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DESAFIOS ATUAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA AOS GESTORES ESCOLARES: ENTRE O CONHECIMENTO E QUALIDADE EDUCACIONAL

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Academic year: 2021

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DESAFIOS ATUAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO

CONTINUADA AOS GESTORES ESCOLARES: ENTRE O

CONHECIMENTO E QUALIDADE EDUCACIONAL

LACERDA, Cibele. SEEDPR1 clacerda@seed.pr.gov.br LEMES, Maria da Graça Bastos – SEEDPR2

@seed.pr.gov.br RAMOS, Rene Wagner – SEEDPR3

prof_renewramos@seed.pr.gov.br Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

A presente comunicação tem como objetivo realizar uma reflexão sobre os desafios atuais da formação de gestores escolares no contexto da realidade social que permeia a busca da qualidade educacional. Para tanto, busca-se identificar as maiores dificuldades para a implementação de uma gestão do conhecimento voltada para a qualidade da formação dos gestores escolares. A apropriação do conhecimento cientifico torna-se um grande desafio, haja vista a realidade que se apresenta na atual sociedade da informação. Investigar o paradigma contemporâneo da educação exige um estudo sobre o desenvolvimento do mundo do trabalho. Nesse aspecto, a formação continuada adquire, como ponto de partida, análise da proposta de formação continuada para gestão escolar, a partir da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Compreende-se a gestão escolar como uma ação voltada para a realização do trabalho educativo com um objetivo final. Nesse sentido, faz-se necessário estabelecer os meios para que o trabalho educativo realizado, no âmbito da escola, alcance a qualidade desejada. Ao mesmo tempo, deve-se compreender a formação continuada como uma forma específica dentro do trabalho educativo de se qualificar, tanto o trabalho docente quanto a gestão escolar. Tendo em vista, que o gestor escolar é necessariamente um professor, neste caso, a formação do gestor escolar deve ser pautada por saberes e conhecimentos específicos, tanto da área pedagógica, quanto da área administrativa. Observa-se que o gestor escolar necessita desenvolver conhecimentos interdisciplinares que não são necessariamente excludentes. Dessa forma, pensar a formação continuada, na gestão escolar, envolve o desenvolvimento de

1 L Licenciada em Historia e Pedagogia. Especialista em História do Brasil pela UFPR e Sociologia pela UEM. 2 Licenciatura em Letras Português - PUCPR. Especialista em Educação a Distância pela UFPR. Professor de Língua Portuguesa, Rede Estadual de Ensino do Paraná.

3 Bacharel e Licenciatura em História. Especialista em Educação. Mestre em História pela UFPF, RGS. Professor de História, Rede Estadual de Ensino do Paraná.

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conhecimentos atualizados e específicos sobre o mundo do trabalho, numa perspectiva voltada para a sociedade informacional.

Palavras-chave: Gestão escolar. Formação continuada. Qualidade na educação.

Conhecimento. Trabalho educativo.

Introdução

A educação atual está no centro dos debates nacionais e internacionais, principalmente, no que se refere à busca de qualidade, fator necessário ao desenvolvimento da sociedade como um todo. Nesse sentido, a prática educacional exige a formação docente como condição, para alcançar determinados objetivos. Dessa forma, torna-se necessário que os sistemas educacionais públicos passem a investir sistematicamente na formação docente. Trata-se, também, de uma exigência do atual contexto nacional e internacional. Ao mesmo, tempo a formação docente exige o estabelecimento de conteúdos e pressupostos que expressem determinada concepção e visão de mundo. Não há gestão escolar isoladamente, insere-se num contexto político, econômico, cultural e social. Busca-se pensar a formação do gestor escolar de forma ampliada e fundamentada tanto em pressupostos teóricos quanto da realidade do trabalho educativo. A prática pedagógica, nesse sentido, está diretamente ligada ao processo de formação continuada docente, a relação teoria e pratica, apesar de polêmica, é fundamental ao desenvolvimento e fundamentação do trabalho educativo.

Nas suas práticas de luta, as classes trabalhadoras mostram novas formas de organização e novas formas de relação com o conhecimento, invertendo- se a concepção de conhecimento no qual a teoria é guia da ação prática. Inverte-se a relação: a prática não é guiada pela teoria, pois a teoria vai expressar a ação prática dos sujeitos. Ou seja, são as formas de agir que vão determinar as formas de pensar dos homens, as teorias, os conteúdos. A base do conhecimento é a ação prática que os homens realizam pelas relações sociais, mediante instituições. A forma como os homens agem é que vai definir como será o conhecimento, como será a visão de mundo. (MARTINS, 2003, p.10).

