PC-MG
POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS
LÍNGUA PORTUGUESA
A SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES – PARTE I
S UMÁRIO
1. Sujeito ...3
1.1 O Sujeito Determinado Simples ...6
1.2 O Sujeito Determinado Composto ...7
1.3 O Sujeito Indeterminado ...8
1.4 A Oração sem Sujeito ...9
2. Predicado: Nominal, Verbal e Verbo-Nominal ...12
2.1 Predicado Nominal ...16
2.2 Predicado Verbal ...16
2.3 Predicado Verbo-Nominal ...18
3. Predicativo do Sujeito e Predicativo do Objeto ...20
4. Aposto e Vocativo ...23
4.1 Aposto ...23
4.2 Vocativo ...24
Resumo ...27
Glossário ...28
Referências Bibliográficas ...30
Questões de Concurso ...31
Gabarito ...64
Questões Comentadas ...65
1. Sujeito
Na última aula, eu disse que um período pode ser simples (quando há apenas uma oração, chamada absoluta) ou composto (quando há duas ou mais orações, coordenadas e/ou subordinadas). Nesta aula, conheceremos a estrutura do perí- odo simples, o qual é formado por um núcleo verbal (oração absoluta). O período simples também será tema da próxima aula (a oitava), certo? Ao trabalho, então!
Uma oração é formada pelo par SUJEITO e PREDICADO. Em termos informacio- nais, o predicado é tudo aquilo que se afirma ou nega a respeito do sujeito. Sinta- ticamente, o predicado estabelece uma relação de concordância com o seu sujeito.
Essa concordância pode ser entendida como um processo de “harmonização” entre as propriedades gramaticais de número e pessoa do sujeito e de flexão verbal (que são manifestadas pelo morfema de número-pessoa).
Propriedades gramaticais do sujeito
desencadeiam concordância
na flexão do verbo, a qual manifesta as propriedades do sujeito pelo morfema de número-pessoa.
Nós chegamos
Podemos entender a relação entre o sujeito Nós e o predicado chegamos da seguinte maneira:
• relação informacional: “chegar” é o que se afirma em relação a um grupo de indivíduos (“nós”).
• relação de concordância: o sujeito possui as propriedades de número (plural) e pessoa (primeira). Essas propriedades são representadas pela flexão do verbo chegar: -mos, que significa primeira pessoa do plural.
Uma última propriedade gramatical caracteriza o sujeito de uma oração. Vamos entender essa propriedade a partir do contraste entre as frases a seguir:
(1) a. João encontrou um antigo professor.
b. Ele encontrou um antigo professor.
c. Ele o encontrou.
Na frase em (1a), temos o sujeito João e o predicado encontrou um antigo professor. Se substituirmos o sujeito João por um pronome equivalente (isso é, de terceira pessoa do singular), temos a frase em (1b): Ele encontrou um antigo professor.
Além de João, outro termo da frase em (1a) pode ser substituído por um pro- nome: o objeto um antigo professor. A substituição transforma o objeto no pro- nome o (de terceira pessoa do singular), e temos a frase em (1c).
Está claro até aqui? O que eu estou tentando dizer é o seguinte: o sujeito e o objeto de uma oração podem ser substituídos por formas pronominais. A frase em (1c) é uma representação disso: o sujeito João foi substituído pelo pronome Ele, e o objeto um antigo professor foi substituído pelo pronome o.
Essa substituição dos pronomes não é aleatória. Trocar o sujeito João pelo pro- nome o tornaria a oração incorreta:
(1) d. O encontrou um antigo professor.
É por isso que a tradição gramatical afirma que os pronomes pessoais retos exercem a função de sujeito da oração. Relembrando os pronomes pessoais retos (que exercem a função de sujeito), temos:
1ª pessoa do singular EU
2ª pessoa do singular TU
3ª pessoa do singular ELE/ELA 1ª pessoa do plural NÓS
2ª pessoa do plural VÓS
3ª pessoa do plural ELES/ELAS
Os pronomes que exercem as funções sintáticas de objeto direto e objeto indi- reto serão abordados na sequência dessa nossa aula.
Outros pronomes também podem exercer a função sintática de sujeito:
Pronomes que podem exercer a função sintática de sujeito
Demonstrativos Indefinidos Relativo
este(s), esta(s), isto esse(s), essa(s), isso, aquele(s), aquela(s), aquilo
Algum(a)(s) Alguém Nenhum(a)(s) Ninguém Outro(a)(s) Outrem Muito(a)(s) Pouco(a)(s) Certo(a)(s) Vários(as) Tanto(a)(s) Quanto(a)(s) Qualquer Quaisquer Nada Cada Algo
Que O qual Os quais A qual Os quais
Os pronomes possessivos e interrogativos também podem funcionar como sujeitos sintáticos, mas são mais exigentes em relação à presença de um determi- nante.
Pronto, agora temos uma definição mais clara de sujeito:
• o sujeito é o termo da oração sobre o qual recai a predicação (sobre o qual se diz algo). É nessa noção que fazemos a pergunta para encontrar o sujeito de uma predicação: quem é que (verbo)? A resposta a essa pergunta dirigida ao verbo/predicado é o sujeito da oração;
• o sujeito é o termo com o qual o verbo concorda (isso é, o verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito);
• o sujeito, quando em forma pronominal, manifesta-se sob a forma de um pronome pessoal reto.
Agora discutirei os tipos de sujeito. É nesse ponto que as bancas examinadoras avaliam o seu conhecimento.
Os tipos de sujeito são esses:
DETERMINADO (EXPLÍCITO) Simples Composto
DETERMINADO: OCULTO, ELÍPTICO OU DESINENCIAL
INDETERMINADO
Também consideraremos a oração sem sujeito.
1.1 O Sujeito Determinado Simples
O sujeito simples é aquele cujo núcleo é formado por um único elemento.
Esse elemento pode ser um substantivo ou um pronome.
(2) a. O rapaz chegou cedo. [um único núcleo substantivo]
b. Nós estamos de partida. [um único núcleo pronominal]
1.2 O Sujeito Determinado Composto
O sujeito composto é aquele formado por dois ou mais núcleos (substantivos e/ou pronominais).
(3)a. A Ofélia, o Arnaldo e o Antenor chegaram cedo.
b. Eu, ele e ela participaremos da atividade.
O sujeito determinado simples e o sujeito determinado composto apresentados (2a-b e 3a-b) são EXPLÍCITOS. Isso quer dizer que a forma sintática do sujeito está representada foneticamente (estão presentes, explícitos).
A ideia de DETERMINADO é a seguinte: um sujeito é determinado se for possível identificá-lo na cadeia do discurso. No caso dos sujeitos explícitos, fica claro que é possível determinar (identificar) o sujeito. Nem sempre os sujeitos es- tão explícitos (representados foneticamente): esse é o caso dos sujeitos implícitos (chamados de elípticos, ocultos ou desinenciais).
Os sujeitos implícitos (elípticos, ocultos ou desinenciais) são aqueles em que é pos- sível recuperar o sujeito na cadeia do discurso (isso é, são determinados). Para iden- tificá-los, é preciso olhar para a flexão do verbo (desinência), como em (4) a seguir:
(4)a. Saí mais cedo para poder assistir ao jogo.
[EU saí: 1ª pessoa do singular]
b. Ficamos esperando por muito tempo.
[NÓS ficamos: 1ª pessoa do plural]
c. A moça estava entediada. Toda vez olhava para o relógio.
[ELA olhava: 3ª pessoa do singular]
d. O vendedor e a cliente não se entenderam. Ficaram discutindo em voz alta.
[ELES ficaram: 3ª pessoa do plural]
As formas imperativas (de 2ª pessoa, singular ou plural) também possuem su- jeito determinado implícito.
