PMERJ
PM/3
EMG
31 Jan 79
NOTA DE INSTRUÇÃO Nº 004/79
1. FINALIDADE
Difundir assunto de interesse policial militar referente a competência e
atribuições das Polícia Militar e Civil.
2. OBJETIVOS
Possibilitar dados para a compreensão da chamada “Dicotomia Policial
Civil x Polícia Militar”, Tema I da 1ª Conferência Nacional dos Secretários de
Segurança Pública (CONSESP).
3. ASSUNTOS A DIVULGAR
Assunto:
(1)
Análise feita pelo Maj PM Jorge da Silva (Anexo 1);
(2)
Trecho do Trabalho apresentado no VI CONGRESSO DAS POLÍCIAS
MILITARES, as PM perante a Legislação Processual Penal, pelo Cmt Geral
Gen Bda Oswaldo Ferraro de Carvalho (Anexo 2); e
(3)
Cópia do Relatório Geral da CONSESP
–
(Tema nº 1) (Anexo 3).
Fernando Antonio Pott - Cel PM RG 02787
Chefe do Estado-Maior Geral
Por Delegação
Carlos Magno Nazareth Cerqueira - Ten Cel PM RG 04.328
SubChefe do Estado-Maior
DISTRIBUIÇÃO
CMT G, EM (Ch, Subch, PM/1, PM/2, PM/3, PM/4), PM5, APOM E SECT... 10
CECOPOM (Ch, CECOM, CGO, SUP DIA, PCC), GCG, AJG, DGAL, DGF, SG, SAG ... 11
ESPM, DGP, DAS, DGE, DIP, ESFO, CIE, GAB MIL, CSM, CMM, DGS, PPM ... 12
1º, 2º, 4º, 5º, 7º e 8º CPA, 1º, 2º, 3º,. 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10º BPM... ... 16
11º, 12º, 13º, 14º, 15º, 16º, 17º, 18º, 19º, 20º e 21º BPM, BPRv, RPMont... ... 13
BPAE, BPChq, HPM/RIO, HPM/NIT,1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª CIPM, CFAP... ... 10
Arquivo... ... 03
CONTINUAÇÃO
Fl nº 2
ESTUDO REALIZADO PELO MAJ PM RG 1-03332 JORGE DA SILVA
TEMA PARA REFLEXÃO E FUTUROS DEBATES SOBRE O ASSUNTO
DA COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÕES DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR
(CONSIDERAÇÕES)
1. DESENVOLVIMENTO
Pode-se depreender a competência e as atribuições da Polícia Civil da leitura
de dispositivos do Código de Processo Penal.
Observa-se logo de início, na Exposição de motivos do Ministério da Justiça
que a manutenção do inquérito policial foi fruto de controvérsias e polêmicas. Assim, fica
claro que, não tendo o Governo, à época, criado o JUIZADO DE INSTRUÇÃO, pretendido
por muitos, manteve com as autoridades policiais essa responsabilidade, pelas razões ali
expostas.
Por outro lado, ao tratar do Inquérito Policial, o CPP, no seu art. 4º, define o
que seja Polícia Judiciária e estabelece que a mesma será exercida pelas autoridades policiais,
ressalvando a competência das autoridades administrativa, como se vê no Parágrafo único do
citado Artigo. O CPP, entretanto, não estabelece o que seja autoridade policial nem autoridade
administrativa. Todavia, é ponto pacífico que essa autoridade decorre do poder de polícia, que
é do Estado. Autoridades Policiais e autoridades administrativas, no caso, seriam aquelas que
recebessem delegação expressa do Estado para exercerem o poder de polícia no âmbito da
chamada Polícia Judiciária e da Polícia Administrativa, respectivamente . Cabe lembrar que a
interpretação que se procura freqüentemente dar de que Polícia Administrativa é a que tem
caráter preventivo e de que Polícia Judiciária é a que tem caráter repressivo, é uma colocação
inteiramente falsa, a prevalecer o CPP.
Daí, concluímos que as atividades policiais de caráter PREVENTIVO e
REPRESSIVO são da competência exclusiva da Polícia Militar, compreende -se os termos
preventivo e repressivo, aqui, como sendo relacionados a atividades que visem a evitar a
consumação de crimes e contravenções, em prol da segurança pública, através das MEDIDAS
PREVENTIVAS E MEDIDAS REPRESSIVAS. A Polícia Civil exerce a Polícia Judiciária, a
Criminal, não tendo nada a ver com a prevenção ou repressão. A repressão, do ponto de vista
jurídico penal é da justiça, e não da polícia.
Assim pode-se tentar, também, uma conceituação de Polícia Administrativa,
CONTINUAÇÃO
Fl nº 3
Polícia Administrativa: É o exercício do Poder de Polícia por parte de
autoridades administrativas, a quem por lei sejam cometidas funções de aplicação de
penalidades ou de apuração de infrações específicas, especialmente de aspecto fiscal, em
determinado setor de atividade. Seus agentes são policiais e fiscais designados para exercer
essas atividades nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal.
