pauliana ou revocatória. Enciclopédia Saraiva do Direito, vol. 3, p. 286).

Devedor Solvente

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Bens Dívidas

Devedor Solvente

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Bens Dívidas

Devedor Insolvente

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Bens Dívidas

Os elementos da fraude

Anterioridade do crédito

Consilium fraudis ou

scientia fraudis”

Eventus Damni

Anterioridade do crédito

O crédito do prejudicado já deve existir(ser anterior) na data da venda do imóvel

É evidente que, se o alienante se tornou insolvente depois, as alienações que levou a efeito até o limite do seu patrimônio não são anuláveispor

fraude contra credores.

(6)

Consilium fraudis ou scientia fraudis (má-fé do adquirente)

Deve-se demonstrar que o terceiro adquirente conhecia o estado de insolvência do alienante ou que esse estado era notório, como, por exemplo,

por:

Protestos;

Ações;

Venda por valor vil;

Venda a amigos ou parentes; etc.

Eventus Damni

Corresponde ao conceito de insolvência que citamos

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Bens Dívidas

O fundamento da FRAUDE CONTRA CREDORES

(Código Civil, arts. 158, 159, 162 e 163):

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuitade bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão se anulados pelos credores

quirografários, como lesivos dos seus direitos.

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência

for notória,ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante

Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo

sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidasque o devedor

insolvente tiver dado a algum credor.

Portanto, as hipóteses legais de FRAUDE CONTRA CREDORESsão as

seguintes:

Transmissão gratuita de bens: presunção de fraude (portanto, inverte-se o ônus da prova, devendo o réu provar que não prejudicou terceiros), sendo suficiente o eventus damni (a insolvência). Entre o direito daquelequi certat de lucro captando e o direito daquele qui certat de damno vitando, a lei prefere este último.

Transmissão onerosa de bens:mister se faz os três elementos(anterioridade do crédito, scientia fraudiseeventus damni).

Atos válidos praticados pelo devedor insolvente (não há fraude):

Art. 164 do Código Civil:

Presumem-se de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de

estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de

sua família.

O dispositivo se mostra útil, principalmente no caso de construtoras e incorporadoras

que vendem, ainda que em estado de insolvência, imóveis do estoque.

Fraude: malícia, raposia, trapaça, empregados para prejudicar terceiros, QUE COMPORTA DUAS

ESPÉCIES:

FRAUDE CONTRA CREDORES:ato anulável (CC, arts. 158, 159 e 171, II), o que impede que o credor penhore (Necessária a AÇÃO PAULIANA - desconstitutiva)e, se o credor penhorar o bem do

terceiro, será impossível alegar a fraude em contestação a embargos desse terceiro, que

provavelmente desconstituirá a penhora – é necessário, antes da penhora, anular a venda).

FRAUDE À EXECUÇÃO (CPC., art. 593):ato ineficaz em relação ao CREDOR, que pode pedir

a penhora nas mãos de quem quer que seja e sustentar em contestação aos embargos de

terceiro.

(7)

Considera-se em FRAUDE À EXECUÇÃO, QUE DISPENSA AÇÃO PARA PENHORA NAS MÃOS DE QUEM QUER QUE SEJA, a alienação ou oneração de bens (CPC, art.

593):

Quando:

a) No momento da venda ou oneração ;

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Bens Dívidas

b) Já corria ação contra o devedor (não qualquer ação, mas ação capaz

de reduzi-lo à

insolvência).

Em suma: O NEGÓCIO JURÍDICO IMOBILIÁRIO ENVOLVE RISCOS!!!

O negócio pode conter vícios, p. ex: venda a descendente sem a anuência dos demais (CC, art. 496), erro etc;

É difícil saber se o vendedor deve, quanto deve e se tem outros bens;

É possível, apenas, minimizar os riscos, por intermédio dos cuidados devidos.

Bem de família voluntário Bem de família legal Fundamento Arts. 1.711 a 1.722 do CC Lei n. 8.009/90

Abrangência objetiva

Imóvel residencial e valores mobiliários destinados à sua manutenção e à subsistência da

família, Limitados a 1/3 do patrimônio no momento da institui

(CC, 1.711 a 1.713)

Imóvel residencial + Benfeitorias + Móveis e equipamentos que guarnecem a

residência

Abrangência subjetiva Família Família (pessoa solteira ?)

