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REFORMA DO REGIME DO ARRENDAMENTO URBANO PROPOSTA DE LEI N.º 38/XII PARECER DA CIP

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REFORMA DO REGIME DO ARRENDAMENTO URBANO

PROPOSTA DE LEI N.º 38/XII

PARECER DA CIP

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REFORMA DO REGIME DO ARRENDAMENTO URBANO

PROPOSTA DE LEI N.º 38/XII

PARECER DA CIP

Introdução

Desde há muito que a reforma do arrendamento urbano constitui uma prioridade em Portugal, no entanto, muito por falta de coragem política, foi sendo sucessivamente adiada.

A Reforma de 2006 não foi suficiente para superar os desequilíbrios estruturais do mercado do arrendamento e os efeitos nefastos do congelamento de rendas e das limitações ao direito de propriedade.

Estes factos impediram o desenvolvimento de um verdadeiro mercado do arrendamento e conduziram à situação injusta e antieconómica que hoje se verifica.

Face a esta realidade, a CIP tem vindo a defender a criação de um verdadeiro mercado do arrendamento e o seu funcionamento eficiente como condição fundamental para a dinamização do sector imobiliário, para a tão necessária reabilitação urbana, para a mobilidade das pessoas e para o estabelecimento de um ambiente de confiança que promova o investimento privado.

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Abordagem Geral

A CIP considera que a reforma do regime do arrendamento urbano agora proposta vai, de uma forma geral, no bom sentido, ou seja, no sentido da liberalização do mercado do arrendamento e da introdução de medidas susceptíveis de dar mais confiança aos senhorios, medidas estas que deverão favorecer a descida do valor das rendas nos novos contratos, beneficiando desta forma também os arrendatários.

Para que esta reforma constitua um estímulo ao mercado do arrendamento, a CIP defende que é também necessário concretizar a reforma da Justiça, evitando assim que a revitalização do mercado do arrendamento fique ancorada nos tribunais.

Paralelamente, será relevante expurgar desta proposta de lei algumas situações características do forte garantismo tão presente no sistema legislativo português. Exemplo disto são alguns dos regimes de salvaguarda agora criados, os quais, perdurando no tempo, impedirão que a nova lei produza efeitos visíveis imediatos.

Inserindo-se num mais amplo conjunto de reformas que, para além da dinamização do mercado do arrendamento, visam também a redução do endividamento das famílias e do desemprego, a requalificação e revitalização das cidades e a dinamização das atividades económicas associadas ao setor da construção, a ponderação de um enquadramento fiscal favorável ao robustecimento do mercado do arrendamento, não poderá estar ausente desta reforma.

Neste âmbito, a CIP defende que para a dinamização do mercado do arrendamento e, em especial, para a reabilitação urbana, é essencial a criação de incentivos fiscais e financeiros que tornem apelativo o investimento no arrendamento, que reduzam os custos inerentes à propriedade e conservação dos imóveis e que permitam a colocação no mercado de muitos imóveis que se encontram devolutos por falta de condições de habitabilidade.

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4 O atual enquadramento fiscal penaliza os rendimentos provenientes do arrendamento face a outro tipo de investimento, desde logo pelo facto de aqueles rendimentos estarem sujeitos a englobamento no rendimento do sujeito passivo. Desta forma, o imobiliário não consegue concorrer com outro tipo de investimentos.

Propostas de alteração:

 Estabelecer uma tributação autónoma de 21,5%, que equipare as rendas de

imóveis aos rendimentos de depósitos bancários e assim, seja suficientemente atrativa para o arrendamento. Esta taxa já está prevista na maioria dos sistemas fiscais dos países da Europa.

 Simplificar o acesso a incentivos fiscais já existentes: tributação em IRS das rendas de imóveis reabilitados à taxa autónoma de 5% e isenção de IMI por 10 anos. A certificação das obras pelas câmaras municipais deverá ser suficiente para aceder aos incentivos.

