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The Evolution of Operational Art from Napoleon to the Present

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Academic year: 2021

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1. Dados da bibliografia da obra

A obra em análise – The Evolution of Operational Art: From Napoleon to the Present – foi editada em 2011 por John Andreas Olsen e Martin van Creveld, encontrando-se organizada em sete capítulos. Os capítulos, da responsabilidade de diferentes autores, são orientados para a análise da arte operacional desenvolvida por um determinado país, enquanto potência militar, inserido num determinado momento da História, o que resulta uma perspetiva evolutiva do desenvolvimento do tema. A introdução e as conclusões são ambas da autoria dos editores e coordenadores da obra. Esta possui ainda um prólogo que introduz o tema em análise e um epílogo que aborda uma perspetiva futura.

A editora da obra, Oxford University Press, é uma editora pertencente à Universidade de Oxford, tendo sido fundada em 1478. É atualmente considerada a maior casa editorial universitária do mundo.

A obra foi publicada em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA). 2. Dados dos autores

O Coronel, Professor Doutor, John Andreas Olsen é o Reitor da Universidade Norueguesa de Defesa e Chefe da Divisão de Estudos Estratégicos do Colégio de Defesa Norueguês sendo também professor de arte operacional. Como Oficial, frequentou o Colégio de Defesa Norueguês (2008) e o Colégio de Comando e Estado-Maior Alemão (2005). Das funções desempenhadas profissionalmente, destacam-se as de Oficial de Ligação Norueguês no Comando Operacional Alemão, em Potsdam, as de Adido Militar em Berlim e as de tutor e investigador na Academia da Força Aérea Norueguesa. O Coronel Olsen possui um doutoramento em História e Relações Internacionais, da Universidade de Montfort. Para além da presente obra em análise, é autor de outras, das quais se destacam: Strategic Air

Nuno Alexandre Larangeiro Neto

Major de Infantaria Aluno do CEMC 2014-15 Instituto de Estudos Superiores Militares Lisboa, Portugal nunolaranjeironeto@gmail.com

The Evolution of Operational Art

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Power in Desert Storm (2003) e John Warden and the Renaissance in American Air Power

(2007). Escreveu ainda diversos editoriais relativos a assuntos e operações militares, salientando-se os artigos referentes ao poder aéreo. É também o editor das publicações On

New Wars (2006) e de A History of Air Warfare (2010).

O Professor Martin van Creveld nasceu nos Países Baixos, mas cresceu e foi educado em Israel. Após ter obtido o grau de mestre na Universidade Hebreia tirou um doutoramento em História na Escola de Economia e Ciência Política de Londres. Desde 1971, tem permanecido no departamento de história da Universidade Hebreia, tendo-se reformado no início de 2008. O Professor van Creveld, especialista em história militar e estratégia, tem interesse especial nos estudos da guerra. Além da presente obra é ainda autor de outras, das quais se destacam Supplying War (1978), Command in War (1985), The Transformation

of War (1991), The Rise and Decline of the State (1999), The Changing Face of War: Lesson of Combat from the Marne to Iraq (2006) e The Culture of War (2008). Do conjunto de todos os

seus livros contam-se traduções em mais de vinte línguas, o que denota o especial interesse que os mais variados investigadores, interessados e estudiosos, por esse mundo fora, têm em relação ao trabalho por si desenvolvido.

Partiu de Olsen a iniciativa de contactar van Creveld para a edição desta obra. Com o patrocínio do Departamento de Estudos Militares do Colégio Nacional de Defesa Sueco, o projeto do qual resultou a presente obra iniciou-se no verão de 2008 com o objetivo de produzir uma antologia que focasse a essência e o desenvolvimento da arte operacional na sua vertente teórica e prática. Para além dos referidos editores, esta teve ainda o contributo de autores de superior referência nos estudos da “arte da guerra”, pelo que consideramos pertinente efetuar uma breve referência a ilustres pensadores da polemologia.

O Professor Dennis Showalter é Doutorado pela Universidade do Minnesota e Professor de História na Universidade de Colorado. É também Professor Convidado na Academia Militar, Academia da Força Aérea e na Universidade dos Marines Corps, nos EUA.

O Doutor Jacob W. Kipp é Professor Adjunto de História Militar Russa na Universidade do Kansas, nos EUA.

O Professor Hew Strachan, é Professor de História da Guerra e Diretor do Programa

Changing Character of War, na Universidade de Oxford, nos EUA.

