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Promoção da Alimentação Adequada e Saudável realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde: Identificando Dificuldades e Facilidades.

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Academic year: 2021

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Promoção da Alimentação Adequada e Saudável realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde: Identificando Dificuldades e Facilidades.

Bárbara Sousa Cavalcanti

Adriana de Azevedo Paiva (Orientadora, Departamento de Nutrição – UFPI)

INTRODUÇÂO: O desenvolvimento de políticas públicas para superação da fome e da pobreza no Brasil, pautadas pela concepção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), vem possibilitando novas formas de compreender o fenômeno da alimentação, para além do ato de comer (CARNEIRO et al., 2010). Assim, a agenda pública pactuada pela SAN para o campo da alimentação e nutrição do país impõe novas bases às intervenções de promoção da alimentação saudável no contexto da atenção à saúde, as quais vêm sendo construídas, gradativamente, à medida que as ações de SAN se integram à Estratégia Saúde da Família (ESF) (BURLANDY, 2008). A ESF preconiza o estímulo à participação comunitária e a potencialização da cultura popular nos esforços públicos pela Promoção da Saúde através, dentre outros esforços, da incorporação do Agente Comunitário de Saúde (ACS) em sua equipe (CARNEIRO et al., 2010). Nesse sentido, a partir da incorporação do conceito de SAN nas políticas de saúde e na ESF, e considerando a singularidade do papel do ACS, acredita-se ser relevante avaliar o conhecimento do ACS na perspectiva da promoção da alimentação adequada e saudável.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, e delineamento transversal, parte integrante da dissertação “Conhecimento e prática dos Agentes Comunitários de Saúde sobre Promoção da Alimentação Adequada e Saudável”, do Mestrado Profissional em Saúde da Família, da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família/FIOCRUZ/UFPI. O estudo foi realizado nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBS) de Teresina, Piauí. Foram incluídos ACS de ambos os sexos, servidores da Fundação Municipal de Saúde e atuantes na DRS Leste-Sudeste, em exercício de suas atividades, independente do tempo de admissão, que aceitaram formalmente participar do estudo, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi considerado critério de exclusão estar afastado de suas atividades, por qualquer motivo. A coleta dos dados foi realizada entre Dezembro de 2015 a Fevereiro de 2016. Foram aplicados dois questionários aos ACS, um especificamente elaborado para este estudo, composto por perguntas fechadas e abertas e o outro constituído por uma Escala de Conhecimento Nutricional Os ACS foram questionados através de três perguntas discursivas: “O que é promoção da alimentação adequada e saudável?”, “Quais fatores consideram facilitadores para realizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável?” e “Quais fatores consideram

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dificultadores para realizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável?”. Os dados foram duplamente digitados, para verificação de inconsistências, e analisados através da utilização do software Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 20.0. As respostas abertas foram utilizadas para a construção de categorias. O Projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e, em seguida, submetido à Plataforma Brasil, para análise do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (CEP/UFPI), que obteve aprovação por meio do parecer nº 1.315.077), em 09 de Novembro de 2015.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A amostra foi constituída por 225 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), com idade entre 23 a 62 anos, sendo 74,7% do sexo feminino e 25,3% do sexo masculino. A tabela 1 apresenta a distribuição dos ACS segundo as características socioeconômicas e demográficas. Nota-se que, quanto à raça autorreferida, 80,0% declaram-se pardo ou preto; a situação conjugal predominante foi casado ou com companheiro (68,4%); e a faixa de renda per capita mais frequente foi superior a 0,5 salários-mínimos (73,3%). Tabela 1 – Distribuição (percentual) dos Agentes Comunitários de Saúde segundo características socioeconômicas e demográficas. Teresina, Piauí, 2016.