1.3 O Sujeito Indeterminado
É possível que, em um texto, não se queira ou não se saiba referenciar o sujeito na cadeia do discurso. Só é possível indeterminar o sujeito com a 3ª pessoa: isso porque a 1ª pessoa e a 2ª pessoa SEMPRE estão presentes na cadeia do discurso (a 1ª pessoa é o enunciador; a 2ª pessoa é o receptor).
As duas estruturas de sujeito indeterminado são as seguintes:
• verbos na 3ª pessoa do plural SEM referente anterior:
(5) a. Disseram que você se veste mal.
b. Se quiserem falar mal de mim, que falem.
• verbo* na 3ª pessoa do singular (SEMPRE!) + -se**.
* Esse verbo deve ser intransitivo ou transitivo indireto. Se for transitivo direto, é preciso analisar se há ou não sujeito presente (se houver, estaremos diante de uma passiva sintética).
** A forma -se, nessa construção, é chamada de índice de indeterminação do sujeito.
(6)a. Vive-se bem quando há serviços públicos de qualidade.
[verbo intransitivo na 3ª pessoa do singular + -se]
b. Lê-se pouco nas escolas públicas.
[verbo intransitivo na 3ª pessoa do singular + -se]
c. Precisa-se de bons educadores nas escolas públicas.
[verbo transitivo indireto na 3ª pessoa do singular + -se]
Na oitava aula de nosso curso (a próxima), compararemos as construções em (6) com as passivas sintéticas.
Vamos agora estudar a oração SEM sujeito.
1.4 A Oração sem Sujeito
É possível que uma predicação não seja atribuída a nenhuma entidade. Por exemplo, veja a frase “Choveu muito ontem”. Não faz sentido algum realizar a per- gunta “quem choveu?” – pergunta essa que poderia recuperar o sujeito da oração.
A oração sem sujeito possui como núcleo um verbo impessoal, o qual SEMPRE ocorre na forma da terceira pessoa do singular. São impessoais os seguintes verbos (seguidos dos exemplos):
• verbos que exprimem fenômenos meteorológicos:
(7)a. Todos os dias choveu torrencialmente.
b. No Piauí faz muito calor.
c. Na Rússia faz muito frio.
d. Raramente neva no Brasil.
• verbos que denotam tempo:
(8)a. Faz 10 minutos que estou esperando.
b. Faz 5 anos que não vou a Curitiba.
•
• verbos haver no sentido de existir*:
(9) a. Havia muitos feridos no incêndio.
b. Houve muitos manifestantes na Praça Cívica.
*Quando for possível substituir haver por existir, estamos diante de um verbo haver impessoal. No entanto, quando a substituição for realizada, o verbo existir DEVE manifestar concordância (ou seja, existir não é impessoal):
(9’)a. Existiam muitos feridos no incêndio.
b. Existiam muitos manifestantes na Praça Cívica.
• verbos que denotam suficiência ou sensação:
(10)a. Basta de guerras!
b. Chega de lamúrias.
Ufa! Quanto detalhe nessa parte sobre a noção de sujeito! Mas agora podere- mos tornar a coisa um pouco mais concreta: vamos observar esse conteúdo avalia- do em uma prova da banca Ce(bra)spe.
1. (CESPE/TCU/TÉCNICO/2015)
13|Aquele momento inicial de um direito sagrado e
14| ritualizado, expressão das divindades, desenvolveu-se na 15| direção de práticas normativas consuetudinárias.
23|A invenção e a difusão da técnica da escritura, somadas à compilação de costumes tradicionais,
25| proporcionaram os primeiros códigos da Antiguidade, como o de Hamurábi, o de Manu, o de Sólon e a Lei das XII Tábuas.
Constata-se, destarte, que os textos legislados e escritos eram 28| melhores depositários do direito e meios mais eficazes
Tanto em “desenvolveu-se” (l.14) quanto em “Constata-se” (l.27), a partícula “se”
desempenha a mesma função sintática.
Errado.
Vamos observar cada ocorrência da forma -se:
i) na linha 14, estamos diante de um verbo TRANSITIVO DIRETO em forma passiva sintética. Nessa passiva, o sujeito sintático é “Aquele momento [...]” e a forma -se é uma partícula apassivadora.
ii) na linha 27, o verbo constatar é transitivo direto, selecionando o complemento oracional “que os textos [...]”. Não há, nesse período, sujeito explícito (ou implíci- to) determinado. Por isso, a forma -se e a terceira pessoa do singular do verbo nos leva a analisar a construção como INDETERMINADA (e, assim, a forma -se será um índice de indeterminação do sujeito).
O contraste entre (i) e (ii) mostra que a partícula -se não desempenha a mesma função sintática.
Grande parte das bancas, principalmente o Cespe, a FCC e a FGV, avalia o conteúdo de sujeito da oração a partir de construções em que O SUJEITO ESTÁ APÓS O PRE- DICADO. Como vimos na aula anterior, a ordem canônica da oração é SVO, mas, em muitos textos, o sujeito está posposto, como em “Disse o rapaz que nunca mais voltaria lá”. Fique atento(a), portanto!
Olha só, essa informação é muito importante: NÃO EXISTE SUJEITO PREPOSICIO- NADO (isto é, introduzido por preposição). Essa é uma lei na Língua Portuguesa.
Assim, sempre que houver um termo preposicionado, certamente ele não será o sujeito da oração.
2. Predicado: Nominal, Verbal e Verbo-Nominal
Na parte anterior dessa nossa aula, falamos da “parte à esquerda” do par SU- JEITO e PREDICADO. Agora vamos voltar a nossa atenção para a “parte à direita”:
os tipos de predicado.
Para compreender os tipos de predicado, precisamos conhecer alguns pré-re- quisitos:
• primeiramente, você deve saber que há dois tipos de verbos: os lexicais e os funcionais.
• em segundo lugar, você deve saber que, na oração, há termos INTEGRANTES e termos ACESSÓRIOS.
Os verbos lexicais são aqueles em que há conteúdo semântico relativo ao even- to verbal: cantar, beber, dormir, esperar, sorrir, entregar, doar. Nesse grupo de ver- bos, é possível “imaginar” o evento – e nesse evento há participantes (alguém que entrega, alguém que canta etc.). Ficou claro?
Os verbos funcionais, por outro lado, são “fracos” em termos de conteúdo se- mântico. A função desses verbos funcionais é a de unir um sujeito a um predica-
do de natureza nominal (um adjetivo, um substantivo ou uma preposição). Aqui, quando imaginamos o que é predicado ao sujeito, conseguimos apenas “visualizar”
o predicado de natureza nominal, e o verbo funcional fica apenas como um suporte das informações de modo-tempo e número-pessoa. Vamos diferenciar a partir dos exemplos a seguir:
(11)a. João caminhou lentamente até a amada.
b. João está apaixonado.
Em (11a), o predicado é formado por um verbo lexical (caminhar), e consegui- mos imaginar o evento do João caminhando até alguém (a amada). Em (11b), di- ferentemente, não é o verbo estar que funciona como núcleo do predicado. Quem funciona como predicador é o adjetivo apaixonado: o verbo estar comporta as informações de modo-tempo e número-pessoa. Fica claro, então, que em (11a) temos um verbo lexical e em (11b) temos um verbo funcional.
Mas é preciso tomar cuidado com os verbos funcionais. Esse grupo é formado por verbos que se diferenciam em termos aspectuais, como podemos ver na sequ- ência a seguir:
(12)a. João está cansado.
b. João parece cansado.
c. João continua cansado.
d. João ficou cansado.
e. João permanece cansado.
Veja que, a cada verbo funcional (estar, parecer, continuar, ficar, permanecer), há mudança na interpretação aspectual em relação ao cansaço sentido por João.
Portanto, temos que relativizar ao dizer que os verbos funcionais são vazios de se- mântica.
Esses verbos funcionais são comumente chamados de verbos de ligação (có- pula ou verbo predicativo).