Instituição

LRP, artigos 260 a 265 Editais – registro (CC, 1.714), pelos

cônjuges (ambos – CC, 1.720, decidindo o juiz em caso de

divergência)

Não é necessária, bastando a constatação dos elementos

objetivos e subjetivos

Duração

Enquanto viverem os cônjuges e, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade (CC, art.

1.716 e 1.722)

Indefinida – enquanto se verificar a presença dos elementos objetivos

e subjetivos

Exceções

Dívidas de impostos do próprio imóvel; Condomínio. (CC, 1.715)

Todas dos artigos 1º, 3º e 4º da Lei n. 8.009/90 Inalienabilidade Decorre da lei (CC, 1.717 e 1.719) e

só se com autorização judicial, ouvido o MP com eventual sub-

rogação.

Decorre da jurisprudência

BEM DE FAMÍLIA E FRAUDE

O bem que retorna ao "patrimônio do devedor, por força de reconhecimento de fraude à execução, não goza da proteção da

impenhorabilidade disposta na Lei nº 8.009/1990, sob pena de prestigiar-se a má-fé do executado"(STJ, AgRg no REsp nº

1.085.381/SP, 6ª Turma, Relator Ministro Paulo Gallotti, 10.3.2009).

_____________________________________________________________

PROCESSUAL CIVIL. LEI 8.009/90. EXCEÇÃO DE IMPENHORABILIDADE. IMPROCEDÊNCIA. BEM QUE RETORNOU

AO PATRIMÔNIO DOS DEVEDORES POR FORÇA DE AÇÃO PAULIANA. POSSIBILIDADE DE PENHORA. PRECEDENTE.

RECURSO PROVIDO. -Tendo o bem penhorado retornado ao patrimônio do devedor após acolhimento de ação pauliana, é de se excluir a aplicação da Lei 8.009, porque seria prestigiar a má- fé do devedor. - Segundo a conhecida lição de Clóvis, "não é ao lado do que anda de má-fé que se deve colocar o direito; sua função é proteger a atividade humana orientada pela moral ou, pelo menos, a ela não oposta" (4ª Turma, Relator Ministro Sálvio

de Figueiredo Teixeira, 23.9.1998 - STJ, REsp nº 123.495/MG)

TJSP - 0124855-37.2012.8.26.0000 Relator(a): Carlos Henrique Miguel Trevisan Comarca: Tietê Órgão julgador: 4ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 30/08/2012 Data de registro:

03/09/2012 Outros números: 1248553720128260000. Ementa:

EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. Ação de indenização julgada procedente. Venda de imóvel pelo réu no curso do feito. Decisão de primeiro grau que reconhece a fraude à execução e declara ineficaz a venda. Inexistência de trânsito em julgado da decisão

condenatória quando da alienação do bem. Irrelevância.

Suficiência do conhecimento, pelo devedor, da demanda capaz de reduzi-lo à insolvência. Alegação de que o imóvel vendido seria considerado bem de família caso ainda estivesse sob o domínio do executado. Retorno do bem ao patrimônio do devedor sem a proteção da impenhorabilidade prevista na Lei nº 8.009/90, sob pena de se dar prestígio à má-fé do executado. Prova da solvência

do devedor. Ônus a ele pertencente. Fraude caracterizada. Artigo 593, inciso II, do Código de Processo Civil. Decisão mantida.

Agravo desprovido com recomendação.

A PRESUNÇÃO RELATIVA GERADA PELO REGISTRO (CC, art. 1.247);

Código Civil, art. 1.247. Se o teor do Registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique (LRP, art. 121 e ss.)ou anule.

(p.ex: procuração falsa) Parágrafo único. Cancelado o Registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel,

independentemente do título e da boa-fé do adquirente.

Remédio: prazo de USUCAPIÃO, mediante aquisição de alguém com posse mansa e pacífica há

mais de 15 anos

(8)

AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA

Fato

O imóvel foi adquirido sem que as cautelas fossem tomadas;

HouveFRAUDE CONTRA CREDORES;

Assim, é o REMÉDIO

UTILIZADO PELO

CREDOR para

desconstituir a alienação ou oneração do bem do devedor.

Como evitar a ação pauliana no caso de aquisição de pessoa notoriamente insolvente?

De acordo com o art. 160, do Código Civil, é necessário que:

o adquirente não tenha pago o preço;

o preço seja o corrente;

o adquirente proceda à consignação judicial do valor a ser pago;

O adquirente promova a citação, por edital, de todos os interessados.