O Doutor Antulio J. Echevarria II é Tenente-Coronel (Ref.) do Exército Norte-Americano, tendo-se formado na Academia Militar dos EUA. É Professor Associado e Diretor do Departamento de Investigação do Instituto de Estudos Estratégicos (SSI) no Colégio de Guerra do Exército Americano.

O Doutor Avi Kober é Doutorado pela Universidade Hebreia e é Leitor de Estudos Políticos na Universidade de Bar-Ilan. É também Investigador Associado no Centro Begin-Sadat para Estudos Estratégicos (BESA), em Israel.

O Doutor Andrew Scobell é especialista em Ciências Políticas na RAND Corporation, em Washington D.C., nos EUA.

O General Sir Rupert Smith, é General (Ref.) do Exército Britânico após quarenta anos de serviço, tendo desempenhado, entre outras, as funções de Deputy Supreme Commander

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3. A ideia que fica do texto

A obra transmite a ideia inicial que a arte operacional, apesar de ter vindo a ser objeto de estudo por inúmeros especialistas da “arte da guerra” foi, durante grande parte dos últimos dois séculos, simplesmente ignorada em detrimento de outros aspetos mais relacionados com a tática.

Os editores, introduzindo a obra, referem que, na sua opinião, a análise da arte operacional deveria ser baseada em estudos de caso, por país, começando inevitavelmente pela França, liderada por Napoleão Bonaparte. Os diversos capítulos descrevem assim, numa sequência temporal, como surgiram os conceitos que sustentaram a arte operacional, como estes foram colocados em prática ao longo de várias campanhas e como evoluíram ao longo do tempo. Na obra, a arte operacional é vista como uma combinação da aplicação dos seus conceitos teóricos com a intuição e genialidade dos líderes militares que a aplicam para assim atingir um determinado objetivo.

No epílogo é ainda feita uma antevisão de como a arte operacional poderá ser adaptada aos conflitos modernos caracterizados por operações de pequena-envergadura, de cariz assimétrico e irregular.

As conclusões reforçam a ideia que a arte operacional não emergiu de uma só vez, tendo sido desenvolvida de forma lenta, gradual e adaptando-se de acordo com as circunstâncias, e que no futuro continuará a ser essencial no planeamento e execução de todas as operações militares.

4. Resumo do texto

a. Capítulo 1 – “Napoleon and the Dawn of Operational Warfare”

Neste capítulo, van Creveld demonstra que o surgimento de campanhas, tornadas possíveis pela dimensão das formações militares, abriu o caminho para o surgimento do nível operacional da guerra e, consequentemente, da arte operacional. A complexidade das campanhas, especialmente aquelas que se caracterizaram por largas frentes e que cobriram longas distâncias, acentuou a necessidade de um controlo efetivo que, em contrapartida, conduziu a uma nova dimensão da guerra – a dimensão operacional. Os argumentos que enalteceram esta nova realidade são os que derivaram da revolução francesa e do génio militar, ainda hoje referência para muitos pensadores – Napoleão Bonaparte.

O autor sugere que a arte operacional surge na França de Napoleão Bonaparte como uma revolução dos assuntos militares, tendo esta sido possível à altura pela combinação de fatores como a criação do Corpo de Exército, onde se inclui o Estado-Maior, e a relevância dada ao papel do Planeamento e das Informações que, conjugados com a liderança de Napoleão, conduziram a um resultado que representou um incremento na velocidade, extensão, alcance e flexibilidade das operações militares.

b. Capítulo 2 – “Prussian-German Operational Art, 1740-1943”

Neste capítulo Showalter foca-se no surgimento e na queda da arte operacional no contexto Prussiano-Alemão. A Segunda Revolução Industrial, e o ressurgimento do império

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Francês, redefiniram as ambições da Prússia, tendo sido solicitado a Helmuth von Moltke que criasse um exército sustentável. A forma como este perseguia a obtenção de uma vitória rápida e decisiva, passando posteriormente à ofensiva, significou que von Moltke elevou as considerações táticas e logísticas ao que agora se designa de arte operacional.