2. CONCLUSÃO
Do exposto, e pela leitura dos dispositivos apresentados no final desta dissertação,
patenteia-se o seguinte:
a. Compete à Polícia Civil exercer a Polícia Judiciária, a que tem “por fim a apuração das
infrações penais e da sua autoria”. (CPP art. 4º).
b. Tendo permanecido a Polícia Civil com a responsabilidade que seria atribuída aos juízes
de instrução, o seu trabalho teve que ser executado como o próprio CPP preconiza, como
órgão encarregado da instrução provisória
c. O trabalho da Polícia Civil tem-se concentrado, em face da sua destinação legal dentro do
nosso sistema policial judiciário penal, na referida instrução provisória, isto é, no inquérito
policial.
d. A afirmação contida na EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, do seguinte teor: “O preconizado
juízo de instrução, que importaria limitar a função da autoridade policial a prender
criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e indicar testemunhas, só é praticável
sob a condição de que as distâncias dentro do seu território sejam rápida e facilmente superáveis”.demonstra que a Polícia Civil, exatamente por se concentrar naquelas, deixou uma lacuna incomensurável quanto a estas.
e. A investigação criminal, em conseqüência, limitou-se quase que tão somente à perícia
técnica, executada por um grupo reduzido, e ao interrogatório de suspeitos, que de uma
hora para outra deixam de ser suspeitos, aparecendo novas suspeitos. Os aspectos mais
dinâmicos e amplos dessa ciência tão vasta não têm sido exercidos como era de se esperar.
f. Há necessidade de que às atividades de investigação criminal sejam intensificadas,
independente da instauração do inquérito policial.
g. O atual sistema policial-judiciário penal dificulta essa intensificação por parte da polícia
civil, já que, na prática, ela funciona como órgão coadjuvante do Poder Judiciário
(confira-se com o art. 13 do CPP).
h. A intensificação das atividades de investigação criminal poderia decorrer de medidas no
âmbito estadual, da própria Secretaria de Segurança ou de medidas a nível federal, c om
CONTINUAÇÃO
Fl nº 4
i. Com relação ao trânsito, diga-se de passagem, a apuração tem-se limitado aos acidentes de
trânsito com vítima e o objetivo tem sido indicar o culpado, com base quase que
exclusivamente na perícia. A investigação dos delitos de trânsito, a investigação dos
acidentes de trânsito para identificar nas suas causas e para a prevenção de acidentes não
tem sido desenvolvidas. A quem caberia isso? Creio que a grupos especializados em
Investigação de Trânsito.
j. O policiamento ostensivo, consoante o Dec-lei nº 667, de 02 Jul 69, alterado pelo Dec-lei
1072, de 30 dez 69, é de competência da Polícia Militar.
As idéias acima expostas não têm a profundidade que o assunto exige, e
demandaria estudos mais exaustivos. Entretanto, é fruto de vários anos de trabalho e reflexão
sobre o problema. É certo que não são apenas esses os fatores a ser considerados.
DISPOSITIVOS LEGAIS
Adiante, os dispositivos mencionados e outros do CPP que ilustram as presentes
observações.
a. DA EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CPP
A conservação do Inquérito Policial
“Foi mantido o inquérito policial como processo preliminar ou preparatório da ação penal, guardadas as suas características atuais. O ponderado exame da realidade
brasileira, que não é apenas a dos centros urbanos, senão também a dos remotos distritos das comarcas do interior, desaconselha o repúdio do sistema vigente”.
“O preconizado juízo de instrução, que importaria limitar a função da autoridade policial a prenderem criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e indicar
testemunhas, só é praticável sob a condição de que à distância dentro do seu território de
jurisdição seja fácil e rapidamente superável. Seria imprescindível, na prática, a quebra do
sistema: na capitais e nas sedes de comarca em geral, a imediata intervenção do juiz instrutor,
ou a instrução única; nos distritos longínquos, a continuação do sistema atual. Não cabe, aqui, discutir as proclamadas vantagens de juízo de instrução”.
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Fl nº 5
instrução imediata e única? Pode ser mais expedito o sistema de unidade de instrução, mas o
nosso sistema tradicional, com o inquérito preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, mais prudente e serena”.
b. DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 4º - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas jurisdições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Parágrafo único – A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridade
administrativas, a quem por lei seja cometida à mesma função.
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - se possível e conveniente, dirigir-se ao local, providenciando para que não se
alterem o estado e conservação das coisas, enquanto necessário;
II - apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título VII deste livro, devendo o respectivo termo ser
assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
V - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e acareações;
VI - determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo delito e a
quaisquer outras perícias;
VII - ordenar a identificação do indicado, pelo processo dactiloscópico, se
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
VIII - averiguar a vida pregressa do indiciado, do ponto de vista individual, familiar
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para apreciação do seu temperamento e caráter.
Art. 11º - Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova,
acompanharão os autos do inquérito.
CONTINUAÇÃO
Fl nº 6
I - Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e
julgamento dos processos;
II - Realizar as diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público;
III - Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judici árias.
Art. 14 – O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada ou não, a juízo da autoridade.
c. DA PROVA
Art. 169 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chagada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Art. 170 – nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculos à subtração da
coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios,
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presume ter sido o
fato praticado.
