OPERAÇÃO ANTÁRTICA XXVII
BOLETIM INFORMATIVO Nº 003.
GENERALIDADES
Após, decorridos 48 (quarenta e oito) dias de viagem, o Destacamento Aéreo Embarcado (DAE HU-1), teve a oportunidade de desembarcar as margens da Baia de
Ushuaia. Cidade da Argentina que tem como capital a Província da Terra do Fogo.
Conhecida como La ciudad más austral del mundo (A cidade mais austral do mundo) ou La
ciudad del Fin del Mundo (A cidade do Fim do Mundo). De fato, apenas a pequena localidade
chilena de Puerto Williams está mais ao sul.
Ushuaia encontra-se nas coordenadas 54°48′57″S, 68°19′04″W, sobre o limite setentrional do Canal de Beagle, localizada a sudoeste da Ilha Grande da Terra do Fogo, no departamento de Ushuaia do qual a cidade de Ushuaia é cabeceira, possui uma superfície de 9390 km² e tem, de acordo com o último censo (2001), 45785 habitantes, contudo, sua população é estimada hoje em cerca de 60000 pessoas, o que lhe confere uma densidade demográfica de 4,9 hab/km². Este departamento possui um só munícipio, o de Ushuaia, e possui também o porto de águas profundas mais próximo da Antártida.
O nome da cidade provém dos idiomas indígenas yámanas: ush (ao fundo) e wuaia (baía). O nome da cidade se pronuncia, geralmente, segundo as regras do castelhano, fazendo
IN OMNIA PARATUS – PREPARADOS PARA TUDO!
Os primeiros desbravadores destas terras chegaram a pé ao que é hoje a Ilha Grande há mais de onze mil anos. Foram caçadores nômades que vieram do norte, dispostos a sobreviver com os recursos naturais de um espaço que ainda se mantinha conectado à Patagônia Continental. Tempos depois, chegou uma segunda onda de desbravadores nômades; estes últimos vieram navegando, de ilha em ilha, desde o arquipélago ocidental da Patagônia.
No início do século XX foi construído nas proximidades da então aldeia de Ushuaia o célebre Presidio de Ushuaia, que funcionou de 1902 a 1947. Posteriormente passou para as mãos da Marinha da Argentina e, após um longo tempo de abandono, foi transformado em um museu, o Museo del Fin del Mundo. O museu exibe, entre outras curiosidades, a linha de ferro mais austral do mundo, que conduzia os presos do Presidio de Ushuaia aos campos de trabalho situados no atual Parque Nacional Tierra del Fuego. Recentemente a linha de ferro foi reativada com propósitos turísticos, conectando o terminal, situado no parque nacional, com a Baía de Lapataia.
Geografia:
O clima de Ushuaia é frio, em virtude do que a vegetação da região é quase exclusivamente a tundra, com uma temperatura média anual de 4,7 º[Celsius] e uma pequena oscilação anual que vai de 0,5 °C em julho a 8,4 °C em janeiro. O volume das precipitações na região gira em torno de 524 mm anuais e se divide equitativamente ao longo do ano.
Ushuaia conta com boa infra-estrutura hoteleira e gastronômica, onde são servidos pratos tradicionais da região como a centolla, a merluza-negra, os mariscos, os pescados e também o assado de cordeiro.
ACONTECIMENTOS
O 1º vôo de apoio (glossário) ocorreu no dia 04 de novembro. Nesse vôo foram transportados vários jornalistas e pesquisadores. Além disso, foi realizado um vôo VIP com autoridades de alta patente e parlamentares para visitarem a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).
No dia 11 de novembro, dez jornalistas embarcaram no navio para a realização de matérias jornalísticas durante a travessia para Ushuaia. No suspender para Ushuaia, mais uma vez, o navio mostrou a importância do seu apoio logístico para a EACF, quando embarcou e transportou, para ser reparado em Ushuaia, um trator da estação que apresentou um problema técnico.
Embarque trator D-6 na EACF Desembarque do trator em Ushuaia
Em Ushuaia houve o embarque de oito jornalistas para a travessia para EACF, lá tiveram a oportunidade de passarem o dia na estação. O retorno desse “pool” da imprensa foi no 2º vôo de apoio realizado no dia 27 de novembro. O navio realizou o transporte dos pesquisadores, que regressariam para o Brasil, de EACF para a Base Eduardo Frei – onde pousa o vôo de apoio – e dos que chegaram para EACF. Mais uma vez o Esquadrão HU-1 realizou o vôo VIP transportando-os de Frei para EACF e, após a visita, da EACF para Frei.
ATIVIDADES
Como já citado no boletim informativo nº 02, no período 03 a 06 de novembro o NApOc Ary Rongel apoiou o projeto Gamboa. Cabe ressaltar que nesse apoio, no dia 04 de novembro o navio chegou próximo à península Antártica, brindando a tripulação com um cenário de vários “icebergs” no pôr-do-sol daquele dia.
