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(1) A ap.e discordou do montante indemnizatório arbitrado neste caso.

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(1)

PN 3031.07-5; Ap: TC V. Conde, 3º J ( Ap.e: Apª:

Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto

I. INTRODUÇÃO:

(1) A ap.e discordou do montante indemnizatório arbitrado neste caso.

(2) Da sentença recorrida:

(a)No caso em apreço temos que na parcela expropriada se trata de solo apto para construção, donde ter de ter-se por referência, na

indemnização o valor da construção que nela seria possível efectuar se não tivesse sido expropriada, entrando como factor, entre outros, o custo

da construção em condições normais de mercado, artº 26/5.6.7 C. Ex.

(b) Como bem se vê, omite-se o critério previsto no artº 26/2.3 C. Ex, atenta a sua impraticabilidade face ao caso concreto.

(c) Atenta a natureza da lide, a discordância do julgador exigiria neste caso, uma apreciável motivação por parte do tribunal, que não se

justifica face ao consenso doutrinário3

(d) Mas um outro aspecto importa considerar para que, delimitados os critérios se proceda ao acerto da indemnização: prende-se com o

disposto no artº 26/10 C. Ex4,… [onde] se trata de penalizar a inércia do

1 Adv: Dr

[

3 Cit. Pires de Lima & Antunes Varela, Código Civil Anotado, artº 389: a determinação do valor do bem expropriado

traduz-se essencialmente num problema técnico, devendo o julgador aderir, em princ ípio, aos pareceres dos peritos,

merecendo preferência o valor resultante dos mesmos que sejam coincidentes, e , por razões de parcialidade e independência, o laudo dos peritos nomeados pelo tribunal, quando haja unanimidade deste, se n ão puserem em crise critérios estabelecidos por lei.

4 ……… ……… ……….

1

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proprietário/expropriado perante as potencialidades edificativas do terreno na perspectiva em que essa inércia tem em si subjacente a inexistência de qualquer risco e esforço próprio de quem decide tomar

em mãos a rentabilização da sua proprieda de fundiária pela via

construtiva: houve unanimidade dos peritos quanto a este indicador.

(e) O muro de vedação e os dois poços existentes na parcela são benfeitorias úteis, atento o conceito de benfeitoria útil, consagrado no artº 206/3 CC, pois que aumenta o valor do prédio sem contudo influenciar no seu rendimento.

(f) E é admissível adicionar o alvo das benfeitorias ao resultante da potencialidade constitutiva do terreno se é que elas puderem ser aproveitadas no âmbito da construção a realizar, isto é, se não colidirem

com o aproveitamento para a construção do prédio expropriado5:… esta

posição é que melhor se coaduna com o princípio constitucional da indemnização justa e, aqui, tendo em conta que no laudo unânime foi considerado que o muro e os dois poços não colidiam justamente com o aproveitamento construtivo do terreno; são, pois, indemnizáveis as

benfeitorias.

(g) Está encontrado o valor do terreno da parcela expropriada procedentes à seguinte operação, exactamente como fizeram os senhores peritos no laudo: (0,60m2/m2 x € 546,88/m2 +0,10 m2/m2 x € 300/m2) x 0,155 x (1-0,10) = € 49, 96 m2

(h) resultado a arredondar para € 50/m2 que subtotaliza, portanto,

5050m2 x € 50/m2 = € 252 500,00 + as benfeitorias: € 56 000,00 +E 3 200,00, tudo = € 311 700,00.

10. O valor resultante da aplicação dos critérios fixados nos nºs 4 a 9 será objecto de aplicação de u m factor

correctivo pela inexistência do risco e do esforço inerente à actividade construtiva, no montante máximo de 15% do valor da avaliação.

5 Vide Ac RP , 00.12.04, PN 0051287, www.dgci.pt; em contrário, Ac RP 00.06.27, PN 00.20.705, Ac RP 00.02.08,

PN 9921453, Ac RP 03.01.27, PN 0252680, www.dgci.pt; na mesma posição do início, Ac RP 06.02.16, PN 0536917, Ac RP 97.05.15, PN 9650909, Ac RP 960122, PN 9550214, www.dgci.pt.

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(i) Depois, não foram carreados para os autos elementos que permitam a

aplicação do artº 23/4 C. Ex., montante calculado que, d e resto, seria ónus da entidade expropriante, caso pretendesse beneficiar da dedução.

(j) A quantia indemnizatória apurada será actualizada de acordo com o índice de preço ao consumidor, com a exclusão da habitação, desde a data DUP, tendo em conta, contudo, os montantes já recebidos pelos

expropriados6.

