Processo de cuidar de adultos com Transtornos Ansiosos
ENP 253-Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica
Prof.ª Dr.ª Jussara C Santos
jusantos@usp.br
Objetivos dessa Aula Slide
➔ Caracterizar os tipos de transtornos ansiosos presentes na população adulta;
➔ Discorrer sobre o processo de cuidado para esses
indivíduos.
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma sensação comum a qualquer humano
➔ senso vago, difuso, subjetivo de catástrofe iminente, uma apreensão ou sentimento de pavor que aparentemente não tem base na realidade.
➔ associada a sentimentos de incerteza e desesperança.
➔ distingue-se do medo, pois é apreensão intelectual do perigo.
➔ "estar nervoso".
➔ inferida a partir do comportamento.
➔ ficar ansioso é necessária para a sobrevida (luta/fuga), mas os níveis graves de ansiedade são incompatíveis com a vida
Níveis de Ansiedade
Grave - Tende a focar um detalhe específico e não pensar em outra coisa.
• ↓↓Percepção; perda do controle; desorganização; ↑Motricidade;
Experiência Assustadora e Incapacitante (pânico)
Moderada - Concentração em preocupações imediatas.
• ↓Percepção; ↓Aprendizado; Concentração seletiva;
Leve - Associada à tensão da vida.
• Alerta; ↑Percepção; ↑Aprendizado;
Resposta Fisiológica
➔ Sistema Nervoso Autônomo
◆ Reação simpática prepara o corpo com uma reação de luta e fuga
◆ Reação parassimpática resposta de conservação
Resposta Comportamental, cognitiva e afetiva
➔ Comportamental:
◆ Inquietação
◆ Tensão física
◆ Tremores
◆ Fala rápida
◆ Falta de coordenação
◆ Propensão a acidentes
◆ Isolamento interpessoal
◆ Inibição
◆ Fuga
◆ Anulação
◆ Hiperventilação
◆ Hipervigilância
➔ Cognitiva:
◆ Atenção prejudicada
◆ Concentração deficiente
◆ Esquecimento
◆ Erros no julgamento
◆ Preocupação
◆ Bloqueio do pensamentos
◆ Campo perceptual diminuído
◆ Criatividade reduzida
◆ Produtividade diminuída
◆ Confusão
◆ Autoconsciência
◆ Perda da objetividade
◆ Medo de perder o controle
◆ Imagens visuais ameaçadoras
◆ Flashbacks
◆ Pesadelos
➔ Afetiva:
◆ Irritável
◆ Impaciência
◆ Inquietação
◆ Tensão
◆ Nervosismo
◆ Medo
◆ Alarme
◆ Terror
◆ Agitado
◆ Culpa
◆ Vergonha
Respostas/adaptações à ansiedade (mecanismos mentais)
➔ Padrões de pensamento e
comportamento usados para proteger o indivíduo de aspectos ameaçadores de seu ambiente ou de seus próprios
sentimentos de ansiedade.
➔ São desenvolvidos e experimentados durante o desenvolvimento da
personalidade.
➔ São elaborados à medida que precisamos lidar com os estressores.
➔ Assim, recorrer aos padrões anteriores de pensamento e comportamento que já
Resumindo...
ESPERADA
➔ É universal e integrante da existência humana;
➔ Manifestada nas horas que antecedem situações da vida que provocam medo, dúvida e/ou expectativa (Ex. entrevista)
➔ Apreensão frente a uma situação jamais encontrada antes e que tem um significado simbólico para o indivíduo.
(Ex. Casamento)
PATOLÓGICA
➔ Preocupação excessiva;
➔ Expectativa apreensiva;
➔ Persistente e de difícil controle;
➔ Sintomas por no mínimo 6 meses.
➔ Resposta a pensamentos, sentimentos, desejos e vontades que, se conscientes, seriam inaceitáveis para o indivíduo ou que, se conhecidos, causaria a perda da aprovação ou amor de outras pessoas significativas – deve- se defender para manter a autoimagem. Ex.
