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RELATÓRIO DE APURAÇÃO. Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) Exercícios 2008 a de julho de 2021

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20 de julho de 2021

RELATÓRIO DE APURAÇÃO

Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Exercícios 2008 a 2020

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Controladoria-Geral da União (CGU)

Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE APURAÇÃO Órgão: Ministério da Educação

Unidade Examinada: Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) Município/UF: Belém/PA

Relatório de Apuração: 889681

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Missão

Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Apuração

O serviço de apuração consiste na execução de procedimentos com a finalidade

de averiguar atos e fatos inquinados de ilegalidade ou de irregularidade

praticados por agentes públicos ou privados, na utilização de recursos públicos

federais.

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QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO PELA CGU?

Foram avaliados dez processos de reconhecimento de diplomas de pós- graduação (mestrado e doutorado) deferidos pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) no período de 2008 a 2020, obtidos em decorrência da conclusão dos respectivos cursos no exterior. Teve-se como objetivo verificar se os processos de reconhecimento de diplomas de pós- graduação atenderam aos princípios da legalidade,

impessoalidade e

transparência e se o atual sistema de reconhecimento de diplomas de pós- graduação obtidos no exterior é eficiente, adequado em termos de oferta de serviços e acessível em função de variáveis que não promovam a exclusão de interessados, assim como se possuem os requisitos de integridade e transparência.

POR QUE A CGU REALIZOU ESSE TRABALHO?

O trabalho foi realizado em virtude da criticidade do tema em face da obrigatoriedade do cumprimento de princípios relativos à legalidade, transparência e integridade dos Processos de Reconhecimento de Diplomas de Pós-Graduação obtidos no exterior no âmbito das IFEs.

QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS AS RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO SER ADOTADAS?

Os exames realizados evidenciaram a existência de irregularidades no reconhecimento de diplomas de pós- graduação, em processos deferidos no período referente ao escopo do trabalho, com a respectiva obtenção de benefícios e vantagens indevidas; e o descumprimento do prazo de atendimento de reconhecimento de diploma estrangeiro.

Recomendou-se à UFRA anular o reconhecimento de diplomas ocorrido de forma irregular; apurar responsabilidades de quem deu causa à irregularidade; suspender efeitos financeiros decorrentes do reconhecimento irregular; cientificar os interessados acerca da necessidade de realizar novos pedidos de reconhecimento; atualizar a Carta de Serviços da instituição; determinar um fluxo com procedimentos e responsáveis pelo processo de reconhecimento de diplomas obtidos no exterior; e fazer um levantamento dos docentes que estejam recebendo benefícios e vantagens decorrentes de diplomas estrangeiros que ainda não foram devidamente reconhecidos no Brasil, tomando as medidas administrativas cabíveis.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CGU Controladoria-Geral da União

UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia MEC Ministério da Educação

TCU Tribunal de Contas da União CNE Conselho Nacional de Educação CES Câmara de Educação Superior

CONSEPE Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão STF Supremo Tribunal Federal

LDB Lei de diretrizes e bases da educação nacional

PROPED Pró - Reitoria de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico PPG Programa de Pós-Graduação

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 7

1. Resumo da demanda apresentada 7

2. Fatos apontados na demanda cuja ocorrência não foi constatada 8 3. Informação sobre o reconhecimento do diploma de pós-graduação do Sr. M.do N.B.,

obtido em 09.07.2008. 11

4. Informação sobre benefícios e vantagens obtidos pelo Sr. M.do N.B. que tinham como

pré-requisito a obtenção do grau de doutor. 12

5. Irregularidades no reconhecimento de diplomas de cursos de pós-graduação, realizados no exterior, por intermédio de processos deferidos no período de 2008 a

2015. 12

6. Obtenção de benefícios e vantagens decorrentes de reconhecimento irregular de

diplomas de cursos de pós-graduação no período de 2008 a 2015. 15 7. Reconhecimento de diplomas estrangeiros, a partir de 2016, realizados de forma

irregular. 15

8. Descumprimento no prazo do atendimento de reconhecimento de diploma

estrangeiro e falta de apuração de responsabilidades. 19 9. Obtenção de benefícios e vantagens decorrentes de reconhecimento irregular de

diplomas de cursos de pós-graduação a partir de 2016. 20

RECOMENDAÇÕES 21

CONCLUSÃO 22

ANEXOS 23

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 23

(7)

6

INTRODUÇÃO

Trata-se de atendimento à demanda do Ministério Público Federal, encaminhada à Controladoria Regional da União no Estado do Pará por intermédio do Ofício nº 6613/2019 – GABPR1, de 28.11.2019. O escopo da auditoria abrangeu processos de reconhecimento de diplomas de pós-graduação (mestrado e doutorado) deferidos pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), no período de 2008 a 2020, obtidos em decorrência da conclusão dos respectivos cursos no exterior.

O processo de reconhecimento de diplomas foi inicialmente regulamentado por intermédio do §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB) e do art. 4º da Resolução nº 01/2001 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior (CNE/CES).

Posteriormente, sobre o assunto foram editadas, em 2016, a Portaria Normativa nº 22 do Ministério da Educação, bem como a Resolução nº 03 do Conselho Nacional de Educação. No âmbito interno da UFRA, o processo é regulado pela Resolução nº 59 do Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão (CONSEPE), de 24.06.2010.

Os trabalhos foram realizados a distância, por meio de análise documental, no período de 29.10.2020 a 04.12.2020, e tiveram como objetivo obter respostas às seguintes questões de auditoria, considerando a edição, em 2016, dos normativos citados anteriormente.

Os processos de reconhecimento de diplomas de pós-graduação, deferidos no período de 2008 a 2015, atenderam aos princípios da legalidade, impessoalidade e transparência?

O atual sistema de reconhecimento de diplomas de pós-graduação obtidos no exterior é eficiente, adequado em termos de oferta de serviços e acessível em função de variáveis que não promovam exclusão de interessados, possuindo os requisitos de integridade e transparência?

Foram objeto de análise todos os dez processos de reconhecimento de diplomas que, segundo informações da Universidade, foram deferidos período de 2008 a 2020, não tendo sido impostas restrições aos trabalhos.

(8)

7

RESULTADOS DOS EXAMES

1. Resumo da demanda apresentada

Conforme disposto anteriormente, o Ministério Público Federal encaminhou demanda que trata da existência de supostas irregularidades em documentos referentes à emissão e ao reconhecimento do diploma de pós-graduação do Sr. M.do N.B.

Os principais pontos da demanda apresentada, referentes ao escopo dos trabalhos de auditoria, estão resumidamente dispostos a seguir.

- Publicação, em 10.03.2008, pela Universidade Federal Rural da Amazônia da Portaria nº 349/2008 concedendo Progressão Vertical, POR TITULAÇÃO, ao Professor M.do N.B., com efeitos financeiros a partir de 01.02.2008, do nível IV da classe de Professor Assistente para o nível I da classe de Professor Adjunto – Doutor, reconhecendo deste modo a referida pós- graduação (vale ressaltar que consta dos autos uma cópia da citada portaria).

- Reconhecimento do Grau de Doutor sem a comprovação da existência na UFRA, à época, de curso reconhecido e avaliado na mesma área de conhecimento, e em nível equivalente ou superior ou em área afim, em detrimento do disposto no §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB) e no art. 4º da Resolução nº 01/2001 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior (CNE/CES).

- Apresentação pelo Professor M.do N.B., à UFRA em 24.01.2007, de seu Relatório de Atividades Docentes (RADOC) referente ao exercício de 2006, onde teria sido informada a defesa, em 26.09.2006, de sua Tese de Doutorado à Universidade de Wolverhampton.

