O ACTO DE ENGENHARIA AGRONÓMICA
Ordem dos Engenheiros
6 de Janeiro de 2006
“O Acto de Engenharia Agronómica”
Ordem dos Engenheiros, Lisboa, 6 de Janeiro de 2006
Vasco Fitas da Cruz
Competências para a Elaboração de Projectos de Construções Rurais
O que é, hoje, entendido como uma CONSTRUÇÃO RURAL:
) É pura e simplesmente um edifício construído no meio rural?
Se sim, os Engenheiros Civis e os Arquitectos, deverão ser os projectistas ou é mais do que isso?
Pensando nas construções rurais como as construções ligadas às actividades agropecuárias, podendo-se aqui incluir algumas agro-industrias, estas devem ser encaradas como um elo (factor) do sistema de produção. Deste modo, devem estar adaptadas à agricultura moderna, estando sujeitas às condições impostas pela sociedade.
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Ordem dos Engenheiros, Lisboa 6 de Janeiro de 2006
Sendo assim, o projecto de uma construção rural deve contemplar os seguintes aspectos:
ª Edificação (Localização, Estrutura e Materiais de Construção)
ªCondicionamento Espacial:
- Dimensionamento - Organização do espaço
ªCondicionamento ambiental:
-Isolamento térmico e outros isolamentos (materiais de construção)
-Ventilação
-Sistemas de climatização ªRelações com o meio envolvente:
-Enquadramento paisagístico -Maneio de efluentes
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A Realidade Portuguesa
ª Proliferação das construções rurais por todo o País, muitas financiadas através de subsídios
ª Projectos executados por Arquitectos, Desenhadores, Engenheiros Civis, Técnicos de Construção Civil, etc.
ou por empresas tipo “chave na mão”.
ªO Engenheiro da área Agronómica não tem aqui uma participação activa (quando muito de consultoria)
ªRegulamentação da actividade
¾ Não há legislação especifica sobre construções rurais, recorrendo-se ao Decreto – Lei 73/73. (Qualificação profissional exigível aos Técnicos responsáveis pela elaboração e coordenação de projectos) e à portaria nº 193/2005, a qual actualiza a relação das disposições legais e regulamentares a observar pelos técnicos responsáveis dos projectos de obras e a sua execução. Esta portaria no seu capitulo VI estabelece algumas normas no que se refere à Agricultura, Produção Animal, Silvicultura e Pesca
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¾ A proposta de revisão do Decreto-Lei 73/73, elaborada pelo Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Engenheiros é mais uma vez omissa quanto à participação dos Engenheiros da área Agronómica.
Refere somente Engenheiros senso lato, Arquitectos ou Engenheiros ou Engenheiros Técnicos de outras áreas de especialidade que não a Agronómica (Civil, Electrotecnia, Informática, Mecânica, Química). Excepção feita aos projectos de drenagem.
Noutros Países a realidade é diferente O exemplo de Espanha
Neste país a legislação básica é a lei 39/199, “Ley de Ordenácion de la Edificación”
Esta lei atribui competências exclusivas aos Arquitectos em edifícios residenciais e comerciais e permite realizar projectos de outros edifícios aos Engenheiros, dentro de cada especialidade.
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No número 1 do seu artigo segundo diz:
“Esto ley es de aplication al processo de la edification,…, cuyo uso principal esté compreendido en los siguintes grupos”:
a)Administrativo, sanitario ….
b)Aeronáutico, agropecuario, de la energía
No seu artigo 10, nº 1 diz:
“Cuando el proyecto se desarrolle o complete mediante proyectos parciales, cada proyectista assumirá la titularidad de su proyecto”.
“Cuando el proyecto a realizar tenga por objecto la construción de edificios para los casos indicados em b), la titularidad académica y profesional habilitante, será la de Ingeniero o Arquitecto y vendrá determinada por las disposiciones legales vigentes para cada profésion, de acuerdo con sus respectivas especialidades y competencias especificas”.