No caso dos verbos lexicais, precisamos diferenciar os termos integrantes dos termos acessórios. Vamos começar pelos exemplos:
(13)a. O síndico entregou a ata para os participantes antes de começar a reunião.
b. O marombeiro comeu os suplementos logo após o treino.
Para identificar os termos integrantes e os termos acessórios, dois recursos podem ser adotados:
• semântico: a retirada do termo faz “falta” na interpretação da oração?
• gramatical: é possível substituir o termo por um pronome pessoal oblíquo?
Vamos tentar aplicar os recursos nas sentenças (13a) e (13b):
(13)a. O síndico entregou a ata para os participantes antes de começar a reunião.
a’. O síndico entregou a ata para os participantes antes de começar a reunião.
b. O marombeiro comeu os suplementos logo após o treino.
Você conseguiu perceber que, se retirarmos o termo a ata e para os partici- pantes da frase (13a), esses termos fazem “falta”. O mesmo acontece com o ter- mo os suplementos, de (13b).
No entanto, há termos que “não fazem falta”:
(13)a. O síndico entregou a ata para os participantes antes de começar a reunião.
b. O marombeiro comeu os suplementos logo após o treino.
Em (13a), o termo antes de começar a reunião não faz falta. O mesmo acon- tece em (13b): logo após o treino é dispensável.
Muito bem, agora podemos informar o seguinte: os termos “que fazem falta”
(isso é, que não podem ser omitidos) são chamados de termos integrantes; os termos “que não fazem falta” (isso é, que pode ser omitidos) são chamados de ter- mos acessórios. Esse é o resultado da aplicação do critério semântico.
Vamos, agora, falar sobre o critério sintático: apenas termos integrantes poderão ser substituídos por pronomes pessoais oblíquos.
Lembrando a nossa aula sobre pronomes, esses são os pronomes pessoais oblí- quos:
Oblíquos átonos (sem preposição)
Oblíquos tônicos (com preposição) me
te o, a, lhe, se
nos vos os, as, lhes, se
mim ti ele/ela/si
nós vós, eles/elas/si
Os termos integrantes das sentenças em (13a) e (13b) podem ser substituídos pelos seguintes pronomes:
(13)a. O síndico entregou a ata para os participantes antes de começar a reunião.
O síndico a entregou para eles (ou lhes, no lugar de para eles).
b. O marombeiro comeu os suplementos logo após o treino.
O marombeiro os comeu.
Perceba que os termos acessórios (antes de começar a reunião e logo após o treino) não podem ser substituídos por pronomes pessoais oblíquos.
Bom, os pré-requisitos estão apresentados. Agora podemos partir para os tipos de predicado.
2.1 Predicado Nominal
Os predicados nominais podem ser nucleados por um adjetivo, um substantivo ou uma preposição:
(14)a. O réu é inocente.[adjetivo]
b. Ele é um marinheiro. [substantivo]
c. Anápolis está entre Brasília e Goiânia. [preposição]
No processo de predicação, o adjetivo, o substantivo ou a preposição será o centro informacional da predicação.
2.2 Predicado Verbal
Os predicados verbais se diferenciam dos predicados nominais por aqueles te- rem um verbo lexical como núcleo predicativo. Os verbos que podem ser núcleo de predicado verbal são esses:
• verbos intransitivos: (sem complemento);
• verbos transitivos: direto;
• indireto;
• direto e indireto (bitransitivo).
TIPO DE COMPLEMENTO (TERMO INTEGRANTE)
A diferença entre verbos intransitivos e transitivos é a seguinte:
• os verbos intransitivos não exigem um termo que os complete (e esse “com- pletar” é semântico e categorial).
• os verbos transitivos são aqueles que exigem um termo que os complete (e essa complementação é semântica e categorial). Esse termo é o que estamos chamando de termo integrante. Na tradição gramatical, os termos integran- tes de verbos são chamados de complementos verbais.
Vamos agora olhar alguns exemplos de verbos intransitivos:
(15)a. João dormiu bem.
b. A Ana ri alto.
c. O Pedro morreu cedo.
Nenhum desses verbos (dormir, rir, morrer) exige termo que os complete. As formas bem, alto e cedo são termos acessórios.
Em (16), a seguir, temos exemplos de verbos transitivos (que selecionam/
exigem complemento):
(16)a. Eu tomei o café ainda cedo.
b. Ele obedecia aos superiores.
c. O professor entregou a apostila aos alunos.
Como podemos ver, há uma diferença entre os complementos: alguns são pre- posicionados e outros não.
(16)a. Eu tomei [o café] ainda cedo.
b. Ele obedecia [aos superiores].
c. O professor entregou [a apostila] [aos alunos].
Quando um verbo seleciona um termo sem preposição (como em (16a), o café), esse verbo será transitivo direto. O nome do complemento verbal sem preposição é objeto direto.
Quando um verbo seleciona um termo com preposição (como em (16b), aos superiores, com a preposição “a”), esse verbo será transitivo indireto. O nome do complemento verbal com preposição é objeto indireto.
Em (16c), temos um verbo que seleciona um objeto direto e um objeto indireto (ambos são necessários, indispensáveis). Nesse caso, estamos diante de um verbo transitivo direto e indireto (bitransitivo).
E aí, ficou claro? Espero que sim. Na aula sobre regência, retomaremos essas noções, principalmente sobre os tipos de complementos preposicionados seleciona- dos pelo mesmo verbo. Também voltaremos a esse assunto na aula sobre orações subordinadas.
2.3 Predicado Verbo-Nominal
O predicado verbo-nominal, como o nome sugere, é formado por um núcleo verbal (lexical) e um núcleo nominal (tipicamente, um adjetivo).
Veja o exemplo:
(17)a. A professora chegava sempre atrasada.
Na frase anterior, há dois núcleos que predicam o sujeito A professora: o verbo chegar (predicador verbal) e o adjetivo atrasada (predicador nominal).
Pois bem! Agora é o momento de observar como esse assunto sobre predicado nominal, verbal e verbo-nominal é avaliado pela banca Ce(bra)spe.
2. (CESPE/INPI/PESQUISADOR/2014)
14| A ampliação da proteção além das fronteiras nacionais (ou seja, proteger em um país as pessoas não residentes em seu
16| território) foi induzida pelo crescimento e pela consolidação do comércio internacional e tinha o intuito de evitar que os
produtos viessem a ser copiados em outros países que não o de 19 |origem da invenção. Surgiu, assim, o chamado Sistema Internacional de Patentes, mediante acordo multilateral firmado em 1883, na cidade de Paris.
A expressão “o chamado Sistema Internacional de Patentes” (l. 19 e 20) exerce a função de complemento da forma verbal “Surgiu” (l.19).
Errado.
Aqui a banca claramente procura te confundir. Nem tudo o que vem após o verbo é complemento verbal. É importante fazer a pergunta ao verbo: quem é que surgiu?
A resposta será a expressão “o chamado Sistema Internacional de Patentes”:
“o chamado Sistema Internacional de Patentes surgiu mediante acordo multilateral [...]”
Por isso, o item é errado. O que se afirma exercer a função de complemento verbal é, na verdade, o sujeito.
3. Predicativo do Sujeito e Predicativo do Objeto
O predicativo do sujeito está presente nos predicados nominais. Assim, na frase
“Ela está assustada”, o adjetivo assustada é o predicativo do sujeito. Em predi- cados verbo-nominais, também temos o predicativo do sujeito: “João estudou do- ente”. Nesse caso, o sujeito João é predicado pelo verbo estudar e pelo adjetivo doente.
O predicativo do objeto, diferentemente, é uma forma adjetiva que predica um objeto (complemento) de um verbo transitivo. Veja este exemplo:
(18) a. Eu encontrei a rua silenciosa.
b. Eu devolvi a revista rasgada.