- Disponibilização para avaliação parcial, em junho de 2008, da tese de doutorado do Professor M.do N. B., requerendo à Universidade de Wolverhampton o título de Doutor em Filosofia (PHD) e emissão do respectivo diploma em julho do mesmo ano.

A demanda ressalta que tendo em vista a data de apresentação da tese / emissão do diploma o requerente não poderia ter progredido para Adjunto-Doutor, em 01.02.2008, tampouco informado no RADOC, referente a 2006, a defesa da tese. O que teria induzido ao erro a Superintendência de Gestão de Pessoas (SGDP) da UFRA, quando da publicação da Portaria nº 349, de 10.03.2008.

- Possível ocupação indevida pelo Professor M.do N. B., a partir de 01.07.2007, do cargo de Diretor do Instituto Socioambiental e de Recursos Humanos.

- Progressão indevida do Professor M.do N.B., em 29.01.2016, para a Classe de Professor Associado.

- Ocupação indevida pelo Professor M.do N.B., a partir de 09.08.2017, do cargo de Reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

- Reconhecimento do diploma de Doutorado, apenas em 16.12.2008, por intermédio de apostilamento subscrito pelo então Reitor M.A.L.N., constante do verso do referido documento. Sobre o assunto a demanda registra que, conforme disposto no art.77 do Regimento Geral da UFRA, compete aos Coordenadores de Curso “analisar e emitir parecer sobre os processos de validação, revalidação de diplomas e convalidação de estudos. ”

(9)

8 - Alteração, em 19.06.2019, do Currículo Lattes do Professor M.do N.B., disponível na página do CNPQ, visando modificar a grande área de atuação de sua tese de doutorado de “Ciências Humanas/Educação” para “Ciências Agrárias/Agronomia”, com o intuito de adequá-lo ao informado pela reitoria, em 09.07.2019, que relatou que a referida tese de doutorado teria

“aderência com a linha de pesquisa Socioeconômica e Desenvolvimento Rural do Programa de Ciências Agrárias da UFRA. ”

- A universidade de Wolverhampton, onde o Professor M.do N.B. cursou doutorado, possuiria diversas áreas de atuação, entre elas a de Estudos em Educação, mas não disponibilizaria estudos em nível de pós-graduação em Ciências Agrárias.

2. Fatos apontados na demanda cuja ocorrência não foi constatada

De acordo com a demanda apresentada, por intermédio da Portaria nº 349/2008, reproduzida a seguir, teria sido concedida Progressão Vertical POR TITULAÇÃO ao Professor M.do N.B., com efeitos financeiros a partir de 01.02.2008, reconhecendo deste modo o grau de Doutor do interessado.

Portaria nº 349/2008 disposta na página 28 do Processo MPF nº 1.23.000.001477/2019-71.

Constatou-se, entretanto, em análise ao Processo nº 23084.00001020/2008, referente ao relatório de avaliação para efeito de progressão do referido servidor, aprovado em 19.02.2008, a existência de portaria, com a mesma numeração, também concedendo a referida progressão, sem informar que esta seria por titulação, denotando, que a progressão ocorreu por desempenho.

(10)

9

Portaria nº 349/2008 disposta na página 10 do Processo nº 23084.00001020/2008 – PAG 10

Ressalte-se que, conforme disposto nos incisos 2º e 3º do artigo 31 do Decreto nº 94.664, de 23.07.1987, que aprovou o Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos, de que trata a Lei nº 7.596, de 10.04.1987, o acréscimo ao vencimento de integrante de magistério superior será de 10% quando progredir do final de uma classe para o inicial da seguinte e de 25% quando possuir o título de Doutor ou de Livre-Docente.

Em análise à ficha financeira do Professor M.do N.B. referente ao exercício de 2008, disponibilizada por intermédio do Ofício nº141/2020-GR/UFRA, constatou-se que o respectivo vencimento passou de R$ 872,57 em janeiro para R$ 950,27 a partir de fevereiro, ou seja, sofreu um acréscimo de aproximadamente 10%, denotando que sua progressão não foi por titulação, mas por desempenho. Caso fosse decorrente da obtenção do grau de Doutor, o acréscimo em seu vencimento seria de 25%, conforme disposto no artigo 31 do Decreto nº 94.664, de 23.07.1987.

Vale ressaltar que, em 28.08.2008, por intermédio da Portaria nº 1384, a Superintendência de Gestão de Pessoas da Universidade Federal Rural da Amazônia concedeu ao Professor M.do N.B. acréscimo de aproximadamente 25% à sua remuneração a partir de 10.07.2008, tendo em vista a obtenção do Grau de Doutor na Universidade de Wolverhanpton / Inglaterra, em 09.07.2008, conforme documento emitido pela referida instituição de ensino, reconhecendo o grau de Doutor.

Acerca do eventual registro indevido da defesa de sua tese no RADOC, referente ao exercício de 2006, e da disponibilização para avaliação parcial de sua tese de doutorado em junho de 2008, consta da defesa apresentada ao Ministério Público Federal a informação de que em

(11)

10 2006 o Professor M.do N.B. teria retornado para a Inglaterra para a defesa de sua tese, o que teria ocorrido em setembro do mesmo ano, por isso a informou no RADOC de 2006.

Consta ainda da referida defesa que em março de 2008 teria chegado comunicação da Universidade de Wolverhanpton informando que os examinadores recomendaram o grau de Doutor, desde que o trabalho passasse por alguns ajustes, o que teria ocorrido, resultando em sua aprovação em 09.07.2008, conforme disposto anteriormente.

A demanda relata também que o Professor M.do N.B. teria alterado em 16.06.2019, Currículo Lattes dele disponível na página do CNPQ, substituindo a grande área de atuação de sua tese de doutorado de “Ciências Humanas/Educação” para “Ciências Agrárias/Agronomia”, conforme registros a seguir.

Registro constante da página 64 do Processo MPF nº 1.23.000.001477/2019-71.

Registro constante da página 65 do Processo MPF nº 1.23.000.001477/2019-71.

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11 Em consulta ao sítio do CNPQ, em 09.02.2021, constatou-se que consta apenas o currículo atualizado do referido servidor, não sendo possível analisar eventuais alterações pretéritas.

Sobre o assunto foi relatado, por último, que a universidade de Wolverhampton, onde o Professor M.do N.B. cursou doutorado, possuiria diversas áreas de atuação, entre elas a de Estudos em Educação, mas que não disponibilizaria estudos em nível de pós-graduação em Ciências Agrárias.

Constatou-se que no site da referida universidade há atualmente a área de estudo “animais, plantas e a terra”, não tendo sido possível verificar, entretanto, o disposto na demanda, tendo em vista a falta de informações acerca dos cursos de pós-graduação ofertados à época da realização do curso cujo reconhecimento pela UFRA é objeto desta análise.

3. Informação sobre o reconhecimento do diploma de pós-graduação do Sr. M.do N.B., obtido em 09.07.2008.

A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) reconheceu, em 28.08.2008, conforme disposto anteriormente, o grau de Doutor em Filosofia do Professor M.do N.B., tendo em vista a conclusão em 09.07.2008 de curso de pós-graduação realizado na Universidade de Wolverhanpton / Inglaterra.

Oportuno registrar que por intermédio do disposto no Ofício nº 394/2020/REITORIA/UFRA, de 26.10.2020, a Universidade informou que não localizou o respectivo processo de reconhecimento, tendo disponibilizado o referente à progressão por titulação do referido servidor.

