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Atividade Física: uma opinião dos profissionais da saúde sobre a participação do profissional da educação física

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Academic year: 2017

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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA CONSTRUÍDAS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, para obtenção do Grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Jacó de Oliveira

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À "Deus" por conceder a dádiva da vida e pelo privilégio de conviver. À minha esposa e filhos pelo apoio e incentivo em

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Ao Prof. Dr. Ricardo Jacó de Oliveira,

pelo incentivo oportuno, orientação precisa e amizade sincera.

Ao Prof. Dr. Luís Otávio Teles Assumpção e Profª. Drª. Adriana Giavoni,

pelas sugestões e estímulos.

Ao Prof. Msc. Aldry Sandro Monteiro Ribeiro e Profª. Msc. Gleicimar Gonçalves Cunha,

pelo auxílio e contribuição.

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RESUMO

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ABSTRACT

The purpose of the present study was to identify the social representations of the Physical Education professional which are built by health professionals so as to determine their concepts and to infer their practice. In order to achieve such goals, a psycho-sociological approach as well as Social Representations and Central Nucleus theories were used. It was concluded with the collection of nuclear and peripheral structural elements, and with the realization of the anchorage of the social representation under study. Ninety volunteer health professionals who work in Teaching and Health Institutions in the Federal District were interviewed. Two research instruments were used. The first one was a questionnaire in order to collect data regarding the multidisciplinary health teams which exist at the researched institutions themselves. The second one was an interview in which the free association technique was used. The inducing term was “the Physical Education professional”. The data collected was processed by the Evoc (Ensemble de Programmes Permettant l'Analyse des Évocations) software and later analyzed by the

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SUMÁRIO

RESUMO 04

ABSTRACT 05

1. INTRODUÇÃO 07

1.1 Objetivo geral 09

1.2. Objetivos específicos 09

1.3. Justificativa 10

2. REVISÃO DA LITERATURA 11

2.1 Saúde 11

2.2. Equipe multidisciplinar de saúde 21

2.3. O profissional de educação física 24

3. REFERENCIAL TEÓRICO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 28

4. MATERIAL E MÉTODO 33

4.1. Tipo de estudo 33

4.2. Amostra 33

4.3. Locais 33

4.4. Instrumentos de coleta de dados 34

4.5. Procedimentos na coleta de dados 35

4.6. Análise e tratamento dos dados 35

4.7. Comitê de Ética da UCB 38

5. RESULTADOS 39

6. DISCUSSÃO 42

6.1. A estrutura das representações sociais 42

6.2. A ancoragem das representações sociais 51

7. CONCLUSÃO 54

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55

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1. INTRODUÇÃO

A atividade física faz parte da rotina diária do homem desde o seu surgimento na face da terra. Inicialmente, todas as atividades humanas dependiam do movimento, do ato físico. Desde os primórdios da humanidade, o ser humano usava sua força, velocidade e resistência para sobreviver e em busca de abrigo e alimento, lutava, corria, saltava e nadava (OLIVEIRA, 1983).

Atualmente, a atividade física não está exclusivamente voltada para a sobrevivência, ela ocupa um lugar de destaque nas atitudes preventivas à doença e nas ações corretoras e promotoras da saúde. O exercício físico é um importante instrumento de prevenção, um auxiliar no tratamento, possui um expressivo valor prognóstico e atua não somente na redução da mortalidade, como também na melhoria da qualidade de vida (LAZZOLI, 1999). A atividade física desencadeia uma intrincada e complexa rede de ajustamentos metabólicos e fisiológicos em todos os sistemas orgânicos fundamentais para a manutenção da vida, cuja principal função consiste no aceleramento de substratos energéticos derivados dos nutrientes, que servirão de combustíveis para o fenômeno da contração muscular e, conseqüentemente, do movimento (BRASIL, 1995).

Apesar da atividade física ser fundamental para o ser humano, a avançada tecnologia existente no mundo moderno estimula a hipocinesia, quando o automóvel, o ônibus, o metrô, o elevador e a escada rolante substituem as pernas nos deslocamentos diários, as máquinas substituem o trabalho físico nas fábricas, oficinas e canteiros de obra, os aparelhos elétricos e eletrônicos substituem os afazeres rotineiros nas residências. Além disso, as grandes distâncias a serem percorridas, aliadas à falta de tempo, característica atual da maior parte das populações dos grandes centros urbanos, cria um ambiente propício ao uso dessas comodidades tecnológicas e à diminuição das atividades motoras. E, ainda, várias horas são utilizadas em atividades menos ativas, como por exemplo, intelectuais, culturais, contemplativas e de entretenimento. O homem de hoje padece do que se poderia chamar de “síndrome da imobilização”. O mesmo progresso que lhe traz mais conforto e bem-estar, paradoxalmente o agride, pois o debilita, à medida que o afasta da atividade motora (TEIXEIRA, 1994).

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prematuro de várias doenças, com prevalência das chamadas crônico-degenerativas. A inatividade física é o principal fator de risco para a doença cardiovascular e níveis moderados de atividade física conferem significativos benefícios à saúde. A atividade física reduz o risco de doença cardíaca, hipertensão e câncer de cólon, bem como auxilia no controle do peso corporal (U. S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996).

Nesse sentido, em vários estados brasileiros, algumas iniciativas colocam a atividade física como fator preventivo e auxiliar. Como exemplo, o programa Agita Brasil, iniciado no Estado de São Paulo em 1996, com o nome de Agita São Paulo e atualmente estendido para todo o país. Dessa forma, o Ministério do Esporte e Turismo vem implementando, a partir de 2001, vários projetos na área esportiva como Esporte na Escola, Pintando a Liberdade, Vida Ativa na 3ª Idade, Esporte Especial, Navegar, Esporte Solidário, Esporte Identidade Cultural, Esporte de Rendimento e CENESP (Centros de Excelência Esportivos), sempre com o foco na busca e melhoria da saúde e qualidade de vida, por intermédio da atividade física.

Além disso, a própria Constituição Federal declara que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado e outras leis dispõem sobre promoção, proteção e recuperação da saúde e organização e funcionamento dos serviços correspondentes, evidenciando a preocupação governamental com essa área.

Presencia-se hoje um ambiente favorável à valorização da atividade física como promotora da saúde com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), reintegrando a Educação Física aos currículos da educação básica e com a Lei número 9696/98, instituindo o Conselho Federal de Educação Física para regular a atividade profissional, melhorar a qualidade dos serviços prestados à comunidade nacional e ampliar a percepção e o entendimento do papel das atividades físicas na promoção da saúde.

Nesse contexto, o Conselho Nacional de Saúde por intermédio da Resolução número 218/97 reconheceu como profissionais de saúde de nível superior as seguintes categorias: assistentes sociais, biólogos, profissionais de educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, médicos veterinários, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

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existência de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêutico, fonoaudiólogo, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, biólogos e odontólogos na composição dessas equipes multidisciplinares de saúde e, em raras oportunidades, a existência de um profissional de educação física, como por exemplo, nas unidades do Hospital Sarah Kubitschek, no Instituto Nacional do Coração (INCOR) em São Paulo e em algumas clínicas de reabilitação física e cardiovascular das grandes capitais do país.

Portanto, nesse contexto, verifica-se uma problemática em torno da questão. Por que será que o profissional de educação física raríssimas vezes faz parte das equipes multidisciplinares de saúde? Este problema é bastante amplo e complexo, e inúmeras hipóteses poderiam ser criadas, suscitando várias linhas de pesquisa. No entanto, buscou-se enfocar uma visão psicossociológica do problema, dentro do universo dos próprios profissionais de saúde, prováveis integrantes dessas referidas equipes.

