• Nenhum resultado encontrado

PARQUES TECNOLÓGICOS COMO AMBIENTES DE INOVAÇÃO TECHNOLOGY PARKS AS ENVIRONMENTS OF INNOVATION

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PARQUES TECNOLÓGICOS COMO AMBIENTES DE INOVAÇÃO TECHNOLOGY PARKS AS ENVIRONMENTS OF INNOVATION"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

49

PARQUES TECNOLÓGICOS COMO AMBIENTES DE INOVAÇÃO TECHNOLOGY PARKS AS ENVIRONMENTS OF INNOVATION

Adilson Carlos da Rocha1; Gilberto Francisco Ceretta2.

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE - Curso de Administração –

Francisco Beltrão - PR - Brasil adilson28@hotmail.com

2Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE - Curso de Administração –

Francisco Beltrão - PR - Brasil gilbertoceretta@gmail.com

Resumo: O presente artigo tem como objetivo expor a importância dos

parques tecnológicos, considerando-os como empreendimentos que atuam na promoção e incentivo ao desenvolvimento econômico e tecnológico. Essa exposição esta pautada em um ensaio teórico, onde se utilizou de um conjunto literaturas centrais sobre o tema. Os pressupostos teóricos sobre parques tecnológicos retratam que esses são ambientes com característica singular, onde o relacionamento entre os atores envolvidos é de vital importância para o sucesso. Enfatiza-se ainda que esta relação esta alicerçada na ação múltipla e coordenada de três setores fundamentais da sociedade: o governo, a empresa e a universidade. Conclui-se que é um tema que merece destaque e parece ser um movimento cada vez mais estruturado e eficaz na busca da inovação pelas forças – empresas - estabelecidas e emergentes do setor econômico, por outro lado, políticas públicas também parecem caminhar - mesmo que de forma lenta - na direção de estabelecer e apontar caminhos para a concretização do trinômio: Ciência, Tecnologia e Inovação.

Palavras - chave: Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia.

Abstract: This article aims to expose the importance of technology parks,

considering them as businesses that operate in the promotion and encouragement of economic and technological development. This exhibition is guided by a theoretical essay, which we used a set of core literature on the subject. The theoretical assumptions about technology parks portray these environments are unique feature, where the relationship between the actors involved is vital to success. It also emphasizes that this relationship is based on multiple and coordinated action in three key sectors of society: government, companies and universities. We conclude that it is an issue that deserves attention and seems to be a movement increasingly structured and effective in the pursuit of innovation forces - businesses - established and emerging

(2)

50 economic sector, on the other hand, public policies also seem to go - even if slowly - toward establishing and point the way to the realization of the triad: Science, Technology and Innovation.

Keywords: Development, Innovation, Science and Technology. 1 INTRODUÇÃO

O processo de desenvolvimento e difusão de inovações tecnológicas no contexto econômico global, caracteriza-se como uma temática que marca profundamente o final do século XX e início do século atual. O motivo dessas evidências é o posicionamento desse tema no centro das transformações associadas ao padrão de acumulação do capital, entendido pela sociedade como a Sociedade da Informação e do Conhecimento. A inovação vem tendo um papel importante e de grande influência na competitividade de países, regiões e das organizações. Essa temática vem tendo evidência crescente no contexto organizacional, acadêmico e científico.

Os avanços tecnológicos caracterizados principalmente pela microeletrônica e as telecomunicações, presentes de maneira mais intensa nas últimas décadas do século XX, certamente contribuíram para a difusão e acessibilidade à informação, que se transformou em um dos principais ou mais importante requisito para a competitividade e sobrevivência das organizações no ambiente econômico atual.

Esses avanços tecnológicos contínuos, por sua vez, geram mercados mais dinâmicos e competitivos, nos quais o estabelecimento de estratégias é cada vez mais importante para a inovação e competitividade. Para tal, a valorização do conhecimento, torna-se o principal desafio para estimular a produção de conhecimento novo.