Art. 173 – No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dela tiver resultado para a vida ou para o patrimônio
alheio, a extensão de dano e o seu valor e as demais circunstâncias que
interessarem à elucidação de fato.
Art. 175 – Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a
fim de lhes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176 – A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
d. DOS INDÍCIOS
Art. 239 – Considera-se indício a circunstância conhecida à provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
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Fl nº 7
e. DA PRISÃO ADMINISTRATIVA
Art. 319 – A prisão administrativa terá cabimento:
I - Contra remissos ou omissos em entrar para os cofres públicos com os
dinheiros a seu cargo, a fim de compeli-los a que o façam;
II - Contra estrangeiros desertores de navio de guerra ou mercante, surto em
ponto nacional;
III - Nos demais casos previstos em lei.
§ 1º - A prisão administrativa será requisitada à autoridade policial nos casos
dos nº I e III, pela autoridade que a tiver decretado e, no caso do nº XI,
pelo cônsul do país a que pertença o navio.
§ 2º - A prisão dos desertores não poderá durar mais de três meses e será
comunicada aos cônsules.
§ 3º - Os que forem presos à requisição de autoridade administrativa ficarão à
sua disposição.
f. DEC-LEI 667, DE 02 JUL 69
Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos
Territórios e no Distrito Federal, compete as Polícias Militares, no âmbito de suas
respectivas jurisdições:
a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças
Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais
competentes, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem
pública e o exército dos poderes constituídos;
b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas
específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem;
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o
eventual emprego das Forças Armadas;
d) atender à convocação do Governo Federal, em caso de guerra externa ou para
prevenir ou reprimir grave subversão da ordem ou ameaça de sua irrupção,
subordinando-se ao Comando das Regiões Militares para emprego em suas
atribuições específicas de polícia militar e como participante da Defesa
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Fl nº 8
g. DEC-LEI 1072, DE 30 DEZ 69
Art. 1º - Passa a ter a seguinte redação o artigo 3º, letra “a” do Dec-lei nº 667, de 02 Jul 69;
a) “executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças
Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais
competentes, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem
pública e o exercício dos poderes constituídos”.
TRABALHO APRESENTADO PELO GEN BDA OSWALDO FERRARO DE CARVALHO
VI CONGRESSO DAS POLÍCIAS MILITARES
AS PM PERANTE A LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL
PROCESSO PENAL VIGENTE NO BRASIL
1. SISTEMA MISTO
1.1– Atualmente, vige no nosso processo penal o sistema misto.
1.2– O sistema assim se denomina, não porque, sejam os atos processuais revestidos da
forma inquisitória e acusatória, simultaneamente, mas porque se divide em 2 fases: a
1ª inquisitória – é o inquérito policial; a 2ª acusatória – começa com o sumário.
2. COMISSÃO DE JURISTAS
2.1– Por ocasião da elaboração do atual Código de Processo Penal, a comissão dos três juristas a que se referia a Constituição de 1934, foi “composta dos Ministros Bento de Faria, Plínio Casado e do Professor Gama Cerqueira, sob a presidência do
Ministro da Justiça de então, o Professor Vicente Ráo (Ari Franco, Código de
Processo Penal, vol. I).
2.2– A Comissão optou pela substituição do inquérito policial pelo Juizado de Instrução.
3. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO PROFESSOR VICENTE RÁO
3.1– O professor Vicente Ráo, em sua Exposição de Motivos considera “defeitos do sistema legal vigente”, o que denomina dizer “a verdade por inteiro e com coragem”, estas circunstâncias:
CONTINUAÇÃO
Fl nº 9
- antecipação da polícia às autoridades judiciárias, na “prática de atos inequivocamente processuais:, como as declarações do acusado e depoimento das testemunhas”;
- a não limitação das funções da polícia à investigação e à manutenção da ordem;
- a repetição, em juízo, “dos depoimentos, circunstâncias judiciárias, declarações, exames, e vistorias, já constantes dos autos do inquérito”;
- a formação da culpa – instrução criminal – torna-se, assim, a “procura, pelo promotor e o Juiz sumariamente, da ratificação do inquérito”;
- ausência de garantia, “quer para o acusado, quer para a ordem social”;
- considera tal, “a decadência da Justiça Penal” (sic);
- “as declarações e depoimentos produzidos perante a polícia, em princípio, na têm o valor legal de prova”;
- modificação da verdade causada “pelos interessados ou provocada, em boa fé pelo próprio tempo ou pela interpretação que no ânimo da testemunha se forma, sob a influência do noticiário, dos comentários, da imaginação, enfim, do fei tio psíquico de cada qual”;
- por isso, a repetição das provas o mesmo exame dos vestígios do crime, se fazem desaconselháveis, até porque torna morosa, emperrada a justiça.