Prazo decadencial para propor a ação pauliana:

4 anos:CC, art. 178, II:

Mas quatro anos a partir de quando?

A partir do registro da escritura(TJSP, Ap. n. 25.611-4, 9a. Câmara, Relator:

Desembargador Franciulli Netto; AI 204.041-1. Relator: Desembargador

Barbosa Pereira).

O prazo para anular atos praticados com fraude contra credoresera de quatro anos, conforme dispunha a letra b, do inciso V, do § 9o, do art. 178, do Código de 1916.

Embora a lei estabelecesse que o prazo fosse contado da prática do ato, Washington de Barros Monteiro, depois de anotar que há quem sustente não poder haver prescrição na hipótese, repelindo essa tese pelo simples fato de a lei estabelecer prazo com essa finalidade, ensina que o prazo deve ser contado do registro do ato apontado como fraudulento(Curso de Direito Civil, ld vol., p. 330, 37a ed., Saraiva). Essa contagem é aceita pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp. 11.883-SP, relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira), completando o acórdão a observação de que o prazo é de decadência, não comportando suspensão e interrupção. (TJSP - Apelação Cível n° 302.516-4/1, 10ª Câmara de Direito Privado - Data do julgamento: 29/07/2008 - Relator: Des. Mauricio Vidigal)

Principais aspectos processuais

Foro competente: Foro do domicílio do réu (CPC., art. 94);

Legitimidade ativa: o credor quirografário e o credor com garantia real pelo saldo devedor;

Legitimidade passiva (art. 109, do CC/1916 e art. 161, do novo CC) - obrigatoriamente contra (CPC, art. 472: a sentença só produz efeitos entre as partes do processo) (Nelson Nery Jr.

Revista de Processo 23/90, Ed. RT):

o devedor insolvente;

a pessoa que com ele celebrou o negócio fraudulento;

os terceiros, adquirentes de má-fé.

(9)

Valor da causa:valor do objeto do ato fraudulento (CPC, 259, V);

Petição inicial: Procedimento comum, rito ordinário, art. 282/283 do CPC; rito sumário: arts.

275 e seguintes se o valor da causa não suplantar 60 salários;

Pedido:

a) A revogação da alienação e o cancelamento do respectivo registro (considerando a ação pauliana como constitutiva negativa);

b) A declaração da ineficácia da alienação ou gravame, com a penhora do bem em nome do adquirente (considerando a ação meramente declaratória).

EMBARGOS DE TERCEIRO

Fato

O imóvel adquirido foi PENHORADO, por dívida do alienante ou antecessor, sem que tenha havido má-fé, fraude contra credores

ou fraude à execução.

O INSTITUTO

Definição:remédio para turbação ou esbulho na posse (ou outro direito – real

ou pessoal) de bens por atos de apreensão judicial (penhora, arresto,

seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha etc) CPC., art. 1.046, cujo rol é

exemplificativo;

Requisitos:

Ocorrência de medida constritivaa bens ou direitos em processo alheio;

Não ocorrência de fraude à execução (art. 593, do CPC) ou fraude contra

credores;

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Bens Dívidas

O terceiro de boa-fé

É terceiro de boa-fé aquele que adquire um bem do insolvente, sem ter como saber que estava adquirindo de uma pessoa que tem mais dívidas do que bens ou que responde por ação que pode

levá-lo à insolvência.

Nesse caso, tratando-se de alienação onerosa, não perderá: FALTA O CONSILIUM FRAUDIS - qui

certat de lucro captandoX qui certat de damno vitando.

(10)

Posição atual do STJ sobre o terceiro de boa-fé STJ - AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 929.630 - SP (2007/0174549-8) -julgamento:

18/12/2008 - Relator: Min. MASSAMI UYEDA - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO - FRAUDE - NÃO-OCORRÊNCIA -AUSÊNCIA DE REGISTRO DA PENHORA NO CARTÓRIO - RECONHECIMENTO DA BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES - RECURSO IMPROVIDO. 1. O agravante não trouxe qualquer subsídio capaz de alterar os fundamentos da

decisão agravada. 2. A ausência de registro no Cartório, referente à penhora, impõe seja reconhecida a boa-fé dos adquirentes. 3. Agravo regimental improvido.

STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 893.105 - AL (2006/0222481-4)- Julgamento: 28/11/2006 - Relator:

Min. FRANCISCO FALCÃO - PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ADMISSIBILIDADE.

SÚMULA Nº 84/STJ. ALIENAÇÃO DE BEM DO EXECUTADO A TERCEIRO DE BOA-FÉ ANTERIORMENTE AO REGISTRO DA PENHORA DO IMÓVEL. FRAUDE À EXECUÇÃO. INOCORRÊNCIA. I - Consoante o ditame do enunciado sumular nº 84 deste STJ, "É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel,

ainda que desprovido do registro". II - A jurisprudência desta Corte tem afastado o reconhecimento de fraude à execução nos casos em que a alienação do bem do executado a terceiro de boa-fé tenha-se dado anteriormente ao registro da penhora do imóvel.Precedentes:

REsp nº 739.388/MG, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 10/04/06; REsp nº 724.687/PE, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 31/03/06 e REsp nº 791.104/PR, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de

06/02/06. III - Recurso especial improvido.

CPC: Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto. § 1o O exeqüente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no

prazo de 10 (dez) dias de sua concretização. (...) § 3o Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação (art. 593).(Incluídos pela Lei nº

11.382, de 2006).

O Ministro José Delgado resume bem a questão:

Não há que se falar em fraude contra credores se, quando da alienação do bem,

não havia registro de penhora. Para tanto, teria que restar nos autos provado que o terceiro adquirente TINHA CONHECIMENTO

DA DEMANDA EXECUTÓRIA, o que não ocorreu no caso em apreço. Precedentes. 6.

Recurso especial não-provido" (REsp nº 791.104/PR, Relator Ministro JOSÉ DELGADO,

DJ de 06/02/2006, p. 222).

Súmula 375/STJ

O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro

adquirente. 18/03/2009, DJe 30/03/2009 RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO.

ADQUIRENTE DE BOA-FÉ. PENHORA. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. 1 - Ao terceiro adquirente de boa-fé é facultado o uso dos embargos de terceiro para defesa da posse. Não havendo registro da constrição judicial, o ônus da prova de

que o terceiro tinha conhecimento da demanda ou do gravame transfere-se para o credor.A boa-fé neste caso

(ausência do registro) presume-se e merece ser prestigiada. 2 - Recurso especial conhecido e provido. (REsp

493914/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 08/04/2008, DJe 05/05/2008)

CASOS ESPECIAIS – CPC, art. 1.047

Ameaça de garantia real (hipoteca) em razão de execução promovida por outro credor: entretanto, se o credor hipotecário for intimado, só lhe resta fazer valer a prelação, não cabendo embargos (CPC., arts. 615. II, 619 e 698).

Se o credor hipotecário é intimado da praça e não se manifesta, extingue-se a hipoteca - Theothonio Negrão – CPC, nota 9 ao art. 698

e Nery – art. 698 – CC, arts. 1.499, VI e 1.501.

Termo final para aforamento dos embargos de terceiro e faculdade - CPC, art. 1.048

Termo Final:até o trânsito em julgado na ação de conhecimento e, na execução, até 5 dias depois da arrematação ou adjudicação,enquanto não assinada a carta (depois do depósito ou garantia – CPC, 693).

Faculdade:mesmo após o termo final do art. 1.048, o terceiro pode utilizar vias ordinárias (v.g. a reivindicatória – Humberto Theodoro Jr.

Curso de Dir. Proc. Civil, vol. III. RJ: Forense, 1997, p. 333).

Executivas lato sensu (v.g. despejo): possibilidade de embargos enquanto não cumprido o mandado, mesmo depois do trânsito em

julgado.

Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo

EMBARGOS DE TERCEIRO - DESPEJO - INTERPOSIÇÃO POR PRETENSO SUBLOCATÁRIO - PROVA - INEXISTÊNCIA - DESCABIMENTO Apenas o sublocatário legítimo pode se valer dos embargos para evitar o despejo decretado em ação da qual não foi cientificado (artigo 59 da Lei 8245/91), pelo que há de oferecer desde logo a prova dessa qualidade, pena de não serem admitidos os embargos por falta de revelação da legitimidade daquele que os apresenta.Ap. c/ Rev. 668.203-00/6 - 12ª Câm. - Rel. Juiz ARANTES THEODORO - J. 29.4.2004. ANOTAÇÃO No mesmo sentido: Ap. c/