Para que essas proposições de desenvolvimento e difusão do conhecimento sejam consolidadas, elas requerem ações com objetivos agregadores e mobilizadores da sociedade organizada, tornando iniciativas de desenvolvimento regional fatos concretos e possibilitando mecanismos para que a trinomia Ciência, Tecnologia e Inovação seja posta em prática.

Esses ambientes são denominados como habitats de inovação, ambientes estes compostos por uma sinergia oriunda dos atores envolvidos

(3)

51 (instituições de ensino e pesquisa, empresas, governos e como entidades representativas). Nesse cenário, surgem os parques tecnológicos para atender a essa demanda de desenvolvimento, congregando ações dos agentes, que formam a trinomia mencionada. Com a união dos esforços coletivos busca-se o aprimoramento de áreas preestabelecidas, de acordo com os interesses locais e/ou regionais.

Com esta contextualização inicial, o referido trabalho objetiva, através de um ensaio teórico, expor a importância dos parques tecnológicos, considerando-os como empreendimentos que atuam na promoção e incentivo ao desenvolvimento econômico e tecnológico buscando a promoção de um desenvolvimento socioeconômico sustentável.

2 PARQUES TECNOLÓGICOS

Os pressupostos teóricos sobre parques tecnológicos são apresentados pela literatura do assunto, alguns deles apresentados neste trabalho, e possibilita uma ampla discussão sobre o tema, envolvendo alguns conceitos sobre a temática em discussão.

Parques Tecnológicos são definidos como complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico que tem como objetivo fomentar economias baseadas no conhecimento, integrando a pesquisa científica e tecnológica, negócios e empresas, organizações governamentais, além de prover espaço para negócios baseados em conhecimento (ANPROTEC, 2011).

Ainda encontram-se outras definições que estabelecem algumas especificidades ou atribuições aos Parques Tecnológicos, envolvendo organismos que englobam associações internacionais como a International Association of Science Parks (IASP), que define parques como espaços que devem abrigar centros para pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, inovação e incubação, treinamento, prospecção, como também infraestrutura para feiras, exposições e desenvolvimento mercadológico (IASP, 2011).

Os parques tecnológicos têm como base a criação de uma infraestrutura necessária para abrigar projetos relevantes para o desenvolvimento científico e tecnológico. Estes empreendimentos são ancorados no desenvolvimento

(4)

52 imobiliário de médio e grande portes e são usualmente fomentados pelos governos, universidades, instituições de pesquisa e desenvolvimento, ou pela iniciativa privada, onde oferecem uma variedade de atividades e infraestrutura que darão suporte ao desenvolvimento e a transferência de tecnologia entre os diversos atores que participam do empreendimento (GARGIONE; PLONSKI; LOURENÇÃO, 2005).

De acordo com Chiochetta (2010) os parques tecnológicos constituídos contribuem com o conhecimento e desenvolvimento de um país, suprindo um gap existente entre as comunidades acadêmica e empresarial. A geração do conhecimento nesses locais possibilita que o processo produtivo aconteça de forma coordenada, sempre buscando a competitividade. Para isso, faz-se necessário ter uma coordenação das ações cooperadas para o desenvolvimento.

Quanto a nomenclatura não são raras as diferenças entre as terminologias utilizadas para definição de parques tecnológicos, expressões como Science Park e Research Park geralmente são utilizadas em países anglo-saxões, outras denominações, tais como Tecnópole (França, Japão e Itália), Casas de Inovação (Suécia) e Centros de Inovação (Alemanha).

Esse tipo de organização teve sua gênese nos Estados Unidos, baseado nas experiências do Vale do Silício, na Califórnia, e da Rota 128, em Massachusetts. Ambos surgiram ainda durante a Segunda Guerra Mundial e buscavam estimular as economias locais (Califórnia, sem tradição industrial, e Massachusetts, em declínio). O sucesso dessas duas primeiras experiências contribuiu decisivamente para o desenvolvimento de parques tecnológicos na Europa, com destaque para os pioneiros parques britânicos (MASSEY et al., 1992 apud CHIOCHETTA, 2010).