Em análise ao referido processo constatou-se que não há informações / documentos acerca da existência, à época, na UFRA de curso, reconhecido e avaliado, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior, nos termos do §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996 e do art. 4º da Resolução (CNE/CES) nº 01/2001, condição indispensável para o reconhecimento de cursos de pós-graduação realizados no exterior.

Em 05.11.2020, por intermédio do Ofício nº 128/PROPED, subscrito pelo respectivo Pró-Reitor Adjunto, a unidade informou que “com base na área de desenvolvimento da Tese e das disciplinas cursadas, constata-se a total aderência com a linha de pesquisa Socioeconômica e Desenvolvimento Rural do Programa de Ciências Agrárias da UFRA”, o que teria permitido o cumprimento dos requisitos dispostos na legislação. Oportuno consignar que até o encerramento do Relatório Preliminar de Auditoria a Universidade não havia disponibilizado a documentação comprobatória do reconhecimento e avaliação do citado curso à época.

Posteriormente, em sua manifestação acerca do Relatório Preliminar, conforme disposto no Anexo I, a UFRA novamente não comprovou que o Curso de Doutorado em Ciências Agrárias estava reconhecido e avaliado à época da conclusão do Curso de Pós-Graduação do Professor M.do N.B., condição necessária para o reconhecimento do respectivo diploma, conforme normativos já citados, mas continuou afirmando quanto à regularidade do curso à época do reconhecimento do diploma.

Considerando a não disponibilização de documentação comprobatória por parte da Universidade e sua constante manifestação quanto à regularidade do curso, solicitou-se à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação

(13)

12 (CAPES/MEC), informações sobre o assunto. A CAPES, por intermédio do Ofício nº 349/2021- GAB/PR/CAPES, de 18.06.2021, informou o seguinte:

“O curso de Doutorado em Ciências Agrárias (código 15002012003P8), da então FCAP, teve seu reconhecimento por meio da Portaria nº 2.530, de 4 de setembro de 2002, publicada em 6 de setembro de 2002 (SEI 1472136)

A sua desativação ocorreu por meio da homologação do Parecer CNE/CES Nº 210/2013, despacho publicado no Diário Oficial da União, de 16 de dezembro de 2013 (SI 1472137). ” Isto posto, com base nas informações disponibilizadas pela CAPES, o Curso de Doutorado em Ciências Agrárias, ministrado pela universidade à época, estava devidamente reconhecido quando da conclusão do curso de pós-graduação realizado pelo Professor M.do N.B, em atendimento ao disposto no §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996 e no art. 4º da Resolução (CNE/CES) nº 01/2001.

Constatou-se que, corroborando a demanda apresentada, no verso do diploma posteriormente apresentado pelo interessado consta apostilamento subscrito apenas em 16.12.2008 pelo então Reitor M.A.L.N. reconhecendo o referido documento, apesar de o art.77 do Regimento Geral da UFRA dispor que compete aos Coordenadores de Curso

“analisar e emitir parecer sobre os processos de validação, revalidação de diplomas e convalidação de estudos. ”

Por fim, cabe ainda registrar que o grau de doutor é pré-requisito para a obtenção de benefícios e vantagens auferidos pelo servidor no período de 2008 a 2020, como a retribuição financeira pelo respectivo grau, a progressão para a classe de Professor Associado e a ocupação dos cargos de Diretor do Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos e de Reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia.

4. Informação sobre benefícios e vantagens obtidos pelo Sr. M.do N.B. que tinham como pré-requisito a obtenção do grau de doutor.

Constatou-se em análise a processos de progressão funcional do Professor M. do N.B. e a informações constantes dos Ofícios nº 156, 157 e 160/2020/PROPED/UFRA que o referido professor obteve benefícios financeiros e ocupou cargos efetivos e em comissão que tinham como pré-requisito a obtenção do grau de doutor, conforme detalhado a seguir.

Por intermédio da Portaria nº 1384, de 28.08.2008, foi concedida ao servidor, a partir de 10.07.2008, retribuição por titulação referente ao grau de Doutor, recebida até 01.02.2016, quando o servidor progrediu para a Classe de “Professor Associado”, conforme Portaria nº 420/2016, onde se encontra até a presente data.

Faz-se necessário registrar ainda que o referido servidor ocupou, no período de 01.07.2009 a 07.08.2013, o cargo de Diretor do Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos e a partir de 05.08.2017 está ocupando o cargo de Reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia.

5. Irregularidades no reconhecimento de diplomas de cursos de pós- graduação, realizados no exterior, por intermédio de processos deferidos no período de 2008 a 2015.

Em análise aos demais processos de reconhecimento de diplomas de cursos de pós-graduação realizados no exterior, deferidos pela UFRA no período de 2008 a 2015, constatou-se também

(14)

13 a falta da comprovação, por meio de parecer circunstanciado, nos termos da Resolução CONSEPE nº 59/2010, da existência, na unidade, à época, de cursos reconhecidos e avaliados na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior ou em área afim, em detrimento do disposto no §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB) e no art. 4º da Resolução CNE/CES nº 01/2001.

Quadro: Demais processos de reconhecimento de diplomas expedidos no exterior indevidamente deferidos pela UFRA no período de 2008 a 2015.

Requerente Processo Grau reconhecido Ato de reconhecimento E.S. da R. Não localizado Doutorado Resolução CONSEPE nº 118/2012 J.R. da C.F.J. 23084.006002/2013-58 Mestrado Resolução CONSEPE nº 174/2014 G.H. de N. 23084.004721/2014-15 Doutorado Resolução CONSEPE nº 261/2015 Fonte: Ofício nº 394/2020/Reitoria/UFRA

A análise da documentação disponibilizada pela UFRA está disposta a seguir. Oportuno registrar que, conforme disposto no Ofício nº 394/2020/REITORIA/UFRA, de 26 de outubro de 2020, a UFRA informou que não localizou o processo de reconhecimento do servidor E.S. da R.

- Interessado: E.S. da R.

Acerca do reconhecimento do Diploma de Doutorado do Sr. E.S. da R., a unidade disponibilizou, apenas, a Resolução CONSEPE nº 118, de 06.12.2012, que homologa o referido processo de acordo com as deliberações da quarta reunião ordinária do respectivo Conselho, ocorrida na mesma data, e documento da Universidade Técnica de Dresden (Alemanha) com a respectiva tradução, informando que o Sr. E.S. da R. concluiu o doutorado com a tese:

“Avaliação dos impactos de operações de extração de madeira no processo de colheita de madeira em áreas de terra firme de florestas primárias da Amazônia Brasileira”.

A UFRA não disponibilizou, portanto, documentação comprobatória da existência à época de curso, reconhecido e avaliado, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior, nos termos do §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996 e do art. 4º da Resolução (CNE/CES) nº 01/2001, condição exigida para o reconhecimento de diplomas de pós-graduação obtidos no exterior.

Sobre o reconhecimento do diploma, a ata da referida reunião traz somente as seguintes informações:

“ A pauta III, que tratava da homologação de revalidação do Diploma de Doutorado de E.S. da R., foi explanada através do processo lido pelo Prof. P.S., explicando que o processo foi enviado à Proped para que se manifestasse quanto à revalidação, após a leitura do processo, a pauta foi posta em votação e aprovada com uma abstenção. ”

- Interessado: J.R. da C.F.J. (Processo nº 23084.006002/2013-58)

Constatou-se que por intermédio da Resolução CONSEPE nº 174, de 26.02.2014, a UFRA homologou o reconhecimento do diploma de Mestrado em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais do Sr. J.R. da C.F.J. Cabe ressaltar, entretanto, que conforme disposto no respectivo diploma, o grau obtido pelo interessado foi de Mestre em Aquicultura – Especialidade em Produção Agrícola.

