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Prof. Veríssimo Ferreira. História da. Língua. Portuguesa

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(1)

Prof. Veríssimo Ferreira

História da

Língua

Portuguesa

II

(2)

O Galego-Português

(3)

Introdução

Acreditou-se durante largo

tempo que os mais antigos

textos em galego-português

datavam dos últimos anos do

(4)

Introdução

Estudos recentes mostraram, no

entanto, que não foi exatamente

nessa época, mas no começo do

(5)

Introdução

Acreditava-se que dois

documentos provenientes do

Mosteiro de Vairão – o “Auto

de Partilhas” e o “Testamento

de Elvira Sánchez”, datados

respectivamente de 1192 e 1193

– constituíssem os mais antigos

textos escritos em

(6)

Introdução

Mas, a partir de 1957, começaram a surgir dúvidas, emitidas

primeiramente pelo Pe. Avelino de Jesus da Costa e, a seguir, pelo Prof. Luís Filipe Limdley Cintra, numa comunicação apresentada ao

Colloque International sur Les Anciens Textes Romans non Littéraires, realizado na

Universidade de Strasbourg em 1961, sob o título “Les anciens textes portugais non littéraires”.

(7)

Introdução

A questão foi recentemente reexaminada pelo Pe. Avelino de Jesus da Costa no artigo “Os mais antigos documentos escritos em português;

revisão de um problema histórico linguístico”, in Revista de História, XVII, 1979, pp. 263-340. Segundo o autor, o texto primitivo destes dois documentos, redigidos respectivamente em 1192 e 1193, era em latim e as versões

galego-portuguesas que nos chegaram são traduções efetuadas uma centena de anos mais tarde, no fim do século XIII.

(8)

Introdução

Eliminados, assim, estes dois

documentos, os mais antigos textos escritos em galego-português passam a ser, dentro do estado atual dos

nossos conhecimentos, a “Notícia de Torto” (1214-1216), proveniente do mesmo Mosteiro de Vairão, e o

“Testamento de D. Afonso II”, datado com segurança de 1214.

(9)

Constituição

de Portugal

Nesse tempo, o reino autônomo de Portugal já existia e a parte meridional do seu território estava quase inteiramente “reconquistada”. Portugal constituiu-se no século XII, quando Afonso I (Afonso Henriques), filho do conde Henrique de Borgonha, se tornou independente do seu primo Afonso VII, rei de Castela e de Leão.

(10)

Constituição

de Portugal

É à batalha de São Mamede (1128) que, tradicionalmente, se faz remontar esta

independência, ainda que Afonso Henriques só se tenha feito reconhecer como rei nos anos

(11)

Constituição

de Portugal

Separando-se de Leão para se tornar reino

independente, Portugal separava-se também da Galícia, que não mais deixaria de ficar anexada ao país vizinho — reino de Leão, reino de

Castela e, finalmente, reino de Espanha.

A fronteira, que no século XII isolou a Galícia de Portugal, estava

(12)

Constituição

de Portugal

Ao mesmo tempo que se separava ao norte da Galícia, o novo reino independente de Portugal estendia-se para o sul, anexando as regiões

(13)

Constituição

de Portugal

Com a tomada de Faro (1249), o território nacional atingiu os limites que, com algumas pequenas modificações, correspondem às

(14)

Constituição

de Portugal

Isolado da Galícia, mas acrescido das terras meridionais reconquistadas, Portugal vê o seu centro de gravidade transferir-se do Norte para o Sul.

(15)

Constituição

de Portugal

Os seus sucessores começaram a frequentar de preferência Coimbra (libertada desde 1064). E, finalmente, Afonso III, em 1255, instala-se em Lisboa, que não mais deixaria de ser a capital do país.

(16)

Nascimento

e Difusão do

Galego-Português

Durante todo esse período, a língua galego-portuguesa, nascida no Norte, vai-se espalhar pelas regiões meridionais, que até então

falavam dialetos moçárabes. Lisboa, a capital definitiva, situava-se em plena zona moçárabe.

(17)

Nascimento

e Difusão do

Galego-Português

Tal como o castelhano, o português originou-se de uma língua nascida no Norte (o galego-português medieval) que foi levada ao Sul pela Reconquista.

(18)

Nascimento

e Difusão do

Galego-Português

Quanto à norma, porém, o português moderno diverge do castelhano, pois vai buscá-la não no Norte, mas sim na região centro-sul, onde se localiza Lisboa.

(19)

Nascimento

e Difusão do

Galego-Português

Ressalte-se, de momento, que durante todo o período compreendido entre o começo do

século XIII e meados do século XIV, bem depois, por conseguinte, do fim da

Reconquista, a língua comum é esse galego-português nascido no Norte.

(20)

Língua Lírica

O galego-português aparece nessa época como a língua da poesia lírica, e quem quer que a quisesse praticar deveria, obrigatoriamente, adotá-la.

(21)

Cancioneiros

O galego-português é a língua da primitiva poesia lírica peninsular, que foi conservada fundamentalmente em três compilações: o Cancioneiro

da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa.