A formação do gestor escolar compreende a relação entre o trabalho educativo e os processos de constituição política e econômica, presentes na sociedade atual. Busca-se no âmbito dessa comunicação, investigar e apresentar uma proposta de formação continuada voltada à gestão escolar. Trata-se de uma exigência do trabalho educativo que compõe o contexto das relações pedagógicas. Constitui-se, nesse contexto, o debate sobre os saberes escolares e os saberes científicos na formação continuada, trata-se de uma relação que no

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desenvolvimento da pratica docente surge como necessária e constituinte do trabalho educativo.

Um olhar retrospectivo nos mostra que as discussões pedagógicas dos anos 1980 parecem não evidenciar a problemática das relações entre saberes científicos e escolares. Em meio à luta para a construção de uma pedagogia crítica, os textos, em sua quase totalidade, contentam-se em cunhar os saberes escolares genericamente como “conjunto dos elementos essenciais do conhecimento humano”, “saber historicamente elaborado pela humanidade”, “saberes universais”, etc. (VALENTE, 2003, p.02).

O mundo do trabalho e as transformações realizadas a partir da reestruturação produtiva ainda compõem o contexto no qual a formação continuada está inserida, e, ao mesmo tempo considera-se que a qualidade na educação reflete no contexto social, econômico e político. Compreende-se que há uma relação entre qualidade, formação docente e gestor escolar. Nesse sentido, considera-se o papel do conhecimento como pressuposto principal na qualidade da formação. Faz-se necessário compreender que a formação docente é resultado de uma política educacional voltada para o desenvolvimento educacional que a sociedade compreende como estrategicamente necessária.

A educação estratégica significa que tanto a sociedade quanto o Estado comungam uma visão, de acordo com a realidade social. As demandas sociais por educação com qualidade passaram a fazer parte das exigências nacionais e internacionais. A qualidade na educação tornou-se uma realidade presente em forma de discurso e práticas como exigência estratégica para o desenvolvimento da sociedade. O tema da qualidade é discutido por empresas, governos e outros órgãos nacionais e internacionais. Compreende-se que há uma superação do modelo fordista de produção, ou seja, há uma nova concepção sobre o trabalho e a formação docente.

A formação continuada no contexto do mundo do trabalho

A formação continuada na Educação Básica demanda uma forte política de investimento para o desenvolvimento de uma qualidade, voltada para os processos de aprendizagem. Considera-se que há uma relação direta, entre formação docente (inicial e continuada) e a busca pela qualidade na educação. Nesse sentido, deve-se considerar que o trabalho educativo e, por extensão, a gestão escolar são processos interrelacionados. Ao mesmo tempo, esses processos não podem ser pensados fora do mundo do trabalho. O

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desenvolvimento de uma gestão escolar extrapola as fronteiras do espaço escolar. Não é um fenômeno isolado. Está inserida nas relações sociais mais amplas e historicamente contraditórias da sociedade.

As mudanças que ocorreram na estrutura da sociedade, principalmente no processo de trabalho, com a introdução de novas tecnologias e com o esgotamento do fordismo, que dominou o mundo por um século, passaram a exigir a formação de um outro trabalhador, mais flexível, eficiente e polivalente. A escola que preparou o trabalhador para um processo de trabalho assentado no paradigma industrial – o fordismo –, com a rígida separação entre a concepção do trabalho e a execução padronizada das tarefas, deixou de atender às demandas de uma nova etapa do capital. Essa escola passou a ser criticada e responsabilizada pelo insucesso escolar, pelo despreparo dos alunos ao término dos estudos, pela desvinculação dos conteúdos ensinados em relação às novas demandas oriundas do mundo do trabalho assentado no paradigma informacional. (MAUÉS,2003, p.91).

O papel da educação na transformação do paradigma do trabalho representou para a escola inúmeras mudanças, com relação à sua forma de organização. Novos processos foram inseridos e a busca da qualidade e competência passou a fazer parte da rotina escolar. Em nível nacional e, mesmo internacional, os indicadores de qualidade na educação constituíram-se em princípios pedagógicos que deveriam constituíram-se alcançados e produzidos de forma sistemática. O papel do professor e do gestor escolar passaram por um processo de mudança, tendo a formação inicial e continuada como processos importantes para se obter os índices de qualidade e competência almejados.

