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ANÁLISE DE COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM DOIS SHOPPING CENTERS DE GOIÂNIA - GO

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DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM DOIS

SHOPPING CENTERS DE GOIÂNIA - GO

FELIPE RABELO RODRIGUES ALVES (PUC-GO) eng.felipe.rabelo@gmail.com MARTA PEREIRA DA LUZ (puc-go) martapluz@gmail.com

O presente estudo tem como objetivo analisar as composições gravimétricas dos resíduos sólidos gerados em dois Shopping Centers de Goiânia - GO e compará-las. Os Shopping Centers foram intitulados de “

ambos empreendimentos, através de consagrada metodologia. Foram selecionadas e analisadas seis categorias de resíduos, são elas: Orgânicos; Papéis; Plásticos; Vidros; Metais; Outros. Constatou-se que a geração de resíduos tidos como recicláveis secos (papéis, plásticos, vidros e metais) foi maior no Shopping que é comumente frequentado pelas classes alta e média, enquanto que no Shopping cujo público frequentador é em sua maioria das classes média e baixa, o percentual de resíduos orgânicos é maior. Ao considerar a imensidade de resíduos gerados nos Shopping Centers de Goiânia, nota-se o grande potencial de reciclagem que atualmente não é aproveitado, uma alternativa viável e eficiente seria a instalação de usinas de triagem, dentro dos Shopping Centers, com equipe dedicada à separação dos resíduos.

Palavras-chave: Composição Gravimétrica; Shopping Center; Gerenciamento de Resíduos Sólidos

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1. Introdução

O gerenciamento dos resíduos sólidos é considerado um dos setores do saneamento básico, e observa-se que não tem merecido os cuidados necessários por parte do poder público. Assim, compromete-se cada vez mais a já combalida saúde da população brasileira, bem como deterioram-se os recursos naturais, em especial os solos e os recursos hídricos.

A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento é atualmente bastante clara, e corrobora com a necessidade de integração das ações desses setores a favor da melhor qualidade de vida da população brasileira (MONTEIRO et al., 2001).

A crescente geração de resíduos sólidos ocupa uma posição de destaque dentre os atuais problemas que afetam a população. A maior parte dos resíduos gerados são potencialmente reaproveitáveis, ou seja, podem ser transformados novamente em matéria prima através dos processos de reciclagem, evitando assim, a extração de recursos naturais (GOES et al., 2015). Na reciclagem, recupera-se produtos em fase final de suas vidas, transformando-os em novos produtos com condições e funcionalidades tão boas quanto a de um produto novo originado de matéria prima “virgem” (KENNE et al., 2012). Não restam dúvidas de que a reciclagem é economicamente mais atraente do que a eliminação dos resíduos em definitivo, como em aterros, lixões ou incineração (SHABARWAL et al., 2013).

Para um eficiente gerenciamento de resíduos, é necessário o conhecimento da quantidade e da qualidade dos resíduos gerados em uma dada localidade, e dentre as formas de caracterizar os resíduos, destaca-se a composição gravimétrica, que se refere às porcentagens de várias frações do lixo, tais como: matéria orgânica, papéis, plásticos, vidros, metais e rejeitos (D’ALMEIDA e VILHENA, 2000).

Dito isto, o intuito deste trabalho é analisar a composição gravimétrica dos resíduos gerados em dois Shopping Centers localizados na cidade de Goiânia, e comparar ambos cenários.

2. Referencial teórico

Esta seção aborda matérias que sustentam as discussões previstas para o trabalho, explanando brevemente sobre resíduos sólidos, explicando a definição de resíduos sólidos, conceituando a

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sua geração, expondo a forma de classificação dos resíduos e detalhando suas características, com destaque para a composição gravimétrica, alvo deste trabalho.