(22)

Poesia Lírica – Cantigas

Estes cancioneiros contêm três categorias de poesias: as cantigas de amigo, cantigas de amor e as cantigas de escárnio e de maldizer.

(23)

Cantigas de Amigo (Cantigas de Mulher)

(24)

Cantigas de Amor

Poemas mais eruditos, de frequente inspiração provençal, nos quais é o homem quem fala.

(25)

Cantigas de Escárnio e de Maldizer

(26)

Cancioneiro da Ajuda

Embora seja o mais antigo dos códices de poesia profana, o

Cancioneiro da Ajuda (copiado em fins do século XIII ou princípios

do século XIV) é o menos rico quanto ao número de textos conservados, .

(27)

Cancioneiro da Ajuda

Trata-se de uma coleção de poesias datada do fim do século XIII, influenciadas pela lírica occitana (língua românica falada no sul da França), que recebe esse nome por estar conservada na biblioteca do

(28)

Cancioneiro da Ajuda

É um códice de pergaminho escrito por uma só pessoa em escrita gótica com miniaturas que ficou incompleto: aparecem os textos poéticos, mas não se terminaram as miniaturas nem se copiou a música — para a qual

há um espaço reservado abaixo dos versos da primeira estrofe de cada cantiga. Trata-se duma coletânea que possui 310 composições poéticas,

(29)

Cancioneiro da Vaticana

É uma coletânea medieval de 1200 cantigas trovadorescas (cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer), compilado na Itália no final

do século XV ou começo do século XVI, e encontra-se depositado na Biblioteca do Vaticano, donde deriva o nome por que é conhecido.

(30)

Cancioneiros da Biblioteca Nacional

(Cancioneiro Colocci-Brancuti)

Coletânea de lirismo trovadoresco galaico-português (cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer), compilado na Itália por volta

(31)

Cancioneiros da Biblioteca Nacional

(Cancioneiro Colocci-Brancuti)

Angelo Colocci numerou 1664 composições e anotou praticamente todo o códice. Séculos mais tarde, o manuscrito foi para as mãos do conde Paolo Brancuti di Cagli, de Ancona, que, em 1888, o vendeu ao filólogo

italiano Ernesto Monaci. de Lisboa.

(32)

Cancioneiros da Biblioteca Nacional

(Cancioneiro Colocci-Brancuti)

Em 1924, foi adquirido pelo Estado Português e depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa.

(33)

Documentos Oficiais e Particulares

Documentos oficiais e particulares — A partir de inícios do século XIII surgem documentos inteiramente escritos em “língua vulgar”

testamentos, títulos de venda, foros, etc.

Um dos textos mais antigos deste gênero é o testamento de Afonso II, datado de 1214.

(34)

Prosa Literária

Em fins do período de que estamos tratando surgem as primeiras obras em prosa literária, merecendo uma menção particular o Livro de

Linhagens de D. Pedro, conde de Barcelos, e a Crônica Geral de Espanha de 1344, que é em grande parte a versão portuguesa da Primeira Crónica General de España, redigida por ordem de Afonso

(35)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Na segunda metade do século XIII, se estabelecem certas tradições gráficas. O testamento de Afonso II (1214) já utiliza ch para a africada [č] — consoante diferente do

[ʃ], ao qual se aplica a grafia x.

Este ch, de origem francesa, já era usado em Castela com o mesmo valor.

(36)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Para [ŋ] e [λ] palataias, é somente após 1250 que começam a ser usadas as grafias de origem

(37)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

O til (~), sinal de abreviação, serve

frequentemente para indicar a nasalidade das vogais, que pode vir também representada por

uma consoante nasal:

(38)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Apesar das suas imprecisões e incoerências, a grafia do galego-português medieval aparece como mais regular e “fonética” do que aquela

que prevalecerá em português alguns séculos mais tarde.

(39)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

O acento tônico podia recair na última sílaba [pεr‘di], na penúltima [‘pεrdi] e, muito raramente, na antepenúltima [al‘vísara).

(40)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Desde essa época, o fonema /a/ não se realizaria como [ã] diante de consoantes

nasais:

(41)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

As vogais /i/, /e/, /a/, /o/ e /u/ são nasalizadas por uma consoante nasal implosiva, isto é,

seguida de outra consoante ou no final de palavra:

[‘pĩnto], [‘sẽnte], [‘kãmpo], [‘lõngo], [‘mũndo], [fĩm], [kẽn], [pãn], [kõ‘mũn],

(42)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Em posição átona final o sistema estava reduzido a /a/ /e/ /o/ /i/

(43)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

A existência, nos textos mais antigos, de um fonema /i/ átono final não dará margem a dúvidas. E o encontraremos em alguns casos.

