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Projetos Encontros e ø25 QUARTO LAGO do Grupo Poéticas Digitais

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Academic year: 2022

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do Grupo Poéticas Digitais

Gilbertto Prado

Palavras-chave:

Instalação interativa, arte em rede, artemídia

Resumo

O Grupo Poéticas Digitais foi criado em 2002 no

Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo com a intenção de gerar um núcleo multidisciplinar, promovendo o desenvolvimento de projetos experimentais e a reflexão sobre o impacto das novas tecnologias no campo das artes. O Grupo é um desdobramento do projeto wAwRwT iniciado em 1995 e tem como participantes professores, artistas, pesquisadores e estudantes. O objetivo desta comunicação é apresentar dois projetos recentes do grupo: “ “Encontros” de 2012 e “Ø25 – QUARTO LAGO” de 2013.

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Projects “Meetings” and “ø25 – fOURTh LAkE” from Poéticas Digitais Group

Gilbertto Prado

Keywords:

Interactive installation, network art, media art

Abstract

Poéticas Digitais Group was created in 2002 in the Visual Arts Department at School of Communication and Arts of University of São Paulo to create a multidisciplinary center, promoting the development of experimental projects and reflection on the impact of new technologies in the field of arts. The Group is an unfolding of the wAwRwT project started in 1995 by Gilbertto Prado and has as participants lecturers, artists, researchers and students. The aim of this article is to present some recent experiments such as

“Encontros” (meetings - 2012) and “Ø25 – QUARTO LAGO”

(Ø25 - FOURTH LAKE), 2013.

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1. Encontros

Daqui se vê muita água e céu, constelações de árvores e cipoais intransponíveis. Paisagens, como deveriam ser, sem fim, letár- gicas como o tempo que flui entre um mergulho e um assobio.

Daí se vê o que é, o tempo que passa nas rugas e nas vestes puídas.

O suave toque das mãos-moças de sorriso aberto que enfeiti- çam os botos, nos enchem de doces, e nos levam para o fundo do rio, sem volta.

A experiência do rio é fluxo, marrom ou preto, intransponí- veis, estremes, num fundo que não se deixa ver de igarapés imaginários.

Dois aparelhos celulares exibem, em suas telas, uma sequência de vídeos compostos por fluxos de águas de duas tonalidades distintas. Temos, de um lado, a predominância de água na cor preta e, do outro, na cor marrom.

Os vídeos foram produzidos pelos artistas em viagem pelo Rio Amazonas1. O dispositivo conta com placas Arduino que foram programadas para permitir a troca de dados e vídeos para os celulares. O sistema busca informações online, de modo a refletir as mudanças das marés e das fases da lua de um lado, em contraponto ao fluxo de acesso à palavra “encontro”

em diversos idiomas. Desta forma, é ativada a movi mentação dos motores, o tensionamento da mola e o consequente deslo- camento dos celulares com os vídeos de água marrom e negra que vão se justapondo no percurso.

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Figura 3 Encontros: Encontro das Águas;

confluência entre os rios Negro e Solimões Figura 1 Encontros: diagrama da obra

Figura 2 Encontros: Museu Nacional da República, Brasília, 2012

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Ao receberem informações em tempo real sobre as mudan- ças das marés e também do volume de buscas pela palavra “en- contro”, os aparelhos começam a se deslocar lentamente indo e vindo sobre o trilho do dispositivo criado. A mola, ao mesmo tempo em que distende, tensiona, demarcando o espaço e o cur- so do fluxo/movimento. Nos breves momentos de quase encon- tro, no limite da aproximação e da compressão da mola, é pos- sível notar uma leve mistura do marrom e negro das águas que se mesclam e simultaneamente a impossibilidade do encontro.

O Grupo Poéticas Digitais neste projeto está formado por:

Gilbertto Prado, Andrei Thomaz, Agnus Valente, Clarissa Ribei- ro, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, José Dario Vargas, Luciana Ohira, Lucila Meirelles, Mauricio Taveira, Nardo Germano, Re- nata La Rocca, Sérgio Bonilha, Tatiana Travisani e Val Sampaio.