2.1. Definição de resíduos sólidos e lixo

Em geral, popularmente usa-se indistintamente os termos "lixo" e "resíduos sólidos". Neste trabalho, dar-se-á preferência ao termo “resíduo sólido”, que conforme Monteiro et al. (2001), entende-se por todo material sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inservível por quem o descarta. No entanto, salienta-se a relatividade da característica inservível do rejeito, pois aquilo que já não tem serventia para quem o descarta, pode ser que para outrem seja matéria-prima para um novo produto ou processo.

Assim, conceitualmente o resíduo só poderia ser considerado como inservível, quando não houvesse mais alguém para reivindicar uma nova utilização dos elementos então descartados. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em sua norma ABNT NBR 10.004 (2004) define resíduos sólidos como o que resta de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição, e também os demais resíduos que não podem ser tratados, visto que exijam soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

De acordo com o Dicionário Houaiss (2009), lixo, é tudo aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor.

Já Monteiro et al. (2001) define lixo como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, desde que não seja passível de tratamento convencional.

2.2. Geração de resíduos sólidos

A produção de resíduos é uma atividade milenar e acompanha o homem desde os primórdios. No início, o homem não empenhava maiores cuidados com os resíduos gerados, pois eram todos orgânicos e a decomposição ocorria de forma natural. A capacidade do planeta em decompor os resíduos era superior à geração de resíduos, e esse sistema caminhava em perfeita harmonia. Acredita-se que os primeiros acúmulos de resíduos originados de

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atividades humanas surgiram quando o homem deixou de ser nômade passando a residir em locais fixos. O primeiro despejo municipal de resíduos sólidos teria sido criado em Atenas, Grécia Antiga, 400 anos antes de Cristo, e com o passar dos anos, a geração de resíduos aumentou, acompanhando o crescimento populacional exponencial. Com o desenvolvimento da sociedade de consumo, a principal consequência foi o aumento de rejeitos e a falta de locais disponíveis para o destino destes (SANTAELLA et al., 2014).

Em relação à geração de resíduos sólidos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2015), opondo-se às expectativas, a quantidade de materiais descartados pela população continuou a aumentar no Brasil. O total de resíduos sólidos gerados no país aumentou 1,7% de 2014 a 2015, período em que a população brasileira cresceu apenas 0,8% e a atividade econômica (identificada pelo Produto Interno Bruno – PIB) retraiu 3,8%.

De acordo com Braga et al. (2005), o crescimento populacional contínuo e a crescente geração de resíduos são incompatíveis com um ambiente finito, em que os recursos e a capacidade de reciclagem são limitados. A sociedade caminha a passos largos para o colapso do planeta, com perspectivas nefastas para a sobrevivência do homem.

2.3. Classificação dos resíduos sólidos

Diversas são as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são em relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e em relação à natureza ou origem.

2.3.1. Classificação quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente

Em relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente, tendo como base o exposto na norma ABNT NBR 10.004 da ABNT (2004), os resíduos sólidos podem ser classificados em:

 Classe I – perigosos;  Classe II – não-inertes;  Classe III – inertes.

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Classe I – perigosos: São aqueles que, em função de suas características intrínsecas de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, expõem riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou também, quando provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada;

Classe II – não-inertes: São aqueles que podem apresentar características de

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos, ou Classe III – Inertes;

Classe III – inertes: São os resíduos que, por suas características intrínsecas, não oferecem

riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma ABNT NBR 10.007 (2004), e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de solubilização definido pela norma ABNT NBR 10.006 (2004), não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, conforme listagem nº 8 – anexo H da ABNT NBR 10.004 (2004) – excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

2.3.2. Classificação quanto à natureza ou origem

Conhecer a natureza ou origem dos resíduos, é de vital importância para a caracterização dos resíduos sólidos. Em relação à origem, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco grandes classes, a saber:

 Lixo doméstico ou residencial;  Lixo comercial;

 Lixo público;

 Lixo domiciliar especial: o Entulho de obras; o Pilhas e baterias;

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o Pneus;

 Lixo de fontes especiais: o Lixo industrial; o Lixo radioativo;

o Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários; o Lixo agrícola;

o Resíduos de serviços de saúde.