Pretende-se, então, identificar as visões dos profissionais de saúde a respeito do profissional de educação física e, assim, inferir prováveis influências dessas percepções na inclusão do educador físico nas equipes multidisciplinares de saúde. Utilizar-se-á, para tal, a Teoria das Representações Sociais (TRS) e mais especificamente a Teoria do Núcleo Central (TNC) com a finalidade de identificar essas percepções e a partir destas antever as atitudes dos profissionais de saúde em relação ao profissional de educação física.

1.1. Objetivo geral

Identificar as representações sociais do profissional de educação física construídas por profissionais de saúde.

1.2. Objetivos específicos

1) Identificar o núcleo central das representações sociais do profissional de educação física construídas por profissionais de saúde.

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3) Identificar a ancoragem das representações sociais do profissional de educação física construídas por profissionais de saúde.

1.3. Justificativa

Muito se tem discutido sobre a importância da atividade física na sociedade, mormente pela sua influência na promoção da saúde da população. Nesse sentido, várias pesquisas já identificaram os reais benefícios da atividade física em prol da manutenção e melhoria da saúde.

No entanto, não basta apenas adotar um estilo de vida mais ativo para garantir saúde. É preciso, também, adotar uma nutrição diversificada e livre de contaminações de qualquer espécie, ter acesso às condições sanitárias e de moradia adequadas, buscar o equilíbrio emocional e espiritual, ter tempo para o lazer e para a evolução pessoal, estar em harmonia consigo, com os outros e com a natureza e, ainda, se afastar dos riscos à saúde de qualquer tipo. Trata-se, portanto, da ampliação do conceito de saúde, além do determinismo biológico de causa e efeito, com a união de outros aspectos relevantes, tais como as dimensões socioeconômicas, históricas, culturais, ambientais, políticas e a incorporação de uma visão holística na formação do “homem integral”, abrangendo as partes física, psicológica, social e espiritual (GARCIA, 1983).

Para melhor atender esse “homem integral”, equipes multidisciplinares de saúde foram criadas em algumas instituições, unindo diferentes áreas do conhecimento humano. A inclusão dos profissionais de educação física, nessas equipes multidisciplinares de saúde, amplia o atendimento ao usuário e a atenção primária à saúde.

Além disso, não se encontraram estudos sobre a representação social do profissional de educação física.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, abordar-se-ão os temas: saúde, equipe multidisciplinar de saúde e profissional de educação física, delineando os seus relacionamentos.

2.1. Saúde

A Constituição Brasileira de 1988 considera a saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

Dessa forma, cabe ao Estado adotar políticas de promoção da saúde em âmbito nacional, tanto na área preventiva como na curativa, minimizando ou impedindo a ação deletéria das doenças e melhorando os índices de saúde populacionais. Assim, o Governo Federal coloca a saúde no mesmo patamar da educação, do trabalho, do lazer, da segurança, da previdência social, da proteção à maternidade e à infância e da assistência aos desamparados, todos considerados como direitos sociais.

Nesse contexto, o profissional de educação física presta a sua colaboração na construção da cidadania por intermédio das aulas de educação física aos alunos dos ensinos básico e fundamental e por intermédio da orientação das atividades físicas às demais camadas da população, ambas com finalidades físicas, psicológicas e sociais, auxiliando na promoção da saúde nacionalmente.

A formulação dos quatros componentes do conceito “campo de saúde” proposto por Marc Lalonde, Ministro da Saúde do Canadá em 1974: “biologia humana, meio ambiente, estilos de vida e organização da atenção à saúde” tornou-se o marco conceitual histórico da promoção da saúde (LALONDE, 1974).

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Documentos produzidos na Conferência Internacional sobre Exercício, Aptidão Física e Saúde, realizada no Canadá, em 1988, definiram saúde como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, cada uma caracterizada por um continuum, com pólos positivos e negativos. A “saúde positiva” estaria associada à capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios do cotidiano, enquanto a “saúde negativa” estaria associada à morbidade e, no extremo, à mortalidade (BOUCHARD et al, 1990).

A promoção da saúde, então, passou a ser abordada, incorporando a importância e o impacto das dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais sobre as condições de saúde.

MINAYO (1992), ao considerar a saúde como um direito à cidadania, define-a como resultante das condições de alimentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Dentro dessa concepção, além de reparar as doenças, é necessário, ainda, dominar as doenças causadas pelas agressões à natureza, às geneticamente determinadas e às causadas pelas relações em sociedade, tudo isto aliado à distribuição de bens e serviços. O estado de saúde de uma população, a condição de ser ou não ser saudável é mais do que tudo uma produção humana, muito mais do que um dado momento da história natural ou certo estágio biológico-evolutivo.

Nessa perspectiva, fica evidente que o estado de ser saudável não é algo estático e sim totalmente transitório. É necessário adquirir, manter ou reconstruir esse estado saudável, de forma individualizada e constante ao longo de toda a vida, procurando sempre se afastar dos fatores de risco que conduzem a “saúde negativa”. Nesse sentido, a atividade física e o profissional de educação física atuam diretamente tanto na prevenção da doença, quanto na manutenção e recuperação da saúde.

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2.1.1. Atividade física

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior que os níveis de repouso (CASPERSEN, POWELL & CHRISTENSON, 1985; BARANOWSKI, BOUCHARD & BAR-OR, 1992 e U. S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). Essa definição limita a atividade física a comportamentos voluntários e propositais, eliminando as simples respostas fisiológicas. NEEWELL (1990) definiu atividade física como um movimento intencional voluntário realizado para alcançar um objetivo identificável. De acordo com as definições, supracitadas, todas as atividades ministradas pelos profissionais de educação física, como exemplos, os exercícios físicos, os desportos, os jogos, as lutas, as danças, estão enquadrados como atividade física, incluindo várias outras atividades diárias como de locomoção, trabalho, lazer e outras, desde que resultem em gasto energético acima dos níveis de repouso e sejam voluntárias.

A quantidade de energia requerida para atender à demanda energética provocada pela atividade física pode ser determinada em quilojoule (kj) ou em quilocaloria (kcal).

Segundo SHARKEY (1997), o gasto energético aproximado de um homem adulto de 1,78 m de altura e 73 kg de peso corporal, praticando atividade física durante 30 minutos será: 110 kcal na caminhada; 220 kcal jogando tênis; 360 kcal andando de bicicleta a 24 km/h; 450 kcal lutando e 680 kcal correndo. O mesmo homem consumirá 30 kcal durante 30 minutos de sono. Uma pessoa pouco ativa come e utiliza em média 2000 calorias por dia e os atletas de 3000 a 4000 calorias.

O gasto energético associado à atividade física está diretamente relacionado à intensidade, à duração e à freqüência com que se realizam as contrações musculares e à quantidade de massa muscular envolvida nos movimentos corporais. No entanto, segundo TAYLOR et al (1978), a quantidade de energia necessária à realização de uma mesma tarefa motora poderá variar de indivíduo para indivíduo.

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programas de condicionamento físico (GUEDES & GUEDES, 1995). Destas categorias, a demanda energética advinda das atividades esportivas e de programas de condicionamento físico é a que permite provocar as maiores variações energéticas cotidianas, constituindo-se, portanto, no principal modulador dos níveis de prática da atividade física.

É de senso comum que a prática sistemática da atividade física desempenha um papel de grande importância para a saúde. Portanto, a manutenção de níveis adequados de aptidão física por intermédio da prática regular e orientada da atividade física constitui um dos principais objetivos de qualquer programa de condicionamento físico. Entende-se que essa orientação da prática regular da atividade física seja atribuição exclusiva do profissional de educação física, pelas habilidades e competências adquiridas por intermédio de sua formação intelectual e pela legislação que o ampara.

