Estudo:
Crédito e Taxas de Juros
no Cartão de Crédito
Sobre este estudo
Este estudo foi desenvolvido no início de 2009 e atualizado
parcialmente em junho de 2010
Processadora
Credenciador
A operação de cartão de crédito
Fluxo e Entidades envolvidas
Processadora Emissor Processadora Bandeira Consumidor Portador do cartão
Estabele-cimento Transação de compra
•Aprova o crédito •Emite cartão •Autoriza a compra •Emite fatura •Credencia o estabelecimento •Captura transação •Paga a transação de venda ao estabelecimento Entrega produto/serviço
Intermedia a relação entre Emissor e Credenciador
O cartão de crédito existe de forma a intermediar o relacionamento financeiro entre duas partes específicas: o consumidor e o estabelecimento comercial
Cartão = instrumento de serviços multifacetado Meio de pagamento | Instrumento de crédito | Meio de relacionamento
Canal de serviços | Instrumento de identificação, status e etc.
A operação do cartão de crédito
Contexto atual - Uso do cartão de crédito
O cartão vem aumentando de forma significativa sua
participação como meio de pagamento
Principalmente em relação aos cheques
Contudo, dinheiro continua soberano e deve permanecer como principal meio de pagamento
Ainda apresenta uma escala relativamente pequena,
quando comparado a países desenvolvidos
Significa maiores custos
A operação do cartão de crédito
Contexto atual - Uso do cartão de crédito
Consumo privado das famílias brasileiras Valores constantes base=2010 (IPCA-IBGE)
Fonte: Banco Central e ABECS
6 45% 9% 34% 12% Total (R$ Bilhões) 1.433 2.202 3.704
CARTÕES NOS EUA* 29% 45% 47%**
* Participação dos cartões de crédito e débito no consumo privado americano
** Valor projetado para o ano de 2013, mantido conservadoramente constante até 2019
BRASIL X EUA 0,31 0,56 0,91
Cartões Dinheiro + pré-pagos Cheque Outros
2010 2020 59% 25% 6% 11% 2000 48% 43% 3% 6%
A operação de cartão de crédito
Modalidades de crédito no cartão
Modalidade Descrição Risco de Crédito operação de crédito Rentabilidade da 1, 2
Crédito Gratuito (“Grace Period”)
Sem juros:
Entre o período da compra e do pagamento da fatura todos os portadores de cartão desfrutam de crédito gratuito (em algumas situações, pode-se obter até 40 dias sem juros entre data da compra e vencimento da fatura)
100% Emissor do cartão
Rentabilidade zero ou negativa (prazo médio é de apenas 2 dias de
diferença entre recebimento do portador e repasse ao estabelecimento)
Crédito no momento da compra
Parcelado sem Juros:
A maioria dos lojistas disponibiliza o financiamento da compra para seus clientes através do cartão
100% Emissor do cartão
Rentabilidade zero ou negativa (repasse ao estabelecimento é sempre
realizado, mesmo quando o portador está inadimplente)
Parcelado com Juros:
O emissor do cartão permite o parcelamento da compra no ato da operação
100% Emissor do cartão
Pela cobrança de juros (pré-fixados)
Crédito no momento de pagar a fatura
Crédito Rotativo:
O portador pode decidir rolar a sua dívida para o próximo mês, pagando qualquer valor entre o valor total da fatura e o pagamento mínimo exigido
100% Emissor do cartão
Pela cobrança de juros sobre o saldo devedor da fatura
Parcelamento de fatura:
O portador pode optar por parcelar o saldo da fatura em parcelas iguais
100% Emissor do cartão
Pela cobrança de juros pré-fixados no momento do parcelamento da fatura
1 – Em todas as modalidades de operações no cartão de crédito, está presente uma taxa de administração (2,8% em média) 2 – Nos pagamentos realizados em atraso, há a incidência de juros e multa moratória.