2.4. Caracterização dos resíduos sólidos

As características dos resíduos variam em razão de vários aspectos, como sociais, culturais, geográficos, econômicos e climáticos. Na Tabela 01 é visto a variação em alguns países das composições dos resíduos sólidos. Nota-se que o percentual de matéria orgânica é menor nos países mais desenvolvidos ou industrializados.

Tabela 01 – Composição gravimétrica do lixo em alguns países (%)

Composto Brasil Alemanha Holanda EUA

Mat. Orgânica 65,0% 61,2% 50,3% 35,6%

Vidro 3,0% 10,4% 14,5% 8,2%

Metal 4,0% 3,8% 6,7% 8,7%

Plástico 3,0% 5,8% 6,0% 6,5%

Papel 25,0% 18,8% 22,5% 41,0%

Fonte: Monteiro et al. (2001)

A avaliação do lixo pode ser realizada conforme suas características físicas, químicas e biológicas.

2.4.1. Características físicas dos resíduos sólidos

Os resíduos sólidos podem ser fisicamente classificados em:  Geração per capita;

 Composição gravimétrica;  Peso específico aparente;  Teor de umidade;

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 Compressividade.

Geração per capita: é a razão que relaciona a quantidade de resíduos gerados por dia e o

número de habitantes de uma determinada região. Conforme Monteiro et al. (2001), a geração

per capita pode ser estimada através da Tabela 02 a seguir:

Tabela 02 – Faixas mais utilizadas da geração per capita

Tamanho da cidade População (habitantes) Geração per capita (kg/hab/dia)

Pequena Até 30 mil 0,50

Média De 30 mil a 500 mil De 0,50 a 0,80

Grande De 500 mil a 5 milhões De 0,80 a 1,00

Megalópole Acima de 5 milhões Acima de 1,00

Fonte: Monteiro et al. (2001)

Composição gravimétrica: indica o percentual de cada componente em relação ao peso total

da amostra analisada. Os componentes mais comumente usados na determinação da composição gravimétrica dos resíduos sólidos são: papel/papelão; plásticos; vidros; metais; matéria orgânica e outros/rejeitos, mas é possível expandir esse universo abrangendo diversos tipos de resíduos, conforme mostrado na tabela 03:

Tabela 03 – Componentes usados na composição gravimétrica Matéria orgânica Metal ferroso Borracha

Papel Metal não-ferroso Couro Papelão Alumínio Pano/trapos Plástico rígido Vidro claro Ossos Plástico maleável Vidro escuro Cerâmica

PET Madeira Agregado fino

Fonte: Monteiro et al. (2001)

A definição dos componentes da composição gravimétrica se dá em razão do tipo de estudo ou análise que se pretende realizar e deve ser atenciosamente realizada para não gerar distorções;

Peso específico aparente: trata-se do peso de lixo solto em função do volume ocupado

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metro cúbico). Para o correto dimensionamento de máquinas, equipamentos e instalações envolvidas no processo de gerenciamento de resíduos é indispensável determinar o peso específico aparente;

Teor de umidade: o teor de umidade representa a quantidade de líquidos contidos no lixo,

medida em porcentagem do seu peso. É um parâmetro que se modifica em razão das estações anuais e de incidência das chuvas;

Compressividade: indica o grau de prensagem ou a redução do volume que uma quantidade

de lixo pode ser submetida quando compactada. Em geral, sob uma pressão de 4kgf/cm², o volume do lixo é diminuido em um terço ou até um quarto do seu volume original.

2.4.2. Características químicas dos resíduos sólidos

Segundo Monteiro et al. (2001), resíduos sólidos podem ser quimicamente classificados em:  Poder calorífico;

 Potencial hidrogeniônico (pH);  Composição química;

 Relação carbono/nitrogênio (C:N).