(15)

14 Sobre o assunto o Memorando nº 81/2014-Proped/UFRA, de 26.02.2014, informa que após análise efetuada por uma banca composta por três especialistas, a validação do diploma foi aprovada pelo Colegiado Geral da Pós-Graduação, em 14.02.2014, em reunião realizada na PROPED e que o diploma foi validado com base em pareceres que o enquadra no curso de Mestrado em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais, ministrado pela UFRA.

Oportuno ressaltar, entretanto, que não constam dos autos os pareceres que enquadrariam o curso realizado no exterior ao de mestrado oferecido pela UFRA, há apenas dois memorandos que tratam da qualidade da dissertação de mestrado e não da eventual correspondência do curso realizado no exterior com o disponível na UFRA.

Vale registrar que a partir da edição da Resolução CONSEPE nº 59, de 24.06.2010 a análise acerca da correspondência do curso realizado no exterior com o oferecido pela UFRA será realizada por comissão de pelo menos três professores indicados pela respectiva Coordenadoria do Curso, homologada pelo Reitor em portaria, o que, no caso em tela, não ocorreu.

Por derradeiro, deve-se registrar que a unidade não disponibilizou documentação comprobatória do reconhecimento e avaliação do curso de Mestrado em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais, por ela oferecido, conforme exige o §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996 e art. 4º da Resolução CNE/CES nº 01/2001.

- Interessado: G.H. de N. (Processo nº 23084.004721/2014-15)

Por intermédio da Resolução CONSEPE nº 261, de 22.06.2015, aprovada pela Resolução CONSEPE nº 262, de 24.06.2015, a UFRA reconhece o Diploma de Doutorado e concede o título de Doutor em Ciências Florestais ao Sr. G.H. de N. Cabe ressaltar, entretanto, que conforme disposto no respectivo diploma, o grau obtido pelo interessado foi de Doutor em Filosofia pela Universidade de Washington.

Sobre o assunto o Memorando nº 81/2014-Proped/UFRA, de 26.02.2014, informa que após análise efetuada por uma banca composta por três especialistas, a validação do diploma foi aprovada pelo Colegiado Geral da Pós-Graduação, em 14.02.2014, em reunião realizada na PROPED e que o diploma foi validado com base em pareceres que o enquadra no curso de Doutorado em Ciências Florestais, ministrado pela UFRA.

Oportuno ressaltar, entretanto, que não constam dos autos os pareceres que enquadrariam o curso realizado no exterior ao de doutorado oferecido pela UFRA. Há apenas três pareceres que tratam da qualidade da dissertação de doutorado e não da eventual correspondência do curso realizado no exterior ao disponível na UFRA.

Vale registrar que a partir da edição da Resolução CONSEPE nº 59, de 24.06.2010 a análise acerca da correspondência do curso realizado no exterior com o oferecido pela UFRA será realizada por comissão de pelo menos três professores indicados pela respectiva Coordenadoria do Curso, homologada pelo Reitor em portaria, o que, no caso em tela, não ocorreu.

Por derradeiro, deve-se registrar que a UFRA não disponibilizou documentação comprobatória do reconhecimento e avaliação do curso de Doutorado em Ciências Florestais, por ela oferecido, conforme exige o §3º, art. 48, da Lei nº 9.394/1996 e art. 4º da Resolução CNE/CES nº 01/2001.

(16)

15 Entretanto, em resposta da CAPES/MEC disponibilizada por meio do Ofício nº 349/2021- GAB/PR/CAPES, de 18.06.2021, consta a informação de que um “novo programa de Pós- Graduação em Ciências Florestais foi recomendado pela CAPES e homologado pelo Ministro de Estado da Educação por meio da Portaria Nº 187 de 06 de março de 2015 (SEI 1472609)”, ou seja, antes da aprovação da Resolução CONSEPE nº 261, que reconheceu o respectivo diploma de doutorado.

6. Obtenção de benefícios e vantagens decorrentes de reconhecimento irregular de diplomas de cursos de pós-graduação no período de 2008 a 2015.

Em princípio faz-se necessário registrar que, conforme disposto no Ofício nº 156/2020/PROPED/UFRA, de 12.11.2020, os senhores J.R. da. C.F.J. e G.H. de N., cujos diplomas de pós-graduação foram reconhecidos pela universidade no período de 2008 a 2015, não fazem parte do quadro de servidores da UFRA, não tendo sido objeto de análise, portanto, a eventual obtenção de benefícios e vantagens indevidas.

Constatou-se, então, em análise a processos de progressão funcional do Professor E.S. da R., e ao disposto no referido ofício, a obtenção de benefícios financeiros pelo referido servidor sem o regular reconhecimento do Grau de Doutor, pois em 27.03.2012, por intermédio da Portaria nº 582, foi a ele concedida progressão vertical por titulação (doutorado), com efeitos financeiros a partir de 20.03.2012, benefício este que vem sendo pago até a presente data.

Vale ressaltar que o processo de reconhecimento do diploma de doutorado do servidor foi homologado, somente em 06.12.2012, por intermédio da Resolução CONSEPE nº 118.

Oportuno destacar que, conforme descrito anteriormente, o referido processo não foi localizado pela unidade.

7. Reconhecimento de diplomas estrangeiros, a partir de 2016, realizados de forma irregular.

Trata-se da análise do atual sistema de reconhecimento de diplomas de pós-graduação da UFRA, a partir de 2016, tendo em vista a edição da Portaria Normativa MEC nº 22, de 13.12.2016, da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016 e do advento da Plataforma Carolina Bori.

Foram analisados todos os diplomas de mestrado e doutorados reconhecidos pela UFRA após a entrada em vigor destes novos normativos.

Os processos de reconhecimento de diploma estrangeiro analisados neste item foram os listados a seguir:

Quadro 2 – Lista de Processos de Reconhecimento de Diplomas analisados

Processo Identificação

PPG* que reconheceu o

diploma

Data de ingresso do

pedido

Data de conclusão do pedido

23084.032123/2019-41 G. S. Doutorado em

Ciências Florestais

10.12.2019 15.09.2020

23084.008443/2013-94 T. S. D. F. Mestrado em Ciências Florestais

26.06.2013 12.06.2018

(17)

16

Processo Identificação

PPG* que reconheceu o

diploma

Data de ingresso do

pedido

Data de conclusão do pedido 23084.011318/2016-12 A. T. de O. B. Doutorado em

Ciências Florestais

02.07.2016 15.02.2017

23084.013649/2016-89 J. O. P. de C. Doutorado em Ciências Florestais

20.09.2016 15.02.2017

23084.017976/2016-18 A. B. B. Doutorado em Ciências Florestais

14.11.2016 29.06.2017

23084.013927/2017-89 M. R. da S. Mestrado em Ciências Florestais

17.07.2017 12.06.2018

Fonte: Processos apresentados pela UFRA, análise da equipe de auditoria.

* PPG-Programa de Pós-Graduação

De acordo com a análise destes processos as seguintes irregularidades foram cometidas pela UFRA, o que torna o reconhecimento dos diplomas inválidos:

1- Diplomas reconhecidos por curso de Pós-Graduação descredenciado

De acordo com a Plataforma Sucupira, o Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação (PPG) de Ciências Florestais foi descredenciado, em 20.12.2017, tendo em vista ter recebido uma baixa avaliação quadrienal da Capes, no entanto, a portaria com o resultado do descredenciamento só foi publicada em 2019. Apesar deste curso já ter sido descredenciado, o curso ainda existe até formar o último aluno que já teria ingressado antes desta data, pois segundo informações da UFRA, eles apenas não podem abrir novos editais.