3.2 - Depois de afirmar que “as críticas feitas a algumas legislações, já antiquadas, consagradoras do juizado de Instruções” por afastar “o juiz instrutor da autoridade policial investigadora, ao invés de liga-los pela interdependência das respectivas funções”, sumo professor termina, deixando bem claro que se deve aliviar a tarefa da polícia da produção de “provas sem valor legal” para conserva-las nas suas verdadeiras funções de manutenção da ordem e investigação, esta com a “co -participação do Juiz, sem o que o resultado das diligências não pode, nem deve ter valor probatório”.
4. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO PROFESSOR VICENTE RÁO
4.1 - O Ministro da Justiça de então, o emitente Professor Francisco Campos, em sua
Exposição de Motivos ao Presidente Getúlio Vargas, explicando porque repeliu o
Juizado de Instrução, para manter o inquérito policial, ao nosso ver, incorreu em
sérias contradições.
CONTINUAÇÃO
Fl nº 10
Juiz de Instrução, que importaria limitar a função da autoridade policial a prender
criminosos, averiguar a materialidade dos crimes, e indicar testemunhas, só são
praticáveis sob a condição de que as distâncias dentro de seu território de
jurisdição sejam fácil e rapidamente superáveis. Para atuar proficuamente em
comarcas extensas, e posto que deva ser excluída a hipótese de criação de juizado
de instrução em cada sede do distrito, seria preciso que o Juiz Instrutor possuísse o
dom da ubiqüidade (grifos do professor).
4.3 – Ora, é sabido apesar de correto, que a autoridade policial nem sempre comparece
aos locais de fato. A alegação do eminente mestre é tão válida para os juízes
instrutores como para as autoridades policiais. A raciocinar, assim, também o
inquérito policial seria inexeqüível.
4.4 – Dificuldade semelhante constata-se no Chile. Lá, essa não é conseqüência de
dimensões continentais do território, é evidente, porém do seu relevo. Todavia a
instrução criminal única, naquele país, continua adotada, com todo êxito.
4.5 – Em outro passo de sua exposição, sustenta o insigne Professor: “Seria
imprescindível na prática, a quebra do sistema: nas capitais e nas sedes das
comarcas em geral, a imediata intervenção do juiz instrutor, ou na instrução única
(SIC); nos distritos longínquos, a continuação do atual sistema” (grifos do professor). E pouco adiante: “Preliminarmente, a sua ação entre nós, na atualidade, seria incompatível com o critério de unidade da lei processual. Mesmo, porém,
abstraindo essa consideração, há em favor do inquérito policial, como instrução
provisória (SIC) antecedendo a propositura da ação penal um argumento
dificilmente contestável é ele a garantia contra apressados e errôneos juízos (grifos do professor)”.
4.6 – Vede que o professor em duas passagens afirma que o inquérito policial é instrução criminal. Na primeira, quando denomina a “intervenção do Juiz instrutor” Instrução Única; na segunda, quando afirma “há em favor do inquérito policial, como Instrução provisória”, etc.
4.7 – Já vimos, acima, a distinção entre processo inquisitório e processo acusatório,
consistente no exercício da acusação, da defesa e do julgamento. Vimos, também,
que eles se distinguem, o primeiro pelo sigilo e pela escritura, enquanto, o segundo
CONTINUAÇÃO
Fl nº 11
4.8 Fixemo-nos em que os dois ilustres mestres da Ciência do Direito denominam o
inquérito policial Instrução Criminal, sendo que o primeiro ainda a denomina de
Instrução Provisória, e o segundo – Hélio Tornaghi – afirma que ela não é
contraditória.
4.9 Recordemos, agora, que a partir da Constituição de 1937, da qual foi autor
Francisco Campos, na parte referente aos Direitos e Garantias Individuais, começa
aparecer a expressão – a instrução criminal será contraditória” (grifamos);
Constituição de 1937, artigo 122, nº 11, “in fine”; Constituição de 1946, art, 141, §
25, última parte, Constituição de 1967, art. 150, § 16. Ora, se estas Constituições,
inclusive a vigente, exigem o contraditório na instrução criminal, como admitir o
inquérito policial que é Instrução, apesar de provisória, exigência incompatível
com o tal sistema, não contraditório, por sua própria natureza – o sigilo? O pior é
que o mesmo jurista – Francisco Camposque, em 1937, introduziu, no Direito
Constitucional Pátrio, o instituto da Instrução Contraditória, em 1941, ao redigir a
Exposição de Motivos, encaminhando o projeto do Código de Processo Penal
vigente, manteve o inquérito, apesar de reconhece-lo como instrução criminal
provisória, ao arrepio da disposição constitucional, por ele mesmo implantada,
explicitamente, na Constituição de 1937. É uma contradição patente.
4.10 – O ilustro mestre, na sua exposição de motivos, em outro passo, diz, “verbis”: “Pode ser mais expedito o sistema de unidade de instrução (sic), mas o nosso sistema tradicional, com o inquérito preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, mais prudente e serena” (grifamos).
4.11 – Releva considerar: o que se ganha em prudência e serenidade compensa o que se
perde em presteza na aplicação da pena, forma mais positiva de evitar -se a
impunidade?