Poder calorífico: é a característica química que indica a capacidade potencial de um

determinado material desprender uma certa quantidade de calor quando este é submetido à queima;

Potencial hidrogeniônico (pH): indica o teor de alcalinidade ou acidez dos resíduos, em uma

escala que varia geralmente entre 0 e 14;

Composição química: determina os teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio,

cálcio, fósforo, potássio, resíduo mineral solúvel, resíduo mineral total, gorduras entre outras substâncias químicas;

Relação carbono/nitrogênio (C:N): A relação carbono / nitrogênio instrui quanto ao grau de

decomposição do material orgânico do lixo nos processos de tratamento / disposição final.

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As características biológicas dos resíduos sólidos são determinadas pela população microbiana e dos agentes patogênicos presentes, que em conjunto das suas características químicas, possibilitam selecionar os métodos adequados de tratamento e disposição final mais assertivos para os resíduos. Segundo Monteiro et al. (2001), o entendimento das características biológicas dos resíduos é muito utilizado na produção de inibidores de cheiro e de aceleradores / retardadores da decomposição de material orgânico, geralmente aplicados dentro de veículos de coleta (caminhão de lixo) para evitar ou diminuir adversidades com a população durante o trajeto dos veículos.

2.4.4. Influência das características dos resíduos sólidos

Na Tabela 04 é demonstrado a influência das características dos resíduos sólidos e suas respectivas importâncias para o planejamento de um sistema de gerenciamento de resíduos.

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Característica Importância

Geração per

capita

Fundamental para se poder projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor. Importante no dimensionamento de veículos. Elemento básico para a determinação da taxa de coleta, bem como para o correto dimensionamento de todas as unidades que compõem o Sistema de Limpeza Urbana.

Composição gravimétrica

Indica a possibilidade de aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da matéria orgânica para a produção de composto orgânico. Quando realizada por regiões da cidade, ajuda a se efetuar um cálculo mais justo da tarifa de coleta e destinação final.

Peso específico aparente

Fundamental para o correto dimensionamento da frota de coleta, assim como de contêineres e caçambas estacionárias.

Teor de umidade

Tem influência direta sobre a velocidade de decomposição da matéria orgânica no processo de compostagem. Influencia diretamente o poder calorífico e o peso específico aparente do lixo, concorrendo de forma indireta para o correto dimensionamento de incineradores e usinas de compostagem. Influencia diretamente o cálculo da produção de chorume e o correto dimensionamento do sistema de coleta de percolados.

Compressividade Muito importante para o dimensionamento de veículos coletores, estações de

transferência com compactação e caçambas compactadoras estacionárias.

Poder calorífico Influencia o dimensionamento das instalações de todos os processos de tratamento

térmico (incineração, pirólise e outros).

pH

Indica o grau de corrosividade dos resíduos coletados, servindo para estabelecer o tipo de proteção contra a corrosão a ser usado em veículos, equipamentos, contêineres e caçambas metálicas.

Composição

química Ajuda a indicar a forma mais adequada de tratamento para os resíduos coletados. Relação C:N Fundamental para se estabelecer a qualidade do composto produzido.

Características biológicas

Fundamentais na fabricação de inibidores de cheiro e de aceleradores e retardadores da decomposição da matéria orgânica presente no lixo.

Fonte: Monteiro et al. (2001)

2.5. Amostragem de resíduos sólidos para análise de composição gravimétrica

Chama-se amostra uma porção de material tomada do montante total, selecionada de maneira a possuir as características essenciais do conjunto.

Qualquer planejamento de gerenciamento de resíduos baseia-se em informações obtidas através de amostragem, e as decisões com relação ao projeto se apoiam nesta operação. Sendo assim, o programa de amostragem deve ser realizado criteriosamente com os cuidados que cada caso requer (LIMA, 2006).