Constatou-se que depois do descredenciamento deste curso, foi reconhecido um diploma estrangeiro pelo PPG do Doutorado em Ciências Florestais em 2020. Seria o diploma de doutorado do Sr. G. S., reconhecido em 15.09.2020.

Nos termos dos Art. 17 da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016 e Art. 25 da Portaria Normativa no 22/2016, os diplomas de cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), expedidos por universidades estrangeiras, só poderão ser reconhecidos por universidades brasileiras regularmente credenciadas que possuam cursos de pós-graduação avaliados, autorizados e reconhecidos, no âmbito do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG).

Cabe observar que este ato de reconhecimento de diploma não possui validade, tendo em vista que no momento do descredenciamento do Curso de Doutorado em Ciências Florestais, a UFRA passou a não deter mais os requisitos para realizar o reconhecimento.

2- Falta de fundamentação e análise relativa ao mérito e às condições acadêmicas do programa efetivamente cursado pelo requerente.

Nos cinco processos analisados, que não houve tramitação simplificada, os pareceres dos professores/especialistas da UFRA se limitam a aprovar o reconhecimento ou no máximo fazer uma análise da tese dos candidatos. Todos estes pareceres não atenderam ao requisito para reconhecimento do diploma, que seria a análise sobre o mérito e condições acadêmicas do programa efetivamente cursado pelo interessado, de acordo com parágrafo único do Art. 1o da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016.

(18)

17 A seguir demonstra-se um resumo das informações dos Pareceres apresentados nos processos citados:

- Processo 23084.032123/2019-41 (G. S.) – O Parecer apresentado, em 15.06.2020, por uma Comissão formada por três especialistas, declara apenas que a tese de doutorado possui mérito suficiente para revalidação do seu título de Doutor no Brasil e é equivalente em qualidade aos trabalhos de doutorado desenvolvidos em Ciências Florestais no Brasil.

- Processo 23084.008443/2013-94 (T. S. D. F.) - Não foi oficializada a formação de nenhuma comissão para a avaliação do reconhecimento de diploma. Constam três pareceres de especialistas, realizados em datas totalmente distintas. Os pareceres apresentados são superficiais e se limitaram a informar que a tese de mestrado foi analisada, sendo favorável ao reconhecimento de diploma de mestrado. São pareceres de apenas dois parágrafos que não contemplam quais as avaliações foram realizadas, se os requisitos da legislação foram atendidos ou sobre o mérito e condições acadêmicas do curso efetivamente cursado.

- Processo 23084.011318/2016-12 (A. T. de O. B.) - Não foi oficializada a formação de nenhuma comissão para a avaliação do reconhecimento de diploma. Constam três pareceres de especialistas, realizados em datas totalmente distintas. Os pareceres se limitam apenas a informar que concede o parecer favorável ao reconhecimento do diploma, por estar em consonância com a legislação pertinente. No entanto, não menciona qualquer verificação em relação ao mérito e condições acadêmicas do programa e nem especifica qual legislação e análise foram realizadas.

- Processo 23084.013649/2016-89 (J. O. P. de C.) - Não foi oficializada a formação de nenhuma comissão para a avaliação do reconhecimento de diploma. Constam três pareceres de especialistas, realizados em datas totalmente distintas.

Os pareceres não especificam as fundamentações com relação ao mérito e condições acadêmicas do programa. Em um dos pareceres, o especialista refere-se ao mérito da diplomação com base no seu trabalho e tese, constando ser de suma importância para o desenvolvimento científico e tecnológico do País, considerando o trabalho de tese com qualidade equivalente ao exigido no sistema brasileiro de pós-graduação. Em outro parecer, o especialista, que na época não possuía diploma de doutorado reconhecido, informou apenas dar um parecer favorável ao reconhecimento.

- Processo 23084.013927/2017-89 (M. R. da S.) – Não foi formalizada nenhuma comissão para análise e todos os pareceres dos especialistas apresentados declaravam que foi analisada a dissertação apresentada, sendo favorável ao reconhecimento.

Diante do exposto, verificou-se que nos processos analisados não existe nenhum documento que comprova a realização de alguma análise, realizada pela UFRA ou pelos especialistas, sobre o mérito e condições acadêmicas do programa efetivamente cursados pelos interessados, nos termos do parágrafo único do Art. 1o da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016. Todos os pareceres apresentados são superficiais e quando possuem alguma análise de mérito se refere apenas à tese do requerente.

Portanto, restou configurado que estes processos não respeitaram os requisitos previstos na legislação vigente, tornando o ato de reconhecimento inválido.

3- Processos de reconhecimento de diploma realizados sem apresentação de todos os documentos elencados no parágrafo 4o do Art. 18 da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016.

(19)

18 Em análise aos processos de reconhecimento de diplomas, constatou-se que dos seis processos analisados, em três processos não foram apresentadas as documentações necessárias para a concessão do reconhecimento de diploma.

O § 4º do Art. 18 da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016 elenca todos os documentos necessários para o reconhecimento do diploma estrangeiro. São eles: I- cadastro contendo os dados pessoais; II- cópia do diploma devidamente registrado pela instituição responsável pela diplomação; III - exemplar da tese ou dissertação com registro de aprovação da banca examinadora; a) ata ou documento oficial da instituição de origem, contendo a data da defesa, o título do trabalho, a sua aprovação e conceitos outorgados; b) nomes dos participantes da banca examinadora e do(a)orientador(a) acompanhados dos respectivos currículos resumidos, com indicação de site contendo os currículos completos; IV - cópia do histórico escolar, autenticado pela instituição estrangeira responsável pela diplomação e pela autoridade consular competente, descrevendo as disciplinas ou atividades cursadas, com os respectivos períodos e carga horária total, indicando a frequência e o resultado das avaliações em cada disciplina; V - descrição resumida das atividades de pesquisa realizadas e cópia impressa ou em endereço eletrônico dos trabalhos científicos decorrentes da dissertação ou tese, publicados e/ou apresentados em congressos ou reuniões acadêmico-científicas, indicando a(s) autoria(s),o nome do periódico e a data da publicação; e VI - resultados da avaliação externa do curso ou programa de pós-graduação da instituição, quando houver.

No processo da Sra. T. S. D. F. (23084.008443/2013-94) só foi apresentado o diploma, tese e histórico. Cabe observar, que a interessada deu entrada no pedido de reconhecimento, em 26.06.2013, antes da entrada em vigor da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016, no entanto como a UFRA demorou cinco anos para conceder o reconhecimento, deveria ter sido solicitado esta documentação, quando a Resolução entrou em vigor.

No processo do Sr. A. T. de O. B. (23084.011318/2016-12) consta a apresentação apenas do diploma e da tese, nenhum outro documento foi apresentado ou solicitado.

No processo do Sr. J. O. P. de C. (23084.013649/2016-89) foi apresentado pelo interessado o diploma, dados pessoais, cópia de três artigos e a tese. Importante ressaltar que os artigos enviados são de 2002 e 2004, não são da mesma época do Dourado que foi terminado em 28/06/1994, portanto não atende ao solicitado no item V do § 4º do Art. 18 da Resolução CNE nº 03/2016.

