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Transtornos Alimentares
RESUMO
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Transtornos Alimentares
Conceito:
Síndromes psiquiátricas caracterizadas por importantes disfunções do comportamento alimentar e da imagem corporal.
São caracterizados pela prática de dietas restritivas e aleatórias, compulsões alimentares, e uso de métodos inadequados para perda e manutenção de peso.
ETIOLOGIA MULTIFATORIAL:
Fatores genéticos, familiares, psicológicos e socioculturais.
Predominante em mulheres: menos 10% são homens, mas atualmente a proporção homem/mulher começa a diminuir de 1(H):10(M) para 1(H):6(M).
FAZEM PARTE DO GRUPO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES (DSM-V):
Pica.
Transtorno de Ruminação.
Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo.
Anorexia Nervosa.
Bulimia Nervosa.
Transtorno de Compulsão Alimentar.
PICA:
Caracterizada pela ingestão de substâncias sem qualquer conteúdo nutricional de forma persistente por pelo menos um mês.
As substâncias ingeridas costumam variar com a idade e disponibilidade e podem ser as mais diversas.
O comportamento não pode ser explicado por alguma prática culturalmente aceita ou pela exploração de objetos com a boca acidentalmente ingeridos.
Geralmente não há aversão a alimentos em geral, e o comportamento pode estar relacionado a outros transtornos mentais.
TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO:
Caracteriza-se pela regurgitação do alimento depois de ingerido repetidamente.
O alimento, nesse transtorno, pode estar parcialmente digerido, depois voltar à boca sem náusea aparente, nojo ou ânsia de vômito.
Além de ter que acontecer repetidamente, para ser considerado o Transtorno de Ruminação, os comportamentos não podem ser melhor explicados por condições gastrointestinais.
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TRANSTORNO ALIMENTAR RESTRITIVO/ EVITATIVO:
Caracteriza-se, principalmente, pela esquiva ou restrição da ingestão alimentar, gerando a não satisfação das demandas nutricionais do indivíduo.
Levam ao peso inadequado, deficiência nutricional, dependência de alimentação enteral, e/ou alterações no funcionamento psicossocial.
Neste caso, não se pode ter um transtorno mental ou outra condição médica, prática culturalmente aceita ou aspecto desenvolvimental que explique o comportamento.
ANOREXIA NERVOSA:
Descrição segundo o DSM-V:
o Caracteriza-se por restrição de ingestão calórica necessária de acordo com o esperado para o desenvolvimento
o Medo intenso de ganhar peso ou engordar, mesmo quando o peso já está baixo e perturbação na forma como se experiencia o próprio peso, na autoavaliação do corpo e na imagem corporal.
o É caracterizada pela recusa do indivíduo em manter o menor peso adequado para sua altura e idade, medo intenso de ganhar peso e um distúrbio na percepção da forma e do tamanho do próprio corpo.
o O comportamento clássico na AN é uma progressiva e grave restrição alimentar.
o O paciente normalmente elimina os alimentos que julga mais ricos em calorias e termina por excluir progressivamente vários outros.
o Questões ligadas ao alimento se tornam centrais na vida dos pacientes.
o Esta restrição alimentar praticada na AN leva a uma marcante perda de peso.
o Os pacientes frequentemente negam o problema, mostrando-se indiferentes ao seu péssimo estado nutricional.
Complicações Clínicas na NA
o A percepção do gosto costuma realmente ser reduzida, assim como a motilidade gástrica.
o O baixo consumo alimentar tem consequências evidentes no estado nutricional com efeitos similares à desnutrição proteico-calórica.
o O organismo realiza ajustes fisiológicos, que resultam em:
baixa taxa de metabolismo basal,
baixa pressão sanguínea,
bradicardia,
hipotireoidismo,
hipotermia,
constipação
e alterações no sono.
o Encontra-se, ainda:
pele fria e pálida, estrutura óssea proeminente, sendo a osteopenia e a osteoporose frequentes.
o É comum, também:
queda de cabelos, aparecimento de uma fina camada de pelos sobre a pele (lanugo) e de problemas de pele.
o Anemia, leucopenia e altos níveis de colesterol total são também encontrados em consequência da desnutrição.
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BULIMIA NERVOSA:
Descrição:
o Pode ser definida segundo três características principais, sendo elas:
Episódios recorrentes de compulsão alimentar.
Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes para impedir o ganho de peso.
E auto avaliação indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais.
Para o manual DSM5, os critérios diagnósticos são:
o Episódios recorrentes do comer compulsivo.
o Comportamentos compensatórios recorrentes.
o Frequência mínima: 1 vez por semana por 3 meses.
o Prejuízo na auto avaliação em função de peso e forma corporal.
Uma combinação de fatores culturais, econômicos e psicológicos parecem ter contribuído, nos anos 1940, para o crescimento da síndrome da BN, tornando-a hoje muito mais comum que a anorexia nervosa.