 Eliminar as limitações às deduções à coleta relativas ao arrendamento

estabelecidas no n.º 5 do artigo 111.º da Lei n.º 64-B/2011 (Orçamento do Estado para 2012), e possibilitar estas deduções se efetuem até que o mercado do arrendamento esteja de facto revitalizado.

 Consolidar os incentivos fiscais já existentes, prorrogando a isenção de IRC para os

fundos imobiliários, cuja vigência termina em 2012.

 Ponderar o alargamento do âmbito, ainda muito limitado, das deduções à coleta relativas à categoria F (rendimentos prediais), onde se preveem essencialmente deduções ao IMI.

A CIP constata a falta de normas transitórias que, fazendo a ligação entre as medidas que foram introduzidas pela Lei 6/2006, de 27 de Fevereiro, no sentido da actualização das rendas antigas e as medidas que no mesmo sentido agora são criadas, evitem situações de desvantagem para os senhorios que recorreram às primeiras.

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5 casos faseada e ainda em curso, de acordo com o previsto e possível ao abrigo da Lei 6/2006, de 27 de Fevereiro, nem sobre os contratos antigos cuja renda foi alterada por acordo, encontrando-se, no entanto, a posição das partes, em particular do senhorio, condicionada e balizada pela atualização legalmente possível ao abrigo daquela lei.

Proposta de alteração:

 A CIP defende que uma compatibilização justa do regime de atualização das rendas

antigas previsto na Lei 6/2006, de 27 de Fevereiro, com o ora proposto, passa por alargar o âmbito de aplicação deste último a todos os contratos antigos, independentemente de qualquer alteração da renda que possa ter ocorrido posteriormente à entrada em vigor daquela lei, por aplicação dos mecanismos legais nela previstos ou por acordo das partes.

O facto de a atualização de alguns tipos de rendas depender da realização da reavaliação do valor patrimonial dos imóveis, a qual deverá ser efetuada até ao final de 2012, enfraquece um dos aspetos essenciais da concretização desta reforma.

Proposta de alteração:

 Reduzir ao mínimo o número de casos em que a atualização das rendas depende

da reavaliação do valor patrimonial do imóvel e garantir que as Finanças cumprem o prazo para realização desta reavaliação (final de 2012).

No que se refere ao Estado, a CIP espera uma intervenção de equilíbrio entre a eficácia que se pretende incutir no mercado do arrendamento e o cuidado no tratamento dos casos socialmente mais sensíveis, tendo evidentemente em consideração os atuais constrangimentos decorrentes da capacidade financeira do próprio Estado.

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6 transitórios que esta reforma propõe, os proprietários é que irão continuar a financiar os arrendamentos.

Propostas de alteração:

 Ponderar o estímulo ao arrendamento dos jovens;

 Reformular o Programa de Apoio ao Arrendamento Jovem Porta 65;

 Rever o atual regime de renda apoiada, quer aperfeiçoando a respetiva fórmula de

cálculo, como também, promovendo a sustentabilidade financeira dos bairros de habitação social;

 Simplificar os processos administrativos inerentes à realização de obras em imóveis

a necessitar de intervenção;

 Criar uma bolsa de casas reabilitadas, facilitando a comunicação no mercado de oferta e procura deste setor;

 Promover a «reabilitação urbana low cost» no sentido de permitir o alargamento

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7 Análise ao Articulado da Proposta de Lei 38/XII

Esta reforma mantém a regulamentação do regime do arrendamento urbano dispersa por diversos diplomas legais.

Existem regras relativas ao regime do arrendamento urbano na Constituição da República Portuguesa, no Código Civil, na Lei n.º 6/2006 de 27 de Fevereiro (NRAU), no Código do Processo Civil, e ainda em múltiplos regime complementares de regulação do NRAU, designadamente os Decretos-Lei n.º 156/2006, n.º 157/2006, n.º 158/2006, n.º 159/2006, n.º 160/2006 e n.º 161/2006, todos de 8 de Agosto.