Rev. 622.922-00/2 - 6ª Câm. - Rel. Juiz PAULO HUNGRIA - J. 5.4.2000

Aspectos processuais

Legitimidade ativa: terceiro (quem não é parte) (exceto CPC., art. 1.046, §§ 2 e 3 - bens impenhoráveis do devedor, v.g., bem de família ou clausulado; bens reservados do cônjuge), que seja senhor ou possuidor do bem objeto de constrição judicial;

Cônjuge:Embargos à execução quando for fiador ou litisconsorte (CPC., art. 10, §1º, III – presunção relativa de a dívida ter sido contraída em benefício da

família). No caso de embargos de terceiro procedentes, praceados os bens indivisíveis (v.g. um apartamento), a metade do valor é entregue ao cônjuge (STJ Resp n.

16950, Rel. Min Sálvio de Figueiredo Teixeira);

Art. 655-B. Tratando-se de penhora em bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem (incluído pela

Lei 11.382/2006).

Legitimidade passiva:exeqüente em regra e, às vezes, o próprio executado que nomear bens de terceiro à penhora (litisconsórcio);

(11)

Aspectos processuais

Procedimento: especial, disciplinado nos artigos 1.049 e seguintes do Código de Processo Civil;

Prazo para contestação:dez dias;

Recursos:

Da decisão que indefere liminarmente os embargos ou que os julga improcedentes ou procedentes, cabe recurso de apelação (Código de Processo Civil., arts 296 e 513);

Do deferimento liminar dos embargos, cabe agravo (Código de Processo Civil., art.

522).

Compromisso de compra e venda sem registro e embargos de terceiro em razão da penhora do imóvel prometido

Definição de compromisso de compra e venda;

Direito pessoal e direito real.

Prevalência do direito real (salvo exceções:

CTN, art. 186) – a hipoteca é direito real de garantia;

Possibilidade de embargos – a rigor não significa procedência;

TODAVIA:

Abuso de direito(1°. TACCiv/SP; Ap 378.569 - 8.a Câm. - j. 11.11.1987 - rel. Juiz Pinheiro Franco – Resp 187.940-SP, Min. Ruy Rosado de Aguiar);

Possibilidade de o crédito da construtora garantir a hipoteca - não o próprio imóvel

Inf. N. 7 do STJ: PROMESSA DE COMPRA E VENDA.

EXECUÇÃO HIPOTECÁRIA. IMÓVEL FINANCIADO PELO SFH.

“O promissário comprador adquiriu imóvel financiado pelo SFH e emitiu notas promissórias em favor da construtora, que as cedeu fiduciariamente ao agente financeiro. Efetuada a penhora do seu apartamento, na execução promovida pela financeira, ou por quem a substituiu, contra a construtora e promitente vendedora, o promissário comprador tem a ação de embargos de terceiro. Tratando-se de imóvel construído com a destinação específica de venda a terceiros, nesses casos, a hipoteca constituída não é eficaz em relação aos adquirentes de boa-fé. Sua responsabilidade se limita ao pagamento do seu débito, que pode ser executado diretamente contra ele pela credora que recebeu os títulos em cessão fiduciária. Precedente citado: REsp 78.459-RJ, DJ 20/5/1996. REsp 187.940-SP, Rel. Min. Ruy Rosado, julgado em 18/2/1999.”

STJ – Resp 187940/SP – Decisão: 18/02/1999. relator:

Ministro Ruy Rosado de Aguiar. SFH. Casa própria.

Execução. Hipoteca em favor do financiador da construtora. Terceiro promissário comprador. Embargos de terceiro. Procedem os embargos de terceiro opostos pelos promissários compradores de unidade residencial de edifício financiado contra penhora efetivada no processo de execução hipotecária promovida pela instituição de crédito imobiliário que financiou a construtora.O direito de crédito de quem financiou a construção das unidades destinadas a venda pode ser exercido amplamente contra a devedora, mas contra terceiros adquirentes fica limitado a receber deles o pagamento das suas prestações, pois os adquirentes da casa própria não assumem a responsabilidade de pagar duas dívidas, a própria, pelo valor real do imóvel, e a da construtora do prédio.

Súmula nº 308 - STJ

30/03/2005 - DJ 25.04.2005

A hipoteca firmada entre a construtora e o agente

financeiro, anterior ou posterior à celebração da

promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do

imóvel.

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