(Causas Excludentes de Ilicitude)
Causas Supralegais de Exclusão da Ilicitude
Consentimento do ofendido ou vítima: (quando se trata de bem jurídico disponível)
Princípio da Insignificância
Usos e Costumes
Excludentes na legislação extrapenal
Legítima defesa prevista no CC, art. 1.210, § 1.º: “O
possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça
logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir
além do indispensável à manutenção, ou restituição da
posse”. O Código Civil é mais flexível que o CP - admite
a busca da restituição, mediante o emprego de força, do
que já foi tomado, embora com moderação.
Excludentes na legislação extrapenal
Fala-se no Código Civil em desforço, cujo significado é vingança ou desforra. Logo, a lei civil autoriza que o possuidor, embora já tenha perdido, por esbulho, o que é seu, retome o bem usando a força.
Essa amplitude não existe na área penal. Aquele que for
agredido, ainda que logo após, não pode se vingar. O
que foi furtado, não pode invadir a casa do autor da
subtração e de lá retirar, à força, o que lhe pertence
(exercício arbitrário das próprias razões).
Adoção da Teoria Subjetiva
Código Penal italiano: “consciência da necessidade de se valer da excludente”.
A importância do ânimo de se defender ou de realizar a
defesa de terceiros é tão intensa que algumas leis
exigem, em situações peculiares, como a defesa de
pessoas estranhas, que o agente defensor não atue
impulsionado pelo desejo de vingança, ressentimento
ou outro motivo ilegítimo (Código Penal chileno).
Fala-se no Código Civil em desforço, cujo significado é vingança ou desforra. A lei civil autoriza que o
possuidor, embora já tenha perdido, por esbulho, o que é seu, retome o bem usando a força.
Essa amplitude não existe no contexto penal. Aquele que for agredido, ainda que logo após, não pode
vingar-se. Aquele que foi furtado, por exemplo, não
pode invadir a casa do autor da subtração e de lá retir
Causas Excludentes de Antijuridicidade
O art. 23 CP prevê causas excludentes de antijuridicidade. Elas também são chamadas de Descriminantes, Eximentes, Causas de Exclusão de Crime, Tipos Permissivos. São elas:
I - estado de necessidade
II - legítima defesa
III - estrito cumprimento de dever legal
IV - exercício regular de direito
Estado de Necessidade (art. 24 CP)
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Estado de Necessidade Defensivo
Quando o agente pratica o ato necessário contra a coisa
ou animal do qual promana o perigo para o bem
jurídico. Ex.: A, atacado por um cão bravo, vê-se
obrigado a matar o animal.
Estado de Necessidade Agressivo
Quando o agente se volta contra pessoa ou coisa diversa daquela da qual provém o perigo para o bem jurídico.
Ex.: para prestar socorro a alguém, o agente toma o veículo alheio, sem autorização do proprietário.
Invasão de domicílio para salvar uma pessoa.
Estado de Necessidade Justificante
Sacrifício de um bem de menor valor para salvar outro de maior valor ou o sacrifício de bem de igual valor ao preservado. Ex.: o agente mata um animal agressivo, que pertence a terceiro, para salvar alguém sujeito ao seu ataque (patrimônio x integridade física).
Há quem sustente (Bustos Ramírez, Jiménez Martínez e
Cezar Roberto Bittencourt), que o sacrifício de bem de
igual valor não é amparado pelo direito, ficando para o
contexto do estado de necessidade exculpante.
Estado de Necessidade Exculpante
Quando o agente sacrifica bem de valor maior para
salvar outro de menor valor, não lhe sendo possível
exigir, nas circunstâncias, outro comportamento. Trata-
se, pois, da aplicação da teoria da inexigibilidade de
conduta diversa, razão pela qual, uma vez reconhecida,
não se exclui a ilicitude, e sim a culpabilidade.