Desejos homossexuais inconscientes A distinção entre ansiedade esperada/natural e ansiedade patológica está na natureza do estressor em vez de na natureza da ansiedade
Etiologia
Papel da
convivência familiar no desenvolvimento de Transtorno de Ansiedade → forte correlação entre os temores dos pais e de seus filhos (aprendizado/imitan do as respostas).
Causas Psicológicas
Pode ter correlação com outras
enfermidades (hipo e
hipertireoidismo e prolapso da válvula mitral) - investigar!
Causas Orgânicas
Causas Traumáticas
Eventos vitais traumáticos: como desencadeante dos Transtornos Ansiosos, principalmente Transtorno de Estresse Pós Traumático e Transtorno de Pânico.
Etiologia
Epidemiologia
➔ Sexo feminino ocorrência duas vezes maior do que no sexo masculino;
➔ Fatores de risco: Sexo Feminino; Idade inferior aos 45 anos; Separação
conjugal; História de abuso físico e/ou sexual na Infância; desemprego; Baixa condição socioeconômica.
Epidemiologia
Tratamento em geral
➔ Combinação harmoniosa de terapias farmacológicas e abordagens
psicoterapêuticas.
◆ Fármacos: Ansiolíticos (fase aguda), Antidepressivos (fase controle)
◆ Psicoterapia: Terapia Cognitivo Comportamental, Técnicas de relaxamento e Terapia familiar
➔ Relacionamento Interpessoal de Enfermagem
➔ Outras, de acordo com a especificidade
Principais diagnósticos
CID-10 Diagnóstico
F40.0 Agorafobia F40.1 Fobias Sociais F40.2 Fobias específicas F41.0 Transtorno de Pânico
F41.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada F42.1 Transtorno misto de ansiedade e depressão F43.1 Transtorno do Estresse pós-traumático
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
➔ Caracterizado por ansiedade persistentes, de grau intenso, incontrolável, apreensiva e desproporcional ao estímulo → Preocupação crônica, irrealista e excessiva→ eventos e preocupações do dia a dia.
◆ Sintomas presentes por 6 meses ou mais.
◆ São frequentes os seguintes sintomas:
insônia, taquicardia, dificuldade para
relaxar, angústia, irritabilidade, dificuldade de concentração, tontura, cefaleia,
tremores, epigastralgia, boca seca, parestesias, sudorese, etc.
TAG
Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão (TMAD)
Cuidados com TAG e TMAD
➔ Ensinar a pessoa a identificar sinais/sintomas do aumento de ansiedade e as maneiras de
interromper sua progressão. (exercícios relaxamento, respiração profunda)
➔ Transmitir atitude de aceitação positiva, interagindo de forma breve e frequente
➔ Diminuir estímulos ambientais o máximo possível
Transtorno de Pânico
➔ Caracterizado pela presença da angústia diante da possibilidade de perigo, que ameaça a
sobrevivência física ou psíquica da pessoa: medo de morrer, infartar, enlouquecer, perder a razão, o próprio controle e cometer atos inadequados.
➔ Sem tratamento adequado pode evoluir para depressão.
➔ Sintomas: (relacionados principalmente a descargas do sistema nervoso autonômico) taquicardia, sudorese, tremores, dispnéia, dor, desconforto torácico, náusea, desconforto
abdominal, boca seca, ondas de calor, calafrios,
Transtorno de Pânico
Agorafobia
➔ Ansiedade à respeito de locais ou situações em que possa ser difícil escapar ou onde possa não haver auxílio disponível → esquiva/fuga desses locais.
➔ Sinais e Sintomas: evita sair ou ficar sozinho, evita longas viagens, evita sair para fazer compras, comparecer a encontros, entre outros.
➔ prejuízos na vida laboral e social
Cuidados com Transtorno de Pânico e agorafobia
➔ Oferecer apoio emocional sem críticas
➔ Aplicar técnicas de relaxamento e respiração
➔ Oferecer uma escuta terapêutica ativa sem críticas
➔ Encorajar paulatinamente a pessoa a enfrentar os locais e situações que desencadeiam o ataque de pânico
➔ Proporcionar que a pessoa possa expressar os sentimentos de ansiedade e medo
Fobia Específica
➔ Caracterizada por um ansiedade significativa provocado por um objeto ou uma situação fóbica específica, que com frequência, leva a comportamento de esquiva.