O trabalho do grupo pode ser visto em <http://www.poe- ticasdigitais.net>.

Encontros foi exposto na mostra EmMeio#4, no Museu Nacional da República, em Brasília, com curadoria de Suzete Venturelli, em outubro de 2012 e na exposição Continuum - IV Festival de Arte e Tecnologia do Recife – Centro Cultural Cor- reios, Pernambuco, em julho de 2013.

Figura 4

Encontros: Museu Nacional da República, Brasília, 2012

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2. Projeto “Ø25 – Quarto Lago”

O diálogo da água e do espelho no barulho dos outros, nos passos imaginários que cruzam nossos caminhos por cima da lua e por baixo da terra.

A água fresca que vaza pelas frestas, pelos vãos dos dedos, refresca. Qanāt

Tenras coxas se prenunciam nas dobras das calças enroladas até o joelho para não molhar.

Respingos.

Não há água nem espelho é só uma lua que reflete;

evaporou e deixou o desenho de um buraco fundo feito a lápis no chão.

Colocamos um quarto espelho d’água (um tanque virtual de grande diâmetro) em frente ao Museu Nacional, no Comple- xo Cultural da República. Com os dispositivos móveis, vamos transpondo a borda (um pouco mais profunda do que a área central, para suprimir a formação das ondas) e molhando nos- sos pés no barulho das águas que vão se tornando audíveis en- quanto caminhamos.

A obra Quarto Lago: Ø25 está localizada em (15.796484 o S, 47.879239 o O).

O trabalho é uma exploração da busca de sinais nem sempre aparentes ou visíveis e às vezes imaginários de nossas cidades. Numa outra escala possível de conexão, esses cami- nhos se cruzam e se interpõem no nosso cotidiano.

2.1 Um imaginário paisagístico: “a moldura líquida” de Brasília e os espelhos

A criação de um lago artificial acompanha a ideia da construção de Brasília desde o final do século XIX: Rio Paranoá... Lago Pa- ranoá (Lago Norte e Lago Sul)... Barragem do rio Paranoá no en- contro com os seus afluentes Gama, Riacho Fundo, Torto, Bana- nal (FREITAS, 2011) rios submersos para recuperar um provável lago natural primitivo e extinto na região (CAVALCANTI, 2012a).

É fácil compreender que, fechando essa brecha com uma obra de arte (dique ou tapagem provida de chapeletas e cujo compri- mento não excede de 500 a 600 metros, nem a elevação de 20 a 25 metros) forçosamente a água tornará ao seu lugar primitivo e formará um lago navegável em todos os sentidos, num compri- mento de 20 a 25 quilômetros sobre uma largura de 16 a 18.

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Além da utilidade da navegação, a abundância de peixe, que não é de menos importância, o cunho de aformoseamento que essas belas águas correntes haviam de dar à nova capital despertariam certamente a admiração de todas as nações (GLAZIOU, 2012).

Nesse imaginário brasiliense de lagos artificiais, os espe- lhos d’água, elementos com função decorativa ou de segu- rança como barreira de acesso, reproduzem visualmente em menor escala a presença do grande lago e ganham espaço nos Palácios do Planalto, da Alvorada e Itamaraty, no Congres- so Nacional, na praça dos Cristais, no Complexo Cultural da República. Em breve, no canteiro do Eixo Monumental, uma nova praça planejada, criação do escritório Burle Marx a partir de desenhos do paisagista datados da década de 1960, somará novos espelhos d’água abertos ao céu do Planalto Central.

Figura 5

Mapa do “novo Distrito Federal”

e o registro do leito dos rios represados. Org. e desenho:

engenheiro cartógrafo Clóvis de Magalhães, final da década de 1950(CAVALCANTI, 2012b).