Não obstante as operações conduzidas na Frente Este da Primeira Guerra Mundial por Erich von Ludendorff, foram necessários mais de setenta anos para que os Alemães conseguissem novamente obter toda a vantagem do emprego da arte operacional com a

Blitzkrieg. A invasão Alemã da Polónia, da França, da Noruega, da Dinamarca e dos Países

Baixos, em 1939 e 1940, refletiram a arte operacional alemã no seu apogeu, através de uma execução incrementada pelo apoio aéreo às forças terrestres. Segundo o autor, o reduzido efetivo que caracteriza atualmente as forças armadas Alemãs deixam pouca oportunidade para que estas possam praticar novamente a arte operacional tradicional Prussiana de von Moltke.

c. Capítulo 3 – “The Tsarist and Soviet Operational Art, 1853-1991”

Neste capítulo, Kipp analisa a evolução da arte operacional Russa. O capítulo inicia-se com a análise das ideias desenvolvidas por académicos tais como Aleksander Svechin e Mikhail Tukhachevsky, o primeiro enfatizando a atrição para a destruição do exército inimigo e o segundo focando-se nas operações em profundidade.

Com o quadro teórico definido, o autor examina a arte operacional em várias campanhas e batalhas durante a Segunda Guerra Mundial, concluindo que a arte operacional foi aplicada por diversas vezes pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial mas, e tal como aconteceu com a Alemanha no pós-guerra, esta tornou-se uma forma de arte perdida no seio das suas forças armadas pois, desde então, esta não se voltou a envolver em operações de larga-escala contra um exército regular.

d. Capítulo 4 – “Operational Art and Britain, 1909-2009”

Neste capítulo, Strachan examina as origens, desenvolvimentos e implicações da arte operacional nas forças armadas Britânicas. Durante o século XIX, a maioria dos oficiais Britânicos utilizaram a palavra operations, tal como fez Clausewitz, para descrever as atividades militares em geral. Alguns, contudo, seguiram o defendido por Jomini, que iniciou o desenvolvimento de vocabulário específico para descrever as ligações entre a estratégia e a tática. Fuller, que introduziu o tema “grande estratégia”, abriu o caminho ao reconhecimento das “operações” como um nível da guerra independente. No entanto, a estagnação no desenvolvimento da doutrina Britânica levou a que a arte operacional tivesse sido conduzida pela tática em detrimento da estratégia. Este facto, de acordo com o Strachan, foi o fator-chave para o fraco desempenho ao nível operacional demonstrado pelo Exército Britânico durante a Segunda Guerra Mundial.

O autor termina a sua análise reconhecendo o ressurgimento da arte operacional Britânica nas últimas décadas do século XX, devido sobretudo à necessidade sentida em compensar a inferioridade numérica existente durante a Guerra Fria. O autor releva ainda o facto de

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este ressurgimento ter sido sempre acompanhado pelo desenvolvimento de doutrina, fator considerado por este como preponderante.

e. Capítulo 5 – “American Operational Art, 1917-2008”

Neste capítulo, Echevarria caracteriza a arte operacional Norte-Americana partindo por aquilo que este designa de aperfeiçoamento da first grammar, ou seja, os princípios

e procedimentos relacionados com a derrota de uma força militar oponente. Contudo, os EUA lutam ainda por aquilo que Echevarria designa por second grammar, ou seja, a forma como lidar com movimentos insurrecionários. Na sua opinião, devido à preocupação única dos EUA em destruírem as forças militares inimigas levou a que se adota-se uma visão da guerra centrada em batalhas (battle-centric warfare). Segundo Echevarria, a arte operacional Norte-Americana, no decorrer do último século, tem-se concentrado naquele que considerou ser o seu principal objetivo: fazer a paz como resultado de vitórias em pequenas batalhas e não necessariamente como resultado da vitória no conflito. Pela análise da doutrina dos EUA, bem como de operações desenvolvidas pelos Norte-Americanos desde a Primeira Guerra Mundial até à atualidade, Echevarria demonstra que as Forças Armadas Norte-Americanas partilham desta visão. Durante a era da Guerra Fria, na eminência da arte operacional Norte-Americana perder a sua relevância, esta acabou por florescer com o surgimento do conceito de Batalha Aeroterrestre. Este conceito foi inclusivamente executado com sucesso (mesmo que contra um oponente provado como sendo inferior ao esperado) na Guerra do Golfo em 1991.

O autor encerra o seu capítulo relevando a excelência da aplicação da arte operacional pelas Forças Armadas Norte-Americanas durante os conflitos do Afeganistão em 2001 e do Iraque em 2003. Segundo este, estas campanhas foram inicialmente baseadas na compreensão da designada first gramar, transitando posteriormente para a aplicação da designada second

grammar, o que exigiu o conhecimento de como desenhar, planear e conduzir operações de

contrassubversão.

f. Capítulo 6 – “The Rise and Fall of Israeli Operational Art, 1948-2008”

No complemento da perspetiva Euro-Atlântica, Kober examina neste capítulo a ascensão e queda da arte operacional das forças de defesa de Israel. O autor argumenta que, até aos inícios dos anos 1970, o domínio dos conflitos de alta intensidade, caracterizados pela guerra da manobra, permitiu o desenvolvimento da arte operacional Israelita. Aplicando uma forma desenvolvida internamente de “guerra relâmpago”, a arte operacional Israelita atingiu o seu ponto alto em 1956 e 1957.