A operação do cartão de crédito
Composição do saldo de crédito
Saldo de crédito com cartão é composto de créditos com ou
sem cobrança de juros
Em maio/2010, alcançou R$ 87,5 bilhões, dos quais a grande maioria, 68% referem-se a créditos sem juros
Valores em R$ bilhões Fonte: Banco Central
1 – Inclui parcelamentos sem juros e créditos a faturar (compras realizadas que ainda não foram faturadas => grace period) 2 – Inclui parcelamentos com juros (minoria) e crédito rotativo (grande maioria)
8 2010 Maio 32% 68% 67% 33% Com Juros² 35% Sem Juros¹ 65% 2009 Maio 2008 Maio R$ 76,1bi R$ 87,5bi R$ 57,0bi 15% 33% Com Juros² Sem Juros¹ Com Juros² Sem Juros¹
Saldo de crédito no cartão corresponde apenas a 5,8% do
saldo total de crédito da economia brasileira
-10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000 Jan Mar Ma i Ju l Se t N o v Jan Mar Ma i Ju l Se t N o v Jan Mar Ma i Ju l Se t N o v Jan Mar Ma i Ju l Se t N o v Jan Mar Ma i 2006 2007 2008 2009 2010 5,04%
A operação do cartão de crédito
Saldo total de crédito
Saldo total de crédito da economia – em R$ bilhões
Fonte: Banco Central Valores Nominais Destaque para os meses de maio de cada ano Participação do cartão no total de crédito da economia
Saldo total de crédito no cartão – em R$ bilhões
788.9 1044.9 1261.2 1.500.3 R$bi 654.1 4,6% 5,5% 6,0% 5,8%
Composição da taxa de juros
no cartão de crédito
Taxa de juros bruta
(-) Custo de captação de recursos Para PF, correspondeu em média a 11,9% a.a em maio de 2010 (Banco Central)
(-) Impostos PIS e Cofins sobre margem (9,25%)IR sobre margem (32%)
(-) Perda de crédito
Parcela dos valores em atraso classificada como irrecuperável
Nota: atrasos acima de 90 dias estão na casa de 24% das operações com juros e 8% sobre o saldo total das operações de cartão (Banco Central, maio/2010)
(-) Despesas Operacionais
Custos de natureza contínua, proporcionais à estrutura de sistemas e operações utilizada pelo emissor
Inclui manutenção (clientes, processos e sistemas),
relacionamento (clientes), investimentos em melhorias etc
Cartão de Crédito X Outros Produtos
de Crédito para Pessoa Física
Cartão de Crédito – Crédito Rotativo
D = data da operação de compra V = data de vencimento da fatura
Momento em que o cliente pode optar pelo financiamento: Crédito Rotativo ou Parcelamento da Fatura
V=D 28dias V+30 dias V+60 dias
“Grace Period”
Período de incidência de juros sobre saldo financiado = 30 dias
V+n dias
D+30 dias D+60 dias D+90 dias D
Período de financiamento sob a incidência de juros
D+n dias
CDC/Crédito Pessoal/Cheque Especial/ Financ. Autos
V=D 28dias V+30 dias V+60 dias
Cartão de crédito no mercado dos EUA – Crédito Rotativo
Momento em que o cliente pode optar pelo Crédito Rotativo
Fatura considera
financiamento do saldo desde a data da
compra
Período de incidência de juros sobre saldo financiado = 58 dias
V+n dias
D
D
Taxas de juros no cartão
Para oferecer taxas de juros diferenciadas, os bancos segmentam suas bases considerando:
Os riscos dos clientes
As garantias envolvidas
Crédito Rotativo X Cheque Especial
Natureza mais arriscada não há uma conta corrente vinculada Pré-aprovado
Não exige garantias
Não considera a mudança de perfil do cliente no ato da operação de financiamento
Existem cartões de crédito para segmentos específicos de clientes que apresentam baixo risco de crédito:
Cartão múltiplo Cartão consignado
Cartão com garantia de conta poupança Cartão BNDES RISCO TAXA RISCO TAXA Taxas de juros entre 1 e 4% a.m GARANTIA TAXA GARANTIA TAXA
Cartão INTERNACIONAL 9,4%
10,2%* 9,3%* 7,8%*
Taxas de juros (a.m.)
Cartão e Outras modalidades
Fonte: ABECS e Banco Central
MÍNIMA MÁXIMA
LEGENDA: MÉDIA SEGMENTO
SEGMENTOS:
DOMÉSTICO: Cartões com uso apenas no território nacional (clientes de baixa renda) INTERNACIONAL: Cartões com uso em todo o mundo (clientes da classe média) PREMIUM: Cartões internacionais Gold ou superior (clientes de alta renda)
A gestão de taxas de juros pelos emissores varia conforme: - Tipo de Produto - Segmento do Cliente - Risco da carteira 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% PARC E LA DO ROTA TIVO 2,9% 11,0% 6,8%* Cartão DOMÉSTICO 3,7% Cartão DOMÉSTICO 15,0% 3,0% 10,0% 5,8%* Cartão INTERNACIONAL 3,7% 15,0% 2,9% 9,0% 5,4%* Cartão PREMIUM 3,2% Cartão PREMIUM 14,0% 1,8% Cheque Especial CDC 0,7% 7,7% 1,4% Crédito Pessoal ...25,6% 3,0% 3,5% 8,3%
Obs.: taxas referentes a dezembro de 2008 e praticamente inalterada nos últimos meses
Média= 6,0%* Média= 9,1%* (*) Média Aritmética Média geral 9,0%** 14 (**) Média Ponderada
Taxas de juros no cartão
A incidência de juros se dá apenas em cerca de 1/3 do
saldo total de crédito dos cartões
2010 Maio Operações com incidência de juros Se ponderarmos as taxas médias de juros praticadas