O objetivo de qualquer amostragem é sempre coletar uma porção representativa para exame, cujo resultado fornecerá uma imagem real, ou muito próxima, do universo estudado. No gerenciamento de resíduos, o objetivo da amostragem é a coleta de uma quantidade

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representativa de resíduo, visando determinar suas características quanto à classificação e caracterização (D’ALMEIDA e VILHENA, 2000).

3. Metodologia

Esta seção está estruturada de forma a indicar quais métodos foram utilizados no trabalho, bem como o roteiro de execução das atividades para a elaboração da análise de composição gravimétrica dos resíduos gerados em dois Shopping Centers de Goiânia.

3.1. Procedimentos para determinação da composição gravimétrica

Seguindo o definido por D’ALMEIDA e VILHENA (2000), para a determinação da composição gravimétrica, deve-se inicialmente selecionar a amostra através do processo de quarteamento.

De acordo com a ABNT NBR 10.007 (2004), quarteamento é o processo de divisão em quatro partes iguais (os quartis) de uma amostra pré-homogeneizada, onde retira-se duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e descarta-se as partes restantes. As partes não descartadas são novamente misturadas e repete-se o processo de quarteamento até que se obtenha o volume final desejado, tomando-se o cuidado de selecionar quartis em posição oposta aos tomados anteriormente.

D’ALMEIDA e VILHENA (2000) recomenda que o processo de amostragem para a determinação da composição gravimétrica dos resíduos sólidos seja feito através de quatro etapas, que são detalhadas a seguir, e ilustradas na figura 01.

1. Descarregar o caminhão no local previamente escolhido (pátio pavimentado ou coberto por lona);

2. Coletar quatro amostras de 100 ou 200 litros cada (utilizar tambores), três na base e laterais, e uma no topo da pilha inicial. Antes da coleta, procede-se ao rompimento dos receptáculos (sacos plásticos, em geral) e homogeneíza-se, o máximo possível, os resíduos nas partes a serem amostradas. Ainda, considerar os materiais rolados (latas,

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vidros, etc.). Caso a quantidade inicial de lixo seja pequena (menos que 1,5 t), recomenda-se que todo o material seja utilizado como amostra;

3. Pesar os resíduos coletados;

4. Dispor os resíduos coletados sobre uma lona, ou mesa de avaliação. Estes materiais constituem as amostras que serão utilizadas para as análises da composição física.

Figura 01 – Amostragem para análise de composição gravimétrica dos resíduos sólidos

Fonte: D’ALMEIDA e VILHENA (2000)

A composição gravimétrica dos resíduos será obtida pela análise da amostra, mediante à triagem, separando os materiais nas classe definidas para o estudo. Após a separação, pesa-se cada classe obtida e calculam-se as porcentagens individuais, conforme exposto na equação 01, considerando o papel como exemplo.

(Eq. 01)

3.2. Definição dos componentes analisados (classes)

Neste trabalho, a análise qualitativa e quantitativa se dá acerca das seis principais classes de resíduos, que compõem o universo dos resíduos sólidos, são eles:

 Orgânicos: restos de alimentos, rações, matérias, orgânicas, etc;  Papéis: papéis impressos, papelões, Tetrapak®, bulas, livros, etc;

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 Plásticos: maleáveis, rígidos, PET, PE, PP, PVC, etc;  Vidros: Claros ou escuros, garrafas, âmbares, etc;

 Metais: ferrosos (ferro fundido, aço carbono, aço inoxidável, etc.), não-ferrosos (alumínio, latão, cobre, bronze, etc.);

 Outros: rejeitos, resíduos de banheiros, couro, panos, trapos, ossos, etc.

3.3. Estrutura necessária para a análise

Para a execução dos procedimentos de determinação da composição gravimétrica dos resíduos, além da estrutura de coleta e transporte (caminhão coletor de lixo, motorista e coletores), são necessários os seguintes itens:

 Área com piso plano e impermeável (aproximadamente 50m²);  Tambores de 100 ou 200 litros;

 Sacos de lixo 50 e 100 litros;

 Balança (capacidade 200kg e resolução 0,1kg);  Pás e enxadas;

 Pá carregadeira.