Em resumo, podemos considerar que cinco atos de reconhecimento de diploma são considerados inválidos, pois a UFRA deixou de atender a um ou mais requisitos do estipulado na legislação vigente. A seguir demonstra-se um quadro com um resumo das irregularidades cometidas pela universidade:

Quadro 3 – Resumo das irregularidades nos processos de reconhecimento de diploma

Processo Identificação PPG que reconheceu

o diploma Irregularidades constatadas

23084.032123/2019-41 G. S. Doutorado em

Ciências Florestais

Curso descredenciado (item 1) e Parecer insuficiente (item 2)

23084.008443/2013-94 T. S. D. F. Mestrado em Ciências Florestais

Parecer insuficiente (item 2) e falta de documentação (item 3)

23084.011318/2016-12 A. T. de O. B. Doutorado em Ciências Florestais

Parecer insuficiente (item 2) e Falta de documentação (item 3)

(20)

19

Processo Identificação PPG que reconheceu

o diploma Irregularidades constatadas 23084.013649/2016-89 J. O. P. de C. Doutorado em

Ciências Florestais

Parecer insuficiente (item 2) e Falta de documentação (item 3)

23084.013927/2017-89 M. R. da S. Mestrado em

Ciências Florestais Parecer insuficiente (item 2) Fonte: Processos apresentados pela UFRA, análise da equipe de auditoria.

* PPG-Programa de Pós-Graduação

Resta claro, portanto, que os diplomas de mestrado e doutorado obtidos no exterior somente têm validade no território nacional se reconhecidos por instituição com as qualificações previstas nos termos da legislação vigente. Ademais, os processos de reconhecimento efetuado pela UFRA não foram formalizados de acordo com os preceitos legais, estando assim considerados inválidos.

8. Descumprimento no prazo do atendimento de reconhecimento de diploma estrangeiro e falta de apuração de responsabilidades.

Com o advento da Portaria Normativa MEC nº 22, de 13.12.2016 novas normas e procedimentos gerais passaram a ter que ser observados pelas universidades para a concessão de reconhecimento de diplomas de mestrado e doutorado estrangeiros, entre elas a estipulação de um prazo máximo para ser realizado o reconhecimento e aplicação de penalidades para o seu descumprimento.

De acordo com a nova legislação, o pedido de reconhecimento de diplomas deverá ser admitido a qualquer data pela instituição reconhecedora e concluído no prazo máximo de até 180 dias (Art. 6º Portaria Normativa MEC nº 22/2016). A instituição reconhecedora, em caso de tramitação simplificada, deverá encerrar o processo em até 90 dias, contados a partir da data de abertura do processo (Art. 35 Portaria Normativa MEC nº 22/2016). Ressalte-se que há previsão na Portaria 22/2016 da possibilidade de desconto na contagem do prazo de tramitação de 60 dias, referente aos 15 dias de recesso acrescido de 45 dias de férias por exercício.

Em análise ao prazo que a UFRA levou para conceder o reconhecimento de diploma, mesmo levando-se em consideração o desconto de prazo previsto pela legislação, verificou-se que dos seis processos de reconhecimento de diploma analisados, três processos não atenderam o prazo máximo para reconhecimento do diploma, de acordo com o detalhamento a seguir:

Quadro 4 – Processos de reconhecimento de diploma que não atenderam ao prazo previsto na legislação

Processo Identificaçã o

Tipo de Tramitação/Praz

o máximo

Data de ingresso no

pedido

Data de conclusão do pedido

Prazo para concessã

o Diploma 23084.008443/201

3-94 T. S. d. F. Normal – 180 dias 26.06.2013 12.06.2018 5 anos 23084.017976/201

6-18 A. B. B. Simplificado – 90 dias

14.11.2016 29.06.2017 227 dias

(21)

20

Processo Identificaçã o

Tipo de Tramitação/Praz

o máximo

Data de ingresso no

pedido

Data de conclusão do pedido

Prazo para concessã

o Diploma 23084.013927/201

7-89 M. R. da S. Normal – 180 dias 17.07.2017 12.06.2018 330 dias Fonte: Processos apresentados pela UFRA, análise da equipe de auditoria.

Com relação ao descumprimento deste prazo, sendo que um levou cinco anos, a UFRA, por meio Ofício nº 157/2020/PROPED/UFRA, informou que em nenhum dos casos realizou qualquer tipo de apuração de responsabilidade funcional e institucional.

O descumprimento do prazo ensejará a apuração de responsabilidade funcional e institucional, diretamente no âmbito da instituição ou por órgão externo de controle da atividade pública ou de supervisão da educação superior brasileira, conforme dispõe o § 3º do Art. 6º Portaria Normativa MEC nº 22/2016.

Portanto, a UFRA não cumpriu os prazos previsto para a concessão do reconhecimento de diploma estrangeiro e nem adotou medidas para apuração de responsabilidades.

9. Obtenção de benefícios e vantagens decorrentes de reconhecimento irregular de diplomas de cursos de pós-graduação a partir de 2016.

Trata-se da verificação se o eventual reconhecimento indevido gerou benefício financeiro para os docentes da UFRA. Dos processos analisados, apurou-se que apenas dois são pertencentes a servidores da UFRA e nestes casos constatou-se que os docentes tiveram o diploma reconhecido sem atender aos requisitos e obtiveram gratificação de titulação e progressão funcional indevidamente.

1- Processo nº 23084.011318/2016-12 (A. T. de O. B.): Verificou-se que, em 12.11.1996, o professor recebeu gratificação de grau doutor, com acréscimo de 50% em seu salário, de forma irregular, pois além de ser por meio de um diploma de doutorado provisório, o mesmo não tinha sido reconhecido no Brasil. Ademais, constatou-se que, em 14.09.2006, o docente teve sua progressão funcional do cargo Adjunto IV para o cargo de Associado I (privativo de doutor), bem como, em 14.03.2014, teve a progressão do cargo de Associado I para Associado II.

A retribuição por titulação de doutor e as promoções funcionais para os cargos privativos de doutorado foram concedidas de forma irregular, pois ocorreram antes mesmo da data de ingresso do pedido de reconhecimento do diploma obtido no exterior que ocorreu apenas em 02.07.2016, sendo que o reconhecimento de diploma de doutor na UFRA só ocorreu em 15.02.2017, depois até mesmo de o docente ter se aposentado. Além do reconhecimento ter ocorrido após a concessão das gratificações e progressões, o mesmo é considerado inválido tendo em vista as irregularidades encontradas em seu processo, conforme já detalhado em item específico deste relatório.

Quadro 5 – Linha do Tempo (Cronologia das gratificações e progressões do Professor A.

T. de O. B.)

(22)

21

Fonte: Processo de reconhecimento de diploma no 23084.011318/2016-12

É pacífico na jurisprudência brasileira que os diplomas obtidos no exterior para terem validade no Brasil precisam passar por processo de revalidação, nos termos da legislação vigente.

Dispõe a Lei no 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), em seu art. 48, que os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional e que os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior.

2 - Processo nº 23084.013649/2016-89 (J. O. P. de C.) – Constatou-se que o docente da UFRA teve o seu diploma reconhecido em 15.02.2017 e este reconhecimento foi considerado irregular pela falta de parecer contendo mérito. Desta forma a concessão de gratificação de retribuição de titulação concedida em 25.05.2017, com efeitos financeiros a partir de 14.03.2017 também estaria irregular.

Apesar de não haver indicativos de que os docentes tenham agido de má-fé, as progressões e gratificações de titulação concedidas foram irregulares e não deveriam ter produzido efeitos.