(44)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

• Nos imperativos do tipo [‘vẽndi], [‘parti] • Nas primeiras pessoas do singular dos

perfeitos fortes [es‘tivi], [‘pudi]

• Nas segundas pessoas do singular de todos os perfeitos: [kan‘tasti], [partisti]

• Em certas palavras como [‘lõnᴣi], [‘viĩti], [‘eĭri]

(45)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Mas, no início do século XIV, todas essas formas apresentam um [e] final: vende

[‘vẽnde], parte [‘parte], estive [es‘tive], pude [‘pude], cantaste [kan‘taste], partiste [par‘tiste]

O sistema reduz-se, então, aos três fonemas /a/, /e/, /o/, representados pelas letras a, e, o.

(46)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Encontram-se grafias em u (em lugar de o) nos textos mais antigos.

Alguns historiadores da língua veem aí a prova de que, desde essa época, o galego-português pronunciaria [u] os átonos finais escritos hoje,

(47)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Outros, porém, interpretam essas grafias medievais em como latinismos ou como

formas de traduzir um timbre muito fechado de

(48)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Esta segunda interpretação parece-nos a mais plausível, por várias razões, particularmente porque o galego moderno pronuncia sempre o

(49)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

A nosso ver, as três átonas finais do galego-português medieval deviam ter uma pronúncia

(50)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Em posição átona não final, ou seja, essencialmente em posição pretônica, as

oposições entre /ε/ e /e/, de um lado, e entre /ɔ/ e /o/ de outro, desapareciam.

O sistema reduzia-se então aos cinco fonemas seguintes:

Vogais

(51)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Semivogais

(52)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Ditongos

/aĭ/, /eĭ/, /oĭ/, /uĭ/, /aŭ/, /eŭ/, /oŭ/, /iŭ/

[maĭs], [pri‘meĭro], [‘koĭta], [‘fruĭto], [‘kaŭza], [ven‘deŭ], [‘koŭsa], [par‘tiu]

(53)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Consoantes • /

p/ /t/ /k/

• /b/ /d/ /g/

• /f/ /ţ/ /s/ /č/ /ʃ/

• /v/ /ẑ/ /z/ /ǯ/

• /m/ /n/ /ŋ/

• /l/ /λ/ /ł/

• /r/ /x/

(54)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Em algumas palavras encontramos

regularmente b /b/ (ben, saber, cabo); em outras, sistematicamente v /v/ (valer, vida,

travar).

Os casos de hesitação gráfica entre b e v

existem, mas em número reduzido de palavras (baron – varon).

(55)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

É com relação às constritivas dentais

alveolares (sibilantes) e palatais (chiantes) que o sistema consonântico do galego-português

(56)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Havia um par de africadas (uma surda e uma sonora) – /ţ/ e /ẑ/ – , bem diferentes de /s/ e

/z/:

cen [ţen] e sen [sen]

(57)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Quando a consoante nasal termina a palavra, a grafia mais comum foi por muito tempo -n. Porém, desde o período do galego-português medieval, começam a aparecer nesta posição

grafias em –m, que se vai generalizar em português.

quen > quem cantan > cantam

(58)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

A queda do /n/ intervocálico se deu, provavelmente, no século XI, após ter

nasalizado a vogal que o precedia, resultando em um grande número de hiatos:

[‘vĩnu] > [vĩ‘o] = vĩo [‘manu] > [mã‘o] = mão

[‘bõnu] > [bõ‘o] = bõo [‘bõna] > [bõ‘a] = bõa [ali‘ẽnu] > [aλẽ‘o] = alhẽo

(59)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Mas estes grupos de vogais em hiato são, por natureza, muito instáveis, e a maior parte deles

(60)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Já os textos medievais testemunham a

ocorrência de certas evoluções que deveriam levar a esta eliminação:

[pĩ‘o] > [‘pĩŋo] [aλẽ‘o] > [a‘λeo]

(61)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

As desnasalizações vieram aumentar o número de hiatos, resultantes da queda de várias

consoantes:

[maʒis‘ter] > [ma‘estre] > [me‘estre] [le‘ʒere] > [le‘er]

[se‘dere] > [se‘er] [kre‘dere] > [kre‘er]

[ko‘lore] > [ko‘or]

(62)

Fonética,

Fonologia e

Ortografia

Nos textos poéticos, a escansão garantia que nesses grupos as vogais se davam em sílabas diferentes, do que resultava, por exemplo, que

achaar [aʃa‘ar] (“estender no chão”), não se confundia com achar [aʃa‘ar] (“encontrar”).

(63)

Morfologia e

Sintaxe

De modo geral, as mudanças (flexões) sofridas pelas formas nominais e verbais no galego-português caracterizam um estado de língua diferente do latim e aponta para a inevitável construção do português moderno, mediante

(64)

Vocabulário

Empréstimos do Francês e do Provençal

A influência da língua francesa é muito forte durante o período do galego-português, e se explica por uma série de causas convergentes, especialmente pela dinastia de Borgonha e pela

chegada a Portugal de numerosos franceses do Norte e do Sul e a influência direta da

(65)

Vocabulário

Palavras Eruditas e Semieruditas

O recurso a empréstimos feitos diretamente ao latim ascende a época muito remota, e nunca

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