Conforme considerações de Zouain, Plonski e Costa (2009), no Brasil o movimento de parques é tardio. Algumas experiências pioneiras surgiram nas décadas de 1980-90. Essas experiências, na sua maioria, sofreram alguns impactos, entre eles, a descontinuidade de ações, falta de uma política específica de apoio a esse tipo de iniciativa. Os autores citam como entrave, a resistência de parte dos ambientes acadêmico e universitários e a falta de

(5)

53 formalização, por isso, algumas acabaram se tornando apenas incubadoras de empresas.

O desenvolvimento de parques tecnológicos no contexto brasileiro é bastante jovem, pois é a partir do início desta década que os parques vêm sendo considerados na formulação das políticas científica e tecnológica e industrial de forma mais orgânica. O governo federal, através do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e, particularmente, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), tem apoiado diversas iniciativas espalhadas pelo território nacional, a maioria delas ainda em fase inicial de desenvolvimento (VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006).

Atualmente no Brasil há uma legislação conhecida como a Lei de Inovação - Lei nº 10.973, de 02.12.2004 regulamentada pelo Decreto nº 5.563, de 11.10.2005 - que incentiva e prescreve o apoio à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação.

Pesquisas realizadas pela ANPROTEC (2008) indicam que no Brasil existem atualmente 74 parques tecnológicos instalados por todas as suas regiões e que há uma distribuição relativamente equilibrada entre os estágios de desenvolvimento, e estão subdivididos em três categorias: operação, implantação e projeto. O Gráfico 1 demonstra a distribuição dos parques tecnológicos conforme seu estágio de desenvolvimento.

GRÁFICO 1 – ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DOS PARQUES

TÉCNOLÓGICOS BRASILEIROS

(6)

54 A proporcionalidade alta em estágio de projeto e implantação se confirma pela grande quantidade de parques iniciados a partir de 2005. Em termos de regiões, há uma concentração maior nas regiões Sudeste e Sul conforme demonstra o Gráfico 2, provavelmente em razão da concentração da produção técnico-científica dessas regiões. (ANPROTEC, 2008).

GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS PARQUES TÉCNOLÓGICOS POR

REGIÕES NO BRASIL

FONTE: Adaptado de ANPROTEC (2008)

Mesmo perante o cenário apresentado, os parques tecnológicos no Brasil têm atingido bons resultados, chamando a atenção de governos locais. Dentre os aspectos positivos promovidos por esse tipo de organização, um destaque é a mudança na cultura empresarial, com a conscientização dos empresários sobre a importância da tecnologia e da inovação. Ressalta-se que os parques estimulam as universidades a compreenderem a necessidade da aproximação e interação entre o conhecimento acadêmico, as empresas e os mercados, o que resulta num desempenho mais ativo dessas instituições em prol do desenvolvimento econômico (ZOUAIN; PLONSKI; COSTA, 2009).

2.1 Constituição e implantação de Parques Tecnológicos

Na década de 1960, os pesquisadores Jorge Sábato e Natalio Botana descreveram o papel da cooperação universidade e empresa na inovação

(7)

55 tecnológica e a sua relevância para o desenvolvimento econômico e social da América Latina. Segundo Plonski (1995) apud Zammar, Kovaleski e Zanetti (2010), os dois pesquisadores propuseram que para a superação do subdesenvolvimento da região, fosse realizada uma ação decisiva no campo da pesquisa científico tecnológica.

A proposta tinha como base quatro aspectos: (i) o processo de absorção de tecnologia seria mais eficiente se o receptor possuísse uma sólida infraestrutura de ciência e tecnologia; (ii) a especificidade das condições de cada receptor para conseguir uma absorção mais inteligente dos fatores de produção; (iii) a necessidade de comercializar bens com maior valor agregado; (iv) ciência e tecnologia são catalisadores do desenvolvimento econômico e social.

Diante da premissa que a inserção da ciência e tecnologia era condição essencial para o processo de desenvolvimento. Esse processo resultaria da ação múltipla e coordenada de três setores fundamentais para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas: o governo, a empresa e a universidade.