No caso dos dois docentes da UFRA que tiveram seus diplomas de doutorado reconhecidos irregularmente, o ato de reconhecimento seria, portanto, considerado inválido, o que ocasionaria na perda de um requisito para progressão. Portanto, os docentes estariam recebendo irregularmente a gratificação de titulação de doutor e progressão para cargos privativos de doutor.

Cabe registrar ainda que o único processo de reconhecimento, deferido no período objeto dos exames, que ocorreu de forma simplificada atendeu aos requisitos da Resolução CNE nº 03, de 22.06.2016. Ressalte-se, entretanto, que foi constatada a ausência de registro de diplomas no respectivo livro de apostilamento e a falta de divulgação da capacidade de atendimento aos pedidos de reconhecimento.

RECOMENDAÇÕES

1 – Anular os atos que deferiram o reconhecimento de diplomas de pós-graduação obtidos no exterior, de forma irregular, tendo em vista o descumprimento das normas que regiam sua concessão.

Achados nº 5 e nº 7.

12.11.1996 14.09.2006 14.03.2014 15.02.2017

Gratificação de grau doutor, com acréscimo de 50% em seu salário

Progressão funcional do cargo Adjunto IV para o cargo de Associado I (privativo de doutor)

Progressão funcional do

cargo de

Associado I para Associado II (privativo de doutor)

Reconhecimento do Diploma estrangeiro de Doutor

(23)

22 2 - Apurar responsabilidade de quem deu causa aos reconhecimentos deferidos sem o atendimento das normas regulamentadoras.

Achados nº 5 e nº 7.

3 – Adote providências com vistas a suspender todos os efeitos financeiros, como o pagamento de benefícios e vantagens, decorrentes de reconhecimento de diploma ocorrido de forma irregular, até que novo ato de reconhecimento válido seja providenciado.

Achados nº 6 e nº 9

4 – Cientificar os requerentes que tiveram o seu reconhecimento de diploma considerados inválidos, informando acerca da necessidade da realização de novo pedido de reconhecimento. E no caso dos cursos que se encontram descredenciados, este pedido deve ser realizado em outra Universidade habilitada.

Achados nº 5 e nº 7.

5 - Atualizar a Carta de Serviço ao Usuário ou elaborar um documento formal sobre o reconhecimento de diploma na instituição, de forma a orientar corretamente cada parte envolvida no processo, quais são os itens e requisitos necessários para a concessão do reconhecimento, principalmente com relação aos requisitos que devem ser avaliados no parecer dos especialistas.

Achados nº 7 e nº 8

6 - Determinar o fluxo do reconhecimento de diploma com a estipulação de prazos para cada etapa, responsáveis pela sua execução, bem como determinar o setor e as pessoas responsáveis pelo acompanhamento do reconhecimento de diploma.

Achado nº 8

8 - Fazer um levantamento dos docentes da UFRA que estejam recebendo vantagens e benefícios decorrentes da apresentação de diploma estrangeiros e que ainda não foram devidamente reconhecidos no Brasil, a fim de tomar as medidas administrativas cabíveis.

Achado nº 9

CONCLUSÃO

Os exames realizados demonstraram que os processos de reconhecimento de diplomas de pós-graduação obtidos no exterior, deferidos no período referente ao escopo deste trabalho, não atenderam plenamente aos princípios da legalidade, impessoalidade e transparência, tendo em vista a ocorrência de irregularidades, com a respectiva obtenção de benefícios e vantagens indevidas e a falta de disponibilização de processos.

Verificou-se, em processos deferidos a partir de 2016, o descumprimento do prazo de atendimento do reconhecimento de diplomas e a falta de apuração de responsabilidades pelo ocorrido.

(24)

23 Ressalte-se, todavia, que não se verificou, no atual sistema de reconhecimento de diplomas, ineficiências ou inadequações, em termos de oferta dos serviços, tampouco a existência de variáveis que promovam a exclusão de possíveis interessados.

Em decorrência dos trabalhos realizados espera-se que a Universidade institua rotinas e procedimentos de análise dos processos de reconhecimento, para que sua concessão ocorra de acordo com as normas que regulam a matéria, bem como suspenda os pagamentos de vantagens obtidas em decorrência do reconhecimento de diplomas realizado de forma indevida.

ANEXOS

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA

Manifestação da unidade examinada

A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), por intermédio do Ofício nº 132/2021/GAB/REITORIA/UFRA, de 26.04.2021, apresentou manifestação quanto ao Relatório Preliminar de Auditoria, enviado à Universidade por meio do Ofício nº 5273/2021/PARÁ/CGU, de 30.03.2021. A fim de evitar repetição de transcrições da manifestação encaminhada pela UFRA em cada achado, optou-se por transcrever na íntegra a manifestação encaminhada pela Universidade.

“Senhor Auditor,

Antes de respondermos aos itens apontados no Relatório Preliminar encaminhado através do Ofício nº 5273/2021/PARÁ/CGU, entendemos ser relevante fazer as seguintes considerações:

De início, não concordamos com as colocações dessa douta Auditoria quando sugere que as inconsistências apontadas são taxadas como irregularidades.

Com efeito, segundo o Manual de Orientações Técnicas da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal (MOT), que tem a destinação de orientar tecnicamente os órgãos e unidades que integram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal (SCI) e as auditorias internas singulares dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal (Audin) sobre os meios de operacionalizar os conteúdos constantes do Referencial Técnico, os atos e os fatos inquinados de ilegais ou irregulares, a que se refere a Lei 10.180, de 2001, podem constituir erro ou fraude.

As fraudes são quaisquer atos ilegais caracterizados por desonestidade, dissimulação ou quebra de confiança. Na mesma direção o Conselho Federal de Contabilidade define fraude como “o ato intencional de um ou mais indivíduos da administração, dos responsáveis pela governança, empregados ou terceiros, que envolva dolo para obtenção de vantagem injusta ou ilegal”

Por outro lado, erro, segundo o MOT, se constitui em ato não-voluntário, não-intencional, resultante de omissão, desconhecimento, imperícia, imprudência, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de documentos, registros ou demonstrações, pois não está caracterizada a intenção de causar dano.

(25)

24 Não é demasiado destacar que os achados de auditoria, segundo leciona o MOT, podem indicar conformidade ou não-conformidade com o critério, bem como registrar oportunidades para melhoria ou boas práticas. Assim, as não-conformidades encontradas na comparação entre o critério e a condição podem envolver impropriedade e irregularidade. A primeira, caracteriza-se por falhas de natureza formal e outras que têm o potencial para conduzir à inobservância aos princípios de administração pública ou à infração de normas legais e regulamentares, tais como deficiências nos controles internos da gestão, violações de cláusulas, abuso, imprudência, imperícia.

Irregularidade, por outro lado, caracteriza-se pela prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, tais como fraudes, atos ilegais, omissão no dever de prestar contas, violações aos princípios de administração pública.

Assim, ante ao exposto, consultamos quanto à possibilidade de se efetuar pequenos ajustes nas “manchetes” dos achados de nº 3 e 5, substituindo os termos “irregularidade” por

“impropriedade”, buscando alinhamento com a melhor técnica de auditoria e considerando que a equipe de auditoria manifesta-se no sentido de “não haver indicativos de que os docentes tenham agido de má-fé”.

Outra consideração é relativa à ausência de documentos solicitados por essa auditoria e que não foram localizados pela UFRA.

Sobre a questão, temos a esclarecer que o arquivamento físico de papéis na administração pública e, em especial, na Ufra foi, por muito tempo, a principal estratégia de gestão documental feita pela Universidade.