Visando a segurança laboral na operação, é imprescindível o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) pelos executantes, sendo no mínimo: calçado de segurança, máscara e luvas.

4. Resultados e discussões

O objetivo deste trabalho é obter de forma amostral a composição gravimétrica dos resíduos gerados em dois Shopping Centers de Goiânia – GO e compará-las.

Para preservar a identidade dos geradores de resíduos, neste trabalho, os empreendimentos serão intitulados de “Shopping  (alfa)” e “Shopping (beta)”.

O Shopping  (alfa) é de grande porte, figura entre os maiores Shoppings Centers do Estado

de Goiás, e é frequentado em sua maioria por clientes pertencentes às classes baixa e média da sociedade goiana. Gera em torno de 95 toneladas de resíduos por mês (todos os dados obtidos através de pesquisa junto à Administração do Shopping, e também através de observação).

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O Shopping  (beta) é de grande porte, figura entre os maiores Shoppings Centers do Estado

de Goiás, e é frequentado em sua maioria por clientes pertencentes às classes média e alta da sociedade goiana. Gera em torno de 170 toneladas de resíduos por mês (todos os dados obtidos através de pesquisa junto à Administração do Shopping, e também através de observação).

Para obter a composição gravimétrica dos resíduos, seguiu-se o definido no item 03 deste trabalho, conforme exposto a seguir.

Após a coleta dos resíduos no Shopping Center, os mesmos foram transportados, via caminhão coletor compactador, conhecido como caminhão de lixo, para o local de triagem e análise, onde foram despejados em um pátio de concreto usinado, impermeável e limpo. Então rasgou-se todos os receptáculos que continham resíduos, em sua maioria sacos plásticos. Esses procedimentos são observados na figura 02.

Em seguida, com o auxílio da pá carregadeira, procedeu-se com a homogeneização dos resíduos formando uma pilha de materiais, para daí então coletar amostras em quatro pontos distintos. As amostras dos resíduos foram alojadas em tambores de 200 litros. Esses procedimentos são observados na figura 03.

Dando sequência ao estudo, uniu-se o conteúdo dos quatro tambores e foram separadas as seis principais classes de resíduos que compõem o universo dos resíduos sólidos, são elas: Orgânicos; Papéis; Plásticos; Vidros; Metais; Outros. Os resíduos separados por classes foram alojados em sacos plásticos de peso desprezível. Por fim, pesou-se as seis classes de resíduos, e calculou-se a composição gravimétrica conforme equação 01 exposta no item 3.1. deste trabalho. Esses procedimentos são observados na figura 04.

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15 Fonte: Autores (2017)

Figura 04 – Separar e pesar resíduos por classes

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Os mesmos procedimentos foram feitos tanto para o Shopping (alfa) quanto para o Shopping (beta), e os resultados da composição gravimétrica estão expostos na tabela 05.

Tabela 05 – Composição gravimétrica dos resíduos dos Shopping Centers Orgânicos Papéis Plásticos Vidros Metais Outros

Shopping (alfa) 50,11% 17,07% 8,98% 1,59% 0,83% 21,42%

Shopping (beta) 41,90% 20,95% 22,86% 1,90% 0,48% 11,90%

Diferença de para  8,21% -3,88% -13,88% -0,31% 0,35% 9,52%

Fonte: Autores (2017)

Ao analisar a tabela 05, é possível observar que o Shopping  (alfa) tem a geração de resíduos

tidos como “orgânicos” e “outros” superior ao Shopping (beta) em 17,7%. Enquanto que,

opostamente, o Shopping (beta) tem a geração dos demais resíduos, chamados de

recicláveis secos (papéis, plásticos, vidros e metais), superior ao Shopping  (alfa) em 17,7%.