Esse relacionamento foi representado graficamente por meio de um triângulo, ilustrado na Figura 1, com o governo ocupando o vértice superior enquanto a estrutura produtiva e a infraestrutura de ciência e tecnologia ocupavam os vértices da base. Surgia então o Triângulo de Sábato que representam a ocorrência de três tipos de ações: (i) intra-relações entre os componentes de cada vértice; (ii) inter-relações que se estabelecem deliberadamente entre pares de vértices e (iii) extra-relações que se criam entre uma sociedade e o exterior (ZAMMAR; KOVALESKI; ZANETTI, 2010).

(8)

56 FIGURA 1 – TRIÂNGULO DE SÁBATO.

FONTE: Adaptado de Zammar, Kovaleski e Zanetti (2010).

No contexto organizacional um parque tecnológico é composto por uma associação de vários atores onde se destacam: 1) setor público, em todas as esferas; 2) órgãos governamentais; 3) universidades; 4) institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação; 5) incubadoras de empresas e projetos; 6) empresas de base tecnológica – EBT’s; 7) investidores; 8) sociedades empresariais - organismos representativos de classe – exemplo: associações comerciais e empresariais; SEBRAE; federação das indústrias; dentre outros e 9) instituições bancárias e/ou investidores com capital de risco (CHIOCHETTA, 2010).

A Figura 2, exemplifica o modelo de composição de um parque tecnológico em uma comunidade tecnológica.

(9)

57 FIGURA 2 - COMPOSIÇÃO DE UM PARQUE TECNOLÓGICO.

FONTE: Adaptado de Chiochetta (2010)

Destaca-se ainda que, para o bom funcionamento de um parque tecnológico, é importante a perfeita sintonia entre seus atores, entre esses atores estão as entidades envolvidas no seu processo de governança, conforme a relação demonstrada no Quadro 1.

Atores envolvidos em um Parque Tecnológico e seus possíveis papéis

Atores: Funções – Papéis desenvolvidos no Parque Tecnológico

Setor Público em todas as esferas – Federal, Estadual, Municipal

São responsáveis por políticas de indução do desenvolvimento, através de:

- Indução de políticas públicas – os parques tecnológicos estão entre as políticas públicas modernas em todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento;

- Articulação entre os diversos níveis do poder público (federal, estadual e municipal), entre o poder público e o privado, e entre o poder público e a academia;

- Investimento em equipamentos públicos específicos na área de laboratórios, serviços e formação de recursos humanos demandados pelo mercado local;

- Definição de uma política de atração de empresas para os parques tecnológicos;

- Financiamento e a capitalização dos parques também fazem parte das responsabilidades do setor público.

Órgãos Governamentais

São instituições ligadas ao poder público que são financiadoras de projetos ou de iniciativas sejam elas estruturantes ou de projetos de pesquisa e desenvolvimento; Universidades

É onde está focada a geração de novas tecnologias e a formação de profissionais que poderão ser absorvidos pelas empresas participantes do parque ou mesmo serem os empreendedores;

(10)

58

Institutos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

São agentes geradores de conhecimento e novas tecnologias;

Incubadoras

São agentes que aproveitam da proximidade das Universidades, dos Institutos de Pesquisa e das EBTs, e criam seus empreendimentos com objetivos de oportunizar seu crescimento;

Empresas de Base Tecnológica - EBT’s

São empresas que participam do parque tecnológico, com objetivo de estar próximo da geração de novas tecnologias, da formação de especialistas nas mais diversas áreas e em especial a oportunidade de participar de um mesmo espaço físico envolvendo todo o processo desde a geração de novas tecnologias até a prospecção de novos mercados;

Developers – Incorporadores – Investidores

São aqueles agentes que alinhados às diretrizes do Parque Tecnológico, e através de negócios imobiliários específicos, serão responsáveis por construir e vender ou alugar espaços para empresas (EBT) e prestadores de serviços, incluindo hotéis, auditórios, restaurantes, serviços gráficos, etc.;

Sociedades empresariais – Org. Representativos de Classe

São agentes que vêm para defender os interesses de seus representados e também para cooperar na geração de novas metodologias e inovações;

Instituições Bancárias e/ou Investidores com capital de risco

São empresas e/ou instituições que estão inseridas nos parques para possibilitar o desenvolvimento e crescimento das organizações instaladas.