➔ Ansiedade a um objeto ou uma situação.
➔ Reconhece o medo como algo excessivo e irracional.
➔ Ex. fobia de baratas, aracnofobia, fobia do mar, fobia de avião.
Fobia Social
➔ Caracterizada por ansiedade provocada por certos tipos de situações sociais ou de desempenho, que, com frequência, resulta em comportamento de esquiva.
Ex. Medo do seu desempenho em público, de julgamento de terceiros, terror à exposição.
➔ Reconhece que sua resposta é excessiva e irracional.
➔ Prejuízos nas relações profissionais e pessoais.
Cuidados relacionado às Fobias
➔ Encorajar a pessoa a explorar sentimentos subjacentes que possam contribuir para temores irracionais
➔ Planejar meios possíveis de enfrentá-los em vez de suprimi-los
➔ Incluir a pessoa na tomada de decisões relacionadas a seleção de estratégias de enfrentamento, de acordo com os nível de ansiedade.
➔ A pessoa pode decidir evitar o estímulo fóbico ou tentar eliminar o medo a ele associado
Transtorno Obsessivo Compulsivo
➔ Caracterizado por obsessões e ou compulsões.
◆ As obsessões – geradoras de ansiedade – podem ser pensamentos, impulsos ou até imagens
intrusivas (flashbacks) e recorrentes.
◆ As compulsões são atitudes ou atos mentais repetitivos que o portador realiza
voluntariamente em resposta às obsessões.
➔ A gravidade é variável.
➔ Sinais e Sintomas: (Diferentes rituais) Exemplos:
Repetir uma série de números (mentalmente); Lavar as mãos repetidas vezes; Tocar objetos ou pessoas;
Buscar simetria e/ou ordenação de objetos sempre no mesmo lugar, da mesma forma e na mesma
sequência; Fazer rituais de limpeza; Verificações
Cuidados com TOC
➔ Dar tempo suficiente para que a pessoa execute seus rituais no início do tratamento
➔ Começar a limitar gradualmente o tempo dos rituais a medida que se envolve em outras atividades
➔ Planejar horários com a pessoa para executar as atividades diárias
➔ Dar reforço positivo aos comportamentos não ritualísticos
➔ Encorajar a pessoa a identificar e discutir conflitos evidentes no sistema familiar
➔ Encorajar a participação da família na elaboração de planos para reduzir a ansiedade que leva a pessoa ao
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
➔ • Caracterizado pela repetição da vivência de um evento extremamente traumático, esquiva de estímulos associados com tal evento, ausência de reação e excitação aumentada persistente.
➔ Começa entre 3 meses à anos após o evento (pode durar alguns meses ou anos)
➔ Sintomas predominantes: sonhos intrusivos, flashbacks, angústia física e psicológica em relação à fatores que lembram o evento.
Cuidados com TEPT
➔ Permanecer junto no momento de flashbacks e pesadelos. Tranquilizar, pois esses eventos não são raros após vivenciar algo como o seu
trauma
➔ Ajudar a pessoa a compreender o trauma, se possível
➔ Discutir os sentimentos de vulnerabilidade e o
“lugar” da pessoa no mundo após o trauma
Cuidados com TEPT
➔ Reconhecer e dar reforço positivo quando ele interage voluntariamente com outras pessoas
➔ Procurar manter os mesmos membros da equipe técnica, quando possível usando uma abordagem não ameaçadora, franca e direta, mas amistosa, respeitando os desejos da pessoa quanto à interação com pessoas do sexo oposto nesse momento (em casos de estupro)
➔ Encorajar a falar sobre seu trauma no seu próprio ritmo
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Taylor CM. Uma resposta ao estresse. In: Taylor CM. Fundamentos de enfermagem psiquiátrica de Mereness. 13 ed. Porto Alegre: Artes Médicas: 1992
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