Geralmente, quanto maior o grau de industrialização e modernidade dos bens de consumo (diretamente relacionados com as classes média e alta), maior será a geração de resíduos recicláveis secos. É possível comprovar essa hipótese neste estudo, visto que o Shopping

(beta) é frequentado por classes média e alta.

5. Conclusões

Ao considerar a imensidade de resíduos gerados nos Shopping Centers de Goiânia, nota-se o grande potencial de reciclagem que atualmente não é aproveitado, visto que hoje os resíduos são destinados ao aterro municipal da cidade.

Devido aos altos volumes gerados, maiores que muitas cidades pequenas do país, uma alternativa viável e eficiente seria a instalação de usinas de triagem, dentro dos Shopping

Centers, com equipe dedicada à separação dos resíduos, encaminhando os recicláveis secos

para o amplo mercado de reciclagem que há na região, encaminhamento dos resíduos orgânicos ao processo de compostagem, que também possui soluções locais, e por fim, dirigir ao aterro municipal da cidade apenas os resíduos caracterizados como “rejeitos” ou “outros”.

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A prática da reciclagem deveria ser cada vez mais disseminada entre a população, inclusive aos usuários de Shoppings Centers (lojistas e consumidores), visto que a reciclagem de resíduos consiste em uma importante ferramenta de sustentabilidade, e está de acordo com a hierarquia de gestão de resíduos definida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Como indicação de trabalhos futuros, os autores recomendam que sejam implementados programas de educação ambiental incentivando a coleta seletiva, além de usinas de triagem para valoração dos resíduos gerados.

Importante também que haja amostragens periódicas para a caracterização dos resíduos, inclusive tomando esse trabalho como referência, permitindo assim o monitoramento das ações implantadas.

Referências

ABNT NBR 10.004. Resíduos sólidos - classificação. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Normas Técnicas. 71 pág. 2004.

ABNT NBR 10.006. Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Normas Técnicas. 3 pág. 2004.

ABNT NBR 10.007. Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Normas Técnicas. 21 pág. 2004.

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos

Resíduos Sólidos no Brasil – 2015. São Paulo, 2015, 92p.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª Ed, São Paulo, Edit Pearson Prentice Hall. 318 pág. 2005.

D’ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA, André. Lixo municipal. Manual de gerenciamento integrado. 2ª Ed, São Paulo, Edit IPT/CEMPRE. 370 pág. 2000.

GOES, Fernanda Lira; CHERFEM, Carolina Orquiza; COSME, Kátia F. S. Guimarães. Boas práticas de gestão

de resíduos sólidos urbanos e de logística reversa com a inclusão de catadoras e de catadores de materiais recicláveis. Relatório de pesquisa IPEA. Rio de Janeiro, Edit LIVRARIA IPEA. 100 pág. 2015.

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18 HOUAISS, Antônio et al. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Edit Objetiva. 1986 pág. 2009.

KENNE, Jean Pierre; DEJAX, Pierre; GHARBI, Ali. Production planning of a hybrid manufacturing–

remanufacturing system under uncertainty within a closed-loop supply chain. International Journal of Production Economics, v. 135 (1), p. 81–93, 2012.

LIMA, Endrigo Pereira. Planos e técnicas de amostragem. 1ª Ed, Pelotas, 2006.

MONTEIRO, José Henrique Penido et al. Manual de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, Edit IBAM. 200 pág. 2001.

SABHARWAL, Srishti; GARG, Suresh. Determining cost effectiveness index of remanufacturing: A graph

heoretic approach. International Journal of Production Economics, v. 144, p. 521-532, 2013.

SANTAELLA, Sandra Tédde et al. Resíduos sólidos e atual política ambiental brasileira. 1ª Ed, Fortaleza, Edit UFC / LABOMAR / NAVE. 232 pág. 2014.

Referências

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