2.1.2. A saúde e a atividade física

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Esses relacionamentos aumentam a responsabilidade do profissional de educação física, pois sua orientação interfere na prática da atividade física, que altera os índices de aptidão física, e interfere no estado de saúde de seus clientes.

Nessa visão, a prática da atividade física é identificada como o principal mecanismo de proteção ao surgimento e à progressão dos fatores de risco predisponentes às doenças cardiovasculares (LEON et al, 1987; POWELL, THOMPSON & CASPERSEN, 1987; BLAIR et al, 1989; VUORI, 1991; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1992).

Indo ao encontro dessas conclusões, vivencia-se um contexto nacional favorável à valorização da atividade física como promotora da saúde com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Lei n° 9394, de 20 de dezembro de 1996, contemplando a prática da Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, como componente curricular obrigatório da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar. Nesse mesmo sentido, o Conselho Federal de Educação Física lançou a Carta Brasileira de Educação Física em 20 de Agosto de 2000, que enfatiza a condução da educação física como caminho para o desenvolvimento de estilos de vida ativos e que possa contribuir para a qualidade de vida da população, aumentando a percepção e o entendimento do papel das atividades físicas na promoção da saúde.

2.1.3. Exercício físico

O exercício físico é considerado uma subcategoria da atividade física e não sinônimo de atividade física. Por definição, exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN, POWEL & CHRISTENSON, 1985). Portanto, o exercício físico é um tipo de atividade física específico, não se constituindo o único mecanismo de promoção da aptidão física, posto que hábitos de prática de atividade física do cotidiano também desempenham importante papel nesse campo.

A condução de exercícios físicos deverá, também, ser exercida pelo profissional de educação física, de acordo com a legislação infracitada.

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Embora apresente uma certa dificuldade conceitual, o esporte foi recentemente definido como um sistema ordenado de práticas corporais de relativa complexidade que envolve atividades de competição institucionalmente regulamentada, que se fundamenta na superação de competidores ou de marcas e resultados anteriores estabelecidos pelo próprio esportista (GENERALITAT DE CATALUNYA, 1991). Nesse sentido, o esporte também pode ser considerado como uma subcategoria da atividade física, já que promove um gasto energético humano maior que os níveis de repouso e envolve movimentos voluntários.

Dos vários tipos de práticas de esportes, destacam-se os esportes de alto rendimento e os esportes de recreação. Esporte de alto rendimento é aquele que tem como objetivo principal o alcance do desempenho máximo do atleta, oferecendo um espetáculo que pode ser usado como fonte de entretenimento e incentivo à população. O esporte de recreação é o que tem como propósito a melhoria do bem-estar e do relacionamento inter-pessoal de seus praticantes.

A prática dos esportes que requeiram elevado nível de atividade física repercute positivamente quanto às eventuais mudanças dos índices de aptidão física quando realizada em situação de alto rendimento. Entretanto, esses mesmos esportes, praticados de forma recreativa, exigirão menores esforços físicos e, nem sempre, provocarão modificações efetivas nos índices de aptidão física. Assim, parece correto afirmar que as pessoas deverão apresentar satisfatório estado de saúde para praticar esportes que requeiram elevado nível de atividade física, no entanto, as suas práticas não deverão, necessariamente, ser utilizadas na promoção de saúde.

Da mesma forma que as atividades físicas e os exercícios físicos, as práticas dos esportes, também, deverão ser orientadas pelo profissional de educação física, de acordo com a legislação infracitada.

2.1.5. Sedentarismo

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aproximadamente 15% das crianças e adolescentes brasileiros não conseguem apresentar as exigências motoras mínimas para satisfazer aspectos relacionados à saúde e cerca de 20% apresenta índices de adiposidade comprometedores antes do período de maior acúmulo de gordura corporal (GUEDES & GUEDES, 1998). Em decorrência, jovens menos ativos fisicamente deverão se tornar adultos também sedentários (SALLIS & McKENZIE, 1991) e oitenta por cento dos adolescentes obesos deverão também se tornar adultos obesos (MUST, 1992).

O excesso de peso corporal assume importante papel na variação das funções metabólicas, constituindo-se, portanto, num dos fatores de riscos mais significativos associados ao aparecimento das doenças crônico-degenerativas (VAN ITALLIE & ABRAHAM, 1985).

De acordo com ANJOS & DE VASCONCELOS (1998), a análise dos dados de estudos populacionais existentes no Brasil parece indicar que aproximadamente metade da população seria inativa fisicamente. Para uma análise mais acurada, seria necessário incorporar informações de atividades físicas ocupacionais, além de uma melhor informação quanto às atividades domésticas e das características de deslocamento da população para o trabalho ou escola e incluir, ainda, medidas diretas de gasto energético dos indivíduos, o que permitiria conhecer, com maior exatidão, o nível de prática de atividade física da população brasileira. Entre os poucos dados existentes no Brasil, REGO et al, (1990) apresentam evidências de que 69,3 % da população adulta de São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS) são totalmente sedentárias.

Nesse contexto, o Ministério da Saúde sancionou a Portaria n° 1893, de 15 de outubro de 2001, instituindo o programa de Promoção da Atividade Física, a ser coordenado pela Secretaria de Políticas de Saúde, com dois objetivos: a) conferir maior sustentabilidade e efetividade às ações de prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis e b) articular, promover e implementar projetos de atividades físicas moderadas, de caráter regular, voltados à populações de hábitos sedentários.

2.1.6. Aptidão física

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realização das tarefas do cotidiano, a ocupação ativa das horas de lazer e o enfrentamento de emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas também, o evitar do aparecimento das disfunções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria em viver (BOUCHARD et al, 1990). O American College of Sports Medicine (ACSM) (1990), define aptidão física como sendo a habilidade de realizar atividades físicas de intensidade leve a moderada sem fadiga e a capacidade de manter estas habilidades ao longo dos anos. PATE (1988) complementa que todas as definições tradicionais de aptidão física expressam uma capacidade para o movimento.

Dessa forma, sendo a aptidão física uma capacidade, uma habilidade, um estado, uma situação, em que uma pessoa pode se encontrar ou obter, elimina-se a possibilidade de enquadrá-la como atividade física, exercício físico ou esporte.

Baseado nas definições supracitadas, os componentes da aptidão física, a seguir relacionados, seriam os moduladores dos atributos voltados à capacidade de realizar esforços físicos, que possam garantir a sobrevivência das pessoas em boas condições orgânicas no meio ambiente em que vivem.

Apesar da dificuldade conceitual do termo aptidão física, observa-se uma tendência em defini-la por intermédio de duas principais vertentes: aquela que compreende os componentes da aptidão física relacionada à saúde e aquela que se identifica com a aptidão física relacionada às atividades físicas em geral, como desempenho atlético, práticas desportivas, recreativas e atividades de trabalho e lazer da vida cotidiana. Esta última é chamada por PATE (1988) de aptidão física da performance motora e definida pela habilidade em realizar as atividades da vida diária com vigor. .

Nesse sentido, observa-se o posicionamento da American Alliance For Health, Physical Education Recreation And Dance – AAHPERD (1981), que aponta a importância de alguns componentes, que deverão ser constantemente trabalhados para se obter níveis adequados de saúde. FARIA JÚNIOR (1986), BARBANTI (1991) destacam que nos anos 80, por influência da AAHPERD, ocorreu uma mudança de ótica no que tange à visão da aptidão física. Observou-se, a partir daquele momento, uma concepção não apenas vinculada à habilidade motora ou atlética, mas outra voltada para a saúde funcional.

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A aptidão física relacionada à saúde abriga os atributos biológicos que oferecem alguma proteção ao aparecimento de distúrbios orgânicos provocados pelo estilo de vida sedentário, que se torna, portanto, extremamente sensível ao nível de prática da atividade física (PATE, 1988).