4.12 – Depois de fazer alusão à Lei de 3 de dezembro de 1841, já citada, e ao
Regulamento nº 120 de 1842, que não falava em inquérito policial, e, ao contrário, recomendava a remessa de dados, provas e esclarecimentos de crimes “aos juízes competentes, a fim de formarem a culpa”, refere-se a Lei nº 2.033, de 20 de
setembro de 1871 e ao Decreto nº 4.824, de 22 de novembro do mesmo ano (1871), sem esclarecer, como faz Hélio Tornaghi, que neste (o Decreto) que “regulou a aplicação” (sic) daquela lei, é onde primeiro aparece explícito o inquérito policial. Assim mesmo como já ficou demonstrado, acima, segundo o que se depreende dos
artigos 40 e 41, como exceção, somente, para os crimes comuns de ação pública. A
CONTINUAÇÃO
Fl nº 12
4.13 – Admitindo-se a existência do inquérito, a contar de 1871, temos de 1500
(Descobrimento do Brasil) a 1871 decorreram 371 anos, enquanto que de 1871 a
1941, quando foi aprovado o Código de Processo Penal vigente decorreram,
apenas, 70 anos. A isto é que o Professor Francisco Campos batiza de “nosso sistema tradicional”, 70 anos do (sistema) contido no Decreto nº 4.824, contra 371 anos anteriores. Que tradição é esta? A afirmativa, em que pese a ciência do
renomado mestre, me parece, contraditória. Salvo, para quem aceitar a inexistência
de processo penal, antes de 1871.
4.14 – Quanto à alegação da extensão territorial das comarcas, devemos considerar ainda
que os meios de transportes e de comunicações atuais anulam o argumento.
O PROJETO MENEZES CÔRTES
1. O “Diário do Congresso” de 15 de abril de 1959 publicou o Projeto nº 113, de autoria do Deputado Menezes Côrtes, de ementa: “Institui processo sumário para certas infrações penais e para reclamações de indenizações, além de juízos de instrução para outros crimes,
e dá outras providências”.
2. O autor do projeto, em espaço, hoje já falecido, fora Chefe de Polícia do Distrito Federal,
em 1955.
3. Na justificação do mencionado projeto, o pranteado deputado friso: “Há no Brasil uma
generalizada sensação de que impunes ficam os criminosos de toda a espécie e isto chega a
ser pior do que as conseqüências diretas das impunidades realmente constatadas. A
sensação de impunidade estimula os marginais, os criminosos efetivos ou potenciais na
sonda do crime e concorre para o desenvolvimento dos mais variados vícios”.
4. Além da sensação da impunidade sublinha como um dos inconvenientes do sistema
processual vigente processual vigente a morosidade dos julgamentos. Daí a idéia de
revisão do sistema consubstanciada no projeto.
5. O projeto não teve curso, está claro. O mais importante, todavia, afigura-se o fato de o
Ministro do Excelso Pretório, Ary Franco, também já falecido, que nos seus comentários
ao Código de Processo Penal, escritos em 1942, manifesta-se apologista do sistema muito – o atual – foi um dos colaboradores do Eminente Deputado Menezes C6ortes, na elaboração desse projeto (vide justificação). Como se v^, a experiência levou o Ilustre
Mestre – era também, professor da Cadeira de Processo Penal – a rever sua posição, para
em seguida, engrossar as fileiras dos que sustentam a conveniência, a necessidade de
CONTINUAÇÃO
Fl nº 13
AS PM E O PROCESSO PENAL
1. Embora, em suas origens – Roma – tivesse jurisdição criminal, a realidade é que, quer na
Colônia, quer no Reino, quer na República Velha, como depois da Revolução de 30, o
pessoal das PM praticamente, jamais atingiu a condição de autoridade policial. Somos (de
Soldado a Coronel) menos agentes destas autoridades. Não se diga que as designações de
oficiais ou praças para o exercício de tais atribuições nos Estados, excluída a Guanabara,
refuta a afirmativa, porque não há privatividade nelas. Essas designações ocorrem,
certamente, porque a lei as confere a qualquer cidadão. Tal situação é uma conseqüência
inevitável da dualidade ou multiplicidade de organismos policiais, em cada Unidade da
Federação.
2. Objetar-se-ia, talvez fosse o caso, quanto ao período, em que vigeram as Ordenações
Filipinas, mais precisamente, do Descobrimento (1500) até a promulgação do código de
Processo Criminal do Império (1831), dizendo que elas não podiam se compadecer com
nossas organizações policiais, porquanto datam de 1603, dois séculos antes da existência
destas. Tal objeção procederia se, por ventura, o Código Filipino houvesse contemplado os
Quadrilheiros com atribuições de polícia judiciária. Isto, porém, não ocorreu, como já
demonstrou ao citar o nº 3 e 7, título 73, livro 1º.
3. Na legislação ulterior, nada também se contém a este respeito deste o Código de Processo
Criminal de 1831 (Império) até o vigente, o que, segundo pensamos, está certo.
4. Generalizando, o processo penal, adotado num país, doutrinariamente, deve ser o mesmo
quer que se trate de crimes comuns ou de delitos especiais. Daí, o sistema misto também
adotado pelo processo penal militar. Aliás, as atribuições policiais, da competência da
autoridade policial, que nos tocam, são as conferidas pelo Código da Justiça Militar, tão
só, como ocorre nas Forças Armadas.