Esta disseminação das regras pode obrigar a que, para se saber qual a regulamentação aplicável a uma determinada situação, seja necessário analisar diversos diplomas sobre arrendamento, o que não é, de todo, razoável.

Esta proposta de lei também não prevê expressamente a republicação integral da lei objeto de alteração. Ora, no que se refere à Lei n.º 6/2006 de 27 de Fevereiro, registam-se alterações ao nível da estrutura do diploma, num avultado número de artigos, bem como, aditamento de um considerável número de artigos. A não republicação integral de um diploma objeto de uma alteração tão alargada vai dificultar mais o conhecimento e compreensão da lei.

Propostas de alteração:

 Deveria aproveitar-se esta reforma para se elaborar uma única lei do

arrendamento urbano completa, ainda que com algumas remissões pontuais, nomeadamente, para o Código do Processo Civil.

 Deverá proceder-se à republicação integral da Lei n.º 6/2006, de 27 de Fevereiro,

tal como é recomendado pelo artigo 11.º do Anexo à Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2010, de 11 de Outubro, relativa ao Programa de Simplificação Legislativa – SIMPLEGIS.

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8 determinação do rendimento anual bruto corrigido, ao regime de determinação e verificação do coeficiente de conservação dos imóveis, ao regime jurídico das obras em prédios arrendados, ao regime de atribuição do subsídio de renda, aos elementos do contrato de arrendamento e às comissões arbitrais municipais.

Tal como se refere a respeito do procedimento especial de despejo, são inúmeros os elementos cuja definição é adiada para posterior regulamentação.

Resulta, assim, da própria lei que, após a publicação, vão proliferar normativos legais sob a forma de despachos ou portarias, o que é prejudicial, quer para o conhecimento da lei por parte dos seus destinatários, como também para a sua efetiva implementação.

Proposta de alteração:

 Tratando-se de uma reforma há tanto tempo necessária e urgente é muito

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9 Alterações ao Código Civil

Embora seja necessário precisar alguns pontos, são globalmente de aplaudir as alterações efetuadas ao Código Civil (CC).

No âmbito do fundamento da resolução, n.º 3 do artigo 1083.º do CC, reduz-se de 3 para 2 meses o prazo de mora no pagamento da renda. A CIP entende que este prazo continua a ser excessivo, pois quando a mora é de 2 meses, já o arrendatário está a dever 3 meses de renda.

Proposta de alteração:

 Reduzir o prazo estabelecido no n.º 3 do artigo 1083.º do CC para 1 mês.

A CIP congratula-se com a nova disposição legal, constante do n.º 4 do artigo 1083.º do CC, como forma de evitar os atrasos reiterados de alguns arrendatários.

Proposta de alteração:

 Convém esclarecer se este prazo de 8 dias é o que já se encontra previsto no n.º 2

do artigo 1041.º do CC (referente à mora do locatário), como nos parece, ou se acresce a este.

A obrigação de o senhorio garantir o realojamento do arrendatário no mesmo concelho e em condições análogas às que este já detinha, que esta reforma mantém na al.b) do n.º 4 do artigo 1103.º do CC, constituirá um entrave à denúncia do contrato pelo senhorio.

Proposta de alteração:

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10 Alterações ao Código de Processo Civil

Tal como se referiu relativamente às alterações ao CC, também no que se refere ao Código de Processo Civil (CPC) as alterações são, na sua generalidade, positivas, pois vão no sentido de agilizar procedimentos e eliminar entraves à rápida resolução dos conflitos. É o que ocorre com a revogação da possibilidade de suspender a execução, prevista na al.a) do n.º 1 do artigo 930.º-B do CPC.

Estando em curso uma revisão do CPC, na respetiva proposta de lei refere-se a eliminação das ações com processo sumaríssimo e, consequentemente altera-se o n.º 3 do artigo 222º. Ora, nesta proposta de lei altera-se a redação desse mesmo número para acrescentar as ações no âmbito do procedimento especial de despejo, mas mantendo-se as ações com processo sumaríssimo.