II. MATÉRIA ASSE NTE:

(a) Pelo despacho de SEAL, 02.10.15, DR II S, 349/2002, 19.11, rect. despacho 1978/04, 04.10.13, DR IIS, 04.10.26, foi declarada a utilidade pública e a urgência da expropriação da parcela de terreno referente ao prédio, 5050 m2, duas moradias de casas, área coberta a 190 m2, jardim 258 m2, outra superfície coberta de 42 m2 + pendência 12m2 e cortinha de cultura, 4548 m2, Geão, V. Conde, desc C. Reg. P. V. Conde, nº 20 230 L v B- 53, 21192 Lv B-55 e nº 27538 Lv B 71, insc mat. S artºs 215 e 273 urbs, 302 rust., com valores

patrimoniais de € 21 670, 27, € 6 693,11 e € 163, 66: a posse administrativa foi de 05.02.03.

(b) A parcela está incluída no plano cadastral dos terrenos necessários ao empreendimento PER – Programa Especial de realojamento da freguesia de Geão, concelho de V. Conde.

(c) Tem as seguintes confrontações: N., Joaquim Oliveira Maia al; S., Rua de São Estêvão; Nasc. Rua das Lamaçães; Po. Rua da Estrada Principal.

(d) Tem forma trapezoidal, é plana e servida pelos três arrolamentos p úblicos das confrontações, pavimentados; é igualmente servida por redes públicas de distribuição de energia eléctrica em baixa tensão, abastecimento de água e rede telefónica.

(e) VPRM: duas moradas de casa em estado de ruína, bem como construções em madeira; dois poços para abastecimento de água com profundidade de oito metros; muro de vedação em granito de boa construção, 0.50 m x 4m x350 m.

6 Vide Ac Uni. Juris. 7/2001, DR IS-A, 01.10.25: … a actualização em si virá sobre a diferença entre o

valor fixado na decisão final e o valor cujo levantamento foi autorizado…

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(f) O muro de vedação e os dois poços referidos não colidem com o aproveitamento construtivo da parcela.

(g) Mas implica a demolição das duas moradas de casas em estado de ruína e das construções em madeira.

(h) De acordo com o PDM V. Conde, DR 285 I S. B., 95.12.12, situava-se em Espaços Urbanos e Urbanizáveis: zona de construção – Tipo II.

(i) Estas zonas destinam-se preferen cialmente à construção de edifícios de habitação isolada, geminada em banda contínua, com cércia máxima

correspondente a dois pesos acima do solo, permitindo-se no entanto, quando devidamente justificada, a construção ou utilização para outros usos, de acordo

com a secção primeira, Reg. PDM V. Conde7.

(j) E a área máxima dos anexos não poderá exceder 10% da área do lote ou

parcela em 50% da área de implantação do edifício principal8.

(k) O custo de construção para a zona em que se localiza o prédio é de €

607/65/m2 de área útil, para o ano de 20029.

(l) Laudo unânime: terreno apto para construção; índice de implementação : 0,30

m2/m2; índice de utilização (área bruta de construção acima do solo por m2 de área de terreno – dois pisos, 0,30m2/m2): 0,60 m2/m2; índice de utilização dos anexos: 0,10 m2/m2; custos de construção relativos à área bruta de construção (data DUP) para habitação: € 46, 88/m2 (0,9 x € 607,65/m2); para os anexos: € 300,00.

(m) Laudo unânime: 11, 00% - artº 26/6 CEX; 1,5% - id/ 7 a; 1% - id7 7 c; 1% id/ 7 e; 1% - id/º 7 i; 10% - id/10.

(n) Laudo unânime: preço – € 50,00/m2; total: € 252 500,00.

(o) Laudo unânime: preço do muro de alvenaria de ved ação - € 40/m2; total: € 56 000,00; dois poços: € 3200,00.

III. CLS/ALEGAÇÕE S:

(1) Os poços existentes e o muro de vedação da parcela expropriada não podem ser valorizados como benfeitorias: o terreno foi avaliado como apto para

7 Vide artº 28/1 Reg PDM V. Conde.

8 Vide artº 14 idem.

9 Vide Port. 1261-C/2001, 31.10.

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construção e a edificação do novo empreendimento implica, em regra, a demolição e destruição do que aí se encontre, nomeadamente, valas, poços, tanques, muros, árvores… o que normalmente até carreta despesa10

(2) Acresce, quanto aos poços, que o DL 207/94, 06.08, o Regulamento geral dos sistemas públicos e prediais de distribuição de água e de dr enagem de águas

residuais, apv. DR 23/95, 23.08, e o R egulamento do abastecimento de água ao concelho de Vila do Conde, impõem a ligação de sistemas prediais à rede pública, devendo os poços ser, por via da regra, inutilizados.

(3) Não pode ser tido em conta o coeficiente de risco e esforço inerente à actividade construtiva, artº 26/10 CE, fixado em 10%, porquanto a fixação do factor por um lado se não mostra minimamente fundamentada e, por outro, porque os peritos fizeram errada interpretação do preceito legal: o factor aludido é um factor correctivo pela inexistência de risco… e não o oposto.