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Dado que as competências especificadas, em Espanha, são definidas pelas Universidades o articulado desta lei permite aos Engenheiros Agrónomos espanhóis serem os projectistas das construções rurais (edifícios agro-pecuários)
Tal é possível porque o curricula das licenciaturas em Engenharia Agronómica das Universidades Espanholas inclui uma sólida formação em Construções Rurais, o que não se verifica na generalidade dos curricula das Universidades portuguesas
Isto leva-nos à questão das competências para a elaboração dos projectos de construções rurais
)Competências adquiridas  formação académica
)Competências a adquirir  formação profissional
SerSeráánecessnecessáária?ria?
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Competências adquiridas no ensino superior português
)A designação dos cursos é bastante heterogénea e excessiva
) Não há uniformização dos currículos de escola para escola
Domínios de intervenção e competências adquiridas
Edificações Âsó algumas escolas conferem competências bastantes rudimentares
Condicionamento espacial  a maioria das escola conferem competências
Condicionamento ambiental  algumas escolas conferem competências
Relação com o meio ambiente  competências conferidas nalgumas escolas
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Ordem dos Engenheiros, Lisboa 6 de Janeiro de 2006
Recordando que o Engenheiro deve dispor de Recordando que o Engenheiro deve dispor de competências profissionais necess
competências profissionais necessáárias para ser capaz rias para ser capaz de:de:
¾Elaborar, rever, coordenar e executar projectos;
¾ Propor soluções tecnicamente adequadas e economicamente viáveis;
¾Decidir com espírito critico;
¾Gerir e controlar processos;
Verifica-se a necessidade de os licenciados na área de Engenharia Agronómica que desejam elaborar projectos de Construções Rurais, adquirirem algumas competências sobretudo no domínio da Edificação, além da sua formação académica. Estas competências, a adquirir, deverão ser definidas em função do perfil académico.
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A Ordem dos Engenheiros, Associação pública dos profissionais de Engenharia com competências para regular o exercício da profissão de Engenheiro em Portugal, pode ser o “motor” para a atribuição desta formação complementar, incentivando ou criando um curso de especialização profissional na área dos Projectos de Construções Rurais (à semelhança do que se verifica no projecto de instalação de rega).
Este curso teria como objectivo atribuir as competências mínimas no domínio da edificação e conferir e/ou complementar as competências adquiridas ao longo da formação académica nos domínios do condicionamento ambiental e espacial e da relação com o meio envolvente.
Este curso teria como objectivo atribuir as competências mínimas no domínio da edificação e conferir e/ou complementar as competências adquiridas ao longo da formação académica nos domínios do condicionamento ambiental e espacial e da relação com o meio envolvente.
Isto já é praticado desde há longa data nos USA e Canadá com a atribuição dos títulos de
“Professional Engineer”.
Via alternativa: Licenciatura e Especialidade em Engenharia Rural
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Os Actos de Engenharia podem existir isoladamente ou integrar-se em trabalhos de Engenharia onde, para além dos Engenheiros, intervêm outros profissionais com diferentes qualificações e competências.
É, talvez segundo esta ultima perspectiva de intervenção, que se vê a participação do Engenheiro da área Agronómica em Elaboração de Projectos de Construções Rurais.
Não se pretende assumir a responsabilidade exclusiva de todo o projecto, mas também não se pretende que o papel de Engenheiro desta área seja quase nulo, tal como agora acontece.
Em suma, constata-se que o Engenheiro da área Agronómica adquire na sua formação académica competências que lhe permitem participar na elaboração de Projectos de Construções Rurais. Estas competências devem ser cimentadas com alguma formação profissional.
No entanto a sua participação não se encontra minimamente regulamentada, apesar de ela ser o garante de projectos bem elaborados, integrando os conhecimentos inerentes às Construções Rurais.
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Ordem dos Engenheiros, Lisboa 6 de Janeiro de 2006
¾A Ordem dos Engenheiros deverá, à semelhança do que conseguiu para outras áreas da Engenharia, com base na definição dos Actos de Engenharia Agronómica, negociar com as entidades competentes, as regras para a elaboração deste tipo de projectos.
¾ Se tal não acontecer a Engenharia Agronómica será o “parente pobre” da Ordem e os seus membros interrogam-se sobre o interesse de pertencerem a esta tão prestigiada entidade.