Sonho assim proposto em 1894-1895 pelo engenheiro e paisagista francês Auguste Glaziou, membro da Comissão de Estudos da Nova Capital da União – a segunda Missão Cruls;

a formação do lago Paranoá foi concretizada com a construção de Brasília, visando efetivamente à geração de eletricidade, pai- sagismo, recreação (CAVALCANTI, 2012b) e convertendo-se, nas palavras de Juscelino Kubitschek, numa “moldura líquida da cidade” (FREITAS, 2011) planejada e desenvolvida por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

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No Complexo Cultural da República, três espelhos d’água decoram a grande área externa de concreto onde se localiza o Museu Nacional. Com o projeto “Ø25 – Quarto Lago”, os visi- tantes encontram no espaço expositivo do museu um bloco de folhas A2 com um buraco vazio, círculo recortado que repre- senta, informa e situa a existência de um quarto espelho d’água.

As pessoas manuseiam, carregam esse cartaz e, utilizando-o como mapa, encaminham-se ao local indicado, na área externa.

O Quarto Lago presentifica-se através dos celulares dos visitantes que, acionados, tornam audível o barulho do cami- nhar sobre suas águas.

O Grupo Poéticas Digitais neste trabalho está composto por: Gilbertto Prado, Agnus Valente, Andrei Thomaz, Clarissa

Figura 6 Palácio da Alvorada e Lago Paranoá. Brasília, 1960.

Foto: Mario Fontenelle/Arquivo Público do Distrito Federal (COUTO, 2009).

Figura 7 Ø25 – Quarto Lago.

Complexo Cultural da República.

Projeto: Grupo Poéticas Digitais, 2013

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Ribeiro, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, Luciana Ohira, Nardo Germano, Renata La Rocca, Sérgio Bonilha e Tatiana Travisani.

O trabalho foi apresentado na Exposição de Arte Compu- tacional EmMeio#5.0 (curadoria: Maria Luiza Fragoso, Suze- te Venturelli e Tania Fraga), Museu Nacional da República, DF – Brasília, de 02 a 31 de outubro de 2013.

Figura 8

Ø25 – Quarto Lago. Museu Nacional da República, Brasília.

Projeto: Grupo Poéticas Digitais, 2013

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NotaS

1. Gilbertto Prado e Claudio Bueno captaram imagens de rios da região ama- zônica durante expedições do “Projeto Água” coordenado por Val Sampaio em 2010/2011.

Referências

CAVALCANTI, Flávio R. (2012a). Exploração e Estudos do Pla- nalto Central: Comissão Cruls. Brazilia. Brasília, [entre 2003 e 2012]. Disponível em: <http://doc.brazilia.jor.br/Historia/

Cruls.shtml>. Acesso em: 18 ago. 2013.

_______. (2012b). Lago Paranoá: forma e origens. Bacia hidro- gráfica do Paranoá. Brazilia. Brasília, [entre 2003 e 2012]. Dis- ponível em: <http://doc.brazilia.jor.br/Historia/img/Lago- -Paranoa-rios-alagados-612px.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2013.

FREITAS, Conceição. A formação do Lago acompanha a ideia de Brasília desde o fim do século 19. Correio Braziliense, Brasília, 03 dez. 2011 . Disponível em: <http://www.cor- reiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/12/03/

interna_cidadesdf,281257/a-formacao-do-lago-acompa- nha-a-ideia-de-brasilia-desde-o-fim-do-seculo-19.shtml>.

Acesso em: 18 ago. 2013.

GLAZIOU, Auguste François Marie. Relatório apud CAVAL- CANTI, Flávio R. 2ª Missão Cruls (1894-1895): Relatório de Glaziou. Brazilia. Brasília, dez. 2012. Disponível em: <http://

doc.brazilia.jor.br/HistDocs/Relatorios/1896-missao-Cruls- -Glaziou-lago-Paranoa.shtml>. Acesso em: 18 ago. 2013.

Recebido em: 26/11/14 Aceito em: 16/12/14

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Gilbertto Prado www.gilberttoprado.net www.poeticasdigitais.net

Artista multimídia, professor do Departamento de Artes Plásticas da ECA – USP. Tem realizado e participado de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Entre seus prêmios: Rumos Novas Mídias, Itaú Cul- tural (1999/2002), 9º Prix Möbius International des Multimédias, Beijin (Menção Especial, 2001) et 6º Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2006). Trabalha com arte em rede e instalações interativas. É coordena- dor do Grupo Poéticas Digitais.

Referências

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