Proposta de alteração:

 Compatibilizar as duas propostas de lei em causa.

O n.º 2 do artigo 930.º-C do CPC prevê que no processo de decisão do diferimento da desocupação do imóvel arrendado para habitação o Juiz atenda ao facto de o executado não dispor imediatamente de outra habitação, à idade do executado, ao seu estado de saúde, ao número de pessoas que com ele habitam e à situação económica e social dessas pessoas.

Parece não haver harmonia entre esta norma e a revogação da al.a) do n.º 2 do referido artigo, que permite que, se a desocupação imediata do local causar ao executado um prejuízo muito superior à vantagem conferida ao exequente, sirva de fundamento ao diferimento da desocupação do imóvel.

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11 que o diferimento seja decidido com base na carência de meios do executado, aquele Fundo indemnize o exequente pelas rendas não pagas acrescidas de juros de mora.

Cria-se assim uma situação duplamente injusta pois, para além de o exequente não conseguir ser ressarcido das rendas não pagas e respetivos juros de mora, continua sem dispor do imóvel devido ao diferimento da desocupação do mesmo.

Proposta de alteração:

 Repor o que o atual n.º 3 do artigo 930.º-C do CPC prevê, ou seja, que o Fundo de

Socorro Social do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social pague ao exequente as rendas não pagas acrescidas de juros de mora, bem como, consagrar o que esta reforma propõe: que este Fundo pague ao exequente as rendas correspondentes ao período de diferimento, ficando sub-rogado nos direitos do exequente.

A CIP considera positiva a diminuição de 10 para 5 meses do período de duração do diferimento da desocupação do imóvel previsto no n.º 4 do artigo 930.º-D do CPC.

Considera, no entanto, que a diminuição do prazo para o juiz decidir sobre o pedido de diferimento de 30 para 20 dias, prevista no n.º 3 do mesmo artigo, não é suficiente para conferir ao processo a celeridade desejável.

Proposta de alteração:

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12 Alterações à Lei 6/2006, que aprovou o Novo Regime do Arrendamento Urbano

A CIP não encontra razão justificativa para que a parte final da al.b) do n.º 2 do artigo 10.º “…salvo nos casos de domicílio convencionado…”, não seja igualmente aplicável à al. a) do mesmo número.

Propostas de alteração:

 Aplicar a salvaguarda relativa ao domicílio convencionado às duas alíneas do n.º 2

do artigo 10.º.

 Estabelecer, na al.b) do n.º 1 do artigo 10.º, disposição cuja alteração não está prevista nesta reforma, o que deve entender-se por “pessoa diferente do

destinatário” no caso de esta ser pessoa coletiva.

Ação de despejo (artigo 14.º)

Proposta de alteração:

 Reduzir para 1 mês o prazo estabelecido no n.º 4 do artigo 14.º, pelas razões já aduzidas a propósito do n.º 3 do artigo 1083.º do CC.

Parece existir contradição entre o n.º 2 e n.ºs seguintes, do artigo 28.º. Na verdade, aquele número refere que “Aos contratos referidos no número anterior não

se aplica a al.c) do artigo 1101.º do CC”. Correspondendo essa referência, tanto aos

contratos habitacionais como aos não habitacionais, vem depois os nºs 3 e 4 prever essa aplicação, e bem, aos não habitacionais.

Proposta de alteração:

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13 A obrigação de o senhorio garantir o realojamento do arrendatário no mesmo concelho e em condições análogas às que este já detinha, prevista no n.º 4 do artigo 28.º dá continuidade àquele que tem sido um dos principais obstáculos à realização de obras em prédios arrendados.

Proposta de alteração:

 Reiteramos o que atrás referimos relativamente à al.b) do n.º 4 do artigo 1103.º do

CC que atribui ao senhorio este mesmo ónus.

O direito a compensação, previsto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 29.º, pelas obras licitamente feitas, independentemente do estipulado no contrato de arrendamento, constitui uma ingerência na liberdade contratual suscetível de por em causa as legítimas expectativas do senhorio. Na verdade, em inúmeros casos a realização de obras pelo arrendatário pode ter sido contrapartida de outros benefícios que assim não são tidos em consideração.