Nesse sentido, a formação docente passou a fazer parte dos debates e das políticas publicas educacionais, principalmente, tendo como foco a apropriação de novas formas de gerenciamento escolar e/ou organização do trabalho pedagógico. O que representou essas mudanças na prática e/ou no trabalho educativo docente, haja vista que a relação entre educação e mundo do trabalho é um processo histórico e determinado pelas relações sociais, econômicas e políticas.

Ao refletir sobre a função do professor na atualidade, deparamo-nos com a dificuldade de combinar os muitos fatores que dizem respeito à formação humana. O contexto atual, em que os problemas político-econômicos estão aliados à vertiginosa evolução científica e tecnológica, reflete-se em mudanças nas formas de ser e viver dos homens em todos os níveis, desconcertando a quem tem a profissão de ensinar/formar crianças e adolescentes. (HAGEMEYER, 2004, p.68).

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No âmbito da formação dos gestores escolares pode-se utilizar o mesmo raciocínio destinado aos professores, o que diferencia são os conteúdos e o objeto de estudo. Nesse sentido, a formação dos gestores escolares busca atender uma concepção de trabalho educativo pautado pela organização escolar, voltada para um determinado fim. O trabalho educativo fundamenta-se em princípios de gestão organizacional, a partir do cotidiano escolar na perspectiva de mudança do paradigma educacional. Surgem novas formas de pensar e fazer a gestão educacional. Na década de 90, a chamada reestruturação produtiva do capitalismo produziu inovações em toda a sociedade, e fundamentalmente na gestão escolar.

Estas novas características da gestão não significam apenas novas formas de organização das empresas, em face da competição inerente à nova economia de mercado. Elas também revelam que as novas formas de os homens se pensarem e se organizarem socialmente condicionam as demais formas de organização política e social da atualidade e compelem os indivíduos a buscar autonomia pessoal diante das estruturas coletivas, baseadas no valor normativo das tradições ou do poder do Estado, e a se desvincular das lealdades institucionais. (CARVALHO, 2009, p. 1143).

Observa-se que a gestão escolar insere-se num amplo contexto de transformação social, econômico e político. O isolamento da gestão escolar como categoria analítica para pensar o trabalho educativo reduz a compreensão do processo de formação do gestor escolar, A formação continuada deve-se assentar na reestruturação do capitalismo e na mudança de paradigma presente no mundo do trabalho.

Gestão escolar e a formação continuada

Compreende-se que a gestão escolar insere-se numa relação que tem como pressuposto a organização do trabalho pedagógico, a partir dos resultados que se deve obter. A função do gestor escolar possui diversas característica, entre elas a perspectiva da centralidade e do exercício do poder.

A natureza do trabalho do dirigente escolar é, essencialmente, política. Todavia, ela é de política educacional/escolar. Os diretores têm a tarefa de conduzir o processo político que é a gestão da escola, porém são cobrados com base em padrões muito distintos acerca dessa natureza (político-pedagógica) e tais padrões de referência sobre como se comportar na condução de uma escola não são emersos da função social da escola. (SOUZA, 2010, p.175).

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Do ponto de vista da formação do gestor escolar, considera-se fundamental uma prática educativa que busque estabelecer um processo de qualidade para a relação de ensino-aprendizagem. As novas exigências do mundo do trabalho produzem, ao mesmo tempo, novas configurações para o trabalho do gestor escolar. Retoma-se a formação continuada como prática e política fundamental para a obtenção da qualidade no trabalho educativo,

[...] a adequada formação do professor não pode ser imaginada como a simples e direta aplicação à situação de ensino de um saber teórico. Não se trata de substituir uma orientação psicológica por outra nem de ampliar os estudos de ciências sociais como a sociologia, antropologia e outras. O ponto de vista pedagógico não é uma soma de parcelas de saberes teóricos que, embora necessários, nunca serão suficientes para alicerçar a compreensão da situação escolar e a formação do discernimento do educador. Nesses termos, é claro que não há formulas prontas para orientar essa formação, mas o próprio conceito de vida escolar é básico para que se alcance esse discernimento. (AZANHA, 2006, p. 57).