No entanto, segundo Kober, o facto de Israel desde 1980 apenas se ter envolvido em conflitos de baixa-intensidade fez com que a importância do nível operacional da guerra tivesse vindo a diminuir, decorrendo tais confrontos nos extremos dos níveis da guerra – tático ou estratégico. Concomitantemente, a experiência em conflitos de alta intensidade, que tradicionalmente são a principal fonte de inspiração dos militares Israelitas e a razão do desenvolvimento da sua arte operacional, praticamente desapareceu entre as lideranças

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militares. Em termos de treino de liderança, as forças de defesa de Israel focaram-se mais em garantir que os seus Comandantes possuíssem ferramentas de gestão do que de comando. O treino profissional inadequado que Israel proporciona aos seus Comandantes militares – pelas razões explicadas por Kober – impossibilita que estes se tornem familiares com as melhores teorias militares, clássicas e modernas, no geral, e com a arte operacional em particular.

O autor conclui que o regresso de Israel aos mais elevados patamares da arte operacional irá depender do regresso às origens do pensamento militar e ao entendimento que as lideranças militares deverão possuir do elevado valor do treino e da educação militar.

Neste capítulo, Scobell examina a forma de guerra Chinesa, focando a sua atenção na ascensão do movimento Comunista, nos anos 1920, e na fundação da República Popular da China, em 1949. Da análise da experiência Chinesa em guerras convencionais e de guerrilha, Scobell caracteriza a arte operacional Chinesa como uma combinação de elementos ortodoxos e não ortodoxos, uma mistura de fatores humanos e tecnológicos, a combinação de prioridades ofensivas e defensivas, bem como de elementos da guerra móvel e estática.

Do ponto de vista do autor, a arte operacional Chinesa reflete as características do

yin

e

yan

, relembrando aquilo que este considera ser o pensamento Ocidental. A grande diferença encontrada na arte operacional Chinesa é que, enquanto o pensamento Europeu e Norte-Americano se tem vindo a caracterizar por altos e baixos, o pensamento Chinês tem vindo a ser relativamente consistente na manutenção dos fundamentos da arte operacional, tanto na teoria como na prática.

g. Conclusão

Na conclusão os editores da obra referem que diferentes autores partilham alguns aspetos na sua visão da arte operacional: na procura de vitórias, a arte operacional utiliza a tática como o meio pelo qual se atinge um determinado fim definido pela estratégia.

Para os editores, apesar da arte operacional ser mais percetível em operações de larga escala, o facto de estas serem cada vez menos frequentes, em detrimento de outras mais pequenas, muitas vezes irregulares na sua natureza, levou a que se questionasse a relevância futura da arte operacional. Na opinião destes, a arte operacional continuará a ser um importante elemento no processo de planeamento e condução de campanhas militares.

h. Epílogo

No epílogo, Smith faz referência à mudança de uma denominada guerra de índole industrial para uma guerra travada entre a população, enfatizando que esta mudança de paradigma tem fortes implicações na forma como os Comandantes militares aplicarão os conceitos de arte operacional. Segundo este, no futuro, a arte operacional poderá definir-se como a forma como o Comandante conduz o comando de todas as forças, agências e recursos de forma orquestrada e por si delineada para assim atingir um objetivo estratégico.

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i. Epílogo

No epílogo, Smith faz referência à mudança de uma denominada guerra de índole industrial para uma guerra travada entre a população, enfatizando que esta mudança de paradigma tem fortes implicações na forma como os Comandantes militares aplicarão os conceitos de arte operacional. Segundo este, no futuro, a arte operacional poderá definir-se como a forma como o Comandante conduz o comando de todas as forças, agências e recursos de forma orquestrada e por si delineada para assim atingir um objetivo estratégico.