Um ponto importante na descrição dos predicativos: sempre haverá concordân- cia (de gênero e número) entre o predicativo (do sujeito ou do objeto) e o termo predicado. Esse é um fator que diferencia o predicativo de um advérbio, como em
“A menina fala rápido”, em que rápido é um advérbio. Em frases como “O vizinho caminha preocupado”, não é possível definir se preocupado é um adjetivo ou um advérbio (equivalendo a “preocupadamente”), pois não há distinção morfológica.
Apenas o contexto fará o esclarecimento. Se a frase fosse “A vizinha caminha pre- ocupada”, não haveria dúvida: apenas poderíamos classificar preocupada como predicativo do sujeito (porque existe concordância). Ficou claro?
Outra distinção importante existe entre adjunto adnominal e predicativo do ob- jeto. Por exemplo, como diferenciar sintaticamente as duas interpretações (em (i) e (ii) a seguir) da frase em (19)?
(19) Eu devolvi a revista rasgada.
(i) quando eu peguei a revista emprestada, ela não estava rasgada. Ao lê-la, acabei rasgando uma página (sem querer!). Quando eu a devolvi, ela estava ras- gada (diferentemente de quando eu a peguei).
(ii) quando eu peguei a revista emprestada, ela já estava rasgada. Quando eu a devolvi, ela manteve esse estado de “rasgada” (tal qual quando eu a peguei).
Para diferenciar as interpretações, temos a seguinte estratégia: transformar o objeto em um pronome (no caso, pelo pronome oblíquo átono “a”).
A interpretação apresentada em (i) possui a seguinte forma: Eu a devolvi rasga- da. Nesse caso, o pronome “a” representa apenas o objeto direto a revista.
Já a interpretação apresentada em (ii) possui a seguinte forma: Eu a devolvi.
Nesse caso, o pronome “a” representa toda a sequência a revista rasgada.
Por que isso é importante em sua preparação para concurso? Simplesmente porque a banca examinadora cobra esse tipo de distinção. Vou adiantar o primeiro item de nossa seção Questões de Concurso. Lá você verá o seguinte trecho:
(20) De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa
Desse trecho, a banca pergunta se o termo mais rigorosa funciona como um predicativo do termo a lei. E aí, como resolver a questão? Pois é, eu explico. Preste atenção!
PREDICATIVO: não forma um constituinte com o objeto predicado.
ADJUNTO ADNOMINAL: forma um constituinte com o objeto predicado.
Assim, temos que, na frase “Eu devolvi a revista rasgada”, a interpretação (i) leva em consideração que o termo rasgada é um predicativo do objeto, já que rasgada não forma constituinte com o objeto a revista (e temos a forma “Eu a devolvi rasgada”).
A interpretação em (ii) leva em consideração que o termo rasgada é um adjun- to adnominal, já que rasgada forma constituinte com o objeto a revista (e temos a forma “Eu a devolvi”).
Substituir um termo nominal por um pronome é um teste para verificar se es- tamos ou não diante de um constituinte.
Vamos voltar ao trecho da questão do concurso, aplicando a substituição pelo pronome “a”:
(20)a. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa b. De que adiantaria, então, torná-la mais rigorosa [-la = a lei]
c. De que adiantaria, então, torná-la [-la = a lei mais rigorosa. Essa forma está incorreta]
Percebeu que o pronome “-la” equivale ao nome a lei. Isso significa que a forma mais rigorosa não forma constituinte com o termo a lei: é por isso que devemos classificá-la como predicativo do objeto. A questão, então, deve ser con- siderada certa.
Para fechar essa temática, vamos a mais uma questão de concurso.
3. (CESPE/TJ-SE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS/2006) 13| O IRIB e o Colégio Notarial sentem-se orgulhosos de poder contribuir com o desenvolvimento das atividades notariais e registrais do estado.
Na linha 13, a palavra “orgulhosos” é um adjetivo que está, no contexto, exercendo a função sintática de predicativo de “IRIB” e “Colégio Notarial”, ambos objetos diretos.
Errado.
A palavra orgulhosos é um adjetivo que está exercendo função sintática de predi- cativo de “IRIB” e “Colégio Notorial”. No entanto, “IRIB” e “Colégio Notorial” são o sujeito (determinado, explícito, composto) do verbo sentir. Orgulhosos é predicati- vo do sujeito, não do objeto.
4. Aposto e Vocativo 4.1 Aposto
Vamos começar pelas características do aposto. Primeiramente, temos que re- lembrar uma propriedade dos substantivos: eles possuem índice referencial (ou seja, podem ser referidos, retomados ao longo da cadeia do discurso). Um aposto é uma expressão linguística que compartilha o mesmo índice referencial de um subs- tantivo (ou pronome) – são, por isso, quase equivalentes. Vejamos os exemplos:
(21)a. Paulo ganhou dois presentes: um relógio e uma bicicleta.
b. Ela – a aluna – saiu por último.
Em (21a), dois presentes possui a mesma referência de um relógio e uma bicicleta. Em (21b), o pronome Ela e o substantivo a aluna também partilham a mesma referência.
É importante notar o seguinte: um aposto SEMPRE será uma expressão subs- tantiva. Nesse caso, não existe aposto preposicionado.
A tradição gramatical (Bechara, 1999, por exemplo) classifica três tipos de aposto:
(i) explicativo ou identificativo:
Pedro II, imperador do Brasil, desejava ser professor.
(ii) enumerativo:
Tudo – alegrias, tristezas e preocupações – ficava evidente.
(iii) distributivo:
Gonçalves Dias e José de Alencar são grandes escritores brasileiros, este na prosa e aquele na poesia.
Por fim, é necessário dizer que o aposto sempre é, na oração, separado por pontuação: vírgulas, travessão, parênteses e dois pontos.
4.2 Vocativo
Podemos definir o vocativo da seguinte maneira: “o vocativo é uma expressão de natureza exclamativa por meio da qual chamamos ou pomos em evidência a pessoa a quem nos dirigimos” (BECHARA, 1999).
Assim, você pode traduzir a ideia de vocativo como um chamamento, uma evocação do interlocutor (ou interlocutores). É uma forma linguística utilizada para se dirigir à segunda pessoa do discurso (singular ou plural).
Sintaticamente, o vocativo é um termo que está à parte tanto do sujeito quanto do predicado (ou seja, O VOCATIVO NÃO FAZ PARTE DA ORAÇÃO). Por isso, o vo- cativo É SEPARADO POR VÍRGULA(S), SEMPRE! Vamos aos exemplos:
(22)a. José, precisamos de você agora.
b. Olá, meninos!
c. Vamos, Antônia, estamos te esperando há muito tempo!
Vamos agora observar como as noções de aposto e vocativo são cobrados pela banca Ce(bra)spe.
4. (CESPE/ANEEL/TÉCNICO/2010)
1| Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo da
indústria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se às exportações. “O comércio mundial já está voltando a se abrir 4| para as empresas”, diz o gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expectativas dos industriais com 7| relação ao mercado externo.
O nome próprio “Renato da Fonseca” (l. 5) está entre vírgulas por tratar-se de um vocativo.
Errado.
Estamos diante de outra tentativa de te confundir. A banca quer fazer confusão entre vocativo e aposto. Como vimos, o vocativo é um chamamento, tipicamente dirigido ao interlocutor (ou interlocutores), ao receptor (ou receptores) da mensa- gem. Não é esse o caso do trecho em análise.
O gerente executivo da Confederação Nacional da Indústria é equivalente a Renato Fonseca. São, portanto, dois termos substantivos que partilham o mesmo índice referencial. A separação por vírgulas se justifica, então, por Renato da Fonseca ser um aposto.
Bom, agora encerramos essa primeira parte sobre a sintaxe do período simples.
Faça os exercícios e revise o que for necessário, certo? Bons estudos!
RESUMO
Sujeito (i) desencadeia concordância no verbo; (ii) é alvo da predicação;
manifesta-se sob a forma de um pronome pessoal reto.