A formação continuada passou a ser uma exigência no mundo do trabalho e na sociedade da informação. Nesse aspecto, há que se considerar a mudança de paradigma com relação à gestão do trabalho na escola. O trabalho educativo é tomado numa perspectiva que busca superar a compreensão abstrata. Refere-se a um processo ligado à produção histórica dos seres humanos. Significa pensar o trabalho educativo, a partir da objetivação histórica, e, faz-se necessário a compreensão das relações sociais, no âmbito da produção do trabalho capitalista.

O trabalho educativo refere-se à ação intencionalmente direcionada a determinados fins. Essa forma de trabalho não é espontânea. O resultado exigido atende à determinada, visão de mundo. Assim, a questão fundamental a ser considerada, refere-se à produção da concepção transformadora e/ou conservadora do trabalho educativo. Essa formulação está vinculada aos processos sociais e educacionais que expressam uma relação histórica com a categoria do trabalho educativo, ao mesmo tempo, em que a formação docente dos gestores escolares adquire importância para o contexto do desenvolvimento educacional.

Para analisar o papel da educação no contexto atual é fundamental compreendê-la como uma das Condições Gerais de Produção, indispensável, portanto, para a plena realização da produção capitalista no atual estagio de desenvolvimento. Só assim é possível entender os esforços internacionais, sobretudo dos organismos internacionais pertencentes à ONU, para obrigar os países em desenvolvimento a reformar seus sistemas de ensino, a fim de assegurar as condições necessárias à realização da produção capitalista. (OLIVEIRA, 2002, p.126).

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A organização do trabalho educativo exige formação continuada interdisciplinar, ao mesmo tempo em que se deve contemplar as questões do conhecimento, relacionado ao processo pedagógico-disciplinar. Deve-se observar a especificidade da gestão como forma científica de organizar a prática docente e discente. Nesse sentido, a formação continuada destaca-se como contexto para o desenvolvimento da qualidade educacional, na perspectiva da educação publica e as políticas educacionais voltam-se para a criação de formas alternativas para implementação do trabalho educativo. A Educação a Distância é o meio utilizado para fundamentar a formação continuada na gestão escolar.

A Gestão da Organização Escolar: uma experiência de formação continuada a distância.

A formação continuada está inserida num contexto histórico, no qual, deve-se levar em consideração as exigências das transformações ocorridas no mundo social do trabalho.

No final da década de 1970, a formação continuada assume a forma de aperfeiçoamento, atualização, capacitação, educação permanente e educação continuada. A ênfase dos programas de formação dos professores são os conteúdos de ensino na perspectiva crítica. Esses conteúdos são trabalhados em cursos de curta duração, palestras e seminários com ênfase na transmissão de conhecimentos aos professores, em que se adota o mesmo formato dos cursos de formação inicial, ainda que as concepções críticas constituam a tendência da prática pedagógica. Com efeito, é a partir dos anos 80 que a ênfase das análises em educação direciona-se para questões sobre a organização pedagógica e dos currículos escolares, sob os efeitos das teorias reprodutivistas da década anterior. (ROMANOWSKI; MARTINS, 2010, p. 290).

Nessa linha a Secretaria de Estado da Educação do Paraná, realizou um curso de gestão Escolar, intitulado Curso para os Profissionais da Educação para a Gestão da

Organização Escolar. Visando atingir o maior número possível de profissionais da educação

optou-se pela modalidade EAD. No século XX, as relações sociais passaram por profundas transformações políticas, econômicas e culturais. Nesse aspecto, a formação continuada tornou-se necessidade para atingir melhores índices na qualidade de ensino.

O final do século 20 e o início do século 21 são caracterizados pela mudança espaço-temporal, pela mobilidade funcional, pela globalização econômica, pelo impacto das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em todos os ramos da atividade humana, pela provisoriedade do conhecimento e pela evolução da ciência. Tais transformações evidenciam, de um lado, a fragilidade da formação inicial como garantia do emprego e, de outro, a necessidade de aprendizagem permanente e ao longo da vida para a participação ativa na sociedade e a inclusão social. (ALMEIDA, p.68, 2010).

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Assim sendo, o curso foi pensado a partir de dados coletados de diretores de escolas, ex-diretores, professores e especialistas em educação, visando interligar teoria e prática.

Operacionalmente, a carga horária prevista é de 70 horas. O curso foi organizado no ambiente virtual de aprendizagem - moodle com 19300 professores e funcionários inscritos, com licenciatura. Para implementação dividiu-se em três turmas, com encerramento previsto para final de outubro de 2011. Devido à demanda foram ofertadas novas turmas, para o mês de junho, com 4330 inscritos e uma nova turma para 2012.