Requisitos do Estado de Necessidade
perigo atual
ameaça a direito próprio ou alheio
situação não causada voluntariamente pelo sujeito
inexistência de dever legal de arrostar o perigo
inevitabilidade do comportamento lesivo
inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado
conhecimento da situação de fato justificante
Legítima Defesa (art. 25 CP)
Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem.
Requisitos da Legítima Defesa
agressão injusta;
atual ou iminente;
a direito próprio ou de terceiro com uso moderado de tais meios para cessar a agressão;
conhecimento da situação justificante.
Legítima Defesa Presumida
Admitida no direito romano: “A noite autorizava a presunção de legítima defesa em favor daquele que matasse a um ladrão, quando surpreendido furtando, pelo justo receio do seu ataque”.
CP Mexicano: “Presume-se em legítima defesa, salvo
prova em contrário, quem causa dano a alguém que, por
qualquer meio, invadiu, sem autorização, o domicílio
do agente, de sua família, de seus dependentes ou de
outra pessoa com relação a qual exista a obrigação de
defesa, bem como o lugar onde estão seus bens ou ainda
em local particular, revelador de elevada probabilidade
de ocorrência de agressão”.
Legítima Defesa Putativa
Erro quanto aos pressupostos fatídicos
Erro quantos à existência de uma causa excludente de ilicitude
Erro quanto aos limites de uma excludente de
ilicitude
Legítima Defesa
Merece destaque a situação do feto e do cadáver , que não
são titulares de direitos, pois não são considerados
pessoa, não possuem personalidade, atributo que
permite ao homem ser titular de direitos. Em ambos os
casos, é admissível a legítima defesa, tendo em vista a
proteção que o Estado lhes confere, criando tipos penais
específicos para essa finalidade (Manzini).
O consentimento da vítima na legítima defesa de terceiro
Bens Indisponíveis...desnecessário
Bens Disponíveis...necessário (a priori)
Proporcionalidade na legítima defesa
A lei não a exige (art. 25, CP), mas a doutrina e a
jurisprudência posicionam-se no sentido de ser
necessária a proporcionalidade (critério adotado no
estado de necessidade) também na legítima defesa.
Legítima Defesa da Honra
Impossibilidade: (Frederico Marques e Noronha) – a honra é individual e não pode ser “partilhada” entre os cônjuges.
Não há atualidade na agressão, consumada com o início da relação adúltera.
Se o cônjuge inocente age para salvar sua honra,
provoca, com a violência empregada, um público
conhecimento do acontecido.
Legítima Defesa da Honra
A sociedade vê o cônjuge inocente e enganado como o maculado, o frouxo, aquele que teve a sua reputação manchada, mormente se nada faz no exato momento em que constata o flagrante adultério.
Admissível que possa agir para preservar os laços
familiares ou mesmo a sua honra objetiva, usando
violência moderada. Ex: expulsar o amante de casa,
empregando força física. Não deve responder por
lesões corporais.
Legítima Defesa da Honra
Não se deve tolerar jamais a prática do homicídio contra o cônjuge adúltero como forma de “reparar” a honra ofendida, pois há evidente desproporcionalidade entre a injusta agressão e a reação.
É inadmissível que se “possa ‘lavar’ a alvura da honra
maculada, tingindo-a no sangue de uma vida, que nem por
mal vivida é vida que nos pertença. Não se pode tolerar que o
homicídio por adultério passe a ser, contra a tradição
civilizadora do país, ‘contra toda a doçura de nossos foros
jurídicos’, o único delito punido com pena de morte. E morte
infligida não pelo Estado, através das garantias e consectários
do processo judicial, mas morte imposta pelo ofendido, sem
forma nem figura de juízo, num pretório de paixão, em que
falam, apenas, as vozes cegas da cólera e da vingança.
Estrito cumprimento do dever legal
É o instituto que prevê que não há crime quando o
agente pratica o fato em obediência a um dever imposto pela lei.
O “dever legal” pode constar de decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo, desde que originários de lei.
Exemplos:
a) fuzilamento do condenado pelo executor;
b) morte do inimigo no campo de batalha;
c) prisão em flagrante realizada pelo policial.