Essa estratégia, contudo, trouxe consigo alguns problemas, dentre eles pode-se destacar o elevado risco de: a) a perda de documentos; b) a deterioração dos papéis (amarelamento e outras causas de ilegibilidade) e; c) os riscos à saúde causados pelos ácaros e pela poeira.

Em tempo, vale destacar que a UFRA passou a utilizar um sistema integrado de gestão, ainda que de maneira limitada, somente em 1/10/2012 com a implantação do Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contrato – SIPAC (Anexo 1). Desde então a universidade vem aprimorando esse sistema, por exemplo, com a atualização de novas rotinas administrativas e a implantação de novos sistemas como o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA em 2014. Mesmo em 2017 os processos ainda eram tramitados apenas com o número digitalmente gerados, mas todo seu conteúdo era em papel, portanto gerando apenas o controle da origem do processo.

Sucede que, apesar das medidas adotadas nas gestões anteriores, como a implantação em 2012 de um sistema eletrônico de gestão documental na UFRA, somente em 2020, já na atual gestão, a UFRA passou a utilizar a gestão documental integralmente eletrônica, cujos processos administrativos são utilizados de forma 100% digital.

Dessa maneira, feitas as considerações e esclarecimentos supracitados, seguimos com as manifestações acerca dos itens apontados como impropriedades no Relatório Preliminar:

1. Manifestação acerca dos itens “3” e “4” do Relatório Preliminar:

(26)

25 Primeiramente, quanto às constatações referentes ao diploma de Doutorado do docente Marcel do Nascimento Botelho, ratificamos que sua tese de doutoramento, intitulada

“Aprendendo ser um agente interno de mudança em uma Universidade Rural Brasileira” é aderente ao programa de pós-graduação em Ciências Agrárias da UFRA. Sobre este quesito, caso ainda paire dúvidas, anexamos declaração do Dr. Robert Kowalski (Anexo 2), orientador do professor Marcel Botelho, pela qual o pesquisador é categórico ao afirmar que a pesquisa de doutoramento do docente Marcel do Nascimento Botelho é na área de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural, ou seja, a pesquisa desenvolvida em sua tese é inteiramente afim do curso de Pós-graduação em Ciências Agrárias da Ufra, vigente à época da revalidação.

Corroborando tais conclusões, foi o trabalho realizado e comunicado através do Ofício nº 128/PROPED (Anexo 3), que concluiu que “com base na área de desenvolvimento da Tese e das disciplinas cursadas, constata-se a total aderência com a linha de pesquisa Socioeconômica e Desenvolvimento Rural do Programa de Ciências Agrárias da UFRA”.

Certamente em 2008, tanto a Coordenação do Curso de Ciências Agrárias da UFRA, como a CPPD chegaram à mesma conclusão, não por razões de pessoalidade, ineficiência ou inadequações, mas sim, por honestidade científica.

Ressaltamos que essas conclusões e constatações constituem trabalho técnico e científico, que podem ser atestados por outros profissionais do meio científico.

2. Manifestação acerca dos itens “3” e “7.2” do Relatório Preliminar:

Ainda sobre a revalidação do diploma do docente Marcel Botelho e, também, do docente João Olegário Pereira de Carvalho, caso ainda não esteja cristalino o entendimento da terminologia Doctor of Philosophy, reforçamos o que fora esclarecido através do Ofício 128/PROPED, de 05 de novembro de 2020 (Anexo 3), que embora nos referidos diplomas conste o título “Doutorado em Filosofia”, existe uma diferença entre as universidades brasileiras e as europeias ou ainda as norte americanas. As brasileiras fornecem o título de DSc (Doctor Scientiae, Doctor of Science ou Doutor em Ciências) para as pessoas que completam um curso de doutorado, sendo este título (DSc) equivalente ao título de PhD (do latim: philosophiae doctor ou doctor philosophiaeque , "doutor em filosofia") que é obtido em universidades de outros países. Ser PhD não significa necessariamente ser um especialista em Filosofia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutoramento). O PhD é a sigla para Doctor of Philosophy. É o título atribuído a quem conclui um doutorado no exterior (ou doctoral degree). E apesar da tradução ser “Doutor de Filosofia”, não significa necessariamente que todo profissional PhD é filósofo, a não ser que tenha concluído o doutorado em filosofia. A palavra Philosophy é usada pelo seu significado original em grego:

“amor pelo conhecimento”.

Portanto, a tradução “Doutor de Filosofia” não é literal. Ou seja, não significa necessariamente que todo profissional PhD é filósofo, mas é uma referência aos antigos filósofos que eram considerados do mais alto nível de conhecimento, por dominarem diversas áreas e serem referências dentro da sociedade.

Também no que se refere a revalidação do diploma do docente João Olegário Pereira de Carvalho, ratificamos que sua tese cujo título “Estrutura e dinâmica de floresta tropical amazônica explorada na Amazônia brasileira” está diretamente correlacionada com o Programa de pós-graduação de Ciências Florestais, aderente à área e linha de pesquisa:

Manejo de Ecossistemas de Florestas Nativas e Plantadas (Figura 1).

(27)

26 FIGURA1. Linhas de pesquisa do Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais.

Já em relação à revalidação do doutorado do Sr. Amaury Burlamaqui Berdahan, com a nomenclatura Doutor em Ciências Agrônomas e título de sua tese “Sistema de Integração- Lavoura-FLORESTA na Amazônia brasileira”, esclarecemos que esta temática está vinculada a grande área de Ciências Agrárias. Assim, os cursos de pós-graduação em Ciências Agrárias, Agronomia e Ciências Florestais estão dentro desta grande área de conhecimento. Destarte, ambos os cursos possuem um sombreamento nas áreas de conhecimento, linhas de pesquisas e disciplinas. Apesar do Doutorado ser Docteur em Sciences Agronomiques, sua tese NÃO necessariamente deveria ser reconhecida por um Curso de pós-graduação em Agronomia. No processo em questão (23084.017976/2016-18) a Pró-Reitoria de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PROPED) remeteu o requerimento para o curso de Pós-graduação em Agronomia, por ser mais abrangente. Inferiu-se ter maior rol de especialistas naquele programa. Contudo, após a negativa, a PROPED encaminhou para análise do Curso de pós- graduação de Ciências Florestais (também integrante da grande área de Ciências Agrárias) para fazer o reconhecimento da referida tese. Ato contínuo, a comissão ora designada e com competência para atuar, avaliou e reconheceu o diploma em questão.

3. Manifestação acerca dos itens “3”, “4”, “5”, “7.3” e “7.4” do Relatório Preliminar:

No que se refere a constatação de ausência de processo específico de revalidação concernente ao diploma do docente Marcel do Nascimento Botelho, reafirmamos que a UFRA, à época, não dispunha de procedimentos específicos a respeito do requerimento em questão.

De modo geral, os atos administrativos, por vezes, careciam de maiores formalidades e registros, o que não significa que o mérito das análises era irregular ou inválido. No presente caso, conforme documentação já apresentada durante a auditoria, o reconhecimento do diploma em questão foi conduzido internamente pela Comissão Permanente de Pessoal Docente, culminando com a assinatura pelo Reitor Marco Aurélio Leite Nunes, entretanto, para efeito de comprovação, não foram localizados os papeis de trabalho dos avaliadores, bem como os trâmites de encaminhamentos. Corrobora este entendimento os encaminhamentos dados no processo nº. 23084.00001467/2008 (Anexo 4), o qual foi o requerimento utilizado pela administração, à época, para revalidação doutorado ou que, pelo menos, era parte componente do procedimento, conforme podemos observar nos despachos constantes do processo em questão, os quais por conveniência transcrevemos:

Referências

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