Variáveis N % Sexo Masculino 57 25,3 Feminino 168 74,7 Idade (anos) 23 – 39 100 44,4 ≥ 40 125 55,6 Cor da pele Branco 14 6,2 Amarelo 29 12,9 Pardo/Preto 182 80,9 Estado Civil Solteiro(a) 45 20,0

Casado/Com um(a) companheiro(a) 154 68,4

Separado/Divorciado 23 10,2

Viúvo(a) 3 1,3

Renda per capita

< 0,50 60 26,7

≥ 0,50 165 73,3

Nível de instrução

Ensino Médio 163 72,4

Ensino Superior 62 27,6

Áreas do curso de graduação

Humanas 44 71,0

Saúde 9 14,5

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No que se refere à escolaridade dos pesquisados, 72,4% concluíram o ensino médio e 27,6% tinham nível superior. Desses, 71% referiram graduação em cursos da área de Humanas e 21% da área da Saúde (Tabela 1).

A escolarização é uma característica que vem mudando com o passar dos anos da existência desse trabalhador, pois a princípio, o Ministério da Saúde estabelecia como critérios de escolaridade mínimos a habilidade de ler e escrever, sem a exigência de um conhecimento mais técnico e científico. De acordo com Musse et al. (2015), a crescente escolarização dos ACS contribui muito para o desempenho de suas funções, uma vez que atuam como mediadores e agentes nos processos que visam democratizar a informação e torná-la acessível à comunidade.

Em relação ao tempo de trabalho, observou-se um predomínio de ACS com mais de 10 anos de profissão (67,6%) e que residiam na microárea em que atuavam (62,7%). Quando questionados sobre a participação em algum curso, treinamento ou capacitação sobre PAAS, 63,3% informaram que participaram; destes, 79,7% relataram participação em até dois cursos e que 84,8% dos cursos ocorreram a partir do ano de 2006 (Tabela 2).

Com a promulgação da Lei 11.346, com o intuito de fortalecer a promoção de práticas alimentares saudáveis por meio de ações educacionais que levam em consideração as dimensões ambientais, culturais, econômica, regionais e sociais, a gestão municipal investiu na qualificação dos ACS com vistas à efetivação dessas práticas, fato este comprovado no estudo quando se observa que, em relação às capacitações sobre alimentação e nutrição, a maioria dos participantes relatou que participaram de até dois cursos, principalmente a partir do ano de 2006.

Tabela 2 – Distribuição (percentual) dos Agentes Comunitários de Saúde segundo características relacionadas à profissão e participação em capacitações sobre Promoção da Alimentação Adequada e Saudável. Teresina, Piauí, 2016. Variáveis N % Anos de Profissão 2 – 10 73 32,4 > 10 152 67,6 Reside na microárea Sim 141 62,7 Não 84 37,3 Capacitação Sim 143 63,6 Não 82 36,4

Número de cursos de capacitação

1 – 2 110 79,7

≥ 3 28 20,3

Ano que realizou a capacitação

1997 – 2005 20 15,2

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A Figura 1 mostra a distribuição dos ACS quanto ao nível de conhecimento em alimentação e nutrição. É possível verificar que 71,1% apresentaram conhecimento em nível moderado, 24,8% em nível baixo e apenas 4% alto.

Figura 1 – Distribuição percentual dos Agentes Comunitários de Saúde segundo nível de conhecimento em alimentação e nutrição.

Como observado na figura, segundo a escala de conhecimento nutricional, 71,11% dos ACS apresentaram moderado nível de conhecimento nutricional. Através deste resultado pode-se afirmar que estes ACS apresentam conhecimentos moderados para realizar ações voltadas a alimentação adequada e saudável.

Os ACS possuem potencial para realização de ações sobre alimentação e nutrição, porém, como dificuldades e desafios, estudos apontam a baixa oferta de capacitações sobre a temática para esses profissionais. A qualificação desses profissionais deve ser priorizada pelas políticas de saúde, tendo em vista seu impacto positivo nos indicadores de saúde (FRACOLLI et al, 2013).

Após a leitura e análise das respostas às perguntas abertas, as mesmas foram divididas em expressões chaves. Quanto ao primeiro questionamento, o que é promoção da alimentação adequada e saudável, as expressões chaves mais encontradas foram “orientação” e “hábitos alimentares” como verificado nos discursos abaixo.

“É a orientação através da qual indicamos a importância do consumo de alimentos saudáveis, naturais e rico em nutrientes, de acordo com a idade, evitando alimentos industrializados e muito ricos em gordura, sal e açúcar.”