Características:
o É caracterizada por episódios do comer compulsivo seguidos de métodos compensatórios e inadequados para evitar o ganho de peso.
Comer compulsivo é caracterizado por:
Ingestão, em curto intervalo de tempo, de uma quantidade de alimento definitivamente superior ao que a maioria das pessoas conseguiria comer, com sentimento de perda de controle sobre a alimentação.
o Ou seja, um sentimento de não poder parar de comer ou não controlar o quê e quanto se consume.
Dentre os métodos compensatórios estão:
Vômito auto-induzido;
Abuso de laxantes;
Diuréticos e outros medicamentos (como hormônios tireoideanos e anorexígenos);
Jejum;
Dietas rigorosas ou períodos de restrição alimentar;
Exercícios físicos excessivos;
Entre outros.
o Os indivíduos com BN são ainda excessivamente influenciados, em sua auto- avaliação, pelo peso e forma corporal.
Complicações Clínicas na BN:
o São três os sinais clínicos clássicos na observação do paciente com BN:
Hipertrofia bilateral das glândulas salivares, particularmente das parótidas
Lesão de pele no dorso da mão, conhecida como “sinal de russell”, causada pela introdução da mão na boca para estimular o reflexo do vômito, que pode variar de calosidade à ulceração.
Desgaste dentário provocado pelo suco gástrico dos vômitos, que leva à descalcificação dos dentes e aumenta o desenvolvimento de cáries, podendo levar até a perda de dentes.
Diferente da AN, não é um quadro com características “visíveis aos olhos”;
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o pois os pacientes têm invariavelmente peso normal ou até sobrepeso e as alterações físicas são – pelo menos no início – sutis e observáveis apenas por profissionais.
Outros sinais e sintomas clínicos encontrados são:
o Edema generalizado;
o queda de cabelo;
o equimoses na face e pescoço;
o descamação da pele;
o alterações menstruais;
o hipotermia;
o gengivite;
o fraqueza muscular;
o cãibras;
o arritmias;
o poliúria;
o desidratação;
o carência de vitaminas e minerais;
o falência cardíaca;
o nefropatia;
o dilatação gástrica;
o herniações no esôfago;
o constipação crônica;
o perfurações gástricas;
o entre outras.
TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR:
Caracteriza-se por episódios de ingestão de alimentos em quantidades maiores do que o esperado em um espaço curto de tempo, acompanhados de uma sensação de falta de controle.
Nesses casos, o contexto é importante para considerar se a ingestão excessiva se dá por um transtorno ou por uma ocasião aceitável (como em festas, por exemplo).
TRANSTORNO ALIMENTAR NÃO ESPECIFICADO:
Transtorno Alimentar Não Especificado (TANE) ou “Eating Disorder Not Otherwise Specified”, de acordo com seu próprio nome, é o diagnóstico para aqueles casos que não preenchem critério para transtorno específico.
São muitas vezes denominados como quadros subclínicos, e sua prevalência é maior do que da AN e BN.
Incluem os quadros parciais de AN ou BN, como casos sugestivos de algum dos dois transtornos, mas que não apresentam todos os critérios diagnósticos.
Para o manual DSM5:
o A nomenclatura adotada é Outro Transtorno Alimentar Especificado, e inclui os seguintes diagnósticos:
Anorexia nervosa atípica:
Todos os critérios para anorexia nervosa são preenchidos, exceto que:
o Apesar da perda de peso significativa, o peso do indivíduo está dentro ou acima da faixa normal.
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Bulimia nervosa (de baixa frequência e/ou duração limitada):
Todos os critérios para bulimia nervosa são atendidos, exceto que:
o A compulsão alimentar e comportamentos compensatórios indevidos ocorrem, em média, menos de uma vez por semana e/ou por menos de três meses.
Transtorno de compulsão alimentar (de baixa frequência e/ou duração limitada):
Todos os critérios para transtorno de compulsão alimentar são preenchidos, exceto que:
o A hiperfagia ocorre, em média, menos de uma vez por semana e/ou por menos de três meses.
Transtorno de purgação:
o Comportamento de purgação recorrente para influenciar o peso ou a forma do corpo na ausência de compulsão alimentar.
p. ex.:
vômitos auto induzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos.
Síndrome do comer noturno:
Episódios recorrentes de ingestão noturna, manifestados pela ingestão ao despertar do sono noturno ou pelo consumo excessivo de alimentos depois de uma refeição noturna.
Há consciência e recordação da ingesta.
A ingestão noturna causa sofrimento significativo e/ ou prejuízo no funcionamento.
A ingestão noturna não é bem explicada por influências externas, como mudanças no ciclo de sono-vigília do indivíduo, ou por normas sociais locais.
O padrão desordenado de ingestão não é mais bem explicado por transtorno de compulsão alimentar ou outro transtorno mental, incluindo uso de substâncias.
Não é atribuível a outro distúrbio médico ou ao efeito de uma medicação.