Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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1.0024.13.311979-2/001

Número do Númeração

3119792-Des.(a) Teresa Cristina da Cunha Peixoto Relator:

Des.(a) Teresa Cristina da Cunha Peixoto Relator do Acordão:

29/06/2017 Data do Julgamento:

10/07/2017 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO - SERVIDOR TEMPORÁRIO - CONTRATO ADMINISTRATIVO VÁLIDO - REPERCUSSÃO GERAL NO RE 765.320/MG - SUSPENSÃO DO PROCESSO - QUESTÃO DE ORDEM ACOLHIDA. 1. Diante do julgamento da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 765.320/MG, com a definição jurisprudencial acerca do tema atinente aos direitos devidos ao servidor público lato sensu com a declaração de nulidade do contrato temporário por excepcional interesse público firmado com a Administração Pública, impõe-se aguardar o trânsito em julgado do paradigma, para que possa ser dada efetividade ao fim colimado pelo próprio instituto: celeridade e segurança jurídica em causas repetitivas.

2. Acolher a questão de ordem suscitada pelo em. Des. PAULO BALBINO. APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.13.311979-2/001 - COMARCA DE BELO H O R I Z O N T E A P E L A N T E ( S ) : M A X V I N I C I U S L O P E S S I L V A -A P E L -A D O ( -A ) ( S ) : E S T -A D O D E M I N -A S G E R -A I S

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 8ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em ACOLHER A QUESTÃO DE ORDEM E SUSPENDER O PROCESSO. DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO

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RELATORA.

DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO (RELATORA)

V O T O

Cuida-se de "Ação Ordinária" ajuizada por Max Vinicius Lopes Silva em face do Estado de Minas Gerais, alegando, em suma, que "trabalha para o Estado-réu desde 21 de agosto de 2006, inicialmente através de contratos administrativos, sucessivos e ininterruptos, com duração de 6 (seis) meses cada um, até 24.03.2009, quando, por motivo de aprovação em concurso público, foi efetivado." Afiançou que "durante o período contratual o autor esteve lotado no Presídio Antônio Dutra Ladeira em Ribeirão das Neves/MG, onde permaneceu até 21.01.2013, quando foi transferido para o Complexo Penitenciário Público Privada." Asseverou que "o Estado-réu, durante todo o período que antecedeu o vínculo estatutário, não pagou ao autor as gratificações natalinas nem as férias mais 1/3. De igual forma, deixou de lhe pagar o Adicional de Local de Trabalho, este durante todo o período trabalhado, quer como contratado, quer como efetivo, mesmo ciente de que o autor exerce suas atividades em estabelecimento penitenciário, junto à população carcerária de sentenciados, expondo-se a situações de risco de agressão física e, ainda, a desgaste psíquico."

Contestação às fls. 94/105 e Impugnação às fls. 119/124.

Na r. sentença de fls. 265/270, a MMª. Juíza de primeiro grau julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais (art. 487, I, do CPC/15), reconhecendo, tão somente, "o direito da parte autora aos

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direitos de férias, acrescidas do terço constitucional, referente aos anos de 2008 e 2009."

Inconformada, apelou a parte autora às fls. 272/278, sustentando, em síntese, que "sendo certo que enquanto servidor contratado o autor nunca recebeu ou teve a GAPEP incorporada em seus vencimentos, resta evidente a inexistência de dois adicionais da mesma natureza, no período, razão pela qual se faz necessária a reforma da decisão primitiva...". Aduziu que, em relação às gratificações natalinas, "deve-se considerar que a última parcela era sempre de valor maior porque em tal parcela estava incluído o pagamento correspondente à apresentação de relatório técnico das atividades desenvolvidas pelo contratado durante o período trabalhado, elaborado após o 15º dia do sexto mês da prestação dos serviços, o que constitui trabalho extra a ser remunerado." Pugnou, ao final, pelo provimento do recurso.

Contrarrazões às fls. 279/284.

Processo distribuído por sorteio (fl. 286).

Ab initio, passo a analisar a questão de ordem suscitada pelo em. Des. PAULO BALBINO.

Consoante estabeleceu o em. Vogal, o e. Supremo Tribunal Federal, à unanimidade, reputou constitucional a questão atinente aos direitos do servidor público contratado temporariamente de forma irregular, e, no mérito, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria, consignando a seguinte ementa:

Ementa: ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR P Ú B L I C O C O N T R A T A D O P O R T E M P O D E T E R M I N A D O P A R A ATENDIMENTO DE NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. REQUISITOS DE VALIDADE (RE 658.026, REL. M I N . D I A S T O F F O L I , D J E D E 3 1 / 1 0 / 2 0 1 4 , T E M A 6 1 2 ) . DESCUMPRIMENTO. EFEITOS JURÍDICOS. DIREITO À PERCEPÇÃO

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8.036/1990, AO LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS EFETUADOS NO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. 1. Reafirma-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. 2. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria.

(RE 765320 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 15/09/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-203 DIVULG 22-09-2016 PUBLIC 23-09-2016)

Destarte, diante do julgamento da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 765.320/MG, com a definição jurisprudencial acerca do tema atinente aos direitos devidos ao servidor público lato sensu com a declaração de nulidade do contrato temporário por excepcional interesse público firmado com a Administração Pública, impõe-se aguardar o trânsito em julgado do paradigma, para que possa ser dada efetividade ao fim colimado pelo próprio instituto: celeridade e segurança jurídica em causas repetitivas.

Pelo exposto, na esteira do posicionamento exarado em. Des. PAULO BALBINO e pelos em. pares que compõe esta C. 8ª Câmara Cível, acolho a questão de ordem para determinar a suspensão do presente processo até o trânsito em julgado da Repercussão Geral no RE 765.320/MG, não sendo o caso de prosseguir o presente julgamento continuado.

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VOTO DIVERGENTE

PRELIMINAR DE SOBRESTAMENTO

Peço venia a Ilustre Relatora, Desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto, para suscitar, de ofício questão de ordem de suspensão do julgamento do presente recurso.

Anota-se, inicialmente, pretender a parte autora da ação encartada nos autos a condenação do Estado de Minas Gerais ao pagamento da verba intitulada Adicional de Local de Trabalho, gratificações natalinas e férias acrescidas do terço constitucional, durante o período em que exerceu a função de Agente de Segurança Penitenciário.

Neste contexto, na medida em que a referida função foi exercida em decorrência da celebração de sucessivos contratos temporários com a Administração Pública, há liame de causa e efeito entre a matéria discutida nestes autos e a matéria que se encontra pendente de julgamento nos autos do Recurso Extraordinário n. 765.320.

Assim sendo, suscito a preliminar de suspensão do feito até o julgamento do Recurso Extraordinário n. 765.320, quando a questão em foco será definitivamente decidida pelo Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal, mediante regular publicação.

DESA. ÂNGELA DE LOURDES RODRIGUES

Acompanho a questão de ordem suscitada pelo Em. Segundo Vogal Des. Paulo Balbino, porquanto venho me manifestando no sentido de que a matéria em discussão se encontra pendente de julgamento nos autos do Recurso Extraordinário n. 765.320, revelando-se acertada a ordem de suspensão do julgamento.

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DES. GILSON SOARES LEMES

A exemplo dos em. Desembargadores que me antecederam, coloco-me de acordo com a suspensão do processo.

SÚMULA: "ACOLHERAM A QUESTÃO DE ORDEM E SUSPENDERAM O PROCESSO"

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