5. Sobre tal aspecto releva recordar que até mesmo a Lei nº 4162/62 que alterou a r edação da alínea “1” do artigo 88 do CJM, nada mais foi que um natimorto.
O “caput” do art. 88 tem a seguinte redação:
“Art. 88 – o foro militar é competente para processar e julgar os crimes definidos em lei como militares”.
6. Seguem-se as alíneas sendo que a “1”, de acordo com a Lei número 4.162/62, ficou assim
redigida:
... ...
CONTINUAÇÃO
Fl nº 14
embarcações, aeronaves, repartições ou estabelecimentos militares e quando em serviço ou
comissão, mesmo de natureza policial, ainda que contra civis ou em prejuízo da administração civil”.
7. Esta lei foi aplicada durante algum tempo até mesmo depois da edição da “Súmula do Supremo Tribunal”, nº 297, que, explicitamente, se refere à “função policial civil” (sic). Então, todos os delitos praticados por ou contra os militares das PMs, em serviço policial,
eram da competência do foro militar.
8. Ultimamente, fomos informados de que o Excelso Pretório o reexaminando o problema,
concluiu pela inépcia da Lei nº 4.162/62, de vez que sendo o COM (1944) posterior ao
CJM (1938), o artigo 6º do primeiro (enumeração dos crimes militares em tempo de paz),
derrogou o artigo 88 do segundo. Daí, a nossa afirmativa de que a referida lei é um
natimorto.
9. Aliás, nos dias que correm, o problema já apresenta aspectos mais graves, desde que o §
1º, art. 122 da Constituição do Brasil resguardou os civis do foro militar, salvo nos crimes
contra a segurança nacional, cuja competência para apura-los, a alínea “c” do inciso VII
do artigo 8º, d mesma Carta, atribuiu à Polícia Federal.
10.Nas relações da PM com o processo penal, há ainda a ressaltar o problema da segunda
instância. Nos Estados, onde não existirem tribunais militares, deve ocorrer o que se passa
na Guanabara. O Tribunal de Justiça, funcionando como segunda instância, no foro militar estadual, comete equívocos lastimáveis, como concessão de “sursis”, aplicação da pena de multa etc. Ora, o Direito Penal Militar não se compadece com tais institutos.
CONCLUSÕES
A exposição feita já nos permite chegar a algumas conclusões, como:
1ª Conclusão – A Polícia já na sua origem – Roma de Augusto – apresenta contornos bem
nítidos de organização militar.
1.5 A nomeclatura é caracteristicamente, militar, porque comum à Polícia e as Forças
Armadas Romanas, por ex. Praefectus, Vigil, Cohor Praefectus Urbi e Praefectus Vigilum,
na polícia; Paraefectus Castrorum e Praefectus Legionis, nas forças armadas. (História de
Roma, Hário Curtis Giordani, pág. 117, 2ª edição).
2. Vigil, vigilis, significa sentinela; vigia noturno. Daí, guarda noturno.
3. Particular interesse nos merece a Cohor que quer dizer não só Coorte, unidade da legião
romana, como também Tropa Auxiliar, segundo Salustio, “in” Bellum Jugurthinum, vide o
correspondente verbete do Dicionário Escolar Latino-Português, organizado por Ernesto
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2ª Conclusão – A MULTIPLICIDADE DE POLÍCIA
É um erro, mesmo que, apenas, sob forma dicotônica: Polícia Civil e Polícia Militar.
Não há negar. Daí o alojamento das PM das funções de Polícia Judiciária, o que
consideramos correto, por ocorrência, conforme veremos na conclusão seguinte. Tal
variedade, com efeito dificulta o emprego, o controle, a coordenação das operações, a
apuração de responsabilidade, enfim, a administração.
3ª Conclusão – A UNIFICAÇÃO PODE SER ATINGIDA PELA ADOÇÃO DO
JUIZADO DE INSTRUÇÃO.
1. Supomos haver deixado claro que Cicente Ráo, e os demais ilustres membros
da Comissão elaboradora do Projeto do Código de Processo Penal, bem como
Menezes Côrtes, foram bastante lúcidos, ao optarem pela forma de Proc. Penal
acusatório, isto é, o Juizado de Instrução. Por outro lado, cremos, haver
demonstrado à sociedade, que o Prof. Francisco Campos não foi muito feliz na
sustentação a favor do inquérito policial. Logo, devemos pugnar pela
implantação do sistema, no Brasil, A bolorenta alegação de que ele provoca um
divórcio entre a magistratura e a autoridade policial, é irrelevante, eis que esse
divórcio existe no sistema atual e, certamente, em razão de usurpação da
função jurisdicional – a Instrução Provisória – deferida à autoridade policial.
2. Esta medida traria, como conseqüência o desaparecimento da Polícia Civil,
aproveitando-se as atuais autoridades policiais, formadas em direito, como
juízes de instrução e membros do respectivo Ministério Público.