“Iceberg” tabular e pôr-do-sol nas proximidades da península Antártica
Por ocasião do 1º vôo de apoio houve o desembarque dos pesquisadores do projeto Gamboa e militares do CHM.
De 12 a 14 de novembro foram feitas sondagens em proveito do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM). Entretanto, até o dia 15 de dezembro o navio permaneceu realizando
realização da manutenção preventiva.
DAE cumprindo uma Inspeção preventiva.
No 2º vôo de apoio, realizado no dia 27 de novembro, chegaram a Antártica, destinados ao NApOc Ary Rongel e EACF, respectivamente, os projetos Lúcia e Vivian.
No período de 28 de novembro a 06 de dezembro o navio apoiou o projeto Lúcia. Esse projeto é subdividido em 11 subprojetos, no caso, o subprojeto 11: “Estudos sobre a microbiota Antártica nos sedimentos: domínios archaea e bactéria”. A equipe, que foi coordenada pelo Dr. Marcelo C. Bernardes, realizou coleta de sedimentos nas profundidades de 100, 300, 500, 700 e 1.100 mt, fato que, até então, não havia sido realizado por nenhum projeto brasileiro. As coletas visaram obter amostras de sedimentos a fim de realizar estudos de diversidade molecular de bactérias, arqueias, fungos e leveduras.
“Box corer”, equipamento que coleta sedimento do fundo do mar e seu recolhimento.
No dia 08 de dezembro foi realizada a retirada do pessoal da Ilha Elefante. O projeto Mônica (Elefantes-marinhos) permaneceu na ilha durante 37 dias, desde 02 de novembro. A retirada de pessoal e material foi relativamente rápida (cerca de 5,0 horas de vôo), não foi retirado todo o material da ilha, uma vez que, o projeto será lançado novamente em janeiro.
Transporte do quadriciclo para bordo Refúgio Goeldi
No dia 12 de dezembro foram transportados, por aeronave, o CF (FN) Laser e o CF Seydel (imediato do navio) para uma visita à estação Antártica chinesa (The Great Wall). A estação chinesa fica próximo à base chilena, tem construções verticais (prédios) que não são muito comuns nas estações Antárticas. As maiores tem três andares, além de um píer e domo de comunicação satélite.
Vista aérea da “The Great Wall” Aeronave pousada no heliponto da estação.
No dia 17 de dezembro os projetos Lúcia, Vivian e militares que trabalhavam na EACF voltaram ao Brasil no 3º vôo de apoio. Somente três pesquisadores do projeto Lúcia, dessa vez de observação de cetáceos (baleias), embarcaram para a pernada da Antártica para Puntarenas.
O navio suspendeu no dia 20 de dezembro para Puntarenas com atracação no dia 23 pela manhã. Naquele porto passaremos as festas de fim de ano e alguns militares terão a oportunidade de encontrar seus familiares. No dia 02 e janeiro de 2009 o navio suspenderá para continuarmos nossa missão no continente gelado.
PROJETOS
heterogeneidade ambiental influencia no espaço e no tempo a biodiversidade das estruturas de comunidades biológicas na Baía do Almirantado. Comparar, utilizando técnicas moleculares, populações de espécies da Baía consideradas circumpolares com populações do Leste Antártico. Estudar a variação batimétrica na composição das comunidades biológicas e averiguar os padrões de fluxo gênico de grupos taxonômicos que possuem elevada amplitude batimétrica. Desenvolver um robô submarino (ROV) adequado para executar missões de exploração nas águas geladas da Baia.
Estudar o problema da realização de levantamento fotográfico e geração de imagens de vídeo utilizando o ROV. Integrar os resultados do trabalho ao SCARMarBin. Entidades Executoras: Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IB/UFRJ), Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia - Programas de Engenharia Elétrica Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP), Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo(IB/USP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Norte Fluminense (UENF), Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Universidade Estadual de São Paulo – Campus do Litoral Paulista (UNESP/CLP) Coordenadora do Projeto: Lúcia de Siqueira Campos PhD (campos- lucia@biologia.ufrj.br).
Projeto Vivian.
Com o Projeto “Mocrobial Diversity of Terrestrial and maritime Ecosystems in Antartic Pensínsula” a Dra Vivian Helena Pelizzari, da USP, tem como objetivo estudar a microbiota da Região Antártica marinha e no Ártico, com vistas a ampliar o conhecimento sobre a diversidade microbiana endêmica e sua bigeografia para:
Estabelecer novos grupos de procariontes e eucariontes de regiões polares /ambientes extremos;
Propor modelos e processos ecológicos temporais mediados por procariontes e relacionados ou não a impactos ambientais;
Analisar grupos procariontes (diversidade funcional) responsáveis por mecanismo de transformação de compostos;
Caracterizar grupos procariontes com estreita interação simbiôntica com organismos superiores;
Caracterizar novos grupos de vírus relacionados com organismos superiores de importância Zoonótica; e
Identificar grupos procariontes e eucariontes com potencial valor para inovação de processos em Biotecnologia e Bioprospeção.