Pessoas que apresentam baixos níveis de aptidão física têm maior taxa de mortalidade, independente de outros fatores de risco (TAYLOR et al, 1991).

A aptidão física relacionada ao aprimoramento do desempenho motor e atlético inclui os atributos biológicos necessários à prática mais eficiente dos esportes como a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência e as velocidades de deslocamento e de reação (CORBIN, 1987).

Um programa de condicionamento físico, que envolve práticas desportivas de alto nível diverge daquele preconizado para indivíduos que buscam a manutenção e ou melhoria da saúde e o conseqüente aprimoramento da qualidade de vida. Embora muitos dos princípios fisiológicos e metodológicos possam ser utilizados em ambos os casos, os objetivos que envolvem a prática da atividade física determinam diferenças quanto à duração, intensidade, freqüência semanal e tipos de solicitações motoras a serem trabalhadas.

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desenvolver a flexibilidade, mais de 2 sessões de alongamentos por semana, com duração de 15 a 30 minutos e com a intensidade até o limite individual, sem dor.

A prática de esportes pode, eventualmente, promover alguns aspectos da aptidão física relacionada à saúde, mas melhor se identifica com os aspectos da aptidão física relacionada ao desempenho atlético, em que existe um elevado índice de retenção, ao contrário do que se verifica na aptidão física relacionada à saúde, que não pode ser acumulada e, portanto, necessita de constante manutenção por meio de programas específicos e regulares para essa finalidade. Geralmente, os componentes da aptidão física relacionada exclusivamente ao desempenho atlético apresentam uma relação bastante limitada com o melhor estado de saúde (PATE & SHEPHARD, 1989).

Os programas direcionados a atenderem aos componentes da aptidão física relacionada à saúde seguramente se constituem mecanismos imprescindíveis, na medida em que contribuem para que se possa inibir o aparecimento dos fatores de risco, que mais tarde venham a contribuir para o surgimento de sintomas relacionados às disfunções de caráter crônico-degenerativas, mediante maior proteção contra problemas e distúrbios associados às doenças hipocinéticas.

Embora exista uma dificuldade de encontrar uma definição de aptidão física que seja aceita universalmente, observa-se um consenso quanto ao fato de que alguns de seus componentes estejam associados à saúde.

A elaboração de programas de exercícios físicos que atinjam os benefícios desejados na promoção da saúde deverá conter, obrigatoriamente, atividades físicas que privilegiem os aspectos da aptidão física relacionada à saúde. GUEDES & GUEDES (1995) salientam que os aspectos da educação física especialmente direcionados à saúde funcional deverão apresentar maior significado nos programas de exercícios físicos oferecidos à sociedade.

De acordo com PATE (1988), a aptidão física relacionada à saúde é definida como sendo a capacidade de realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia e demonstrar traços e capacidades associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de distúrbios orgânicos provocados pela falta de atividade física.

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referenciam alguns componentes da aptidão física como sendo correlacionados à saúde. Assim, o conceito de aptidão física relacionada à saúde implica a participação de componentes voltados às dimensões morfológica, funcional-motora, fisiológica e comportamental, subdivididas da seguinte forma:

a) Dimensão morfológica: composição corporal e distribuição da gordura corporal; b) Dimensão funcional-motora: função cardiorrespiratória e função músculo-esquelética;

c) Dimensão fisiológica: pressão sangüínea, tolerância à glicose e sensibilidade insulínica, oxidação de substratos, níveis de lipídios sangüíneos e perfil das lipoproteínas e

d) Dimensão comportamental: tolerância ao estresse.

Todas essas dimensões e seus respectivos componentes demonstram claras relações com o melhor estado de saúde, possibilitando ao profissional de educação física variar o tipo, a duração, a intensidade, a freqüência semanal e a carga a serem utilizadas durante as atividades físicas de modo a intervir adequadamente de acordo com as necessidades biológicas individuais, visando alcançar o máximo de eficácia do ponto de vista de atenção à saúde.

2.2. Equipe multidisciplinar de saúde

A atenção primária à saúde, envolvendo a prevenção e profilaxia de enfermidades, a atenção secundária, envolvendo a evolução das enfermidades com a execução de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos e a atenção terciária, envolvendo a invalidez com a reabilitação dos enfermos englobam uma diversidade e multiplicidade de ações profissionais e técnicas em várias áreas do conhecimento, utilizando métodos específicos, que objetivam garantir a saúde do ser humano e da coletividade. Esses três tipos de atenção à saúde concorrem para a formação de equipes multidisciplinares de saúde.

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Odontólogos; 12. Psicólogos e 13. Terapeutas Ocupacionais. A mesma resolução do CNS complementa que “a caracterização como profissionais de saúde dos assistentes sociais, dos biólogos e dos médicos veterinários deve ater-se a dispositivos legais do Ministério da Educação e do Desporto, Ministério do Trabalho e aos Conselhos de Classe dessas categorias”.

O enquadramento supracitado feito pelo CNS sugere, também, a formação de diversas equipes multidisciplinares de saúde, compostas por diferenciados profissionais de saúde, de acordo com o motivo dessas respectivas formações. A conveniência da formação dessas equipes multidisciplinares de saúde é imperativa quando o assunto a ser debatido, tratado ou executado for promoção da saúde e com muito maior razão, quando se tratar de um tema composto como atividade física e saúde. Além disso, as profissões de saúde regulamentadas alcançaram o nível de essencialidade social por decorrência de compromissos assumidos e da evolução científica dos seus procedimentos de intervenção, na busca do melhor atendimento do cidadão, ensejando, dessa maneira, a formação dessas equipes multidisciplinares de saúde. Uma equipe multidisciplinar de saúde compreende uma composição de profissionais de saúde, unidos pelos objetivos comuns de evitar doenças e restabelecer, manter e melhorar a saúde dos seres humanos, atuando tanto na área preventiva como na curativa.

A formação dessas equipes em hospitais e clínicas de reabilitação física, constituídas inicialmente por profissionais de saúde já existentes nessas instituições, ocorreu provavelmente para atender situações e doenças específicas, motivado pela própria proximidade no ambiente de trabalho, orientado por uma ação multidisciplinar na direção de uma intervenção voltada para a promoção da saúde. Os avanços das pesquisas científicas nas diversas áreas do conhecimento, aliado às inovações tecnológicas e técnicas de intervenção conduziram ao ingresso de outros profissionais nessas equipes, visando melhorar a atenção à saúde.

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composta por médico, psicólogo, profissional de educação física e enfermeira (CAVALIERE, 2000).

Como exemplos de atuação de equipes multidisciplinares de saúde por iniciativa governamental, destacam-se o Programa Saúde da Família (PSF) e o Serviço de Referência em Medicina Física e Reabilitação, ambos do Ministério da Saúde. O primeiro exemplo, criado em 1994 e ancorado no pressuposto da prevenção e não no processo curativo em si, presta atendimento à família no próprio domicílio em articulação com as unidades de saúde. A constituição mínima de uma equipe do PSF é de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS). Outros profissionais poderão ser incorporados às equipes, ou formar equipes de apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades locais (SANTANA e CARMAGNANI, 2001). Dados da avaliação da implantação do PSF realizada em 1999, a partir das informações dos gestores locais de saúde, revelam que a participação dos profissionais de saúde nos municípios brasileiros estudados foi a seguinte: existência do médico nas equipes de 98% dos municípios atendidos, enfermeiros e ACS em 96%, odontólogos em 28%, assistentes sociais em 9,3%, psicólogos em 5,3% e nutricionistas em 4,5% (ASSIS e col., 2002). O segundo exemplo de iniciativa do Governo Federal sobre equipe multidisciplinar de saúde, recém instituído pelo Sistema de Saúde Único (SUS), é o Serviço de Referência em Medicina Física e Reabilitação, cuja constituição mínima é a seguinte: um médico fisiatra, um enfermeiro, um assistente social, um fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional, um fonoaudiólogo, um psicólogo, um nutricionista, profissionais de nível médio e/ou técnicos necessários para o desenvolvimento de ações de reabilitação (BRASIL, 2003). Segundo NAHAS & CORBIN (1992), o professor de educação física se apresenta como um profissional que tem uma grande responsabilidade em prestar serviços relacionados a atividades físicas e desenvolvimento humano. Nesse sentido, o profissional de educação física tem o amparo legal e os conhecimentos específicos para atuar em qualquer dimensão nas áreas de atividades físicas e desporto, bem como participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares.