3. Quanto à investigação criminal poderá ser executada pelas 2ª Seções das PM
sem nenhum prejuízo ou, por órgão similar, como é o caso da nossa Chefia de
Polícia Militar, ou ainda melhor, por Diretorias de Investigações, porém,
orgânicas das PM.
4. Os atuais funcionários de investigação passariam a constituir um Quadro de
Pessoal Civil, em extinção, lotado nas Diretorias de Investigações, sendo suas
vagas computadas no Quadro do Pessoal Militar, à medida que forem
ocorrendo.
4ª Conclusão – EXTENSÃO DO FORO MILITAR AOS MILITARES DAS PM,
QUANDO SE TRATAR DE DELITOS COMETIDOS POR OU CONTRA ELES, NO
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Fl nº 16
Não podemos ficar indiferentes à importância, à conveniência para as PM de
tal providência, pois sendo a Justiça Militar mais rigorosa, muita irregularidade seria,
deste modo, prevenida. Para tanto, porém, é indispensável emendar a Constituição Federal
(artigo 122, § 1º).
5ª Conclusão – CRIAÇÃO DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA MILITAR DAS PM, CUJOS
EFETIVOS ACONSELHEM A ADOÇÃO DA MEDIDA.
1. É o caminho que nos parece mais indicado para elisão daqueles equívocos que já
mencionamos. Ora, os Senhores Desembargadores, ao longo da carreira, estiveram
sempre às voltas com o julgamento de delitos comuns. É compreensível, pois, que ao
julgarem delitos especiais, sejam traídos pela rotina que lhes impôs o exercício de suas
altas funções.
2. Esta a contribuição, Senhores Congressistas, que a Polícia Militar do Estado da
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PMERJ QG
EMG-PM/3 31JAN79
CÓPIA DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SEGURANÇA
PÚBLICA (TEMA Nº 1)
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
CONSESP
RELATÓRIO GERAL
Os Secretários de Segurança dos Estados, Territórios e Distrito Federal,
reunidos na 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SEGURANÇA
PÚBLICA, patrocinada pelo Ministério da Justiça e realizada em Brasília-DF de 8 a 12 do
mês e ano em curso, sob a presidência do Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da
Justiça Doutor ARMANDO RIBEIRO FALCÃO, examinando o temário proposto, após
exaustivas discussões, aprovaram em Plenário o seguinte:
1. TEMA Nº 1
A DICOTOMIA POLÍCIA CIVIL X POLÍCIA MILITAR:
a. diversidade de características e relacionamento entre ambas;
b. o atual regime jurídico-institucional das Polícias Militares;
c. hipótese da unificação das duas polícias, com ramo uniformizado para atender a
ações ostensivas – dentro de um esquema propriamente policial, sem
características militares, por se tratar de instituição civil;
d. reestudo da legislação federal no sentido de permitir maior maleabilidade no
emprego do policial fardado, nas missões básicas de policiamento, a cargo das
delegacias;
e. sugestão da criação de um Conselho Federal de Polícia, junto ao gabinete do
Ministro da Justiça, com a finalidade de fixar normas pertinentes à estrutura e
organização das Polícias Civis, padronização de meios e coordenação de
sistemas de atuação, com o fim de, integrado-as, dota-las de capacidade para o
desempenho das suas funções, de modo a torna-las mais eficientes, na
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Fl nº 18
1.1 PROPOSIÇÃO I
1.1.1 CONSIDERAÇÕES
A função governamental SEGURANÇA PÚBLICA se exercita, através das
tradicionais sub-funções POLÍCIA JUDICIÁRIA e POLÍCIA ADMINISTRATIVA, com o
objetivo de promover a defesa social e preservar a paz pública, mantendo a ordem e a
tranqüilidade, co-participando da segurança interna, protegendo pessoas e patrimônios,
assegurando direitos e garantias individuais, prevenindo e reprimindo a criminalidade,
garantindo o cumprimento da lei e o exercício dos poderes constituídos.
Esta função se reveste de aspectos de ordem assecuratória, disciplinar,
instrumental e educativa, cujas atividades são cometidas às Secretarias de Segurança
Pública dos Estados, Territórios e Distrito Federal.
1.1.1.1 CARCTERIZAÇÃO DAS SUBFUNÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA
A sub-função Polícia Judiciária, de caráter repressivo, no sentido da
apuração das infrações penais e de sua autoria, incumbe à Polícia Civil, cujos
instrumentos de ação mais importantes são o inquérito policial e a investigação
criminológica.
A sub-função Polícia Administrativa envolve atividades de registro e
controle preventivo de riscos policiais e atividades de Polícia de Segurança, que abrangem
a manutenção da ordem, segurança e tranqüilidade pública e a tutela de direitos
individuais, através de ações de vigilância discreta, reservada e ostensiva, fardada ou não,
a cargo da Polícia Civil e Polícia Militar.
É bem de ver-se, entretanto, que o enfoque „POLÍCIA JUDICIÁRIA”, „POLÍCIA ADMINISTRATIVA”, “POLÍCIA DE SEGURANÇA”, “POLÍCIA PREVENTIVA”, POLÍCIA REPRESSIVA”,, representa mero esquema de abordagem, por isso que, na prática, elas se confundem, se completam e se interpenetram para a
realização da função governamental de SEGURANÇA PÚBLICA.