atualmente nos cartões (+- 9% a.m) pelo saldo total de crédito dos cartões, temos uma taxa efetiva para toda carteira de 2,9% a.m. 32% 68% Com Juros Sem Juros
Comparativo de taxas juros mensais
Cartão de Crédito X Outros Produtos
Cheque Especial Crédito Pessoal* CDC
Números em destaque referentes a dezembro de cada ano
Cartão de Crédito: faixa média Rotativo Cartão de Crédito: faixa média Parcelado
8,8% 4,9% 4,7% % a.m. 7,5% 3,9% 3,8% 7,6% 4,7% 4,0% 7,8% 5,1% 4,3% 7,8% 10,2% 6,8% 5,4%
* Desconsiderando crédito consignado 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 2005 2006 2007 2008 Ja n F e v Mar Abr Mai Jun Ju l A go Set O u t Nov De z Ja n F e v Mar Abr Mai Jun Ju l A go Set O u t Nov De z Ja n F e v Mar Abr Mai Jun Ju l A go Set O u t Nov De z Ja n F e v Mar Abr Mai Jun Ju l A go Set O u t Nov De z
Cartão de Crédito: resultado das taxas médias ponderadas por toda carteira
2,0
2,9%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% J an F ev
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out No
v
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul go Set OA ut Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul go Set OA ut Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Cheque Especial Crédito Pessoal CDC Cartão de Crédito (total) Cartão de Crédito (operações c/ juros)
O risco da operação
Comparativo de inadimplência
Os atrasos acima de 90 dias representaram pouco menos de 8%
do saldo de crédito total no cartão, porém os mesmos atrasos
representam cerca de 24% dos saldos financiados com juros
9,3% 113% 12,4% 13,2% 15,8% 10,8% 5,5% 6,5% 5,3% 5,3% 5,6% 4,6% 7,8% 9,2% 8,9% 9,6% 19,0% 24,3% 27,8% 25,3% 23,5% 23,9% 7,9% 8,8% 8,9% 9,3% 10,5% 8,4% 4,9% Cartão de Crédito Com Juros CDC Cheque Especial Cartão de Crédito Total Crédito Pessoal Ligeira queda
Números em destaque referentes a maio de cada ano
O risco da operação
Regulamentação
O Código de Defesa do Consumidor aumentou o risco para
os emissores, pois...
Permite que contratos com adesão de milhões de clientes sejam questionados por um único portador de cartão;
• E que este contrato seja alterado a partir de então para toda a base de clientes, caso o judiciário julgar como procedente a argumentação do requerente
As bases e qualidades técnicas utilizadas para as avaliações e julgamentos são questionáveis
Resultado: não há segurança jurídica por parte do credor
O risco da operação
Fraudes
“Indústria da fraude” sempre em evolução
Crescimento dos eventos Ameaças constantes
Pressão sobre os meios tecnológicos menos complexos e mais difundidos
Acarretam perdas significativas
Resultado: grandes investimentos por parte dos players em
novas tecnologias, visando garantir maior segurança nas
operações
Chip
Modelos estatísticos preditivos Etc
Conclusões Gerais
Taxa de Juros
A taxa de juros é reflexo de uma série de características
das operações de cartão de crédito:
Segmento ainda apresenta escala reduzida • Custos elevados para garantir a operação
2/3 das operações são de natureza sem juros • Há um “grace period” para todos
• Compras na modalidade “parcelado sem juros” são a maioria Das operações que envolvem juros
• Já há uma política de segmentação das taxas de acordo com o risco do usuário
• Os juros de cada modalidade são proporcionais ao risco da operação – Crédito rotativo possui maior risco, portanto maior taxa
– Parcelamentos com juros possuem opções de taxas semelhantes a CDC e Crédito Pessoal
Setor sofre constantemente ataques de fraudadores
• Necessidade constante de altos investimentos em prevenção e repressão à fraude
Conclusões Gerais
Taxa de Juros
Alterar a estrutura de operação do cartão de crédito pode,
de um lado,...
Causar um desequilíbrio sistêmico entre os agentes do setor Acarretar o fim de uma modalidade de crédito bem difundida
• Parcelado sem juros
Comprometer fortemente o relacionamento consolidado, com prejuízos na cadeia de consumo e agentes financeiros
Retroceder no processo de ampliação do uso de meios eletrônicos de pagamento, favorecendo um aumento da informalidade da economia
• Ex.: Cheques, dinheiro etc
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS CONSUMIDORES AGENTES FINANCEIROS 22
Conclusões Gerais
Taxa de Juros
Por outro lado, é urgente e indispensável pensar em
mecanismos de transição...
Da situação atual, caracterizada por... • Fortes desequilíbrios
• Subsídios cruzados
• Instabilidade insustentável ao longo do tempo Para uma nova estrutura
• Mais equilibrada e saudável para todos os envolvidos – Emissores
– Credenciadores – Consumidores – Lojistas
– Reguladores
Um desafio absolutamente não trivial
Tomará tempo Exigirá esforço conjunto
Envolverá a combinação de estímulos regulatórios com ações de autorregulação
Contate-nos:
boanerges@boanergesecia.com.br