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regionais e na reabilitação física das pessoas necessitadas. Além disso, com a quantidade e velocidade de produção de novas informações nas diversas áreas do conhecimento humano, torna-se praticamente impossível um determinado profissional dominar mais de uma dessas áreas, corroborando a necessidade de formação dessas equipes multidisciplinares. Dessa forma, a identificação das percepções e visões dos profissionais de saúde a respeito dos profissionais de educação física seria um primeiro passo para a inclusão sistemática deste profissional, nessas equipes, quando sua presença profissional for necessária.

2.3. O profissional de educação física

Entende-se por profissional de educação física a pessoa que concluiu com aproveitamento o curso superior de educação física em Instituição de Ensino Superior (IES). Nesse sentido, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou, em outubro de 2002, a nova Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) que passou a vigorar a partir de janeiro de 2003. A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Pela nova CBO, os profissionais de educação física estão alocados nos códigos:

2313 - Professor de educação física do ensino fundamental; 2321 - Professor de educação física do ensino médio; 2344 - Professor de educação física do ensino superior e

2241 - Profissionais de educação física, envolvendo o avaliador físico, o ludomotrista, o preparador de atleta, o preparador físico/técnico de desporto, o treinador assistente de modalidade desportiva, o técnico de laboratório e fiscalização desportiva/treinador profissional de futebol e o auxiliar técnico nos esportes. No presente estudo, entende-se como profissional de educação física todas as ocupações descritas pelos códigos 2313, 2321, 2344 e 2241 da CBO.

Quanto à regulamentação da Profissão de Educação Física, a lei federal nº 9696 de 01 de setembro de 1998 confere, ao Profissional de Educação Física, adequada competência para atuar junto à população nas áreas de atividades físicas e desportos.

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concerne à área da educação física, concorrendo, desta forma, para uma melhor orientação técnica e científica das atividades em âmbito nacional.

Os artigos da referida lei preconizam que o exercício das atividades de Educação Física e a designação de Profissional de Educação Física são prerrogativas dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física. Preconizam, ainda, que compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto. Dessa forma, o profissional de educação física está investido de autoridade legal para desempenhar suas atividades.

Além disso, a resolução n° 046/2002 do Conselho Federal de Educação Física define em quais manifestações das atividades físicas o Profissional de Educação Física é especialista e aprova o documento de intervenção do profissional da seguinte forma: o Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, tais como: ginásticas; exercícios físicos; desportos; jogos; lutas; capoeira; artes marciais; danças; atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas; musculação; lazer; recreação; reabilitação; ergonomia; relaxamento corporal; ioga; exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.

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exercício do Profissional de Educação Física é pleno nos serviços à sociedade, no âmbito das Atividades Físicas e Desportivas, nas suas diversas manifestações e objetivos. O Profissional de Educação Física atua como autônomo e/ou em Instituições e Órgãos Públicos e Privados de prestação de serviços em Atividade Física, Desportiva e/ou Recreativa e em quaisquer locais onde possam ser ministradas atividades físicas, tais como: Instituições de Administração e Prática Desportiva, Instituições de Educação, Escolas, Empresas, Centros e Laboratórios de Pesquisa, Academias, Clubes, Associações Esportivas e/ou Recreativas, Hotéis, Centros de Recreação, Centros de Lazer, Condomínios, Centros de Estética, Clínicas, Instituições e Órgãos de Saúde, SPAs, Centros de Saúde, Hospitais, Creches, Asilos, Circos, Centros de Treinamento Desportivo, Centros de Treinamento de Lutas, Centros de Treinamento de Artes Marciais, Grêmios Desportivos, Logradouros Públicos, Praças, Parques, na natureza e outros onde estiverem sendo aplicadas atividades físicas e/ou desportivas.

As considerações supracitadas orientam os locais onde a formação de equipes multidisciplinares de saúde poderia ocorrer para melhor atender os usuários.

Quanto à formação do Profissional de Educação Física, o parecer n° 138 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior (CNE/CES), aprovado em 03/04/2002, analisou e aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Educação Física. Essas Diretrizes, no item referente às competências e habilidades gerais do Profissional de Educação Física, citam, com referência a atenção à saúde, o seguinte: como profissional da área da saúde, dentro do âmbito da Educação Física, deve estar apto a desenvolver ações de prevenção, reabilitação, promoção e proteção da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.

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Essas assertivas ensejam a formação adequada do graduado em Educação Física para lidar com as diversas manifestações e expressões da Atividade Física, para atuar na prevenção, reabilitação, promoção e proteção da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo e para participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares de saúde.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

O uso da Teoria das Representações Sociais, no presente trabalho, baseia-se em dois pontos básicos. O primeiro diz respeito à capacidade das Representações Sociais de possibilitar a captação das percepções e das imagens do objeto por intermédio dos sujeitos diretamente envolvidos. E o segundo considera duas das quatro funções essenciais das Representações Sociais, especificamente a função de orientação e a função justificante (ABRIC, 1994), que são explicitamente ligadas aos universos das condutas e dos comportamentos, enfim das práticas. Segundo CAMPOS (1998), as Representações Sociais estão inseridas nos processos de construção e de reapropriação da realidade, interferindo como ações sobre a realidade. Dessa maneira, reconhece-se que elas, as Representações Sociais, estão na origem das práticas.

De acordo com SÁ (1998), uma Representação Social é sempre de alguém (o sujeito) e de alguma coisa (o objeto). Nesse trabalho, os sujeitos são os profissionais de saúde e o objeto é o profissional de educação física. Assim, ao se determinar as Representações Sociais do profissional de educação física, construídas pelos profissionais de saúde, pretende-se captar as percepções e as imagens que os profissionais de saúde têm sobre o profissional de educação física e dessa forma, antever comportamentos, condutas e práticas, que poderão interferir na composição e formação das equipes multidisciplinares de saúde.

Neste capítulo abordar-se-á a Teoria das Representações Sociais e a Teoria do Núcleo Central, enfocando as origens, os conceitos, os conteúdos, a organização interna das representações sociais do profissional de educação física construídas por profissionais de saúde.

3.1. Origens e conceitos das Representações Sociais

A expressão Representações Sociais designa tanto um conjunto de fenômenos quanto o conceito que os engloba e a teoria construída para explicá-los (SÁ, 1993). Essa expressão surgiu inicialmente com os estudos do psicólogo social francês Serge Moscovici em 1961 na sua obra intitulada “A representação social da psicanálise”, onde tratava sobre o fenômeno da socialização da psicanálise pela população parisiense (MOSCOVICI, 1978).