Predicado pode ser verbal, nominal ou verbo-nominal, a depender do(s) nú- cleo predicativo. No nominal, pode ter como núcleo um adjetivo, um substantivo ou uma preposição. No verbal, pode ter como núcleo um verbo intransitivo, transitivo direto, transitivo indireto ou transitivo direto e indireto.
Predicativo do objeto nunca forma constituinte com o objeto direto.
Aposto possui mesmo índice referencial do nome e é separado por pontua- ção. Nunca ocorre preposicionado.
Vocativo exerce função de chamamento, sendo dirigido à segunda pessoa.
É isolado por vírgula.
GLOSSÁRIO
Aposto
Substantivo ou locução substantiva que, colocado ao lado de outro ou de um pro- nome e sem auxílio de preposição, explica, precisa ou qualifica o antecedente. O aposto não tem função sintática por si mesmo e adquire o valor do termo a que se refere.
Objeto (direto)
Complemento de verbo transitivo direto introduzido sem preposição, representado por um sintagma nominal ou por pronome oblíquo átono (recebendo geralmente a interpretação de paciente) ou por uma oração completiva; complemento direto.
Objeto (indireto)
Complemento de verbo transitivo indireto, a ele ligado por uma preposição (o obje- to indireto pode ser representado pelos pronomes pessoais oblíquos átonos, neste caso, sem preposição); complemento indireto.
Predicado
O que se afirma ou se nega a respeito do sujeito da oração.
Predicativo
Que predica; que serve para predicar.
Predicativo do objeto
Aquele que expressa um atributo ou circunstância do objeto direto. Por exemplo:
deixei-o bem; encontrou arrombada sua casa.
Predicativo do objeto indireto
Aquele que diz alguma coisa acerca do objeto indireto (é restrito ao objeto do verbo chamar e seus sinônimos). Por exemplo: chamou-lhe de tolo.
Sujeito
Termo da oração sobre o qual recai a predicação da oração e com o qual o verbo concorda.
Vocativo
Diz-se de ou forma linguística usada para chamamento ou interpelação ao interlo- cutor no discurso direto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, J. Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: YHL, 1999.
BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. São Paulo, SP:
Padrão, 1988.
CAMARA Jr., J. M. Dicionário de linguística e gramática. Petrópolis: Vozes, 1981.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 5.
ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008.
HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Editora Objetiva. 2009.
KURY, Adriano da Gama. Lições de análise sintática: Teoria e prática, com mais de 60 modelos, 250 períodos para exercícios e sua solução. 5. ed. Rio de ja- neiro: Fundo de Cultura, 1970.
ROCHA LIMA. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
QUESTÕES DE CONCURSO
1. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016)
21| De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, se nem nas 22| condições atuais esses responsáveis estão sendo capazes de 23| cumpri-la?
Na linha 21, o termo “mais rigorosa” funciona como um predicativo do termo “a lei”.
2. (CESPE/POLÍCIA CIENTÍFICA-PE/PERITO CRIMINAL/2016) 1| Alguns nascem surdos, mudos ou cegos. Outros dão 2| o primeiro choro com um estrabismo deselegante.
Na oração em que é empregado, o termo “surdos, mudos ou cegos” (l. 1) exerce a função de:
a) predicativo do sujeito b) objeto direto
c) adjunto adnominal d) sujeito
e) adjunto adverbial
3. (CESPE//POLÍCIA CIENTÍFICA-PE/PERITO CRIMINAL/2016) 17| De fato, a problemática ligada à
separação de partes cadavéricas destinadas a transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de
20| aproveitamento útil, o que impõe, em muitos casos, que esse procedimento seja feito em prazos curtos, iniciados com o
momento da morte.
No texto, a oração “que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” (l. 19 e 20) exerce a função de:
a) sujeito
b) adjunto adnominal c) predicativo do sujeito d) predicativo do objeto e) objeto direto
4. (CESPE/CPRM/TÉCNICO/2013)
1| A 1.500 km da costa do Rio de Janeiro, a
2| aproximadamente 2.000 m de profundidade, repousa, abaixo 3| do Oceano Atlântico, um pequeno continente perdido.
O trecho “um pequeno continente perdido” (l. 3) funciona, sintaticamente, como complemento da forma verbal “repousa” (l. 2).
5. (CESPE/TJDFT/ANALISTA/2015)
7|Art. 1º Reeditar o Programa de Responsabilidade
Socioambiental do TJDFT Viver Direito, cuja base é a Agenda Socioambiental do TJDFT que, em permanente revisão,
10| estabelece novas ações sociais e ambientais e as integra às existentes no âmbito do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios, visando à preservação e à recuperação do meio 13| ambiente, por meio de ações sociais sustentáveis, a fim de torná-lo e mantê-lo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.
O termo “ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável”
(l. 14 e 15) exerce a função de predicativo.
6. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA/2014) 19| A possibilidade de comunicação
20| surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma 21| senhora, e encarnado na figura de um cão.
[...]
25| A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente 26| avisado, o cachorro estacou diante dela.
A expressão “na figura de um cão” (l. 21) e o termo “pasmada” (l. 25) desempe- nham, no contexto sintático em que se inserem, a função de complemento nominal e predicativo do sujeito, respectivamente.
7. (CESPE/SEE-AL/PROFESSOR/2013) Em “Paulo Freire acreditava que a melhor maneira de se ensinar é defender com seriedade e apaixonadamente uma posição”, a oração introduzida por “que” exerce a função sintática de predicativo do sujeito
“Paulo Freire”.
8. (CESPE/SEDU-ES/PROFESSOR/2010)
1| Para quem tem vinte e poucos anos, o shopping center 2| é a maior referência de comércio, principalmente quando o 3| assunto é roupa.
O termo “a maior referência de comércio” (l. 2) exerce a função sintática de predi- cativo do sujeito na oração em que ocorre.
9. (CESPE/IRBr/DIPLOMATA/2004)
16| O patriarcado era o único sistema que, até data recente, não tinha sido 17| abertamente desafiado em toda a história documentada [...]
Na linha 16, o pronome “que” exerce a mesma função sintática do termo que o antecede: predicativo do sujeito.
10. (CESPE/TCU/TÉCNICO/2012)
16| A Constituição de 1891, a primeira republicana, ainda 17| por influência de Rui Barbosa, [...]
O segmento “a primeira republicana” (l. 16) está entre vírgulas por ser um vocativo.
11. (CESPE/MPU/TÉCNICO/2013)
5| No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito 6| lusitano.
A vírgula após “colonial” (l.5) é utilizada para isolar aposto.
12. (CESPE/ANTAQ/NÍVEL MÉDIO/2014)
2| Sua vocação eminentemente hídrica impõe, ao
3| longo dos séculos, a necessidade do deslocamento de seus 4| habitantes através dos rios.
No trecho anterior, as vírgulas isolam segmento “ao longo dos séculos” com função de aposto explicativo.
13. (CESPE/ANATEL/NÍVEL SUPERIOR/2014)
No primeiro quadrinho, o emprego de vírgula após o vocábulo “Gente” é obrigató- rio, visto que separa expressão de chamamento.
14. (CESPE/SEDUC-AL/PROFESSOR/2018)
1|Deixei-o nessa reticência, e fui descalçar as botas, que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás 4| deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança. Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da Terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as 7|descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro. (...) Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso 10| dos fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo que 13| toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: Obra Completa, v. 1, p. 555-6)
Dados os sentidos do texto, subentende-se que o agente da forma verbal “Mortifi- ca” (l. 7) é “botas” (l. 5).
15. (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) 10| Autores importantes do campo
da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram intensamente em torno dessa questão ao longo do século XX, 13| e chegaram a conclusões diversas uns dos outros. Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles estão preocupados em desenvolver formas de promoção de 16| situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse estado de coisas.