1.1.1.2 ESTRUTURA PARA DESEMPENHO DAS FUNÇÕES DE SEGURANÇA
PÚBLICA E OS PROBLEMAS ENVOLVIDOS
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Fl nº 19
superior da administração estatal, com atribuições e responsabilidade inclusive de ordem constitucional.
A estrutura das Secretarias de Segurança Pública deve assentar-se em um tripé, em cujo vértice se encontra o Titular da Pasta, apoiado em suas bases, de um lado pela Polícia Civil e, de outro, pela Polícia Militar. O Secretário de Segurança Pública, como responsável por esta função governamental, traça as diretrizes e fixa a polí tica de segurança pública, dirigindo, coordenando e controlando os dois referidos órgãos de execução.
Ocorre, entretanto, que o Decreto-Lei nº 667, de 02 de julho de 1969, que reorganizou as Polícias Militares, modificado pelo Decreto-Lei nº 1.072 e regulamentado pelo Decreto nº 66.882, (R-200), deferiu àquelas corporações realizar, com exclusividade, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais competentes, enfatizando o exercício de atividades de segurança interna, tem dado margem a interpretações errôneas em favor de uma pretensa autonomia e independência das Polícias Militares em relação à estrutura e controle das Secretarias de Segurança Pública, ferindo, destarte, a subordinação prevista na legislação federal específica, não raro atribuindo-se ao seu Comando nível de responsabilidade concorrente ao do Secretário de Estado. É que o Decreto nº 66.862/70 restringiu a subordinação estabelecida no artigo 4º do Decreto nº 667/69, conceituando-a como “ato ou efeito de uma corporação policial militar ficar sob a direção operacional do órgão que, nos Estados, Territórios e no Distrito Federal, for responsável pela ordem pública”, compreendidas, segundo alguns doutrinadores, nessa „direção operacional” apenas as funções primárias de coordenação, orientação normativa e controle em nível superior. Daí observa-se por parte das Polícias Militares uma certa desvinculação das Secretarias de Segurança Pública em reflexos negativos e graves na execução do policiamento ostensivo fardado, hoje da sua exclusiva competência, contornados, quase sempre, em razão de condições personalíssimas e do estilo de liderança dos Secretários de Estado, entre outras variáveis.
Considere-se, além do mais, que em alguns Estados da Federação, os órgãos policiais, Polícia Civil e Polícia Militar, já são subordinados, por leis estaduais, administrativa, hierárquica e funcionalmente, aos titulares das pastas de Segurança Pública.
Considere-se, outrossim, que a atual legislação federal possibilita distorções nas estruturas organizacionais dos Estados, dificultando o relacionamento, como, por exemplo, a atribuição do “status” de Secretário de Estado a Comandantes de Polícia Militar.
1.1.2 PROPOSTA APROVADA
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CONSIGNE, DE MODO EXPRESSO E INCONTROVERSO, A INTEGRAÇÃO DAS REFERIDAS CORPORAÇÕES NA ESTRUTURA DAS SECRETARIAS DE SEGURANÇA PÚBLICA DAS UNIDADES FEDERATIVAS, A CUJOS TITULARES DEVEM SUBORDINAR-SE HIERÁRQUICA, ADMINISTRATIVA E FUNCIONALMENTE, RESSALVADA, APENAS, SUA SUBORDINAÇÃO OPERACIONAL AOS COMANDOS MILITARES DE ÁREA PARA MISSÕES DE SEGURANÇA INTERNA DEFESA TERRITORIAL.
1.2 PROPOSIÇÃO II
1.2.1 CONSIDERAÇÕES
1.2.1.1 Tendo em vista o prescrito na Letra V, item XVII, art. 8º da Constituição Federal, as
Polícias Militares possuem um órgão normativo quanto à estrutura, organização e equipamentos, a Inspetoria Geral das Polícias Militares – IGPM – vinculada ao Ministério do Exército.
1.2.1.2 As Polícias Civis dos Estados não possuem órgão congênere, nem a legislação federal
assim o determina.
1.2.1.3 Seria de bom alvitre, tendo em vista normatizar as Polícias Civis dos Estados, a criação de
órgão congênere que, no âmbito da União, funcione como órgão consultivo e coordenador.
1.2.1.4 Tal medida possibilitaria, além de padronizar e homogeneizar as Polícias Civis dos
Estados em suas grandes linhas, dotá-las de maior eficiência inclusive com alocação de recurso pela União, particularmente aos estados mais carentes.
1.2.2 PROPOSTA APROVADA
QUE SE CRIE, POR SER DE TODA A CONVENIÊNCIA, UM CONSELHO FEDERAL DE POLÍCIA CIVIL, JUNTO AO GABINETE DO MINISTRO DA JUSTIÇA, ÓRGÃO CONSULTIVO QUANTO À NORMAS, ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO, EQUIPAMENTO, ETC. E COORDENADOR QUANTO À ALOCAÇÃO DE MEIOS E RECURSOS DE ORIGEM FEDERAL.