Proposta de alteração:

 Alterar o artigo 29.º no sentido de excecionar os casos em que resulte do contrato

de arrendamento que as benfeitorias foram total ou parcialmente pagas pelo senhorio de forma indireta, nomeadamente, pelo não pagamento de rendas durante a execução das mesmas.

Mecanismo de Atualização das Rendas

A CIP considera positiva a introdução de um mecanismo de atualização de rendas assente numa lógica de negociação direta e privada entre senhorio e arrendatário. O senhorio propõe um valor para atualização da renda, ao qual se pode seguir uma contraproposta do inquilino. O valor médio destas propostas servirá de base ao pagamento de uma indemnização por parte do senhorio.

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14 aceitável no que se refere a equilíbrio de responsabilidades entre senhorio e arrendatário.

Neste âmbito, a CIP concorda que a indemnização prevista no n.º 5 do artigo 33.º e a respetiva forma de cálculo são um meio de introduzir ponderação no uso do mecanismo de atualização de rendas proposto.

Deve contudo ponderar-se, se o valor estabelecido para esta indemnização (equivalente a cinco anos de renda resultante do valor médio das propostas formuladas pelas partes) é adequado, ou se, pelo contrário, em muitos casos inviabilizará o uso deste mecanismo de atualização por parte dos senhorios mais pobres.

Deve ainda ponderar-se a injustiça inerente àquelas indemnizações que irão agravar ainda mais o prejuízo dos senhorios como consequência de muitos anos com rendas extremamente baixas.

Propostas de alteração:

 Alterar o n.º 6 do artigo 33.º no sentido do não agravamento da indemnização quando a renda oferecida pelo arrendatário seja inferior à proposta pelo senhorio em mais de 20%. Um diferencial superior a esta percentagem perece excessivo e não deve ser interpretado como falta de vontade do senhorio para chegar a acordo.

 Prever, nos n.ºs 7 e 8 do artigo 33.º, a possibilidade de o arrendatário querer entregar o locado e receber a respetiva indemnização antes de decorridos os prazos de 6 meses ou de 1 ano aí estabelecidos.

A CIP compreende os objetivos da proposta de atualização da renda estabelecida no artigo 35.º relativamente aos casos em que o agregado familiar do arrendatário tem um Rendimento Anual Bruto Corrigido inferior a cinco RMNA. Não é, no entanto, aceitável que o Estado continue a transferir para os senhorios a sua responsabilidade no que se refere à política social de habitação. Não compete a cada senhorio, mas sim ao Estado, apoiar os agregados familiares com baixos rendimentos.

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15  Eliminar a al.c) do n.º 2 do artigo 35.º. Este regime só é aceitável desde que a

atualização da renda não fique limitada ao máximo de 25% do RABC.

 Ativar o Plano de Emergência Social Habitacional, no sentido de desonerar os senhorios do esforço económico de solidariedade que cabe, em primeira linha, ao Estado.

Relativamente ao regime previsto no artigo 36.º para os arrendatários com idade igual ou superior a 65 anos ou com deficiência com grau de incapacidade superior a 60%, a CIP reitera a posição assumida relativamente ao artigo 35.º.

De outra forma, considerando que grande parte dos arrendamentos antigos se enquadrarão neste artigo, durante os próximos 5 anos não se verificarão alterações significativas quer no mercado de arrendamento como ao nível da reabilitação urbana.

Proposta de alteração:

 Alterar o n.º 7 do artigo 36.º eliminando a aplicabilidade da al.c) do n.º 2 do artigo 35.º a estas situações.

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16 Procedimento Especial de Despejo

O atual processo de despejo tal como o sistema de justiça o regula constitui mais um fator de risco para o mercado do arrendamento como atividade económica.