QUADRO 1 - ATORES ENVOLVIDOS EM PARQUES TECNOLÓGICOS FONTE: Adaptado de Steiner, Cassim e Robazzi (2008).

No processo para a implantação para composição de um parque tecnológico, são necessárias algumas ações como: estimular a formação de novos empreendimentos em setores de ponta e atrair organizações especializadas em tecnologias avançadas; facilitar a colaboração entre pesquisa e indústria; revitalizar os setores industriais tradicionais da região, por meio da incorporação da região e de novas tecnologias; promover a vocação empresarial e o trabalho inovador local; favorecer a independência tecnológica da região mediante a geração interna de novos avanços e aplicações tecnológicas; promover e divulgar as políticas de inovação regional e gerar um volume de exemplos de alta qualificação (ANDRADE JUNIOR, 2005).

Segundo Andrade Junior (2005), pode-se dividir o projeto de implantação de um parque tecnológico em três fases distintas, conforme ilustrado no Quadro 2.

Fases para implantação de um Parque Tecnológico

Fases Procedimentos

Fase 1 Concepção e implantação do parque tecnológico, em que se decide, entre outras coisas, a área de ocupação, a forma jurídica do empreendimento, a viabilidade econômica e outros. Esta fase envolve: Estudos preliminares e

(11)

59

concepção do parque; Estruturação jurídica, constituição legal e anúncio formal de sua criação; Projeto urbanístico; Elaboração do planejamento econômico detalhado e de um plano de captação de recursos para investimentos em infraestrutura física e tecnológica.

Fase 2 Período de estruturação do empreendimento, que envolve: Criação de infraestrutura básica; Instalação das primeiras empresas.

Fase 3 Fase de consolidação, que engloba: Ocupação plena do polo industrial; Divulgação intensa das ações relacionadas ao parque.

QUADRO 2 - FASES DA IMPLANTAÇÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS FONTE: Andrade Junior (2005)

2.2 Modelos de Parques Tecnológicos

O modelo de parques científicos e tecnológicos proposto por Bolton (1997) estabelece que esses parques possam ser classificados como “Estáticos” ou “Dinâmicos”, apresentando as seguintes características para cada uma das classificações:

- Estático - é um espaço industrial composto por edifícios e infraestrutura associados a uma série de utilidades bem projetadas e funcionais que buscam como ocupantes empresas baseadas no conhecimento;

- Dinâmico - projetado dentro de um conceito de crescimento do empreendimento. Seu objetivo principal é criar massa crítica de indústrias baseadas no conhecimento que se instalam no aglomerado. Procura manter uma ligação com os centros locais de ensino superior e de pesquisa, de forma a dinamizar as ações de transferência de conhecimento e tecnologia (BOLTON, 1997 apud GARGIONE; PLONSKI; LOURENÇÃO, 2005).

O modelo dinâmico de Bolton recebe essa denominação em virtude das relações dinâmicas entre os atores envolvidos no parque como um sistema concêntrico, com três círculos, onde são representados três grupos de atividades: 1) incubadora de negócios ou centros de inovação; 2) empresas maduras, micro e pequenas empresas baseadas no conhecimento e 3) atividades de pesquisa e desenvolvimento de empresas e instituições.

A Figura 3 ilustra o modelo dinâmico onde no círculo interno localiza-se a incubadora a partir da qual os negócios são irradiados para o círculo intermediário.

(12)

60 FIGURA 3 – MODELO DE PARQUE TECNOLÓGICO DINÂMICO PROPOSTO POR BOLTON

(1997)

FONTE: Gargione, Plonski e Lourenção (2005).

3 GESTÃO DE PARQUES TECNOLÓGICOS

Um parque tecnológico terá seu sucesso mensurado e percebido no longo prazo pelo impacto que ele tem no desenvolvimento regional, na economia estadual e nacional, bem como na eficácia com que o parque implantou a política industrial definida pelos agentes públicos – governos (CHIOCHETTA, 2010).