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XX nas "representações coletivas" de Durkhein, sobre os fenômenos religião, mitos, ciência etc. como conhecimentos inerentes à sociedade. Segundo DURKHEIM (1978), as representações coletivas são o produto de uma imensa cooperação que se estende não apenas no espaço, mais no tempo; para fazê-las, uma multidão de espíritos diversos associaram, misturaram, combinaram suas idéias e sentimentos; longas séries de gerações acumularam aqui sua experiência e saber. No entanto, MOSCOVICI (1984) esclarece que os fenômenos que devem atrair a atenção da psicologia social nos dias de hoje diferem daqueles que Durkheim se ocupara: As representações em que estou interessado não são as de sociedades primitivas, nem as reminiscências, no subsolo de nossa cultura, de épocas remotas. São aquelas representações da nossa sociedade presente, do nosso solo político, científico e humano, que nem sempre tiveram tempo suficiente para permitir a sedimentação que as tornassem tradições imutáveis. Portanto, o entendimento da existência de um outro tipo de fenômenos exigiria um outro tipo de conceito para englobá-los. Daí o surgimento da expressão Representações Sociais, implicando um decisivo afastamento da perspectiva “sociologista” extrema da noção original e a construção teórico-conceitual de um espaço psicossociológico próprio (SÁ, 1993).

Partindo das representações coletivas de Durkhein, MOSCOVICI (1978) foi além da criação e da consolidação de um campo específico de estudos, pois contribuiu para a ampliação da psicossociologia do comportamento humano, redefinindo problemas e conceitos da psicologia social e interconectando conceitos da Sociologia e da Psicologia Social.

A proposta básica do estudo das Representações Sociais é a tentativa de compreender o processo de construção social da realidade. Nesse sentido, MOSCOVICI (1978) definiu inicialmente Representações Sociais como “teorias” do senso comum, “ciências coletivas” sui generis, destinadas à interpretação e à construção das realidades sociais, assim, elas determinariam os campos de comunicações possíveis, valores ou idéias apresentadas nas visões compartilhadas pelos grupos e regulariam, em conseqüência, as condutas desejáveis ou admitidas.

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e partilhada, que tem um objetivo prático e concorre para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.

3.2 Formação do conteúdo das Representações Sociais

MOSCOVICI (1978) declara que: “a representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças as quais os homens tornam a realidade física e social inteligível”. Dessa forma enfatiza as representações como procedimento e conteúdos de saber. Assim Moscovici esclarece que: as Representações Sociais são construídas em três dimensões: a “informação”, o “campo da representação” e a “atitude” dentro do quadro social em que se insere o indivíduo. A “informação” diz respeito à quantidade e à qualidade do conhecimento possuído a respeito do objeto. O “campo da representação” compreende um todo hierarquizado de elementos, que denota a organização desse conteúdo e as propriedades qualitativas e imageantes desse mesmo conteúdo. Os indivíduos não dispõem de todas informações relativas a certos aspectos do objeto. É o conjunto destes aspectos que constitui o campo da representação. A “atitude” expressa uma resposta organizada e latente face ao objeto de representação (favorável ou desfavorável). Ela é fruto da experiência do sujeito com o objeto e está ligada à história do indivíduo ou do grupo.

Segundo MOSCOVICI (1978), as Representações Sociais são elaboradas por dois processos fundamentais: a “objetivação” e a “ancoragem”.

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do real. Categorizar é aplicar uma estrutura específica de saber prévio a um dado. Portanto, a atividade de “categorização” passa pela utilização de esquemas ou estruturas cognitivas simples e complexas, desde as informações até os estereótipos, as categorias e os scripts da psicologia social (MOLINER, 1996).

Na “ancoragem”, segundo processo fundamental de elaboração das Representações Sociais, ocorre a inserção do objeto numa hierarquia de valores, estabelecendo uma rede de significações em torno dele. Consiste na integração cognitiva do objeto representado a um sistema de pensamento social pré-existente e nas transformações implicadas em tal processo. Segundo MOSCOVICI (1984), ancorar é classificar e denominar. A neutralidade é proibida pela própria lógica do sistema, sendo que cada objeto e cada ser deve ter um valor positivo ou negativo e assumir um determinado lugar numa hierarquia claramente graduada.

O próximo passo após a “objetivação” e a “ancoragem” seria a transformação do não familiar em familiar. Assim, num contexto mais amplo: “No todo, a dinâmica dos relacionamentos é uma dinâmica de familiarização, onde objetos, indivíduos e eventos são percebidos e compreendidos em relação a encontros ou paradigmas prévios. Como resultado, a memória prevalece sobre a dedução, o passado sobre o presente, a resposta sobre o estímulo, as imagens sobre a realidade” (MOSCOVICI, 1984). Assim, ao finalizar o processo de construção dessas Representações Sociais, ter-se-á a imagem, a figura e o significado do profissional de educação física nas visões dos profissionais de saúde do DF.

3.3 A organização interna das Representações Sociais: sistema central e periférico

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É por intermédio da “função geradora de sentido” que as demais cognições são estruturadas, adquirindo um sentido e um valor específico para os indivíduos, cabendo à segunda função organizar outras cognições ao redor do núcleo. Sendo assim, o “Núcleo Central” é uma parte da Representação Social, fruto de determinismos históricos e símbolos sociais, estruturando as demais cognições e o “Sistema Periférico” é a outra parte que mantém contato com as contingências cotidianas, permitindo, em certa medida, a adaptação da Representação Social a contextos sociais variados. É o núcleo que determina as relações que estas cognições mantêm umas com as outras. As cognições, colocadas sob a dependência do núcleo, são chamadas elementos periféricos. Estes elementos periféricos são agrupados em estruturas cognitivas, como por exemplos, categorias, “scripts”, estereótipos e protótipos, supracitados, e asseguram as funções operacionais das Representações Sociais.

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4. MATERIAL E MÉTODO

4.1. Tipo de estudo

Este estudo caracterizou-se como descritivo, transversal e qualitativo, objetivando identificar as concepções que os profissionais de saúde têm a respeito dos profissionais de educação física por intermédio da Teoria das Representações Sociais.

4.2. População e amostra

A população pesquisada constituiu-se de profissionais de saúde do Distrito Federal exceto os profissionais de educação física.

A amostra constituiu-se de 90 sujeitos, dos sexos masculino e feminino, com idades entre 24 e 61 anos (média aritmética 35,81 e desvio padrão 8,07). A especificidade destes sujeitos situa-se no fato de serem profissionais de saúde e trabalharem em Hospitais de Brasília e na Universidade Católica de Brasília (UCB).

A seleção dos indivíduos foi feita de forma intencional, caracterizando a amostra por conveniência, porém de forma voluntária.

O tamanho da amostra foi suficiente para atender aos parâmetros do software Evoc (Ensemble de Programmes Permettant l”Analyse des Évocations), utilizado no processamento dos dados.

4.3. Locais

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O processamento dos dados coletados foi feito, utilizando o software Evoc no Laboratório de Psicologia Escolar (LAPES) do Instituto de Psicologia (IPD) da Universidade de Brasília (UnB), em Brasília, DF.

4.4. Instrumentos de coleta de dados

Os dados foram coletados a partir de um questionário e uma entrevista.

O questionário (APÊNDICE C3), com seis perguntas, objetivou determinar a existência, composição, legislação pertinente e objetivos das equipes multidisciplinares de saúde existentes nos locais de pesquisa, tendo em vista complementar as informações colhidas na revisão da literatura.

A entrevista (APÊNDICE D3), com quatro questões, foi confeccionada com base na técnica de associação livre, objetivando captar as concepções sobre o profissional de educação física presentes no imaginário dos profissionais de saúde. Para GARNIER (1997) as representações sociais são formas de conhecimento que estão organizados em campos semânticos que possuem estruturas estáveis e um teste de associação induz a expressão de significados. Esses significados podem ser descritos como uma parte do conteúdo das representações sociais. A freqüência e a ordem de evocação permitem o acesso à diversidade no campo semântico de um grupo.

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A entrevista foi similar à utilizada por RIBEIRO (2000) e CUNHA (2000), em suas pesquisas de mestrado na Universidade de Brasília, Departamento de Psicologia.