O sujeito da forma verbal “têm” (l. 16) está elíptico e retoma “cada um desses au- tores” (l. 14).
16. (CESPE/SERFAZ-RS/AUDITOR/2018)
26| Por outro lado, a substituição dos tributos indiretos, que atingem o fluxo econômico, por tributos que incidam 28| sobre o estoque da riqueza tem o mérito de criar maior desenvolvimento econômico, pois gera mais consumo,
produção e lucros que compensam a tributação sobre a riqueza.
O sujeito da forma verbal “incidam”, na linha 27 do texto é:
a) oculto b) composto c) indeterminado d) inexistente e) simples
17. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016)
1| Tratando-se do dever de prestar contas anuais, cabe, inicialmente, verificar como tal obrigação está preceituada no ordenamento jurídico. A Constituição Federal prevê que cabe 4| ao presidente prestar contas anualmente ao Poder Legislativo.
Por simetria, tal obrigação estende-se ao governador do estado e aos prefeitos municipais.
O termo “ao Poder Legislativo” (l. 4) exerce a função de complemento da forma verbal “prevê” (l. 3).
18. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016)
Quando se cansava, sentava-se a uma grande
10| mesa ao fundo da sala e escrevia o resto da noite. Leu um tratado de psicologia e trocou-o em miúdo, isto é, reduziu-o a artigos, uns quarenta ou cinquenta, que projetou meter nas 13| revistas e nos jornais e com o produto vestir-se, habitar uma casa diferente daquela e pagar ao barbeiro.
A substituição do pronome “o”, em “reduziu-o a artigos” (l. 11 e 12), por lhe pre- servaria a correção gramatical do texto.
19. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016)
14| Mas ele nunca errava, e já nem havia mais o que 15| errar, uma vez que não havia mais dúvidas.
A forma verbal “havia”, em “não havia mais dúvidas” (l. 15), poderia ser correta- mente substituída por existia.
20. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016)
Mudamo-nos, separamo-nos, perdemo-nos de vista.
16| Creio que os artigos de psicologia não foram publicados, pois há tempo li este anúncio num semanário: “Intelectual desempregado. Amadeu Amaral Júnior, em estado de 19| desemprego, aceita esmolas, donativos, roupa velha, pão dormido. Também aceita trabalho”. O anúncio não produziu nenhum efeito.
O sujeito da oração ‘também aceita trabalho’ (l. 20) está elíptico e se refere a ‘Ama- deu Amaral Júnior’ (l. 18), o que justifica o emprego da forma verbal “aceita” na terceira pessoa do singular.
21. (CESPE/TRE-BA/TÉCNICO/2017)
1| Em sua definição, o voto em branco é aquele que não se dirige a nenhum candidato entre os que disputam as
eleições. São considerados, portanto, votos estéreis, porque
4| não produzem frutos. Os votos nulos, por sua vez, são aqueles que, somados aos votos em branco, compõem a categoria dos votos estéreis, inválidos ou, como denominou o Tribunal
7| Superior Eleitoral, votos apolíticos. Logo, os votos em branco e os nulos são votos que, a princípio, não produzem resultado nem influenciam no resultado do pleito.
10| Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor que apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por
diversas razões. Esses motivos podem embasar tanto a postura 13| dos que votam em branco quanto a dos que votam nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o voto. Assim sendo,
não é razoável diferenciar o voto em branco do voto nulo.
16| Deve-se considerar a essência do ato, a sua real motivação, que é a invalidação. É evidente que não se sabe, ao certo, a razão
que motiva cada eleitor a votar em branco ou nulo; entretanto, 19| em ambos os casos, não há dúvida quanto à invalidade do voto por ele dado.
Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado democrático de direito: a legitimi- dade das eleições majoritárias no Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n. 1, jan./abr.
2013, p. 36-8 (com adaptações).
Assinale a opção que apresenta termo que desempenha a mesma função sintática que “a razão” (l. 17), no texto:
a) “o mesmo” (l. 14).
b) “votos estéreis” (l. 6).
c) “o Tribunal Superior Eleitoral” (l. 6 e 7).
d) “dúvida” (l. 19).
e) “resultado” (l. 8).
22. (CESPE/PF/AGENTE/2014)
1| O uso indevido de drogas constitui, na atualidade,
séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de 4| todos os Estados e sociedades. Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da
7| sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de
10| relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos
crimes conexos – geralmente de caráter transnacional – com 13| a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de
16| combate ao tráfico de drogas, articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus
mecanismos de prevenção e repressão e garantir o 19| envolvimento e a aprovação dos cidadãos.
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.
O referente do sujeito da oração “articulando-se internamente e com a sociedade”
(l. 16 e 17), que está elíptico no texto, é “o governo” (l. 15).
23. (CESPE/TJ-SE/NÍVEL SUPERIOR/2014)
1| Em vinte e poucos anos, a Internet deixou de ser um ambiente virtual restrito e transformou-se em fenômeno mundial. Atualmente, há tantos computadores e dispositivos 4| conectados à Internet que os mais de quatro bilhões de endereços disponíveis estão praticamente esgotados. Por essa razão, a rede mundial concentra as atenções não só das pessoas 7| e de governos, mas também movimenta um enorme contingente de empresas de infraestrutura de telecomunicações e de
empresas de conteúdo. Pela Internet são compradas passagens
10| aéreas, entradas de cinema e pizzas; acompanham-se as notícias do dia, as ações do governo, os gols e os capítulos das novelas;
e são postadas as fotos da última viagem, além de serem
13| comentados os últimos acontecimentos do grupo de amigos.
No entanto, junto com esse crescimento do mundo
virtual, aumentaram também o cometimento de crimes e outros 16| desconfortos que levaram à criação de leis que criminalizam determinadas práticas no uso da Internet, tais como invasão a sítios e roubo de senhas.
19| Devido ao aumento dos problemas motivados pela digitalização das relações pessoais, comerciais e
governamentais, surgiu a necessidade de se regulamentar o uso 22| da Internet.
Internet: <www.camara.leg.br> (com adaptações).
Seriam mantidos o sentido e a correção gramatical do texto, se a forma verbal “há”
(l. 3) fosse substituída por existe.
24. (CESPE/TJ-CE/ANALISTA/2014)
1| Estudante sou, nada mais. Mau sabedor, fraco jurista, mesquinho advogado, pouco mais sei do que saber estudar, saber como se estuda, e saber que tenho estudado. Nem isso 4| mesmo sei se saberei bem. Mas, do que tenho logrado saber, o melhor devo às manhãs e madrugadas. Muitas lendas se têm inventado, por aí, sobre excessos da minha vida laboriosa.
7| Deram, nos meus progressos intelectuais, larga parte ao uso em abuso do café e ao estímulo habitual dos pés mergulhados
n’água fria. Contos de imaginadores. Refratário sou ao café.
10| Nunca recorri a ele como a estimulante cerebral. Nem uma só vez na minha vida busquei num pedilúvio o espantalho do
sono.
13| Ao que devo, sim, o mais dos frutos do meu trabalho, a relativa exabundância de sua fertilidade, a parte produtiva e durável da sua safra, é às minhas madrugadas. Menino ainda, 16| assim que entrei para o colégio, alvidrei eu mesmo a conveniência desse costume, e daí avante o observei, sem cessar, toda a vida. Eduquei nele o meu cérebro, a ponto de
19| espertar exatamente à hora, que comigo mesmo assentava, ao dormir. Sucedia, muito amiúde, encetar eu a minha solitária
banca de estudo à uma ou às duas da antemanhã. Muitas vezes 22| me mandava meu pai volver ao leito; e eu fazia apenas que lhe obedecia, tornando, logo após, àquelas amadas lucubrações, as de que me lembro com saudade mais deleitosa e entranhável.