(4) O tribunal recorrido, por todo o exposto, fez erradas interpretações e aplicação dos artºs 23/1 e 26/1.10, C. Ex: deve ser fixado o valor da indemnização em € 229545,45 (€ 252500,00: 1,10).

IV. CONTRA-ALEGAÇÕES:

(1) A sentença recorrida não é merecedora de qualquer das críticas feitas pelo expropriado: adere, de forma fundamentad a e crítica ao relatório de como peritos

unânimes, incluindo os do tribunal: o laudo encontra-se, aliás, extremamente bem fundamentado, que tomou por base todos os elementos de facto assentes e as respostas aos quesitos, em total e exemplar conformidade com a lei aplicável.

(2) Por isso mesmo, o perito da expropriante aderiu sem reservas ao laudo.

(3) Depois, é entendimento pacífico da ju risprudência que basta existir um muro

em vedação para que o valor do prédio fique aumentado11.

(4) E como considerou a sentença, os poços não colidem com o aproveitamento construtivo do terreno, independentemente de ser obrigatória a ligação das construções à rede pública de água: uma coisa nada tem a ver com a outr a.

10 Ac RP 06.03.21, PN 69.09/05 – 2.

11 Vide Ac TRP, 06.02.16, PN 0536917, www.dgci.pt.

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(5) Por fim, a sentença ao contrário do que pretende a expropriante reso lveu o problema da aplicação do factor correctivo d e 10%, no passo [ transcrito em I (2)

(d)].

(6) E como decorre dos cálculos aritméticos constantes da decisão, este factor de 10% corresponde a uma desvalorização e não a um acrescentamento do preço [aliás, na perspectiva que é a do recorrente, por conseguinte, incompreensível na conclusão que apresenta].

(7) Deve ser mantida inteiramente a d ecisão sob recurso.

V. RECURSO julgado nos termos do artº 705 CPC:

(1) Dos dois problemas postos pela recorrente, o do coeficiente do artº 26/10 C Ex, está mal colocado, pois o efeito é uma diminuição no cálculo indemnizatório

e não um aumento dos valores, plano de que arranca a minuta.

(2) Assim, bastará por de parte este argumento, porque não podendo atingir o objectivo da recorrente, preclude os outros problemas intercalares relacionados

com esse mesmo objectivo de através de uma alegadamente errada aplicação do coeficiente ter havido excesso indemnizatório.

(3) O outro problema, que diz respeito à indemnização das benfeitorias, foi abordado na sentença recorrida sob espécie do preço de mercado, considerando

a justa indemnização neste dimensionamento e não no do projecto da expropriante.

(4) E se na verdade, a justa indemnização nã o pode ser influenciada pelo excesso de preço com raiz na afectação dos bens ao plano do expropriante, também não deverá ser influenciada negativamente por esse mesmo plano, devendo ater-nos, por conseguinte, ao simples funcionamento do mercado antes do conhecimento da expropriação.

(5) Ora, nesta perspectiva, decerto que o muro de alvenaria e boa construção é uma benfeitoria de preço autónomo e que, por isso mesmo, deve ser

indemnizado, do mesmo modo que os poços: representam bens transaccionáveis por um preço determinado numa dada conjuntura de oferta e procura existente.

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(6) Não sofreu, por isso, qualquer crítica a sentença de 1ª instância, a qual, vistos os artºs 26/5.6.7.10 C Ex, foi inteiramente mantida, e sem custas por delas estar isenta a expropriante.

VI. RECLAMAÇÃO (Ministério Público):

(a) Não foi condenada em custas a expropriante, Câmara Municipal de Vila do Conde, mas não está isenta.

(b) É que resulta do art.º 14/1º DL 324/03, 27.12 (vgte.: 04.01.01), aplicarem-se aos processos instaurados após a sua entrada em vigor as alterações ao CCJ.

(c) Acontece que a presente expropriação deu entrad a em juízo em 05.06.16 e, nos termos do art.º2º CCJ, actual, as autarquias locais já não estão isentas de cu stas.

(d) Deve por conseguinte ser reformado o despacho reclamado no sentido da condenação em custas da expropriante.

VII. RESPOSTA: não houve.

VIII. SEQUÊNCIA:

(a) Vista a data de apresentação em juízo desta expropriação e considerando que a fase prévia administrativa não deve ser considerada processo judicial em curso, tem razão o Digno Procurador-Geral da Republica (Adj.).

(b) Assim, porque a C âmara Municipal de Vila do Co nde não está isenta de custas e porque decaiu, vai condenada no pagamento respectivo.

IX. CUSTAS: sem custas, neste passo, por se tratar de reclamação a que a sucumbente se não opôs.

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Referências

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