A CIP, congratulando-se com a possibilidade de mais rapidamente se conseguir a cessação do contrato e consequente desocupação do locado através do novo procedimento especial de despejo do arrendatário em caso de incumprimento do contrato de arrendamento, deixa as seguintes considerações:

Regista-se, no âmbito do procedimento especial de despejo, a existência de uma fase judicial que facilmente pode ser despoletada pela iniciativa ou oposição do arrendatário e que, assim, possibilita o recurso a tribunal e intervenção do juiz com todos os inconvenientes inerentes às tradicionais ações de despejo.

Confirma-se também neste caso, o excesso de garantismo que caracteriza a legislação portuguesa, o que por certo irá constituir um entrave à celeridade que se pretendia com este procedimento especial de despejo.

Propostas de alteração:

 Proceder a uma verdadeira desjudicialização relativamente a este procedimento especial de despejo, devendo a mesma ser acompanhada de um reforço dos meios efetivos para a concretização prática da desocupação dos imóveis;

 Definir de forma mais clara as atribuições do Secretário do Balcão Nacional do Arrendamento (BNA), conferindo-lhe competências mais alargadas; ou

 Criar Tribunais Arbitrais à semelhança do que já acontece relativamente a outras áreas do Direito; ou

 Prever a colocação de um juiz no BNA, garantindo assim que a grande maioria dos

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17 São inúmeros os aspetos relativos ao procedimento especial de despejo que são remetidos para posterior regulamentação, comprometendo desta forma o funcionamento efetivo e imediato do Balcão Nacional do Arrendamento (BNA):

 Aprovação do modelo de requerimento de despejo, n.º 1 do artigo15.º-B;

 Definição, por portaria, dos termos em que devem ser feitas as comunicações e

notificações, n.º 5 do artigo 15.º-B;

 Aprovação, por portaria, do modelo e formas de apresentação do

requerimento de despejo, n.º 9 do artigo 15.º-B;

 Definição, por portaria, dos meios eletrónicos através dos quais o Secretário do

BNA (i) disponibiliza o requerimento de despejo como título de desocupação do locado, (ii) designa agente de execução ou notário para executar a desocupação, n.ºs 3 a 5 do artigo 15.º-E;

 Definição, por portaria, da oposição do requerido à desocupação, n.º 2 do artigo 15.º-F;

Proposta de alteração:

 Proceder à publicação de todos estes elementos inerentes ao processo especial de

despejo em simultâneo ou em anexo à nova lei do arrendamento urbano.

Não está definido o papel que os Notários passam a poder exercer no âmbito do procedimento especial de despejo, embora pareça que ficarão equiparados aos agentes de execução.

Proposta de alteração:

 Alterar a al.g) do n.º 2 do artigo 15.º-B definindo claramente o papel dos Notários

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18 Relativamente à finalidade, conteúdo e efeito da notificação o artigo15.º-D apenas refere que “O secretário do BNA expede imediatamente notificação…”.

Proposta de alteração:

 Alterar o n.º 1 daquele artigo estabelecendo um prazo certo para esta notificação,

tal como o mesmo n.º 1 faz para o requerido.

O nº 2 do artigo 15.º-H, os nºs 1 e 8 do artigo 15.º-I e o n.º 3 do artigo 15.º-P estabelecem prazos a cumprir pelos tribunais. Ora, como é sabido os tribunais não cumprem os prazos processuais estabelecidos na lei, exceto quando a lei estabelece cominações para o seu não cumprimento, como sucede por exemplo com o prazo para a conclusão dos julgamentos em processo penal.

Proposta de alteração:

 Criar mecanismos legais que levem ao cumprimento dos prazos processuais por parte dos tribunais, sob pena de estes prazos serem à partida letra morta.

Regista-se uma incorreção no n.º 5 do artigo 15.º-J que refere “O título para a

desocupação do locado, (…) e a decisão que condene o requerido…”. Estes meios, no

entanto, não são cumulativos mas alternativos.

Proposta de alteração:

Alterar este n.º 5 para “O título para a desocupação do locado, (…) ou a decisão

que condene o requerido…”.