4.5. Procedimentos na coleta de dados

No primeiro contato com as Instituições relacionadas no item 4.3 foi entregue uma carta de apresentação do pesquisador, assinada pelo professor orientador do estudo (APÊNDICE A) e uma outra carta do próprio pesquisador (APÊNDICE B), solicitando a autorização da Instituição e o apoio dos profissionais de saúde para a realização da pesquisa e, ainda, explicando o propósito e os procedimentos da mesma.

No segundo contato foi distribuído, às Instituições que aceitaram a participação na pesquisa, um folheto contendo a Apresentação da Pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Questionário (APÊNDICES C1, C2 e C3) para o preenchimento e posterior devolução. Nessa ocasião marcou-se, ainda, uma reunião com os profissionais de saúde que concordaram em participar do estudo para responderem à Entrevista. Essas reuniões com os profissionais voluntários só ocorreram no Hospital das Forças Armadas e no Hospital Geral de Brasília, tendo em vista que nestas Instituições já ocorriam encontros rotineiros com a participação desses profissionais. Nas demais Instituições, o procedimento foi o de marcar individualmente e pessoalmente um encontro com cada profissional que aceitasse voluntariamente participar do estudo.

Nas reuniões marcadas para a realização da Entrevista o pesquisador expôs o objetivo e os procedimentos a serem seguidos e, em seguida, distribuiu um folheto, contendo a Apresentação da Pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a Entrevista (APÊNDICES D1, D2 e D3).

De posse dos questionários e entrevistas preenchidos deu-se início à fase seguinte de análise e tratamento dos dados.

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Os dados coletados pelo questionário foram verificados, processados e analisados pelo pesquisador. Os coletados pela entrevista foram verificados e digitados pelo pesquisador, processados por intermédio do software Evoc e finalmente analisados pelo pesquisador.

O Evoc permite o processamento das respostas emitidas pelos sujeitos, após terem sido submetidos a um termo indutor. Este processamento ocorre em três fases distintas e subseqüentes chamadas de: "Análise de Evocação", "Análise de Palavras Principais" e "Análise de Categorias" (RIBEIRO, 2000).

A “Análise de Evocação” permite determinar um primeiro indicador de elementos que, provavelmente, pertençam ao núcleo central ou ao sistema periférico e está diretamente vinculada as respostas que os sujeitos deram a pergunta 1 da entrevista (1. Quando você escuta a expressão “o profissional de educação física” quais são as palavras, frases, expressões que, espontaneamente, lhe vêm à mente? Dê pelo menos 4 respostas.). Essa análise fornece dados para o reconhecimento da estrutura das Representações Sociais, identificando seus possíveis elementos centrais e periféricos por intermédio de quatro quadrantes formados por dois eixos perpendiculares, sendo o vertical representativo da freqüência de evocação e o horizontal da ordem média de evocação. O Quadro 1 mostra esta disposição.

Quadro 1 – Disposição dos resultados obtidos a partir da análise de evocação.

ORDEM MÉDIA DE EVOCAÇÃO

1º Quadrante Núcleo Central

2º Quadrante Sistema Periférico FREQÜÊNCIA

DE

EVOCAÇÃO 3º Quadrante

Sistema Periférico

4º Quadrante Periferia Distante

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posicionamento que a mesma palavra ocupa dentro das quatro respostas que no mínimo cada sujeito deve responder, sendo que, quanto menor for a ordem média de evocação, mais cedo essa palavra foi lembrada e escrita pelo sujeito dentro do ordenamento das quatro respostas mínimas solicitadas na pergunta 1.

A "Análise de Palavras Principais" permite determinar um segundo indicador de elementos que, provavelmente, pertençam ao núcleo central ou ao sistema periférico, comparando-se as freqüências de palavras, frases e expressões analisadas na primeira etapa (respostas à pergunta 1) com a freqüência de palavras, frases e expressões consideradas importantes pelos sujeitos, assinaladas em resposta à pergunta 2, ambas da Entrevista (APÊNDICE D3).

Para se determinar se um elemento é ou não freqüente, estabelece-se de forma arbitrária um valor mínimo de freqüência de elementos. Assim, considerar-se-á elemento freqüente aquele que possui uma freqüência igual ou maior que o valor mínimo estipulado. Nesta pesquisa adotou-se a freqüência mínima 4.

A "Análise de Categorias" permite obter um terceiro indicador da centralidade ou do caráter periférico de cada categoria criada e em conseqüência de cada elemento (palavra, frase ou expressão) mencionado pelos sujeitos. Inicialmente, nessa etapa, os elementos são simplificados e agrupados em categorias de elementos mais abrangentes, de forma que se mantenha uma relação entre eles. Deve-se escolher de 07 à 10 categorias de elementos, não podendo ultrapassar 13, de acordo com as especificações do software Evoc utilizado. No presente trabalho foram

criadas 7 categorias: saúde, condicionamento físico, professor, esporte, corpo, tratamento e

outros.

Para se determinar se uma categoria é ou não possivelmente nuclear, compara-se o percentual de ocorrência de cada categoria com o percentual médio de ocorrência por categoria. Para se obter o percentual médio de ocorrência por categoria, divide-se o percentual total de ocorrências (100%), pelo número de categorias criadas (7). Dessa forma, considerar-se-ão categorias nucleares aquelas que possuírem uma ocorrência igual ou superior ao resultado dessa divisão (100/7=14,2%).

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freqüentes e a ocorrência de elementos em cada categoria. Para se determinar quais categorias possuem os maiores índices de percentagem, basta cruzar estes dois últimos critérios.

Com essa análise, obtém-se um bom indicador da centralidade e do caráter periférico de cada categoria criada e de cada elemento avaliado. Segundo SÁ (1998), a análise de categorias permite distinguir, de forma mais flexível, entre um conjunto de elementos centrais e um conjunto de elementos periféricos.

4.7. Comitê de Ética

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5. RESULTADOS

Os dados obtidos pelo questionário e pela entrevista compõem os resultados colhidos. O questionário (APÊNDICE C3) foi o instrumento de pesquisa utilizado para se obter informações complementares às obtidas na revisão bibliográfica, sobre as equipes multidisciplinares de saúde, nas próprias Instituições selecionadas. Esse questionário foi endereçado aos diretores dos Hospitais e ao Diretor do Curso de Medicina da UCB. O Hospital Sarah de Brasília não respondeu ao questionário e o Hospital Santa Marta e a UCB responderam, informando que não possuem equipes multidisciplinares de saúde. Os dados colhidos pelo referido questionário estão apresentados no Quadro 2 e nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 a seguir expostas.

Quadro 2 – Composição das Equipes Multidisciplinares de Saúde por Instituições pesquisadas. INSTITUIÇÕES

P S HeGB HDB HFA HRAN HU TOTAL

Enfermeiro Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6

Fisioterapeuta Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6

Médico Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6

Nutricionista Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6

Farmacêutico Sim Sim Sim Não Sim Sim 5

Fonoaudiólogo Sim Sim Sim Sim Não Sim 5

Psicólogo Sim Sim Sim Sim Não Sim 5

Assistente Social Não Sim Sim Sim Não Não 3 Terapeuta Ocupacional Não Sim Sim Sim Não Não 3

Odontólogo Sim Sim Sim Não Não Não 3

Biólogo Não Sim Sim Não Não Sim 3

Profissional de Ed. Fís. Não Não Não Não Não Não 0

Médico Veterinário Não Não Não Não Não Não 0

TOTAL 8 11 11 8 5 8 51

Legenda: P S: Profissional de Saúde.

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As Tabelas 1, 2, 3 e 4, expostas a seguir, descrevem os dados sócio-demográficos dos sujeitos, por intermédio da freqüência e da percentagem.