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“É alimenta-se com alimentos saudáveis. Ex: comer mais frutas e verduras sem agrotóxico, beber bastante agua”. Em relação à pergunta sobre quais fatores consideram facilitadores para realizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável as expressões chaves mais encontradas foram: “sentimentos” e “gestão”. Esta primeira expressão chave está relacionada a relação de proximidade e confiança que a comunidade tem com o ACS e a última, “gestão”, aparece ao mesmo tempo como facilitador e dificultador, revelando que o interesse e empenho dos profissionais de saúde nestas ações não se dá de forma geral.

“O fácil acesso que temos com a comunidade, a confiança adquirida durante todo o tempo de trabalho.”

“A presença do Programa Saúde da Família acompanhado de seus profissionais planejando ações voltadas ao tema e a presença de posto de saúde na comunidade.”

Quanto aos fatores dificultadores para realizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável foram encontradas como expressões chaves mais pertinentes foram “estrutura”, “gestão” e “participação da comunidade”. A expressão chaves “gestão” apareceu como dificultador de modo que a equipe da UBS não se empenha em ações sobre alimentação saudável.

“Na minha comunidade não tem espaço para reunir a comunidade, e o posto de saúde é um poucos distante para que as pessoas se desloquem até lá e nem todos tem interesse quando falamos em reunir a comunidade para uma palestra”.

“A equipe atual não tem interesse nem compromisso com esse tipo de atividade”

“A comunidade não te interesse em participar de atividades coletivas realizadas com palestras que marcamos, pois as pessoas não se preocupam muito em se prevenir, só pensam na cura”.

Estes discursos revelam que apesar do esforço em realizar as ações de promoção da alimentação adequada e saudável, a falta de condições infraestruturais e de interesse da equipe para realizar essas ações, compromete o desenvolvimento das mesmas. Reflete, consequentemente, na dificuldade dos ACS em cumprir seu papel. Este fato remete à necessidade de se criar soluções de enfrentamento desses problemas e repensar a forma como profissionais de saúde têm desempenhado suas funções, bem como na melhoria das condições infraestruturais nas Unidades Básicas de Saúde.

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CONCLUSÂO: Conclui-se que a maioria dos ACS era do sexo feminino, possuía mais de 40 anos, declarou-se pardo/preto e era casado/com um companheiro. Quanto ao nível de instrução 72,4% tinham ensino médio, 67,6% possuiam mais 10 anos de profissão, através deste último resultado supõe-se que teriam maior número de capacitações. Porém 79,7% realizaram menos de três cursos de capacitação, sendo a maioria (84,8%) realizados após o ano de 2006. Em relação ao nível de conhecimento nutricional 71,11% apresentaram moderado nível de conhecimento nutricional, revelando que estão regularmente capacitados para realizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável. Os fatores facilitadores mais relatados pelos ACS foram: “sentimentos” e “gestão”. Esta primeira expressão chave está relacionada a relação de proximidade e confiança que a comunidade tem com o ACS e o último a equipe da UBS. Como fatores dificultadores, identificaram-se “estrutura”, “gestão” e “participação do usuário”. Através destes resultados será possível criar soluções de enfrentamento desses problemas e potencializar os pontos positivos identificados.

REFERENCIAS

BURLANDY, L. Segurança alimentar e nutricional e saúde pública. Caderno de Saúde Pública. v. 24, n.7, p.1464-5, 2008.

CARNEIRO, D. G. B.; MAGALHÂES, K. L. O.; VASCONCELOS, A. C. C. P.; CRUZ, P. J. S. C. Revista APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 4, p. 510-517, 2010.

FRACOLLI, L. A.; GOMES, M. F. P.; PINHEIRO, D. G. M.; CASTRO, D. F. A. Avaliação das ações de promoção da saúde desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde. O Mundo da Saúde, v. 37, n. 4, p. 411-418, 2013.

MUSSE, J. O.; Marques, R. S. ;Fernando Rocha Lucena Lopes, F. R. L.;Karolinne Souza Monteiro, K. S.; Silvana Cristina dos Santos, S. C.

S.Avaliação de competências de Agentes Comunitários de Saúde para coleta de dados epidemiológicos.Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 525-536, 2015.

Palavras- chave: Agente comunitário de saúde, alimentação, estratégia saúde da família.

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