Não é claro se a taxa de justiça referida na al.b) do n.º 2 do artigo 15.º-M é mais uma taxa, ou é a que já vem referida na al.f) do n.º 2 do artigo 15.º-B.

Proposta de alteração:

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19 Não parece fazer sentido a possibilidade de audição do arrendatário prevista no n.º 3 do artigo 15.º-M, pois já antes o arrendatário teve possibilidade de se pronunciar.

Proposta de alteração:

 Eliminar o n.º 3 do artigo 15.º-M.

Por último, refere-se na Exposição de Motivos da Proposta de Lei, e a CIP concorda, que a revisão do regime do arrendamento urbano é não só urgente, como prioritária.

Entendemos por isso que a entrada em vigor da lei, no que se refere à atualização das rendas antigas, não deve ser adiada para 1 de Janeiro de 2013.

Proposta de alteração:

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20 Conclusões

Consciente de que não será possível, no curto prazo, ultrapassar todos os obstáculos e constrangimentos acumulados ao longo de muitos anos, a CIP considera essencial a tomada de medidas capazes de implementar a reabilitação urbana e a dinamização do mercado do arrendamento como áreas estratégicas fundamentais para promover o crescimento da economia e incentivar as atividades económicas associadas a estes setores. Assim, em termos conclusivos, para além das propostas apresentadas ao longo desta análise chama-se a atenção para os aspetos mais marcadamente positivos e para aqueles que ainda nos deixam com grandes preocupações:

Aspetos Positivos

 O princípio de liberdade negocial conferido às partes, em que assenta esta proposta de lei.

 O reforço do mecanismo de resolução do contrato de arrendamento, permitindo uma mais rápida cessação do contrato e consequente desocupação do locado através de um mecanismo extrajudicial de despejo.

 A introdução de um mecanismo de atualização de rendas assente numa lógica de

negociação direta entre senhorio e arrendatário.

Aspetos Preocupantes:

 É necessário que os proprietários confiem na opção de arrendamento e disponham

de mecanismos que garantam que, no caso de incumprimento reiterado do contrato pelos inquilinos, podem reaver o imóvel recolocando-o no mercado.

 É essencial o estabelecimento de um enquadramento fiscal favorável ao

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21  A criação de diversos regimes de salvaguarda impede que esta reforma produza

efeitos imediatos e se constitua como um verdadeiro choque arrendatício.

 O facto de a atualização de alguns tipos de rendas depender da realização da reavaliação do valor patrimonial dos imóveis, a realizar pelas Finanças, enfraquece um dos aspetos essenciais da concretização desta reforma.

 As inúmeras possibilidades de recurso a tribunal, no âmbito do procedimento especial de despejo, por certo constituirá um entrave à celeridade que se pretende com este novo procedimento.

 Espera-se do Estado uma intervenção de equilíbrio entre a eficácia que se pretende

incutir no mercado do arrendamento e a cautela no tratamento dos casos socialmente mais sensíveis.

 É necessário que o Estado, através da ativação do Plano de Emergência Social Habitacional, assuma as suas responsabilidades no que se refere à política social de habitação para que a mesma não continue a recair sobre os senhorios como acontece desde há anos.

 É da maior relevância ponderar o estímulo ao arrendamento para os jovens e a reforma do regime de renda apoiada, quer aperfeiçoando a respetiva fórmula de cálculo, como também, promovendo a sustentabilidade financeira dos bairros de habitação social.

Consciente da necessidade desta reforma, a CIP lamenta que a mesma não tenha sido efetuada há mais tempo, com menores custos e menores sacrifícios do que os que agora são requeridos de todos. A verdade é que enquanto não existir uma verdadeira consciência da urgência desta reforma, ela continuará a não acontecer.

Reiteramos, por último que, embora se registem diversos aspetos que deverão ser alterados e aperfeiçoados, tal como referido ao longo desta análise, a CIP encara esta proposta de lei para reforma do regime do arrendamento urbano como globalmente positiva.

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