Esses resultados são construídos com uma política bem sucedida de atração de empresas. Para isto, todas as formas de atração devem ser buscadas como: 1) empresas ou instituições âncoras que têm a capacidade de atrair ou gerar outras empresas; 2) empresas, de base tecnológica, nacionais ou internacionais; 3) micro e médias empresas e 4) incubadoras e pós-incubadoras, capazes de transformar ideias em negócio. As sinergias também podem apontar para a consolidação de clusters em segmentos específicos, cuja aproximação beneficie a todos (STEINER; CASSIM; ROBAZZI, 2008).

(13)

61 Nesse contexto, Grizendi (2008) apud Chiochetta (2010) ressalta que a Entidade Gestora de um parque tem papel fundamental na formatação das diretrizes, planejamento, coordenação, acompanhamento e avaliação de ações, articuladas com as redes de cooperação, tanto com as locais e regionais quanto com as nacionais e internacionais. Além disso, essa entidade deve garantir a capacitação dos empresários, seja através da contratação de consultorias especializadas, participação em eventos, divulgação de produtos, entre outras. Deverá também difundir para as organizações oportunidades de recursos e fontes de fomento.

Como em qualquer processo de gestão, algumas dificuldades podem afetar o nível de sucesso de um parque tecnológico. Dentre essas características pode-se incluir a distância do parque em relação às universidades, o grau de formalização do relacionamento entre esses atores, o orçamento de P&D das universidades, o percentual de suas instituições engajadas em pesquisa com as organizações, o percentual de P&D acadêmico financiado por indústrias, seja a universidade pública ou privada, a idade do parque tecnológico, e o tipo de tecnologia buscada pela instituição de pesquisa em associação com o parque (ANDRADE JUNIOR, 2005).

Vedovello, Judice e Maculan (2006) constataram e seu estudo uma ausência de indicadores firmes e precisos que possam alicerçar a institucionalização de parques como um instrumento de política pública frente aos seus objetivos esperados de sua implementação, em particular os afetos ao processo de inovação tecnológica.

Nos estudos de Gargione, Plonski e Lourenção (2005) onde analisaram características como: infraestrutura, serviços especializados, gestão do parque, fatores de relevância econômica e financeira e ações relacionadas aos processos de interação universidade-empresa, contataram que tanto os recursos humanos pertencente as empresas de base tecnológica, como os especialistas em parques, possuíam uma preocupação comum em enfatizar a importância de infraestrutura adequada e a presença de pessoal qualificado como características chave para a estruturação destes empreendimentos. Verificou-se também que empresas de maior porte são mais atentas a questão

(14)

62 de custo com infraestrutura no momento da decisão de se instalarem em um parque tecnológico.

De acordo com Vedovello, Judice e Maculan (2006) aquelas percepções otimistas da literatura quanto aos resultados de parques em uma primeira fase, foram sendo gradativamente substituídas por ceticismo e incerteza quanto a efetividade desse tipo de instituição, ao tempo em que se avaliam outros aspectos problemáticos relacionados a esse tipo de projeto, tais como: a) longo prazo de desenvolvimento e maturação; b) elevado custo de implantação; c) dificuldades em conciliar múltiplos objetivos colocados nesse tipo de projeto por stakeholders bem diferenciados (VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado dos pressupostos teóricos pode-se concluir que um parque tecnológico é um ambiente singular, onde o relacionamento entre os atores envolvidos deve ser sempre estimulado, buscando eliminar as barreiras que cada entidade traz para o cenário em questão.

Parques Tecnológicos é um tema que merece destaque e parece ser um movimento cada vez mais estruturado e eficaz na busca da inovação pelas forças – empresas - estabelecidas e emergentes do setor econômico, por outro lado, políticas públicas também parecem caminhar - mesmo que de forma lenta - na direção de estabelecer e apontar caminhos para a concretização do trinômio: Ciência, Tecnologia e Inovação.