5. Pontos fortes e fracos do argumento apresentado pelos autores

A obra analisada não é mais que um conjunto de ensaios literários subordinados ao tema da arte operacional e que surgiram como resultado de uma conferência académica organizada pelo Colégio de Defesa Nacional Sueco. Tal facto, logo à partida, tornaria difícil a edição de qualquer obra, dada a difusa apresentação de ideias e conceitos que normalmente resultam deste tipo de conferências. Contudo, e contrariando este facto, poder-se-á afirmar que um dos pontos fortes desta obra é a excelência da organização feita pelos editores e a pertinência, objetividade e assertividade apresentadas pelos autores responsáveis pelos diferentes capítulos que a compõem. Dado que a análise da arte operacional é efetuada em diferentes perspetivas é possível, através da leitura da obra, efetuar uma comparação na forma como estes interpretam e avaliam a arte operacional, permitindo ao leitor um aprofundar de conhecimentos sobre o tema.

Outro ponto forte é a simplicidade evidenciada no conceito de construção da obra. Os editores, após a escolha dos estudos de caso, selecionaram os autores concedendo-lhes total liberdade de pensamento. Cada capítulo traduz assim a opinião do respetivo autor, que se poderá caracterizar como instrutiva e provocadora, dadas as conclusões que cada um obtém da sua análise. De leitura muito fácil, a obra procura ser uma antologia focada na essência no desenvolvimento da arte operacional, com especial atenção para o aspeto teórico e respetiva aplicação prática.

Outro ponto forte é o facto de a obra apresentar, no percurso da sua leitura, uma perspetiva evolutiva da arte operacional, facilitadora para a sua compreensão, desde as suas origens até à atualidade, de forma bastante abrangente muito devido aos diferentes contributos dos pensadores nesta área do conhecimento.

O ponto mais forte desta obra deriva sobretudo da análise teórica efetuada pelos diferentes autores, de forma excelente sublinhe-se, com a análise histórica da operacionalização da teoria, permitindo desta forma a identificação, compreensão e melhoria dos métodos existentes de aplicação da guerra ao nível operacional. A obra consegue contextualizar de uma forma bastante objetiva a temática da arte operacional através da busca das suas origens e o desenvolvimento que teve em vários países, em diferentes épocas da história. Comparando-a com outras obras de referência tal como a de Shimon Naveh, In Pursuit of

Military Excellence: The Evolution of Operational Theory, verifica-se que Naveh, ao abordar

igualmente uma perspetiva evolutiva da arte operacional através de uma interpretação científica, não consegue apresentar uma demonstração lógica de alguns dos seus argumentos.

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Um dos pontos fracos identificados deriva da obra ser relativamente curta (257 páginas, onde se incluem todas as referências bibliográficas dos diferentes autores), levantando de imediato como hipótese a falta de alguma profundidade de análise em cada caso de estudo. Quando se compara novamente esta obra com outras sobre o surgimento da arte operacional verificamos que estas analisam a arte operacional aplicada somente a um período específico da história. Tomando como exemplo a obra de Claus von Telp, The Evolution of Operational

Art, 1740-1813: From Frederick the Great to Napoleon, baseada na dissertação apresentada

por si no King’s College, em Londres, esta apresenta uma visão idêntica, apesar de mais desenvolvida, sobre a importância que as campanhas militares da Prússia e da França desempenharam no desenvolvimento da arte operacional.

O ponto mais fraco da obra assenta no facto desta não permitir estabelecer um fio condutor ao longo da sua leitura que possibilite a identificação de um modelo de análise. De facto, todos os autores utilizam o seu próprio modelo, fruto do seu percurso académico e profissional, aplicado ao caso de estudo que abordam, e que dele são considerados especialistas. Apesar de, na conclusão, Olsen e van Creveld fazerem referência a alguns pontos de ligação entre as diversas abordagens feitas, denota-se que esta reflete mais as suas opiniões pessoais, alicerçadas por aspetos apresentados pelos autores dos diferentes capítulos, do que propriamente a assunção de um modelo de análise comum a todos os estudos de caso. Tal assunção tornaria a obra ainda mais interessante pelo facto deste possível modelo de análise poder ser aplicado a outros países ou exércitos.

Concordando com Olsen, esta obra é direcionada primariamente para especialistas em assuntos militares – militares profissionais, professores militares e estudantes militares pós-graduados. Assim, a leitura desta obra é, por nós, vivamente recomendada em contexto académico, pois representa uma excelente, e abrangente, primeira abordagem ao estudo da arte operacional.

Referências Bibliográficas

Naveh, S., 1997. In Pursuit of Military Excellence: The Evolution of Operational Theory. Telavive: Frank Cass Publishers.

Olsen, J.A., et al., 2011. The Evolution of Operational Art: From Napoleon to the present. Nova Iorque: Oxford University Press.

Telp, C., 2005. The Evolution of Operational Art, 1740-1813: From Frederick the Great to

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