25| Tenho, ainda hoje, convicção de que nessa
observância persistente está o segredo feliz, não só das minhas primeiras vitórias no trabalho, mas de quantas vantagens
28| alcancei jamais levar aos meus concorrentes, em todo o andar dos anos, até à velhice. Muito há que já não subtraio tanto às horas da cama, para acrescentar às do estudo. Mas o sistema 31| ainda perdura, bem que largamente cerceado nas antigas imoderações. Até agora, nunca o sol deu comigo deitado e, ainda hoje, um dos meus raros e modestos desvanecimentos é 34| o de ser grande madrugador, madrugador impenitente.
Rui Barbosa. Oração aos moços. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1997, p. 31.
Assinale a opção correta em relação aos aspectos linguísticos do texto.
a) No trecho “Muitas vezes me mandava meu pai volver ao leito” (l. 21 e 22), a expressão “meu pai”, que exerce a função de complemento da forma verbal “man- dava”, é o agente da forma verbal “volver”.
b) Seriam mantidos o sentido original do texto e sua correção gramatical caso o pronome “o”, em “e daí avante o observei, sem cessar” (l. 17 e 18), fosse substi- tuído por lhe.
c) A forma verbal “Sucedia” (l. 20) está empregada, no texto, no sentido de Se- guir-se.
d) Nas linhas 2 e 3, as orações “estudar”, “como se estuda” e “que tenho estudado”
não possuem o mesmo sujeito.
e) O pronome “nele” em “Eduquei nele o meu cérebro” (l. 18) faz referência ao termo “trabalho” (l. 13).
25. (CESPE/TC-DF/NÍVEL SUPERIOR/2014)
11| Há décadas, países como China e Índia têm enviado estudantes para países centrais
A forma verbal “Há” (l.11) poderia ser corretamente substituída por Fazem.
26. (FCC/SEGEP/MA/FISCAL/2018)
Classificam-se como sujeito (S) e complemento (C) da mesma forma verbal os termos destacados em:
a) Uma pessoa complexa (S) só pode ser compreendida (C), jamais explicada.
b) A transcendência (S) constitui o seu projeto (C) como ser-no-mundo.
c) Pode-se explicar a lei da gravidade (C) pelos princípios da Física (S).
d) Sem liberdade interior (C) não há história (S) a ser compreendida.
e) A queda de um homem desesperado (S) não é equivalente (C) à de uma pedra.
27. (FCC/DPE-AM/ANALISTA/2018) Será que lhes faltam características.
O segmento que exerce a mesma função sintática do sublinhado está também su- blinhado em:
a) As ideias estão no ar.
b) A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação.
c) que as reorganize em algo pessoal.
d) Há ecos, imitações, paráfrases de Rossini.
e) A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento.
28. (CESPE/TRT21ª/ANALISTA/2017)
Vejo pela manhã os escolares caminhando rumo aos estabelecimentos de ensi- no. Uma boa percentagem carrega o malote nas costas, preso pelas correias pas- sando pelos ombros. Assim usam meus netos. Meus filhos imitaram os pais, con- duzindo os livros numa bolsa, levada na mão esquerda. A recomendação clássica é ter sempre a mão direita livre, desocupada, pronta para a defesa.
Esse transporte da bolsa estudantil parece pormenor sem importância. Mesmo assim foi anotado há mais de vinte séculos em versos latinos. O poeta Quinto Ho- rácio Flaco faleceu oito anos antes de Jesus Cristo nascer. No primeiro livro das Sá- tiras, a sexta inclui essa referência, recordação do menino Horácio, filho de liberto, indo para a aula do brutal Orbílio Pupilo, ex-soldado em Benavente: Laevo suspensi locutos tabulamque lacerto. Antônio Luís Seabra (1799-1895), tradutor de Horácio, divulgou o “No braço esquerdo com tabela e bolsa”. Essas “tabelas” eram as placas de madeira encerada onde escreviam. Valiam os livros contemporâneos. A figura do escolar atravessando as ruas da tumultuosa Roma no ano 55 e que seria o eter- namente vivo Horácio, volta aos meus olhos, nessa janela provinciana e brasileira, aos seis graus ao sul da Equinocial.
(CASCUDO, Câmara, “Indo para a Escola”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)
O segmento sublinhado em Assim usam meus netos (1º parágrafo) exerce, no con- texto, a mesma função sintática que o sublinhado em:
a) ...volta aos meus olhos, nessa janela provinciana... (2º parágrafo) b) Valiam os livros contemporâneos. (2º parágrafo)
c) ... a sexta inclui essa referência... (2º parágrafo)
d) Uma boa percentagem carrega o malote nas costas... (1º parágrafo)
e) A recomendação clássica é ter sempre a mão direita livre... (1º parágrafo)
29. (FCC/TRE-SP/TÉCNICO/2017)
Quando confrontada a duas teorias – uma simples e outra complexa – para ex- plicar um problema, a maior parte das pessoas não hesita em favorecer a primeira, também qualificada como elegante. “Em muitos casos, porém, a complexa pode ser mais interessante”, lembra o filósofo Marco Zingano, da Universidade de São Paulo. Segundo ele, a escolha é natural na cultura ocidental contemporânea porque o pensamento dessas civilizações foi moldado por Aristóteles e Platão, os filósofos de maior destaque na Grécia Antiga, para quem a metafísica da unidade tinha como paradigma a simplicidade.
Levado ao pé da letra, o resgate puramente historiográfico das contribuições da Antiguidade pode parecer folclórico diante do conhecimento atual. Mas, mesmo que oculta, a influência de Aristóteles e de Platão está presente na forma como o pensamento governa os hábitos intelectuais da civilização atual.
Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia, que leva uma pessoa a tomar uma atitude contrária à que sabe ser a correta. Se está claro, por exemplo, que uma moderada dose diária de exercícios é suficiente para prevenir uma série de doenças graves e trazer benefícios à saúde, por que alguém optaria por passar horas deitado no sofá e se locomover apenas de carro? Para Sócrates, a resposta era simples: guiado pela razão, o ser humano só deixa de fazer o que é melhor se lhe faltar o conhecimento.
Platão discordava, e resolveu o dilema dividindo a alma em três partes: um par de cavalos alados conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão. Um dos cavalos, arredio, só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites. O outro é a porção irascível da alma. É o impulso, em geral obediente à razão, mas que pode levar a decisões impetuosas em determinadas situações. “O
que determina as ações seriam fontes distintas de motivação”, observa Zingano.
Platão pensou o conflito como interno à alma, dando lugar à acrasia. Já Aristóteles dedicou um livro de sua Ética ao fenômeno.
Aristóteles e Platão tiveram um papel importante – e persistente – porque fo- ram grandes sistematizadores do conhecimento. Eles procuraram domar conceitos diversos do Universo, do corpo e da mente, entender seu funcionamento e deixar registrado para uso futuro. Resgatar esses textos, explica Zingano, é uma busca da compreensão de como a cultura ocidental descreve o mundo e enxerga a si mesma ainda hoje.
(Adaptado de: GUIMARÃES, Maria. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)
Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia... (3º parágrafo) O segmento grifado exerce, na frase, a mesma função sintática que o segmento também grifado em:
a) ... guiado pela razão, o ser humano só deixa de fazer o que é melhor se...
b) ... o pensamento dessas civilizações foi moldado por Aristóteles e Platão.
c) Eles procuraram domar conceitos diversos do Universo...
d) ... conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão.
e) ... só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites...
30. (FCC/DPE-RR/ADMINISTRADOR/2015)
A morte e a morte do poeta
Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de verificar que estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária eletrônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque
estou na outra linha dando a mesma explicação”. Quando li esta nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de Gonçalves Dias.
O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obri- gado à caceteação da quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era ele o morto. A notícia chegou ao Instituto Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II. Suspensa a sessão, começaram as homena- gens ao que era tido e havido como o maior poeta do Brasil.
Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico, só podia ser verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte e cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de esguicho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande amigo! Que trágica perda! As comunicações se arrastavam a passo de cágado. Mal se começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o desmentido: morreu, uma vírgula! Vivinho da silva.
A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem hei de morrer nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.” Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coinci- dência. Em 1864, trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo não foi encontrado. Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não morreu.
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p.107-8)
Suspensa a sessão, começaram as homenagens...
O segmento grifado exerce na frase a mesma função sintática que o segmento também grifado em:
a) As comunicações se arrastavam a passo de cágado.
b) O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo.
c) Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia...
d) Terá sido devorado pelos tubarões.
e) ... dois meses depois chegou o desmentido...
31. (ESAF/MF/ESPECIALISTA/2013)
1| Mais relevante do que a associação entre humor e identidade é, a meu ver, a hipótese de que tal identidade esteja, sempre, representada nas piadas, através de estereótipos. Esse parece
5| ser um traço óbvio desde sempre. A identidade é social, imaginária, representada, tese que se opõe à suposição de que a identidade se caracteriza por alguma espécie de essência ou realidade profunda. Assumo também que o fato de que a 10| identidade é uma representação imaginária não significa necessariamente que ela não tenha
amparo no real. Significa apenas que ela não é seu espelho, sua cópia. Como consequência, o estereótipo também deve ser concebido como 15| social, imaginário e construído, e se caracteriza por ser uma redução (com frequência, negativa),
eventualmente um simulacro. Assim, o simulacro é uma espécie de identidade pelo avesso –
digamos, uma identidade que um grupo, em
20| princípio, não assume, mas que lhe é atribuída, de um outro lugar, pelo seu Outro. Essa abordagem
sempre retoma discursos profundamente
arraigados e cujos temas são sempre cruciais para uma sociedade. É um fato que muitos eventos
25| discursivos funcionam sobre esse suporte. Assim, por exemplo, na seguinte piada: “Mainha, ainda
tem aí daquela injeção pra veneno de cobra?”
“Por que, meu filho? A cobra te mordeu?” “Não, mainha, mas ela já tá chegando perto.”
30| Chistes que se fundam em estereótipos são sempre agressivos e referem-se a alguma
diferença construída em condições históricas de disputa.
(Possenti, Sírio. Humor, língua e discurso. São Paulo: Contexto, 2010, p. 39-40, adaptado).
Com relação a estruturas linguísticas do texto, assinale a opção correta.
a) No processo de coesão textual, a referência do pronome “ela” (l.11) é a expres- são “uma representação imaginária” (l. 10).
b) Os termos “social, imaginário e construído” (l. 15), “negativa” (l.16) e “um si- mulacro” (l. 17) expressam, na oração de que fazem parte, um atributo do termo que exerce a função de sujeito e, portanto, são todos predicativos do respectivo sujeito.
c) O segmento na voz passiva “que lhe é atribuída” (l. 20) corresponde à estrutura pronominal “que se lhe atribui”, a qual, portanto, poderia substituí-lo no texto.
d) No período simples “– Mainha, ainda tem aí daquela injeção pra veneno de co- bra?” (l. 26 e 27), há traços morfológicos e sintáticos da linguagem coloquial, entre estes, o emprego do verbo “ter” como impessoal, o que resulta em estrutura de oração sem sujeito.
e) O último período do texto, consideradas as relações lógicas nele estabelecidas, corresponde ao seguinte silogismo: Todo chiste se origina em diferença construída em situação de disputa. A diferença de identidade construída em situação de dis- puta se baseia em estereótipo. Logo, todo chiste é agressivo.
32. (FCC/METRÔ-SP/ANALISTA/2014)
Viagens
Viagens de avião e de metrô podem guardar certa semelhança. Entre nuvens carregadas, ou tendo o azul como horizonte infinito, o passageiro não sente que está em percurso; no interior dos túneis, diante das velozes e uniformes paredes de concreto, o passageiro tampouco sabe da viagem. Em ambos os casos, vai de um ponto a outro como se alguém o levantasse de um lugar para pô-lo em outro, mais adiante.
Nesses casos, praticamente se impõe uma viagem interior. As nuvens, o azul ou o concreto escuro hipnotizam-nos, deixam-nos a sós com nossas imagens e nos- sos pensamentos, que também sabem mover-se com rapidez. Confesso que gosto desses momentos que, sendo velozes, são, paradoxalmente, de letargia: os olhos
abertos veem para dentro, nosso cinema interior se abre para uma profusão de cenas vividas ou de expectativas abertas. Em tais viagens, estamos surpreenden- temente sós – uma experiência rara em nossos dias, concordam?
Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrônica, por favor: que enfrente o vital desafio de um colóquio consigo mesmo, de uma viagem em que somos ao mesmo tempo passageiros e condutores, roteiristas do nosso trajeto, produtores do nosso sentido. Não é pouco: nesses minutos de íntima pere- grinação, o único compromisso é o de não resistir à súbita liberdade que nossa ima- ginação ganhou. Chegando à nossa estação ou ao nosso aeroporto, retomaremos a rotina e nos curvaremos à fatalidade de que as obrigações mundanas rejam o nos- so destino. Navegar é preciso, viver não é preciso, diziam os antigos marinheiros.
É verdade: há viagens em que o menos importante é chegar.
(Ulisses Rebonato, inédito)
São exemplos de uma mesma função sintática os elementos sublinhados na frase:
a) Viagens de avião e de metrô podem guardar certa semelhança b) Em tais viagens, estamos surpreendentemente sós.
c) Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrônica.
d) O único compromisso é o de não resistir à súbita liberdade que nossa imagina- ção ganhou.
e) Chegando à nossa estação, retomaremos a rotina.
33. (FCC/MPE-AM/AGENTE/2013) No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades, que torna ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é justiça, por meio da razão, da intuição ou da revelação.
Considerando-se o segmento, a afirmativa que NÃO condiz com a estrutura sintá- tica é:
a) trata-se de um período composto por coordenação b) o Direito e que exercem função de sujeito, no período.
c) gestão e acesso são palavras que possuem, igual- mente, complemento nominal.
d) ainda mais problemático é um termo que exerce função de predicativo.
e) o termo por meio da razão, da intuição ou da revelação tem sentido adverbial.
34. (CETRO/CRE F4ª/PROCURADOR/2013) De acordo com a norma-padrão da Lín- gua Portuguesa e em relação à sintaxe, assinale a alternativa cujo sujeito apresen- ta a mesma classificação que o sujeito destacado no período a seguir.
Ninguém entrou em contato com a família de Kevin.
a) Encontraram os culpados pelo atentado.
b) O pai e a mãe do garoto estavam muito abatidos.
c) Choveu muito em São Paulo.
d) O clube teve uma atitude jurídica perfeita.
e) Vive-se solitariamente nas grandes cidades.
35. (FGV/CÂMARA DE SALVADOR-BA/ASSISTENTE LEGISLATIVO/2018) “Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se complexificaria”.
Sobre um componente desse segmento do texto 2, é correto afirmar que:
a) o sujeito da forma verbal “foi usada” está posposto;
b) a frase “para criar uma desigualdade” indica uma concessão;
c) o relativo “a qual” se refere a um termo seguinte;
d) o termo “alguns teóricos” funciona como objeto direto;
e) a forma verbal no futuro do pretérito – desenvolveria – indica uma possibilidade.
36. (FGV/SEPOG-RO/TÉCNICO/2017)
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Cal- ma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um órgão vital.
É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimen- tos cardíacos e a pressão arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
“Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os sentimentos.”
Nesse segmento do texto, há duas formas verbais na terceira pessoa do plural:
dizem e moram.
Sobre essas formas, assinale a opção correta.
a) As duas formas mostram sujeitos pospostos.
b) Só a primeira forma tem sujeito indeterminado.
c) Só a segunda forma tem sujeito.
d) As duas formas mostram sujeitos indeterminados.
e) As duas orações não têm sujeito.