Parece ser evidente que projetos de implantação de parques tecnológicos no Brasil devem ser alavancados pelo poder público regional, pois as decisões devem ser políticas visando à fixação dos alicerces do empreendimento, afim de não ser interrompido o processo de implantação, pois as respostas serão em longo prazo e exigem o comprometimento político, assim o projeto deve ser consistente e a partir de um ponto, deve ser grande o suficiente para garantir a sua continuidade independentemente da gestão política que venha determinar as diretrizes de desenvolvimento.

Esse estudo teórico vem reforçar o valor dos parques tecnológicos como instituição empreendedora para a difusão do conhecimento como potencial

(15)

63 contribuição para a sociedade. Seu foco é o papel diferenciado na transferência de tecnologias visando à inovação e o desenvolvimento socioeconômico sustentado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE JUNIOR, D. C. Um estudo corporativo sobre a implantação de parques tecnológicos no estado de São Paulo. In XI Seminário

Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica. Salvador/BA, Outubro/2005.

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Cenário Brasileiro de Parques Tecnológicos. In: Parques Tecnológicos no Brasil – Estudo Análise e Comparações. Disponível em www.anprotec.com.br, Acessado em 28 de julho de 2011.

BRASIL. LEI no 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à

inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm. Acesso em 28 jul 2011.

CHIOCHETTA, J. C. Proposta de um modelo de governança para Parques

Tecnológicos. 2010. 208p. Tese do PPGEP da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Doutorado em Engenharia de Produção, na área de concentração em Sistemas de Produção. Porto Alegre, 2010.

GARGIONE. L. A.; LOURENÇÃO. P. T. M.; PLONSKI, G. A. Fatores Críticos de Sucesso para Modelagem de Parques Tecnológicos Privados no Brasil. In XI

Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica. Salvador-BA,

Outubro/2005.

IASP – International Association of Science Parks. Disponível em http://www.iasp.ws acessado em 28 de julho de 2011.

STEINER, J.; CASSIM, M.; ROBAZZI, A. Z. Parques Tecnológicos: ambientes de inovação. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São

Paulo. 2008. Disponível em: www.iea.usp.br/artigo, Acesso em 28 de julho de

2011.

VEDOVELLO, C. A.; JUDICE, V. M.; MACULAN, A. M. D. Revisão crítica às abordagens a Parques Tecnológicos: alternativas interpretativas às experiências brasileiras recentes. RAI - Revista de Administração e

Inovação, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 103-118, 2006.

ZAMMAR, G.; KOVALESKI, J. L.; ZANETTI, S. G. Parque Tecnológico de Ponta Grossa: um ambiente que necessita de qualidade na gestão. Revista

(16)

64 ZOUAIN, D. M,; PLONSKI, G. A.; COSTA, P. R. Um Novo Modelo para Integrar Universidade, Parques Científicos e Tecnológicos e Políticas de Desenvolvimento Regional: A Experiência do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Universidade de São Paulo (Brasil). In XIX Seminário

Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas.

Referências

Documentos relacionados

In this work, improved curves are the head versus flow curves predicted based on the correlations presented in Table 2 and improved by a shut-off head prediction

A gestão do processo de projeto, por sua vez, exige: controlar e adequar os prazos planejados para desenvolvimento das diversas etapas e especialidades de projeto – gestão de

Percebo que um objetivo esteve sempre presente desde o princípio, sendo notadamente insistente em muitos momentos do desenvolvimento do trabalho, destacável não só porque faz parte

O modelo matemático que representa o comportamento físico do VSA é composto por equações diferenciais ordinárias cujos principais coeficientes representam parâmetros

Para estudar as obras de José de Albuquerque e saber como e quais foram as influências na construção de seu discurso sobre a necessidade da educação sexual, vimos necessário

Com base na investigação prévia do TC em homens com sobrepeso na meia- idade (LIBARDI et al., 2011) e outras que utilizaram o treinamento aeróbio ou de força de moderada

elas expressam por excelência o espaço do sujeito na sua relação com alteridade, lutando para interpretar, entender e construir o mundo (JOVCHELOVITCH, 2002, p.82). Nesse processo

Los alumnos a los que convencionalmente se dirige la educación especial son los niños y jóvenes con retraso mental, dificultades de aprendizaje, trastornos emocionales y