NAVIO DE APOIO OCEANOGRÁFICO ARY RONGEL (NApOc Ary Rongel)
Com o intuito de aproximar os familiares da realidade da vida a bordo do NApOc Ary Rongel mostraremos, nesta seção, alguns compartimentos do navio que tem relação direta com o nosso dia-a-dia.
Alguns deles são de uso da tripulação e pesquisadores, tais como: praça d’armas (glossário), rancho das praças, academia e lavanderia.
Praça D’armas, local onde os oficiais e pesquisadores fazem suas refeições.
A academia é um local muito utilizado pelos militares de bordo. É essencial para a manutenção do preparo físico e é também um local onde se realiza uma atividade diferente do trabalho do dia-a-dia, proporcionando assim uma distração.
Passadiço Academia
A lavanderia possui cinco máquinas de lavar e cinco secadoras. A tripulação e pesquisadores são divididos por dias da semana para facilitar a utilização da mesma. Assim, cada militar ou pesquisador tem um dia por semana para lavar suas roupas.
Outros compartimentos tem utilização específica, como os laboratórios usados pelos pesquisadores e o passadiço (glossário). O navio possui dois laboratórios, um a vante e outro a ré. Este último, bem próximo à popa do navio, é utilizado para pesquisas que necessitam de coleta de material pelos guincho oceanográfico ou geológico e os guindastes Hiab e Enquip.
No laboratório a vante são realizadas atividades de aquisição e processamento de sondagem, coleta de dados com termosalinográfo (equipamento que mede a aproximadamente cinco metros de profundidade a temperatura e salinidade da água em um intervalo de trinta segundos). Além disso, alguns projetos utilizam o laboratório para o processamento de dados. Neste espaço também são realizadas as atividades religiosas.
Laboratório a vante, nesse laboratório também são disponibilizados dois computadores para a tripulação acessar a Internet.
O laboratório a ré é subdividido em duas partes: molhado e seco. O primeiro trabalha diretamente com o material coletado nos equipamentos de geologia (sedimentos do leito marinho) e oceanografia (água em diversas profundidades). No laboratório seco são instalados os equipamentos que monitoram e controlam os aparelhos que são lançados ao mar ou ao ar (balão meteorológico), seja para coleta de água ou de sedimentos. Por sua vez, no laboratório molhado são manuseados todo o material coletado. Em termos de água: filtragem, medição de oxigênio e percentual de clorofila. No caso de sedimentos: são extratificados, cortados e acondicionados e congelados, separados o material orgânico da seguinte forma: microfauna, meia- fauna e macrofauna.
Parte interna do laboratório a ré (seco). Parte externa do laboratório a ré (molhado).
O navio possui ainda guinchos e guindastes específicos para utilização em apoio à pesquisa. O guincho Enquip tem 1300 metros de cabo de aço e é utilizado para coleta de água,
arrasto de rede e coleta geológica. O guincho Hiab tem 70 metros de cabo e é utilizado para medir índice de reflexão/refração da energia solar na água.
Guindaste Enquip Guindaste Hiab
Os guinchos oceanográfico e geológico são montados em um mesmo suporte com dois sarrilhos, um para cada finalidade. O guincho oceanográfico possui um cabo eletromecânico de 5.000 metros utilizado para lançamento do equipamento Rossete, com 24 garrafas para coleta de água e um CTD (equipamento que mede a temperatura, salinidade e pressão em função da profundidade). O guincho geológico possui um cabo mecânico com 2.000 metros de comprimento e carga útil de uma tonelada, é empregado na coleta de sedimentos.
Guincho oceanográfico (1) e geológico (2). Rossete sendo retirada pelo guincho oceanográfico.
ANIVERSARIANTES
Os componentes do DAE gostariam de congratular os seguintes militares e pesquisadores pelo transcurso dos seus aniversários:
CB- FN THOMSON – DIA 01DEZ; 3ºSG-MO PASTANA – DIA 02DEZ; CF SCHUMANN – 06DEZ;
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GLOSSÁRIO
Praça D’armas – é como se denomina o refeitório dos oficiais nos navios de guerra.
Vôo de apoio – são vôos realizados pela Força aérea Brasileira, pousam na Base
Chilena Eduardo Frei e se destinam a efetuar trocas de pessoal e material. Durante o período da OPERANTAR XXVII teremos sete vôos de apoio.
Passadiço - onde permanecem o comandante, o oficial de quarto e o timoneiro quando o
navio está navegando, e de onde se dirige a manobra dele (ponte de comando).
O DAE OPERANTAR
XXVII deseja a todos
um feliz Natal e um
próspero Ano Novo.
NOTA: Aqueles que tiverem sugestões e/ou assuntos a serem publicados neste boletim, por favor, procurarem o Oficial ou Praça do DAE.
Editado pelo: SO-FN-AV-SV Luiz Antonio