Ao final, os cursistas deverão apresentar uma Proposta em gestão escolar, mencionando a função da Gestão Escolar, essencial a uma escola, visando à qualidade de ensino, à articulação com a Comunidade Escolar e o processo educacional.

O curso pretende atingir a melhoria do processo ensino-aprendizagem, que está na essência do projeto.

Outro pressuposto é o incentivo à pesquisa e a utilização dos recursos tecnológicos que facilitem a construção do conhecimento e a busca da autonomia, por isso, o destaque na apresentação da Proposta em Gestão Escolar.

Refletir sobre importância da Gestão Escolar, quanto ao atendimento às atuais exigências da vida social: formar cidadãos, oferecendo, ainda, a possibilidade de apreensão de competências e habilidades necessárias e facilitadoras da inserção social são o cerne do projeto.

Considerações Finais

No atual estágio de desenvolvimento social a educação ocupa lugar de destaque diante do contexto socioeconômico e político. As transformações ocorridas nas últimas décadas, no final do século XX e início do século XXI, produziram na educação consequências que impactaram diretamente aos processos da formação continuada dos docentes. Ao mesmo tempo, há que se considerar a importância de se pensar permanentemente na questão da qualidade na educação, e que a gestão escolar passa a ocupar um lugar de destaque nesse processo.

A formação do gestor escolar exige a apropriação de um conhecimento interdisciplinar, a partir de conteúdos educacionais e administrativos. Exige-se do gestor alto grau de apropriação cientifica. Para tanto, exige-se que o gestor escolar, no contexto da formação continuada, possa desenvolver criticamente capacidade técnica e política.

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O conhecimento sobre gestão escolar, a partir do trabalho educativo, exige do gestor a formação continuada, e ao mesmo tempo, torna-se prerrogativa para busca da qualidade educacional. O trabalho docente estruturar-se na compreensão da diversidade a qual deverá ser levada, em consideração pelo gestor escolar. Amplia-se dessa forma, a possibilidade de relacionamento do trabalho educativo com a própria gestão escolar.

A escola é, portanto, encontro entre cidadãos – advindos de culturas plurais – tendo em comum uma intencionalidade: produzir conhecimentos. Em suma, é o espaço da convivência e da produção da cultura. É o espaço e o tempo do trabalho dos professores: a produção do conhecimento, sua e dos estudantes. Ao realizá-lo, transforma-se, atribui novos sentidos à sua cultura profissional e contribui para o projeto pedagógico da escola. (FERREIRA, 2010, p.92).

De modo geral busca-se desenvolver a formação continuada, para a gestão escolar, que atenda à concepção do trabalho educativo, voltado para o desenvolvimento da visão estratégica, diante dos vários problemas e demandas educacionais. Estamos diante da realidade educacional, em permanente mudança. Os paradigmas do mundo do trabalho foram alterados, produzindo impacto na organização do trabalho educativo e na gestão escolar. A busca pela qualidade da educação, na perspectiva da gestão escolar, envolve o desenvolvimento de recursos pedagógicos e sociais que são fundamentais à prática do gestor escolar. O cotidiano educativo é a realidade na qual o gestor escolar desenvolve e realiza suas ações administrativas. É necessário o conhecimento ético e profissional como sustentabilidade para a efetivação da gestão democrática.

O tema gestão escolar democrática é discutido, atualmente, pois procuram soluções para uma transformação no sistema atual de ensino, destacam-se as mudanças que se direcionam a descentralização do poder, a necessidade de um trabalho realizado com ampla participação de todos os segmentos da escola e da comunidade, para envolver a sociedade como um todo. Considera-se que esse processo é de grande relevância e importância para o início de uma transformação, é necessário que ele ocorra por etapas, proporcione um ambiente de trabalho que seja favorável a essas inovações, buscam-se pessoas preparadas e motivadas, que se envolvam, sujeitos que participem direta ou indiretamente desse processo educacional. (PAULA; SCHNECKENBERG, 2008, p. 2).

A relação entre gestão democrática e qualidade da educação são processos que se desenvolvem, interdisciplinarmente, e, há elementos de ordem técnica específicas da gestão escolar que se articulam com os aspectos do contexto social, político e econômico.

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REFERÊNCIAS

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