Tabela 1 – Distribuição dos profissionais de saúde por categoria (n = 90).

CATEGORIA n %

Odontólogo 30 33,3

Médico 29 32,2

Farmacêutico 16 17,7

Enfermeiro 06 6,6

Fisioterapeuta 03 3,3

Biólogo 03 3,3

Nutricionista 02 2,2

Psicólogo 01 1,1

TOTAL 90 100,0

Tabela 2 – Distribuição dos profissionais de saúde por local de trabalho (n = 90).

LOCAL DE TRABALHO n %

HgeB 53 58,8

HFA 26 28,8

UCB 08 8,8

HB 02 2,2

HU 01 1,1

TOTAL 90 100,0

Tabela 3 – Distribuição dos profissionais de saúde por sexo (n = 90).

SEXO n %

Masculino 38 42,2

Feminino 52 57,7

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Tabela 4 – Distribuição dos profissionais de saúde por categoria e sexo (n = 90).

CATEGORIA n %

Odontólogo – Masc 06 6,6

Odontólogo – Fem 24 26,6

Médico – Masc 22 24,4

Médico - Fem 07 7,7

Farmacêutico – Masc 07 7,7

Farmacêutico – Fem 09 10,0

Enfermeiro – Masc 00 0,0

Enfermeiro – Fem 06 6,6

Fisioterapeuta – Masc 01 1,1

Fisioterapeuta – Fem 02 2,2

Biólogo – Masc 01 1,1

Biólogo – Fem 02 2,2

Nutricionista – Masc 00 0,0

Nutricionista – Fem 02 2,2

Psicólogo – Masc 01 1,1

Psicólogo – Fem 00 0,0

TOTAL 90 100,0

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6. DISCUSSÃO

Dos dados obtidos por intermédio do questionário, a informação que se destaca é a inexistência do profissional de educação física nas equipes multidisciplinares de saúde das seis entidades que responderam o instrumento de pesquisa (Quadro 2). Essa informação confirma a suposição feita na primeira parte deste estudo a respeito da raridade da presença do profissional de educação física nessas equipes. O número elevado de sujeitos que participaram da pesquisa no HGeB (53 = 58,8%) e no HFA (26 = 28,8%) ocorreu pela existência, nesses dois hospitais, de reuniões periódicas com os profissionais de saúde, fato que facilitou a aplicação dos instrumentos de pesquisa. Os demais dados colhidos estão expostos nas tabelas numeradas de 1 a 5 e são auto-explicativas.

Os dados obtidos por intermédio da entrevista foram utilizados para se obter as informações necessárias para identificar os elementos centrais e periféricos da RS em pauta e determinar a sua ancoragem.

6.1. A estrutura das representações sociais

Os dados colhidos pela entrevista, expostos no APÊNDICE E: Respostas dos Sujeitos à Pergunta nº 1 da Entrevista e no APÊNDICE F: Respostas dos Sujeitos às Perguntas nº 2 e 3 da Entrevista, foram analisados pelo pesquisador e utilizados pelo software. Como resultado dessa análise e utilização formou-se o Quadro 3 a seguir exposto, onde os elementos das RS se distribuem em 4 quadrantes dispostos da esquerda para a direita e de cima para baixo de acordo com a freqüência de evocação e a ordem de evocação.

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promove a saúde, preocupado com o seu condicionamento físico e de outras pessoas, atuando nas academias e nas atividades desportivas).

Quadro 3 - Elementos da representação do profissional de educação física, evocados pelos profissionais de saúde, em função da freqüência e da ordem média de evocação (n = 90).

ORDEM MÉDIA DE EVOCAÇÃO

Inferior a 2,8 Superior a 2,8

F

R Acima de 11

45 18 Saúde Condicionamento-físico 1,91 2,72 13 12 Personal-training Qualidade-de-vida 2,92 2,83 E Q 17 13 Academia Esporte 2,58 2,73

Ü 10 Atividade-física 2,20 08 Disciplina 3,37 Ê

N

07 Professor-de-educação-física

1,71 07 06 Bem-estar Disposição 3,57 3,00 C I

De 03 a 11 05

05 Professor Exercício-físico 1,60 1,80 05 04 Atleta Natação 2,80 3,00

A 04 Ginástica 2,00 04 Corpo-saudável 3,25

04 Lazer 3,75

Nota: Nº total de evocações = 397

Nº total de palavras diferentes = 186

De acordo com ABRIC (1998), o núcleo central das RS permite criar ou transformar o significado dos outros elementos constitutivos da representação, ganhando um sentido e um valor. O núcleo central possui, também, a função de organizar as RS, determinando a natureza das ligações entre os elementos. E, ainda, possui a propriedade de dar estabilidade às RS, assegurando a sua permanência em contextos móveis e evolutivos, mantendo uma resistência às mudanças. O núcleo central normalmente corresponde ao aspecto histórico e cultural de uma representação.

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saúde”, pautada na visão biológica de causa e efeito e ligado historicamente ao antigo relacionamento entre atividade física e saúde, reforçado pelas recentes pesquisas, as quais indicam que “níveis mais altos de atividade física regular estão associados à prevenção do aumento da pressão sangüínea, à melhoria da distribuição de gordura no corpo, a baixas taxas de mortalidade, à redução da hipertensão, à manutenção da independência em adultos mais velhos, à diminuição do risco de doenças cardiovasculares, do câncer do cólon, de desenvolver a diabetes não dependente de insulina, de cair e parecem aliviar os sintomas de depressão, ansiedade e melhorar o humor (U. S. Department of Health and Human Services, 1996), como citado anteriormente. Observou-se, ainda, que os prováveis elementos do núcleo central “condicionamento físico”, “academia” e “esporte” estão diretamente ligados às concepções de valorização do corpo e de performance física, presentes na cultura ocidental atual.

O segundo e o terceiro quadrantes apresentam os elementos considerados do sistema periférico, aqueles que correspondem aos aspectos mais flexíveis e contextuais das RS e que orientam as condutas dos sujeitos nas suas relações com o mundo. Os elementos “personal training”, “qualidade de vida” com freqüência de evocação acima de 11 e ordem média de evocação acima de 2,8 e os elementos “atividade física”, “professor de educação física”, “exercício físico”, “professor” e “ginástica” com freqüência de evocação acima de 03 e ordem média de evocação abaixo de 2,8 se destacam entre os elementos que provavelmente constituem o sistema periférico.

Verificou-se que os elementos periféricos das RS de profissionais de educação física, articulam-se com os elementos do núcleo central. Verificou-se, ainda, no sistema periférico a existência de elementos associados ao “homem que cultua e promove a saúde”, preocupado com o condicionamento físico como: qualidade de vida, exercício físico, atividade física e ginástica. Observou-se, também, que os elementos personal training, professor de educação física e professor estão associados diretamente ao termo indutor da evocação, o próprio profissional de educação física, caracterizando um provável desconhecimento por parte dos sujeitos sobre as categorias atuais dos profissionais de educação física, que engloba a nova Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e que passou a vigorar a partir de janeiro de 2003, como citado no item 2.3.. Pela nova CBO os profissionais de educação física estão alocados nos códigos:

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Tabela 2 – Distribuição dos profissionais de saúde por local de trabalho (n = 90).
Tabela 4 – Distribuição dos profissionais de saúde por categoria e sexo (n = 90).  CATEGORIA n  %          Odontólogo – Masc  06      6,6          Odontólogo – Fem  24    26,6          Médico – Masc  22    24,4          Médico - Fem  07      7,7          F
Tabela 5 - Elementos principais evocados pelos profissionais de saúde (n = 90).
Tabela 7 – Distribuição das categorias a partir da evocação dos sujeitos (n=90).

Referências

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